quinta-feira, 31 de julho de 2014

Exausta

                                 


As dores articulares estão cada vez mais fortes e incômodas. O joelho direito dói, pesa, entreva e dificulta o caminhar.
Levantar da cama, cadeira, sofá etc... está difícil e não tenho muita firmeza nas pernas.
Saí do trabalho e fui ao banco; procurei vagas na avenida e na rua lateral, nada, o jeito foi deixar no estacionamento do simpático e sorridente velhinho de cabelos brancos. O problema é que fica meio longe para eu andar até o banco e se acho vaga rua, quase impossível, não tenho que andar tanto.
Chego ao banco e ainda tenho que subir escadas; foi custoso, mas consegui.
Rapei da conta os últimos cinquenta reais que tinha; acabara a ração dos gatos e comprei o que deu. 
Banco, rua, casa de ração e finalmente chego em casa. Estava exausta!
Alimentei meus bichanos lindos, troquei areia e a água e desabei no sofá com Alice e Loretta. O corpo doía, as pernas doíam e uma fraqueza me abatia.
Acordei com os gritos da molecada pouco inteligente que insiste em jogar bola na rua curta, estreita e tomada por carros e caminhões. As mães, igualmente irresponsáveis, só ficam no grito e a molecada ignora e segue no risco de um atropelamento ou coisa pior.
Detesto essas mães escandalosas que só sabem gritar mas não sabem educar seus filhos.
É o tempo todo gritando os nomes do filhos, tanto que já decorei todos!
Levantei com fome e comi manga, uva e melão; adoro frutas. Fiz um caldinho de fubá, dá sustança, como dizia mamãe e meu povo antigo.
Vontade de tomar café, mas a essa hora não combina muito.
Estou com sede, vou tomar água.
É isso.



                                  

Pardalzinho

                              


Um filhote de pardal perde-se dos pais e entra na secretaria; pousa nos móveis, procura a saída e se debate. Fico aflita.
Peço a Deus e ao Povo protetor dos animais que ajudem o pardalzinho a encontrar a saída. Peço, rogo, imploro.
Os bichinhos já sofrem tanto para encontrar árvores que lhes sirvam de moradia e abrigo, meu Deus. E cada vez mais derrubam árvores e colocam cimento e asfalto no lugar.
A jabuticabeira da escola está repleta de ninhos com passarinhos cantantes e barulhentos. Lindos.
O pardalzinho encontra a saída e eu o sigo para protegê-lo dos alunos e me assegurar que ele estaria bem e seguro.
Uma funcionária vê minha aflição e pergunta: "Você tem medo de passarinho?"
"Não. Eu tenho medo de gente".


                                       

quarta-feira, 30 de julho de 2014

De boa

                              



Dor de cabeça besta, de novo.
Pressão alta, como sempre.
Joelho entrevado, duro e dolorido.
Efeitos colaterais dos remédios, arrumam uma coisa e pioram outra.
Mas tomá-los é preciso.
Está uma tarde belíssima e aproveito para dar uma geral básica, sem exageros, pela casa, aproveitar o sol para secar as roupas, podar algumas plantas...
Minha Pétala faz jus ao nome e pensa que é uma flor; sobe nas plantas, cava, quebra, brinca com os botões da rosas...
Minhas baby roses estão lindas, tanto a amarelinha clara como a vermelha intensa como sangue e vinho. Viajei!
O rádio está ligado e ouço o bom e velho Rock 'n' Roll. Sem muito alarde, sem muito barulho, sem muito exagero. Toco para eu ouvir e não para os vizinhos ouvirem, como muitos o fazem. Nossa!
Loretta em meu colo, após muitas artes, brincadeiras, correrias e ataques. Já anda melhor e manca menos, graças a Deus.
O meu amor pelos animais e meu modo simples de vida deve incomodar as pessoas. Gente amarga, vazia, fria, preguiçosa e que gosta de viver de oferenda igual a santo.
Estou na minha. Saio para trabalhar e fazer o que preciso, volto para casa, me tranco e vivo minha vida. Vou lá fora para colocar o lixo, atender aos entregadores de ração, a moça do Yakult, o carteiro... Não fico em calçada papeando com vizinhos, tenho mais o que fazer!
Acho que isso incomoda a vizinha amarga que levou o pé na bunda e o ex a trocou por outra mais jovem e bela. "Si ferrô!"
Como dizem os alunos: "Tô de boa" e sigo minha vida simples e com alguns muitos problemas: muitas contas, contas atrasadas, ração acabando, problemas de saúde se intensificando e eu pedindo a Deus para não piorar e ter que voltar para o hospital. Não, definitivamente não!
A vizinha amarga diz para todos que passam na rua que irá me denunciar por ter muitos gatos e isso porque ela tem um cachorrinha que vive no meu portão pedindo comida!
Bom, se tirar animais da rua, alimentá-los, protegê-los, cuidar deles e amá-los for crime, então pegarei prisão perpétua!
Está em mim, nasci com esse amor aos animais e às coisas da Mãe Natureza e só posso lamentar o fato de as pessoas se incomodarem com isso.
Essa vizinha amarga bate nos gatos e joga água quente neles, acho que isso consiste em crime!
Bom...
Vou continuar fazendo as pequenas coisas que gosto: escrever, cuidar das plantas e talvez fazer um bolo de chocolate ou um brownie.
A história do brownie é interessante e vem lá das terras dos antigos celtas, segundo li.
O brownie é um bolo de chocolate com sabor intenso e é o favorito das crianças que já vieram ou ainda virão a esse mundo. Elas ficam observando e brincando enquanto esperam o bolo ficar pronto. Adoram se lambuzar com o chocolate e não gostam de ganhar brinquedos ou outras coisas como presente, adoram brownie com forte sabor de chocolate.
Adoro lendas, contos e mitos de outros países e culturas.
É isso.



