sexta-feira, 18 de março de 2016

Via Crucis

                                 Resultado de imagem para bola pra frente


Mais uma vez tenho problemas com o resultado das perícias médicas. Já me perguntei inúmeras vezes quais padrões ou parâmetros esses profissionais usam para determinar se uma pessoa tem ou não condições de voltar ao trabalho.
É pública e notória minha paixão pela Educação, pela Escola e a saudade de meus alunos. Gosto do que eu faço e me preparei bem para isso e digo com muito orgulho. Noites em claro lendo livros e preparando trabalhos, monografias, estágios etc...
Ia para a escola muito animada e disposta a trabalhar; nunca tive medo de trabalhar, graças a Deus e à rígida educação que tive.
Mas fico doente, faço cirurgias, controlo a doença, penso que está tudo bem e que estarei livre de médicos, hospitais, laboratórios e procedimentos, mas a doença volta e diz: "Agora quem dá as cartas sou eu!".
Tenho dias de tristeza, frustrações e revoltas e já escrevi várias postagens sobre o assunto; digo e repito, não estou afastada do trabalho porque goste ou queira, mas porque estou doente!
Além da Acromegalia, que é uma doença rara e muito perigosa, tenho outros problemas de saúde que são muito piorados pela doença. Osteoartrite sistêmica, que é uma combinação dolorosa de artrose e artrite em meus joelhos, coluna e demais articulações. Já fiz várias cirurgias e estou aguardando o hospital ligar para eu fazer mais uma e ajustar os parafusos que estão fora do lugar por conta de cistos volumosos.
Tenho muitas dores, muita dificuldade de locomoção e dependo de andador e cadeira de rodas para andar.
Na última perícia, que ocorreu no dia oito desse mês, o médico perito fez as perguntas de praxe, pediu para ver apenas o laudo da ressonância magnética e não leu o conteúdo todo; deu apenas uma passada de vista. Não sei porque pedem para levarmos exames se os médicos não os veem nunca!
Ressonância magnética, tomografia computadorizada, radiografias, eletroneuromiografias e todos constam o mesmo problema: uma coluna doente, deformada e sustentada fragilmente por parafusos soltos. Dificuldade para andar e muitas dores. Isso não é o suficiente?!
Presenciei muitas vezes as conversas dos professores durante o intervalo e em outros espaços e ocasiões na escola e ficava e fico indignada com a cara de pau e a desonestidade de muitos. Professoras que não estavam  a fim de trabalhar e pediam atestado para médicos amigos, professoras que estavam cansadas com a reforma de suas casas e por isso iriam pegar atestado para ficar uns dias livres só cuidando da obra. Professoras que nunca trabalhavam um mês inteiro, pois sempre tiravam uns sete ou dez dias de licença médica por estarem com resfriado comum.... E a desonestidade continua...
Essas pessoas conseguiam facilmente os atestados e o prazo de afastamento era concedido; agora não entendo como uma pessoa com sérios problemas de saúde como eu, tem o pedido negado!
Estou indignada, frustrada, decepcionada e triste com essa injustiça. 
E além de todo o peso emocional que a situação envolve, ainda tem a parte financeira e de mobilidade; tenho gastos com táxi, preciso incomodar familiares para me acompanhar à minha via crucis médica.
Não, queridos doutores peritos, não fico em casa porque quero, não escolhi ter uma doença rara, uma coluna doente e articulações deformadas e dolorosas.
Escolhi trabalhar, me preparar para o que gosto, lecionar, preparar os pequenos, e os grandões também, para o futuro. Eu tentava e fazia o meu melhor.
Mas quem sabe se eu chegar com um atestado relatando um resfriado comum, os senhores me concedam o benefício? Não, não viajarei para lugar nenhum fora de São Paulo, como as pessoas "resfriadas" fizeram e fazem, ficarei aqui para cuidar da minha saúde.
Tenho saudades da minha terra, meu querido Pernambuco, mas faz anos que não visito minha família e minhas origens. Não tenho dinheiro para tal e a saúde complicada tornaria a viagem difícil.
Mas vou ficar boa e fazer tudo o que gosto e preciso, de forma honesta!
Nunca precisei mentir quanto à minha saúde e qualquer pessoa, por mais leiga que seja, vê claramente que minha condição física não é das melhores.
Mas em um país onde políticos ladrões e corruptos são nomeados para altos cargos, não podemos esperar que a população seja dignamente tratada.
Agora é correr atrás do prejuízo e tentar solucionar o problema com tudo o que isso acarreta.
É isso.



