terça-feira, 8 de maio de 2012

Contos, Cantos, Causos & Histórias

                                             


Gostava de ouvir mamãe contar os causos do seu tempo de menina.
Mamãe sempre começava assim: "Era uma noite de lua claaaaaaaaaaaaaara..."
Ela sempre enfatizava a primeira sílaba da palavra clara; mamãe tinha seu estilo próprio de contar causos, contos e histórias. 
Gostava também de ouvir mamãe cantar canções de ninar e de roda; a voz de mamãe tinha um quê de tristeza melódica e bela. Era emocionante ouvir mamãe cantar:
Se essa rua, se essa rua fosse minha
eu mandava, eu mandava ladrilhar
com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
para o meu, para o meu amor passar...


E no mesmo ritmo ela cantava uma canção sobre um anjo que morava em um bosque solitário e triste:


Nessa rua, nessa rua tem um bosque
que se chama, que se chama solidão
dentro dele, dentro dele mora um anjo
que roubou, que roubou meu coração


Se roubei, se roubei teu coração
é porque, é porque te quero bem
se roubei, se roubei teu coração
é porque tu roubaste o meu também.


Eu imaginava um bosque escuro com um anjo triste e solitário a caminhar por seus caminhos tortuosos e misteriosos e perguntava a mamãe: "Mas por que o anjo não sai do bosque? Por que ele não pode sair do bosque? Ele não tem amigos? Família? Por que o anjo é tão só?"
Eu ficava triste com a solidão do anjo.


                            
                                             
                                                 


                                                       

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