                                 

terça-feira, 29 de julho de 2014

Zica

                                



Já mencionei em postagem antiga o que meu avô Paipreto dizia: "Sou amigo de toda nação: do gato, do cachorro e do ladrão".
Meu avô conversava com todos, era amigo de todos e sempre procurava manter a paz e a civilidade mesmo entre desafetos.
Tem que ter paciência, jogo de cintura, molejo e uma boa dose de diplomacia para lidar com pessoas. Não é fácil. 
Cada um acha que tem mais razão que o outro e aí os conflitos surgem.
Trabalhar com pessoas não é fácil, tanto entre colegas como no atendimento ao público. Nossa!
Tem que lidar com gente folgada, preguiçosa, cínica, ignorante, lesa (abestada)...
Fiquei só na secretaria hoje e me virei bem. Foi corrido, o senta-levanta-sai-volta é cansativo e incomoda o joelho, mas prefiro assim a me estressar com gente folgada que oferece ajuda quando está tudo calmo e corre quando tem muito trabalho a fazer.
Veio uma mãe para falar com o coordenador do Ensino Médio e ela estava brava, nervosa, irritada por ter sido chamada à escola. O filho é dela e quem educa são os pais e não a escola!
Cumprimentei a brava senhora, ofereci café, falamos sobre o frio e outras amenidades e a brabeza da mãe revoltada passou.
Alunos pedem documentação para ontem e digo que não é possível, que alguns documentos demoram mais que outros etc e tal. As declarações são geralmente entregues no dia seguinte ao pedido, mas se os alunos e as pessoas que pedem esses documentos o fazem de maneira educada e gentil, eu "quebro o galho".
Dois alunos pediram documentos para serem entregues aos seus empregadores e tinham pressa. Disse-lhes para passar na saída e entreguei-lhes o solicitado: "A senhora é zica, hein tia! Valeu! A senhora é %$#@!".
Acho que isso foi um elogio com agradecimento, ou vice-versa. 
Sou da seguinte opinião: Se uma coisa tem que ser feita, então faça!
E ainda me chamam de radical, entre outras coisas.
É isso.




                                   


                                            

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Inverno ou Verão

                                



Cinza, frio, inverno.
Gosto dos dias ensolarados, e sem muito calor, mas confesso que tenho certa predileção por dias frios, cinzas, chuvosos, melancólicos...
A maior parte de minhas lembranças, emoções, sensações, memórias têm relação com dias nem tão bonitos assim.
Tudo começou com nossa chegada a São Paulo; era frio, era cinza, chovia...
Sou cinza, chuvosa, melancólica algumas vezes.
Lembranças e saudades de lugares por onde passei e vivi. Uma saudade dolorida, até. 
Se não fosse o fato de mamãe ter morrido tão repentinamente. Se não fosse essa minha doença besta. Se não fossem algumas coisas, tantas coisas...
A vida é feita de escolhas e às vezes a gente faz umas escolhas meio erradas.
Vontade de ver o mar. Adoro o mar em dias cinzentos, frios e chuvosos; fica mais bonito.
Queria caminhar pela beira da praia e molhar os pés nas águas do mar e não me importa se está frio ou calor, se é inverno ou verão.
Vou preparar algo para comer, tenho fome agora. Tomei café e comi bolacha na escola e a senhorinha da cozinha trouxe um suco de frutas com leite, não gostei.
Pensei que era apenas o suco de frutas, mas li a embalagem e vi que tinha leite. Dei uma golada e joguei o restante fora.
Loretta aconchegou-se no meu colo e está cada dia mais bonita, saudável e sapeca. O pelo cinzento cresce, os olhos azuis redondos e expressivos, a carinha linda.
Acho que estou precisando de cafeína.
É isso.