                                      Resultado de imagem para o que mais?

terça-feira, 15 de março de 2016

Menina Buliçosa

                                Resultado de imagem para menina buliçosa 


Gatos espalhados pela casa, em cima das estantes e em todos os lugares.
Tive que deixar livre a parte de cima das estantes para que os folgados possam deitar sem precisar fazer malabarismos sobre meus preciosos livros.
Tarde luminosa, típica do Outono, que chega semana que vem, graças a Deus.
Março é o mês das mudanças, mês das águas e dos gatos. Por que será que nasci em Março? Deve ser coincidência. Será?
A Páscoa chega mais cedo esse ano e iremos à casa do meu irmão caçula em Ilha Comprida. Adoro estradas e viagens, principalmente se for para onde tiver a presença forte e constante da Mãe Natureza: rios, lagos, mar, plantas...
Seria melhor se eu pudesse andar para caminhar na beira da praia e molhando os pés nas águas do meu amado mar. É frustrante e revoltante não poder andar, ainda mais para quem fazia caminhadas pelo bairro aos finais de tarde.
Tomei café com bolo de aniversário, adoro bolo "melecado", como diz minha irmã Rosi. Bolos, docinhos e salgadinhos de festa ficam mais gostosos no dia seguinte, assim como as sobras das grandes refeições em família.
Peguei uma receita de pudim de leite em pó e quero fazer. Adoro cozinhar. Se fosse como era antes e como eu gostaria que fosse, já teria ido ao supermercado e feito minhas compras de itens de primeiríssima necessidade: leite condensado, chocolate, doces, sorvetes...
Aniversário se aproximando; sinto-me bem, graças a Deus. 
Adiantei algumas coisas pela casa e separei toda a roupa para lavar, gosto de estar em movimento, inquieta, buliçosa, como diziam meus antigos: "Eita menina buliçosa, meu Padim Ciço do Juazeiro!".
Ficar parado é a pior coisa para quem é arteiro e buliçoso por natureza.
Minha batata doce e meu chuchu estão brotando, lindos, mas os abacaxis vão demorar um pouco mais.
Um dia terei um canto meu e terei que pedir licença aos girassóis, margaridas, flores do campo, orquídeas, primaveras, chuchus, abacaxis e toda a Flora para poder entrar em casa.
Fico triste quando as pessoas dizem que não gostam de plantas e que árvores como ipês e paineiras só fazem sujeira. Acho linda a "sujeira" que as belas flores roxas, róseas e amarelas fazem.
É isso.



                                       Resultado de imagem para menina buliçosa

domingo, 13 de março de 2016

Terra

                              Resultado de imagem para terra


Fez um dia tão bonito, uma tarde tão linda.
Um sol após a chuva, um dourado bonito, reconfortante. Havia tanta beleza, tanto conforto, tanta coisa boa... Um dia bonito para deixar tudo mais bonito.
A presença observadora, protetora. Um dia leve, sem o peso da melancolia, dos problemas, das coisas ruins. Um dia bom.
Levantei tarde, a noite foi animada: música alta, vozes altas e muita animação dos vizinhos. Quebra pau de madrugada, vizinha maluca gritando, outra vizinha cantando a plenos pulmões, motores roncando... 
Que vizinhança educada e discreta eu tenho!
Levantei, tomei os remédios, cuidei dos gatos e fiz meu café. Assisti a um pouco de TV, desliguei depois. Fui para a cozinha e descasquei abacaxis, abri os cocos verdes, plantei um chuchu que brotava, coloquei as coroas dos abacaxis na água para criar raiz e depois plantar. Bromélias e abacaxis são da mesma família, descobri depois.
Coloquei uma batata doce na água para brotar, fica linda quando as ramas crescem. Amo plantas, a Mãe Natureza, a Terra, as águas.
Usamos a palavra terra para nos referir tanto ao planeta quanto ao solo e ao local de origem, mas na língua inglesa é diferente. Para cada significado e significante, há o termo adequado, por exemplo: Soil - terra/chão/terra onde se planta; Land - terra de origem/cidade/lugar, Disneyland - Disneylândia, homeland - pátria; Earth - Planeta Terra.
Gosto de plantar, de cuidar, de ver crescer, achar bonito e agradecer.
Queria ter uma terra minha para cultivar flores e frutos e plantas. Tenho forte ligação com a Mãe Natureza.
Comi jaca ontem e estava dulcíssima. Adoro jaca.
É isso.


