quinta-feira, 20 de março de 2014

Brazuca

                                 


Levanto cedo e ligo a TV nos telejornais enquanto cumpro minhas tarefas matinais obrigatórias: alimentar a gataiada, trocar a areia sanitária, colocar o lixo para fora nos dias em que o caminhão do lixo passa, colocar água para esquentar para fazer meu café enquanto tomo banho.
Saio do banho e vou me vestir enquanto assisto ao noticiário e, como ainda é começo de ano, surgem inúmeras reportagens com mães de alunos reclamando sobre a demora para a entrega do uniforme e do material escolar.
Alegam que não têm condições de comprar e fazem cara de drama e de coitadinhas. Honestamente!
Chego à escola e vejo no estacionamento limões, livros e apostilas escolares espalhados pelo chão. Os alunos tiram os limõezinhos ainda pequenos e jogam nos carros estacionados e, como se ainda não bastasse, rasgam e jogam os livros e apostilas pela janela. 
A maioria dos professores tenta evitar estacionar nessa área que fica sob a janela da sala de aula e próxima ao limoeiro, mas como o estacionamento é pequeno, tem hora que é preciso deixar o carro ali mesmo e torcer para que livros, limões e apostilas não amassem nossos possantes.
As mães, e pais também, deveriam educar seus pimpolhos a não destruir a escola e o material que recebem, pois no mesmo dia esses infames irão pedir novo kit e assim faltará kits para quem de fato quer estudar; o que é uma raridade.
Telefone toca e alguém quer falar com direção ou coordenação, mas é mais fácil encontrar cabeça de bacalhau do que encontrar uma dessas pessoas. 
Perguntar ou tirar dúvidas com uma parte da coordenação é coisa que não faço mais, o coice está sempre pronto! A outra parte trabalha bem, mas se divide entre duas escolas e a parte que não trabalha bem está lá todo dia. É dose.
Pessoas antiquadas, preguiçosas, acomodadas e que não se reciclam ou evoluem. Pararam no tempo e no espaço e não sabem nem usar um telefone sem fio! E essas criaturas trabalham com a Educação!
Papelada espalhada, bagunça e desorganização que mais parece o "boteco da Mãe Joana".
Mantenho minha mesa organizada e quando chego pela manhã vou jogando no lixo toda tralha que deixam espalhada.
Anoto tudo o que considero importante no meu caderno, evita a dor de cabeça de procurar em mesas e gavetas entupidas de papel, como a de certos tipos.
A má vontade e a preguiça andam de mãos juntas; tem o povo do "não sei", o povo  do "não vou fazer nada", o povo do "não estou me sentindo bem", o povo que passeia pela escola e enrola à vontade. 
E eu lá só observando e fazendo meu trabalho.
Me parece que, além de ser o país do jeitinho, o Brasil é também o país da má vontade, da preguiça, do empurrar para o outro, do por que fazer hoje se posso fazer amanhã? Ou depois?!
Isso lembra tanto a personagem Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, que demorou a falar e quando finalmente falou, disse: "Ai que preguiça!". 
Ou sou muito careta e muito certinha ou nasci no país errado onde a hipocrisia, o cinismo, a preguiça, a má vontade, o comodismo, a vitimização, o paternalismo político e o deixa pra lá são  partes intrínsecas da cultura brazuca.
Sei lá.
É isso.




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