                                   

sábado, 26 de julho de 2014

Séria

                                   


Alguém me disse que sou muito séria, mas eu sempre fui assim.
Nunca fui de muitos exageros emocionais, sentimentais etc...
Saio de casa para o trabalho, para o mercado, pet shop, farmácia, casa da minha irmã... Coisas básicas.
Eu adoro viajar, pegar estrada e já fiz muito isso mas agora não dá mais. Não por um longo percurso, pois está difícil dirigir com uma coluna dolorida e um joelho endurecido pela artrose. 
Vivo minha vida de modo simples e procuro não incomodar as pessoas.
Cumprimento a todos, mas não sou de ficar de braços cruzados na calçada de vizinhos e fofocando o dia todo. Mas tem gente que consegue.
Sempre lembro de mamãe, que dizia: "E esse povo não tem um feijão pra botar no fogo, uma roupa pra lavar, uma casa pra varrer?!
Bom...
Assisti há pouco ao programa, "Andante", no Canal Brasil, com um artista pernambucano chamado "Maestro Forró", muito bom. Ele viajou pelo Leste Europeu e mostrou a música e a cultura da Bulgária e Romênia. Belíssimo.
Depois assisti ao filme "Narradores de Javé" e dei boas risadas.
E assim sigo na minha seriedade que para mim é bem normal. como dizia papai: "Não gosto de muita risadage".
Rir, sorrir, gargalhar é bom, mas tudo em excesso fica chato e nos faz parecer hienas lesadas. Na boa.
É isso.




                                        


                                         

Meus Irmãos

                             



Tenho tido dias, noites, semanas difíceis.
Pressão sempre alta, dores articulares que dificultam o caminhar e uma sinusite chata.
Stress, preocupações, receios, esperança...
Sonhos simbólicos e nada agradáveis, alguns deles. Em outros, pessoas que estão sempre presentes e sempre amigas, carinhosas, cúmplices, boas...
Dizem os entendidos que sonhar com alimentos não é bom, principalmente legumes e carnes.
Dizem os entendidos que sonhar com ovos é sinal de fofoca, parece que sim.
Sonhei essa noite com mamãe, sempre mamãe, preparando comida em uma cozinha grande para muitas pessoas; era uma espécie de restaurante.
Mamãe sempre ocupada e apressada e eu começava a ajudá-la, mas quando ia pegar os legumes e ovos percebia que estavam estragados. Os tomates estavam molengas, rachados e escorria o líquido com as sementes. As cebolas estavam murchas, escuras...
Dizem o entendidos que legumes estragados são sinal de doença grave em alguém próximo e logo pensei em meus irmãos: um obeso mórbido e o outro que também está acima do peso. Ambos são hipertensos e diabéticos, mas dão pouca importância ao problema e acham bobagem quando tentamos alertá-los.
As pessoas têm essa mania boba de fazer tolices achando que assim nos afetará, mas na verdade os afetados e prejudicados são eles mesmos!
Meus irmãos comem como se o mundo fosse acabar e o caçula se entope de Coca Cola, e, como se não bastasse, já viciou a filha pequena nessa porcaria!
Peço sempre a Deus que olhe minha família, que tenhamos saúde, que tenhamos sempre o de comer sobre nossas mesas, um teto sobre nossas cabeças e que sejamos felizes.
Amem, minha Nossa Senhora das Candeias.
E que possamos trilhar nossos caminhos em paz.
É isso.