                                  Resultado de imagem para mãe terra

quarta-feira, 9 de março de 2016

Aptidão

                                  Resultado de imagem para tocando violão


Minha sobrinha Beatriz está tendo aulas de violão e está muito animada. É tão bom quando os pais investem na Educação dos filhos e apoiam seus interesses e incentivam seus talentos e aptidões.
Lembro de uma professora do Ensino Médio que nos disse certa vez: "Aptidão é algo que gostamos de fazer e fazemos bem".
Ela disse ainda que se não exercermos nossas aptidões e não botarmos em prática aquilo que gostamos, que fazemos bem e aquilo que queremos ser, morreremos em vida. Tudo morre dentro nós, inclusive nós mesmos.
Lembro do desenho pedagógico que ela fez na lousa, um bonequinho de pé e caminhando em direção aos seus sonhos, mas por nunca ter uma chance ou incentivos, acabou morrendo.
Sempre gostei de música, arte, cultura, literatura e todas as formas de expressão artística humana. Acho lindo quem sabe tocar um instrumento, pintar quadros, dançar e várias outras formas de arte. Admiro muito.
Lembro da flauta doce que foi nos oferecida na escola, levaríamos para casa para nossos pais verem e no dia seguinte traríamos o dinheiro ou a flauta de volta.
Eu queria tanto aquela flauta! E por que era chamada de flauta doce? Era doce mesmo? 
Mas como sempre, ouvi os ubíquos "para o mês, um dia, quando der, agora não..." Fiquei triste.
Já falei aqui e repito, tenho trauma de promessas não cumpridas, de adiamentos, quebras de compromisso e de palavra, detesto desculpas e mentiras.
Eu também gostava de dançar e queria muito que mamãe comprasse um vestido de bailarina para mim, mas não dava.
Ia para o quarto, fechava a porta e dançava, ou tentava, dançar igual às chacretes dos Chacrinha, mas um dia papai me viu dançando e fui motivo de piadas e gozações por um bom tempo.
Sempre as piadas sem graça, as gozações humilhantes, o adiar perverso. Sempre.
Lembro também do programa infantil TV Globinho, que mostrava aulas de violão duas vezes por semana. As cordas do violão, as notas musicais, o tempo da música... Já que não deu para comprar a flauta doce, talvez agora dê para comprar um violão. Agora não.
Sigo amando a arte, a música, a literatura... Só não sei dançar, nem tocar instrumento musical nenhum.
A aptidão morreu.
É isso.


                                           Resultado de imagem para tocando violão

segunda-feira, 7 de março de 2016

Cumprir

                            Resultado de imagem para coelhos fofinhos  



Aniversário e Páscoa se aproximando.
Muito calor e muita chuva.
Muitas dúvidas, medos, anseios, esperança...
Estou com sono, levantei cedo para assistir aos telejornais e esperar a diarista, mas ela não veio hoje.
Sou das antigas, "old school", velha escola, como dizem os norte americanos. Sou do tempo em que compromissos assumidos eram cumpridos, sem desculpas e sem mentiras.
Sou do tempo em que havia mais respeito e compromisso para com as pessoas e as palavras eram ditas, respeitadas e cumpridas. 
Mas está tudo tão diferente, tão mudado. As obrigações e compromissos são cancelados em cima da hora e com as mais esdrúxulas desculpas.
Marcar uma data e um determinado horário e cumprir, era questão de honra; hoje as pessoas marcam um horário, mas chegam horas depois, demonstrando total desprezo e desrespeito para com quem os espera/va.
Mundo fútil, de pessoas fúteis. Preocupação doentia com a aparência, com o corpo, o cabelo...
Assisti ao programa da Ana Maria Braga, que teve como entrevistada aquela moça chata, infantil, arrogante, mimada, problemática, encrenqueira e que nunca bateu um prego num pão doce, como dizemos para falar sobre alguém que não faz e nunca fez esforço nenhum na vida; teve tudo de mão dada.
Como pode alguém com trinta e cinco anos de idade nunca ter trabalhado e não ter um objetivo na vida?! E uma criatura dessa tem toda saúde do mundo. Às vezes acho que Deus e a Vida são meio cruéis.
Essa moça mimada é/foi uma dos participantes da big b*** Brasil. Não assisto a esse lixo, mas o comportamento infantiloide dessa moça fútil ficou conhecido e foi comentado pelo país inteiro.
O tempo todo mexendo nos cabelos, o que dez entre dez mulheres e jovens fúteis fazem; deve ser para fazer o cérebro pegar no tranco. Deve ser.
A pressão está alta, esses novos remédios não estão me fazendo muito bem, amanhã tem médico, tenho decisões a tomar... É tanta coisa, meu Deus.
Se por um milagre divino eu tivesse minha saúde de volta.
É isso.




