sexta-feira, 31 de julho de 2015

Transbordar

                             Resultado de imagem para transbordar em lágrimas



Uma semana sem escrever.
Dores incapacitantes, entrevamento, vômitos, desânimo, medo, solidão...
Lembrei da médica maluca que certa vez disse: "Se você não se cuidar, não vai chegar aos cinquenta!". Eu ainda não tinha quarenta anos.
Cheguei a pensar, sozinha numa madrugada fria e com muita dor: "Tomara que ela esteja certa e que não demore muito; que seja breve".
Tantos tratamentos, internações e cirurgias; tanto vai e vem a laboratórios e consultórios, tanto remédio para quê? Do que adiantou tudo isso se continuo a sofrer, a doer e a ter minha vida e liberdade roubadas pela Acromegalia e suas consequências e uma coluna doente? Táxi pra lá e pra cá; haja dinheiro.
Não é fácil não.
Madrugada gélida, pernas e pés gelados que não esquentavam nem mesmo com camadas de cobertores e edredons; até ficou meio pesado. Viro para todos os lados, procuro uma posição confortável e que acomode joelhos que doem, coluna que dói, ouvidos que doem, cabeça que dói, alma que dói...
Por que, meu Deus do céu?! Que castigo é esse?! Tu tá de mal comigo? Qual é, meu irmão?!
A dor me segurou, me invadiu e transbordei em lágrimas. Sou humana, demasiado humana.
Peraí! Tristeza, por favor, vá embora. Saia desse corpo que não te pertence!
Dia amanhecendo, cachorrada latindo, motores dos caminhões sendo aquecidos, as vozes dando bom dia, o poc poc dos sapatos de salto alto das moças trabalhoras e vaidosas. Adorava salto alto.
Levanto, faço café, mas não consigo tomar tudo; estou há alguns dias assim: comendo pouco, colocando pra fora a maior parte, sofrendo com as dores.
Comecei a melhorar depois do transbordamento lacrimal; chorar é preciso.
E o dia seguiu bonito e gelado.
É isso.



                                      Resultado de imagem para orvalho

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