                                     

sexta-feira, 25 de julho de 2014

"Periquitante"

                               



Faz frio. Muito frio.
Gatos deitados em cantos quentinhos; Clara Blue está ao meu lado e sob o cobertor.
É cobertor no sofá, na cama, na caminha dos gatos, no varal...
Parei um pouco e retorno à labuta doméstica que não acaba nunca.
Vi receitas de pavê e torta de limão, mas achei o pavê mais fácil e simples de fazer; gosto de receitas simples, sem muita frescura.
Quero comprar um processador de alimentos, fica mais fácil triturar e moer coco e bolachas do que no liquidificador.
Mas vai ter que esperar um pouco, a situação está "periquitante", como dizia mamãe. Quando ela falava assim, eu imaginava um monte de periquitos juntos.
Rádio ligado e ouço Cazuza, "Faz parte do meu show" e me lembro de Mãevelha; meu povo antigo tinha bom gosto musical e não teve o desgosto e desprazer de ouvir Funk, pagode e sertanojo atual; graças a Deus.
Ouvíamos aquelas duplas sertanejas antigas cujas canções falavam do sertão, dos amores caipiras, da roça, da vida...
Ouvíamos Caymmi, Gil, Caetano, Chico, Luiz Gonzaga e tanta gente boa que ou já se foi ou está velhinha.
E por falar nisso, perdemos três senhores sábios e sabidos em uma semana, praticamente. O país ficou órfão de cérebros brilhantes e pensantes, uma pena.
Vão em paz, Ariano Suassuna, Rubem Alves e João Ubaldo Ribeiro.
É isso.



                              


                                


                                     


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ficar comigo

                                
Loretta



Loretta me segue por todos os cantos, parece mais um cachorrinho que uma gatinha.
Está mais saudável, bonita, alegre e muito agradecida. E ainda dizem, os muitos humanos, que animais não têm sentimento.
Loretta está também muito da espertinha e vai direto para o quarto quando não me encontra pela casa.
Reconhece minha voz, escala o cobertor até subir na cama e aconchega-se ao meu lado.
Eu tirei fotos dela e postei nas páginas de grupos e ONGs de proteção animal, mas até agora ninguém se interessou em adotá-la. Vai acabar aqui comigo, como e com os outros.
Acho que os gatos que salvo das ruas pedem a Deus, em suas orações, para ficar comigo. Devem temer não encontrar alguém meio maluquetes como eu.
Esses bichanos gostam de mim como sou e pelo que sou e não se importam com minha aparência acromegálica. Os humanos sim.
É isso.


                                    
Ébano Nêgo Lindo

Anjos

                                


Estava exausta; muitas noites sem dormir direito.
Insônia, dores e barulho dos vizinhos mal educados.
Dormi apenas duas horas na noite de terça para ontem e fui para o trabalho me sentindo um caco. Para ajudar, tem que empurrar o portão do estacionamento para abrir e fechar e isso me custa.
Estou cansada, frustrada e desanimada com as situações, as pessoas, o país...
Nada funciona, nada dá certo e tudo precisa de assinatura, documentação, carimbo, boa vontade (difícil)...
Saí do trabalho e precisei ir ao banco e depois ao supermercado, minhas frutas tinham acabado. 
Voltei para casa, guardei as coisas e arriei no sofá. Estava exausta a extremo e dolorida; empurrar o carrinho de compras era o mesmo que empurrar um carro de verdade.
Tomei os remédios para controle da pressão alta que mantem-se altíssima há muito tempo. A cardiologista mudou a dosagem e acrescentou outra medicação, mas a pressão continua nas alturas.
A hipertensão é agravada pela Acromegalia.
Tomei banho e fui para a cama mais cedo.
Tive sonhos estranhos e simbólicos, como sempre.
Sonhei com mamãe e meus irmãos. Uma porta se abria e eu me encontrava deitada em uma mesa cirúrgica cercada por pessoas vestidas de branco. Me examinavam, conversavam em uma língua que eu não conhecia, mas entendia o significado. 
Sou colocada de pé, uma porta se abre, essas pessoas falam com mamãe e lhe entregam uma radiografia da minha coluna; tem uma formação óssea estranha, como se fossem asas.
Meus irmãos estão do outro lado da porta e eu aguardo mamãe terminar de conversar com essas pessoas. Podemos ir e vejo que essas pessoas vestidas de branco têm asas!
Anjos?!
Mas me pareceram sérios demais, "secos" demais, compenetrados demais e não tinham nada daquela imagem doce e meiga dos anjos barrocos gorduchinhos e com cabelos loiros e encaracolados.
Meu joelho e coluna têm doído bastante. Meu ombro direito e mãos também. É a tal da osteoartrite sistêmica que afeta todas as articulações.
Está frio hoje. Ontem fez um dia belíssimo.
Comprei uma baby rose vermelha exuberante. Vou comprar mais terra para cuidar das plantinhas.
Comprei ração molhada sabor frango, estava em oferta, mas Alice, Branca e Loretta não gostam de frango. Puxaram a mim.
Vou fazer um bolo, estou com vontade.
É isso.