                                  Resultado de imagem para esperança


terça-feira, 1 de março de 2016

Feliz

                                   Resultado de imagem para caminhando na praia


Há tempos estava com vontade de ver o mar e há tempos vinha tendo o mesmo sonho:eu com muita vontade de entrar no mar ali tão perto, mas sempre acontecia algo que me impedia. 
Por que será? Por que nunca consigo entrar no mar mesmo estando tão perto dele? Por que as pessoas e as situações no sonho me impedem de me aproximar do mar? Eu tenho tanta vontade, mas não posso, não consigo.
Viajamos para Ilha Comprida no Carnaval; fiquei tão feliz, finalmente vou ver o mar!
Mas acontece que eu não consigo andar com minhas próprias pernas, preciso de andador e cadeira de rodas. Decepção, desapontamento, revolta.
Mas acontece que mesmo com toda dificuldade, entrei no rio com cadeira de rodas e seja lá o que Deus quiser.
O rio chamou o mar, que veio ao meu encontro, e brincamos naquelas águas tão lindas e tão queridas.
Não tive mais os sonhos impossíveis e entendi que por enquanto não posso entrar no rio ou no mar com a liberdade que outrora tive, dependo da ajuda de pessoas e equipamentos. Era isso o que os sonhos queriam me dizer.
Sempre sonho andando, caminhando, livre e feliz. Indo à escola, na sala de aula com os alunos, feliz. Dirigindo, feliz. Cozinhando guloseimas, feliz. Cuidando das plantas, feliz.
Permita Deus que esses sonhos bons queiram me dizer que um dia se realizarão e eu voltarei a andar, a ser livre e feliz.
É isso.



                                           Resultado de imagem para encontro de mar e rio ilha comprida

Passageiro

                              Resultado de imagem para passageiro


Muita chuva e um dia frio e cinzento, graças a Deus.
Gosto de dias assim, embora me deixem meio triste.
Mais uma noite de insônia, chuva e tagarelice dos vizinhos; difícil dormir assim.
Estou tomando mais um remédio, esse feito em farmácia de manipulação, é uma combinação de sulfato de controitina e sulfato de glucosamina e ajudará no tratamento da osteoartrite nos joelhos.
Levanto de manhã e tomo o primeiro dos remédios e assim segue o dia. Tem hora que enjoa, dá ânsia de vômito e tira o apetite. Não dá vontade de comer com o estômago cheio de água e remédios.
Perdi muito peso e isso parece ser algo maravilhoso para as pessoas que não me veem há algum tempo: "Nossa, como você tá magra!".
As contas estão atrasadas, mais um remédio para se comprar, perdendo peso muito rapidamente e tantos outros problemas, "mas você está magra!". 
Estar magra resolve todos os meus problemas? Estar magra me trará felicidade, conquistas e outras alegrias fúteis tão cobiçadas pelas pessoas atualmente?
Para quem exibirei meu corpo magro além de médicos e enfermeiros?
O mundo está habitado por pessoas cada vez mais preocupadas com a aparência, o externo, o belo a ser conquistado a todo e qualquer custo, mesmo que isso tenha trágicas consequências. Mas como dizia mamãe, "Cada cabeça uma sentença".
Estou preocupada, ansiosa e até esperançosa.
Tudo nessa vida é passageiro, menos o motorista e o cobrador.
É isso.




