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domingo, 13 de dezembro de 2015

Portal

                              Resultado de imagem para portal místico em muro branco




Paredes caiadas, muro branco, chão de cimento cinza.

Pedaços de reboco soltos, revelando tijolos vermelhos.
O verde brotando nas rachaduras do cimento cinza.
Tantas cores...
De que cor é a tristeza e a solidão?
Um pé de quebra-pedra enfiado em uma pequena brecha no muro branco. Lindo.
Outros pés de quebra-quebra enfiados pelas rachaduras, brechas e aberturas do muro branco e do cimento cinza.
Olho para um canto específico do muro e ali me parece haver um portal, uma presença, algumas presenças.
Os gatos gostam de brincar ali, gostam de atacar as plantas, morder o quebra-pedra e algumas vezes olham para o portal como se estivessem vendo alguém; acho que veem.
Quando criança, gostava de brincar só e pegava pastilhas e azulejos dos restos de construção para fazer minha própria casa. Dividia o espaço entre sala, quarto e cozinha e imaginava que aquela casa seria de verdade algum dia. Minha casa, nossa casa, seria tão bonita como as casas em que mamãe trabalhava.
Gostava de observar as coisas, ainda gosto, e ficava muito tempo observando construções acabas, outras vezes não. 
Encontrava uma solidão triste e bonita ali, em meio àquele cinza, àquela poeira, aqueles ventos, aquele nada. Tinha alguém ou alguma coisa ali, eu sabia, eu sentia.
Pensava como conseguiríamos passar por aqueles obstáculos se fossemos pequenos como formigas. Pedras se tornariam enormes rochas, uma gota d'água se tornaria um enorme lago; como atravessaríamos?
Eu pensava em tanta coisa, em tantas possibilidades...
Mas eu não dizia nada, ninguém entenderia e ainda seria muito provável eu levar umas palmadas e ouvir um: "Vá se benzer! Vá à igreja!".
Eu era só uma criança! Por que não poderia ver ou sentir o que mais ninguém ali podia? Por que só o que é visível é considerado normal? Por que eu tinha que ir à igreja? O que isso mudaria em mim ou na minha vida?
Cresci, passei por trancos e barrancos, mas não deixei de ver e sentir o que os ditos normais não conseguem.
Não quero ser normal, quero ser feliz.
É isso.




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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Inverno

                          Resultado de imagem para inverno        


O Inverno chegou.
Dias frios, cinzentos e chuvosos. Tristonhos também.
Sentei um pouco para fazer algumas ligações, fiz. Liguei a TV e deixei sem volume; só para fazer companhia mesmo.
Gatos friorentos dormindo em cantinhos mais quentes; tenho muitas coisas para fazer.
Faço o que posso, sou apenas uma humana com muitos defeitos. Ainda não atingi o grau de evolução máxima; sou bicho gente não muito evoluído nos quesitos mais práticos da vida.
Não lamento.
Sinto as coisas, as percebo de um modo mais intenso e até sofrido às vezes.
O som melancólico do mensageiro dos ventos, o dourado bonito dos fins de tarde, o céu tão azul, pedaços do reboco do muro... Tom de voz, expressões faciais, olhares...
Anos atrás, durante um sonho intenso, uma voz horrenda disse: "Você é só".
Acordei agoniada, com a cabeça latejando e muito assustada: Que voz feia!
Já falei sobre isso.
É difícil deixar pra lá, esquecer, seguir em frente como se nada tivesse acontecido; sou humana, demasiado humana. Sou passional, sinto intensamente e talvez essa seja a maior das minhas qualidades ou o maior dos meus defeitos. Não sei.
Pessoas postando "odeio as segunda-feiras"; acho isso tão bobo. A vida e o tempo seguem, segunda-feira ou não. 
Muito frio. Minhas articulações doem tanto.
Vou fazer café.
É isso.


                                   Resultado de imagem para inverno