                                     

terça-feira, 22 de julho de 2014

Loretta


Loretta é cinza, tigrada, tem olhos azuis, é manca, muito dócil e carinhosa.
É linda, claro.




Bem

                               



Domingo frio e ensolarado; me preparava para ir à casa da minha irmã Rosi.
Abro o portão e a simpática e espertalhona vizinha, que quer um novo colchão fashion, me diz que tem um gatinho miando muito na firma da esquina. OK.
Vou até o local e não vejo nada, mas a menina vem e me mostra onde é: na firma no fim da rua. Diferente.
Parei o carro, ouvi o miado e chamo; vem um gatinho cinzento, magrinho, manco e bonitinho.
O coloquei na caixa de papelão e voltei para casa. Preparei uma cama quentinha, coloquei comida e água e o deixei na área de serviço. Fui para a casa da minha irmã.
Voltei depois de algumas horas e fui ver como estava o novo gatinho; estava bem.
Tranquei portas, fiz chá e liguei a TV; escuto miados meio assustados e sofridos. O gatinho estava com frio.
Trouxe o bichano para dentro de casa, forrei o chão com jornal e coloquei a caminha, a comida e a água e ele adormeceu.
Algum tempo depois o gatinho acorda, olha para mim, mia e vem ao meu encontro. Se esfregava nas minhas pernas, rolava fazendo charme, miava... Fiz-lhe carinho e ele ronronava, demonstrando alegria. Os imbuídos de ignorância e preconceito dizem que é asma, mas é o modo de o gato demonstrar contentamento. Gatos não latem nem balançam o rabo!
Peguei o bichinho no colo e olhei para saber se é macho ou fêmea; é fêmea, sempre fêmea, claro.
A mulher, a fêmea, de toda e qualquer espécie, sempre sofreu e sofre abusos, violência, intolerância e preconceito só pelo simples fato de ser fêmea!
Os muito machos e poderosos temem a mulher e por isso a castram das mais variadas e horrendas formas.
Bom...
O gatinho é gatinha e dei-lhe o nome Loretta.
Loretta se parece muito com Clara Blue, que é filha de Léo Caramelo.
Meu Leozinho deve ter aprontado muito por aí.
Um fato que tem me chamado a atenção é o grande número de animais mancos, ou com alguma deficiência, que cruzam ou cruzaram meu caminho.
Além de machos, as pessoas querem animais perfeitos, como se elas mesmas fossem muito perfeitas.
Minhas tias de Pernambuco, mamãe e minha avó Mãevelha dizem/diziam que eu tenho parte com São Francisco e São Lázaro.
Acho que sim e vejo pela óptica da bondade para com aqueles que não podem se defender sozinhos e que só me fazem bem. 
Eu mesma sou imperfeita fisicamente, tenho problemas de saúde intensificados pela Acromegalia e também tenho meus defeitos como pessoa, mas faço minha parte sendo sempre do bem.
É isso.



                                     

O menino vizinho

                               


Madrugada barulhenta, graças a Deus.
A vizinha mal educada, mãe monstra e esganiçada voltou para sua cidade natal levando o filho de dois anos. Pobre menino.
Há algumas semanas venho ouvindo as conversas, em voz altíssima, falando sobre a mudança, sobre o frio de São Paulo, a carestia de São Paulo etc...
Mas domingo foi horrível e me segurei para não chamar a polícia. Explico.
Chamei a polícia há um tempo atrás e optei por não me identificar, mas eis que chega a viatura, o PM toca minha campainha e pergunta: "Foi daqui que chamaram a polícia?"
Qual parte de "não quero me identificar" a polícia não entendeu?
Várias pessoas também relataram e relatam o mesmo problema.
Bom...
Apenas ouvi os gritos horrorosos da mãe, o choro dolorido do menino, o estalo do chinelo, os nomes feios... Meu Deus. 
E se eu chamasse a polícia iria atrapalhar a viagem da criatura e ainda sobraria pra mim, como já sobrou. O pai e o tio do menino tentaram tocar o terror em mim e tocavam a campainha de madrugada, forçavam o portão, puxaram a tampa/porta do relógio da luz... 
Não estavam preocupados com os abusos sofridos pelo filho e sobrinho, mas com raiva porque a polícia fora chamada!
Os gritos esganiçados da mãe assustavam até os gatos, que corriam e se escondiam debaixo da cama. A monstra mandava o menino ficar sentado no quarto enquanto ela ficava no quintal e na cozinha e quando o menino saía do castigo ela gritava ainda mais: "Sai daqui, desgraça!"
Como essa criança chorava!
Fiquei sabendo que viajariam ontem, segunda-feira, e estranhei ainda estarem em casa por volta das dez da noite. Fui para a cama e sou acordada à meia noite por vozes altas, objetos sendo arrastados, motor de carro ligado e rádio também.
Quanta falta de respeito e consideração!
Agora a pouco ouvi a voz do pai do menino dizendo à vizinha futriqueira que a esposa e o filho já estavam em casa lá na cidade de onde vieram.
Imagino esse menino sozinho na mão dessa mãe castradora e sem a proteção do pai!
Mas o que esperar de uma pessoa que confessa, em tom de graça e orgulho, não gostar de animais e ter muito prazer em matá-los!
Um monstro desses não pode ser bom pai ou boa mãe!
Que Deus proteja essa criança.
Amem.