                                                    Resultado de imagem para caminhos da vida

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Desfazer

                            Resultado de imagem para bomboniere de vidro vermelha


Demorei, mas hoje desembestei a escrever.
Estava folheando livros, vendo fotografias e lembrando...
É bom escrever, adoro ler e escrever. 
Escrever é libertador, é aliviante, é bom.
Cristaleira, bomboniere...
Tempos difíceis, seca inclemente, fome...
A casa era bonita, simples, mas arrumadinha. Lembro da sala, com a cristaleira de madeira escura e vidros desenhados com motivos oníricos. A grande mesa de madeira robusta complementava o conjunto e o toque final ficava por conta da bomboniere de vidro vermelho sobre a toalha delicadamente bordada por minha tia Antonia; mamãe adorava a cor vermelha.
Às vezes minha avó Mãevelha colocava ali o doce de mamão ou abóbora, ficava mais bonito para oferecer às visitas. 
Mamãe era professora e sempre recebíamos em casa a visita de outros professores e dos temidos "coronéis".
Mas a Seca veio forte e ainda mais cruel dessa vez e mamãe precisou vender o que tinha de valor para que pudéssemos sobreviver.
A cristaleira, a mesa robusta, as cadeiras e, por último, a bomboniere de vidro vermelho.
Lembro da expressão no rosto de mamãe, da tristeza em ter que se desfazer das coisas que tanto gostava e que conseguira comprar com tanto custo.
Mas a fome já batia à nossa porta e se desfazer era preciso.
Nos desfazíamos aos poucos de nossas coisas e de nós mesmos, um pouco acada dia.
É isso.



                                  




                                      

Filhas

                               Resultado de imagem para pais e filhas



Estava olhando fotografias da família e reparei na beleza das minhas sobrinhas, todas muito fashion e vaidosas.
Até mesmo a caçulinha Rafaela é muito vaidosa, adora se arrumar e faz pose para fotos.
Estão sempre com roupas "combinantes", cabelos arrumados e um batom nos lábios, no caso das mais velhas. Entendem de moda e procuram seguir as tendências, dentro do limite financeiro da família.
Não pude evitar, e as comparei comigo, com minha infância, com o modo como fui criada, vista, julgada e tratada.
Roupa nova era comprada uma vez por ano, próximo ao Natal com o décimo terceiro salário, e só podia ser usada em ocasiões especiais. Se papai nos encontrasse vestidos em nossas roupas novas em dias comuns, pronto,o sermão começava.
Muitas vezes as roupas ficavam curtas, apertadas ou "perdidas", pois crescíamos rápido, e mamãe levava à costureira para ajustar ou ajustava em casa mesmo, do jeito dela. Eu mesma já sabia pregar botões, alinhavar, fazer barra de calça desde meus oito, nove anos.
Não éramos incentivadas, eu e minha irmã do meio, a nos arrumar e nunca recebíamos elogios, sempre críticas e gozações, tanto de nossos irmãos e nosso pai. Deixamos a vaidade de lado e ela também nos deixou.
Não usamos maquiagem, anéis, pulseiras e outros adornos, pois sempre pensamos que alguém vai nos olhar de modo estranho. É estranho e até bobo, mas é verdade.
Minha irmã do meio teve a sorte de nascer bonita e ter o cabelo "bom", mas eu não tive a mesma sorte. 
Engraçado como esses traumas e inseguranças da infância ficam marcados na gente como a marca do ferro quente na pele do gado.
Mas gosto de ver minhas sobrinhas sempre lindas, arrumadas e incentivadas pelos pais. Sem críticas, sem cobranças, sem julgamento. Quase todas elas.
Os pais podem criar pessoas seguras ou inseguras, depende do modo como se relacionam com seus filhos.
É isso.