                                   

Pessoas e Momentos

                              



Tirava o pó dos livros enquanto ouvia música.
Música "velha", diga-se de passagem, porque ouvir a música atual está difícil.
Até o tema de abertura da nova novela das nove é uma canção do Beatles e também gostei de ouvir uma outra canção antiga e Cartola. Bom demais!
Graças a Deus não tinha, e espero que não tenha, esses hits pegajosos a la Gustavo Lima e você.
Eu ouvia MPB e Rock enquanto arrumava meus livros e CDs e algumas músicas me fizeram lembrar de mamãe, papai, meu avô Paipreto, minha avó Mãevelha, minha infância, adolescência e outras pessoas e momentos.
Parece que o frio e os dias cinzas nos deixam mais nostálgicos, melancólicos, saudosos...
É isso.



                             
Essas flores, assim como margaridas, me lembram meu avô Paipreto.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Bruzundanga

                            



O portão do estacionamento da escola quebrou de novo e, mais uma vez, está no "modo braçal". Demorei para abri-lo quando cheguei pela manhã e depois fiquei dolorida.
Somando-se ao problema estão o eternamente quebrado sinal e o fato de apenas um computador estar conectado à PRODESP.
Claro, aumentando a somatória de problemas, acrescente-se gente folgada, cara de pau, que finge que trabalha, que enrola, que usa desculpas de saúde para se safar das obrigações.
Professores faltosos, outros incompetentes, barraqueiros, metidos a besta e que se acham os donos da escola.
Terreno baldio enorme ao Deus dará; tomado pelo mato e pelos ratos.
Os ratos estão tão acostumados com a presença humana que só falta nos dar "bom dia" quando chegamos. Ficam sob a jabuticabeira e observam tudo à volta com seus olhinhos curiosos.
Estou cansada.
Já falei com toda autoridade hierárquica possível, mas fica só no "Já liguei, já mandei ver, já... já... já..." Mas solução que é bom... Nada!
Por que as coisas não andam nesse país? 
É cultural? É preguiça? É incompetência? Todas as alternativas estão corretas.
Alunos que destroem carteiras e jogam os pedaços pela janela, acertando carros estacionados na rua. Os caras deveriam participar das Olimpíadas.
Aluna que desmaia dia sim outro também.
Alunas que postam fotos íntimas nas redes sociais e depois arrumam briga dentro e em frente à escola.
Isso tudo parece um grande "Bruzundanga".
Será que reclamo demais? Mas o que posso fazer? Já falei com todos os possíveis responsáveis, mas só escuto desculpas e dar de ombros. 
Qual seria a solução? 
Depois eu fico com a fama de chata, de querer mudar o mundo etc e tal. Não, não quero mudar o mundo, só quero que as coisas funcionem! É pedir muito?
Estou cansada.
É isso.




                                     



sexta-feira, 18 de julho de 2014

Pata de Vaca

                              

Pata de vaca é uma árvore que tem flores brancas ou rosas e o chá feito com suas folhas ajuda a controlar o diabetes.
Minha avó Mãevelha tomava muito chá de pata de vaca; saíamos pelas ruas do bairro a colher as folhas da árvore.
Mas agora é preciso ir mais longe para encontrar a planta, pois muitas patas de vaca foram derrubadas para dar lugar ao cimento. 
Jasmins, touceiras de capim santo (erva cidreira), boldo e tantas outras plantas que embelezavam o bairro e ainda nos proporcionava um delicioso chá foram arrancadas e em seu lugar jazem cimento, ladrilhos, cimento...
Em ruas próximas ao trabalho ainda têm ipês, paineiras e patas de vaca e foi delas o belo espetáculo florido causado pelos ventos que vi essa manhã.
Vi as patas de vaca de flores brancas e lembrei de minha avó Mãevelha.
É isso.


                                  

Redemoinho

                             


Levantei cedo, como de costume, e pensei em voltar para a cama por alguns minutos; bobagem.
Já estava de pé e comecei a seguir a rotina matinal: banho, café, cuidar dos gatos.
Estava bem escuro e com jeito de chuva e o sol até apareceu mas logo veio um vento forte e trouxe nuvens cinzentas de chuva.
Está frio e venta bastante e estou aguardando o entregador da casa de ração; ele esqueceu de trazer a areia sanitária dos gatos!
Queria me deitar, tomar os remédios e me deitar, mas tenho que esperar o entregador.
A pressão continua alta, mesmo com os remédios, e a cabeça dói, ferve, lateja.
Olhava o bailar das folhas das árvores ao sabor dos ventos caprichosos; belíssimo espetáculo da Mãe Natureza.
O rodopio, as folhas e flores a bailar, as ruas e calçadas cobertas de branco, verde, rosa... Tem gente que odeia tudo isso e reclama da "sujeira" que as árvores fazem!
Árvore fazendo sujeira?!
Derrubam, cimentam e contribuem para com o cinza da cidade. Quanta ignorância!
Não sabem apreciar o belo e o simples das coisas.
Ventos, frio, folhas, flores e passarinhos cantando... Me entreguei a esses encantos naturais por alguns minutos antes de ir ao trabalho.
Às vezes acho que venho de algum lugar ou tempo distantes; um lugar frio, cinzento, com florestas que mudam de cor durante as estações e com pessoas que respeitam e apreciam a beleza de tudo isso.
Sei lá.
É isso.


                                 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Chance

                             



Fiquei em casa aguardando o entregador de ração que já é reconhecido pelos gatos.
Ele trouxe ração seca e molhada mas se esqueceu de trazer o fardo de areia, cinco pacotes de quatro quilos cada. A parte boa é que o entregador descarrega tudo e bota dentro de casa para mim; facilita a vida.
Cismei de fazer muita coisa ao mesmo tempo, mas acabei me cansando e me entrevando. Parei.
A cabeça começou a doer de forma diferente da dor da sinusite, é a pressão alta: 18x10.
Tomei os remédios que cada vez mais parecem fazer menos efeito.
Estava pensando comigo e falando com Deus e o Povo lá de cima: "Pobre e doente, meu? Não dá para ser ou um ou outro? Assim fica difícil!"
Estou com vontade de fazer bolo mas me faltam alguns ingredientes, principalmente ovos.
Vou ver se consigo comprar amanhã. O mais importante foi resolvido hoje, a ração da gataiada.
Amanhã será outro dia e será melhor. Se estamos vivos e se a cada manhã levantamos da cama, é porque uma nova chance nos foi dada. Acredito nisso.
Sonhei de novo com uma casa cheia de gente barulhenta e feliz e eu comia bolo de macaxeira e queijo coalho.
A cabeça dói e fervilha.
Boa noite a todos.
É isso.


                                

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Maçã Verde

                               



Fui para a cama mais cedo e tomei um remédio para aliviar a dor de cabeça chata que eu estava tendo.
Melhorei bem, ainda bem.
Adormeci.
Sonhei com papai, mamãe e meus irmãos. Todos juntos e felizes.
Uma longa rua de terra e ladeira. Eu caminhava por essa rua na companhia de algumas pessoas e via cachorros abandonados . 
Eram cães de todos os tamanhos, cores, pelos... Todos ficavam alegres ao me ver e eu os chamava para vir comigo. 
Descia até o fim da rua e subia de volta com os cachorros até a casa. Ficava preocupada com a reação de papai, ele certamente não aprovaria aquela cachorrada toda.
A rua e as casas eram como antigamente, tudo simples, bonito, cheio de gente. Jardins, muitas plantas e muitas árvores nas ruas de terra.
Eu entrava em casa e via uma cesta com maçãs verdes e vermelhas e mamãe me dava uma bronca: "A senhora ainda não comeu da maçã verde, né mocinha? Comer maçã verde é bom pra tu".
Acordei e era hora de levantar.
Os gatos estavam ao meu redor e Alice miava avisando que os potes estavam vazios.
Levantei e segui minha rotina diária mas fiquei com esse sonho na cabeça.
Tem muito mais que a rua de terra, os cachorros, as casas, as maçãs...
Tiramos pessoas da nossa vida porque fizeram burrada e ainda fazem... Tem gente que não aprende, por mais que falemos e tentemos alertar.
Lembro de quando a vida era mais simples e os problemas pareciam pequenos porque tínhamos papai e mamãe sempre por perto.
É isso. 