                                 Resultado de imagem para pais e filhas

Ilha Comprida e Iguape

                                Resultado de imagem para ilha comprida e iguape



Passei o Carnaval na casa do meu irmão caçula, em Ilha Comprida, adorei.
Precisava sair da "toca", respirar novos ares, ver outras pessoas e paisagens; vi e gostei.
Estava preocupadíssima com meus gatos, pois não gosto de ficar muito tempo longe de casa e deles, principalmente. Tinha algumas pessoas que poderiam cuidar da casa e dos gatos, mas eu queria alguém que realmente gosta de animais e que os trata bem. Deixar alguém só porque é de confiança não era o suficiente para mim.
Desconfio de pessoas que não gostam de animais e plantas, as considero frias e insensíveis, por mais boazinhas, honestas, direitas e corretas que sejam ou pareçam ser.
Lembrei da menina do vizinho, que é gateira apaixonada como eu e trata os animais com amor e respeito, mesmo não sendo muito fã do seu cachorro bobão e guloso que adora comer a ração dos meus gatos.
Falei com ela, entreguei-lhe as chaves, dei-lhe um agrado, tudo certo. Posso viajar e vou tranquila, graças a Deus.
Seguimos pela Rodovia Régis Bittencourt, que liga aos estados do Sul, e fizemos uma viagem tranquila, apesar das intermináveis obras de duplicação da estrada. Cansativo, mas a paisagem é linda. Pena que estejam devastando para botar mais cimento e asfalto; penso nos pobres animais que ali viviam.
Antes de chegar à Ilha Comprida passamos por uma estrada charmosa com muitas barracas de produtos à venda: jaca, abóbora, palmito, doces... Passamos por Iguape, uma charmosa cidade com prédios históricos abandonados, uma pena. Depois de Iguape, subimos a ponte que liga a ilha ao continente e estamos em Ilha Comprida.
Sol forte e pele branca não combinam, mas estava tão bom naquele rio de águas frias e escuras que vai de encontro ao mar de águas claras e mornas. Lindo.
Sentei-me no rio, abracei as águas e agradeci por estar ali. Queria entrar no mar, mas as águas são mais bravias e eu estava na cadeira de rodas. Mas o mar queria me ver tanto quanto eu queria vê-lo e ele veio ao meu encontro. Lindo.
As águas do mar invadiram o rio com força e aquela violência bela que me encanta; abracei o mar e agradeci pelo encontro.
Sou Maria das Águas, amo e respeito as coisas da Mãe Natureza.
Ficamos muito tempo brincando com as águas e voltamos para casa vermelhos e cansados. Valeu a longa viagem, os pés inchados e a saudade dos gatos.
Há tempos queria muito ver o mar e finalmente vi. Mar e rio, lindos, fortes e poderosos. Agradeci àqueles que ali habitam e dali nutrem suas forças. 
Passeamos por Iguape e pela ilha nos dias seguintes e depois voltamos para casa. Tudo em paz.
Uma leve tristeza e solidão habitavam a casa e me causaram dor e desespero. Vai passar. Passou, graças a Deus.
Pretendo voltar à Ilha Comprida e explorar os encantos da ilha e da cidade vizinha, Iguape.
Sem barulho, sem música alta na madrugada e ouve-se a música do mar ao amanhecer. Pertenço às águas. Pertenço ao mar.
Quero um dia voltar àquelas águas andando com minhas próprias pernas. Vou conseguir.
É isso.



                             

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Muito calor.

                               Resultado de imagem para odeio calor



Calorão de trinta e dois graus, mas a sensação térmica é de quarenta.
Detesto calor, me deixa molenga, cansada, desanimada...
Os gatos bem alimentados e peludos deitam no chão ou em qualquer lugar mais fresquinho.
Estou ficando cada vez mais dolorida e entrevada, sinto isso, e os remédios que funcionavam tão bem, agora parecem simples placebos.
Hoje vieram o entregador da farmácia e da ração e precisei jogar a chave para eles; não conseguia descer o degrau que tem na entrada da casa.
Os gatos já conhecem o carro e o entregador de ração e associam qualquer carro ou pessoa que me esperam no portão como portador de algo  gostoso.
Eles se acostumaram assim; eu saía e em algumas horas voltava para casa com sacolas de alimentos para mim e para eles. 
Sinto muita falta dessa liberdade de ir e vir, de bater os quatros cantos do mundo, como dizia mamãe, e ainda ter energia para fazer as coisas pela casa.
Eu tinha saúde.
É isso.



                                   Resultado de imagem para odeio calor