                                 


                                          

terça-feira, 15 de julho de 2014

Sinusite

                                


Estava e estou cansada. Deitei no sofá e tentei dormir, mas não consegui.
A cabeça lateja, dói uma dor aguda como se um objeto cortante atravessasse meu crânio.
Um ruído no ouvido como se tivesse abelhas ou marimbondos dentro.
Já usei spray nasal e tomei remédio "da sinusite", mas não surtiu muito efeito.
Senti fome agora a pouco e comi algo leve. Anteontem inventei de fazer mousse (ou Danoninho caseiro) e os efeitos da lactose não foram nada bacanas. Tive um forte refluxo que me queimava a garganta e precisei tomar um antiácido e levantar o travesseiro.
Hoje comi frutas e cozinhei arroz só em água e sal.
Acho que vou para a cama, a gataiada está ao meu redor e me aguarda. Parece que eles sabem que é hora de dormir, mas na verdade ficam pulando e brincando e me usando como muro para se esconder e "atacar" os mais desavisados.
Minha cabeça dói.
É isso.


                                    

Andorinha

                              




Minha avó Mãevelha dizia: "Mas eu dou um valor a gente safada, sem vergonha, cara lisa!"

Gente que se faz de morta para comer o cuscuz do coveiro; gente sonsa, que se faz de besta... Detesto gente assim.
Não sei se foi a educação rígida que tive na infância ou se é parte de mim ou os dois, mas sou séria, gosto das coisas certas e não gosto de abusar, "folgar", explorar ninguém.
Mas nem todo mundo pensa ou age assim.
Também penso que, se uma coisa tem que ser feita, que seja, pelo amor de Deus!
Detesto o "deixa que eu deixo", um dia, quem sabe, talvez, blá, blá, blá...
Volto ao trabalho depois de um mês de férias antecipadas por causa da Copa e ao voltar encontro tudo como era antes: sinal quebrado, computador sem acesso à PRODESP e gente cara de pau.
Isso aqui é Brasil, oh oh...
Desde a segunda quinzena de abril usamos só um computador com acesso à PRODESP para verificar informações sobre os alunos e dali preparar documentos, fazer matrículas etc...
Desde o início do ano letivo, em vinte e sete de janeiro, o sinal não funciona e já falei com Deus e o mundo a respeito.
Providências? Nenhuma!
Falei hoje de novo sobre os problemas da escola e preocupa-me mais a situação dos computadores. Fiquei só hoje na secretaria e formou-se uma fila grande no balcão: históricos, matrículas, declarações, situação de alunos...
Quero ver quando chegar o final do ano e começar a correria para lançar notas, faltas e outras informações tanto de alunos como de professores e outros funcionários. Vamos virar a noite trabalhando para dar conta do serviço? Não contem comigo!
Fico com raiva dessa moleza, desse esperar que o outro faça, de culpar o sistema, o governo e a Gaviões da Fiel pelos problemas e mazelas do mundo!
Já foi a Copa, depois têm eleições, depois vem o Natal, ano novo, carnaval, páscoa... e nada de se resolver o que é preciso.
Com quem mais falta falar? Com o papa?! O bispo?!
Detesto essa malemolência, essa preguiça nojenta, esse marasmo desgraçado que empaca tudo e atrapalha quem quer fazer alguma coisa.
Depois dizem que o país tem que mudar para ser melhor... Não!
Quem tem que mudar somos nós!
Canso de ver posts, comentários e piadinhas de pessoas reclamando da segunda-feira, reclamando que não tem feriado próximo, que isso que aquilo. 
As pessoas só querem festa, feriado, alegria... Parecem um bando de bobos alegres querendo só se dar bem sem fazer muito esforço.
É gente que não respeita fila, vagas especiais, que não respeita os outros e o sagrado direito ao silêncio, gente que quer impor sua vontade só porque quer se divertir...
Gente que bota filho no mundo e não sabe criar e nem quer aprender; dá trabalho.
Tem hora que essa cultura, alegre até demais para meu gosto, cansa!
Ninguém precisa virar Lady ou Lord inglês, bastaria cada um fazer sua parte.
Uma andorinha só não faz verão e eu não sou andorinha!
É isso.