segunda-feira, 30 de julho de 2012

Nuca

                                   


Minha cabeça voltou a doer; minha nuca dói, formiga, pesa.
Preciso voltar ao neurocirurgião.
Dor nas juntas, já voltei ao ortopedista.
É o recomeço daquilo que nunca tem fim.
Vou ficar bem.
Vou tentar assistir ao CQC sem o Marcelo Tas e com a apresentação de Danilo Gentilli. Esse moço me incomoda um pouco, muito seguro de si, muito convencido, muito arrogante. É um bom profissional, todavia. Provou ser talentoso e competente, mas poderia ser um pouquinho, um pouquinho só, humilde.
Tenho até certo receio de que ele venha a ler o que acabei de escrever, mas acredito também que as chances de isso acontecer são as mesmas de eu ganhar na Mega Sena: uma em um milhão.
Devo estar variando das ideias. Deve ser a dor de cabeça.
É isso.
                                         


                                 

Laboratório

                                              


Fui hoje cedo ao laboratório Nasa na unidade Tatuapé.
O prédio novo está bonito, as instalações modernas, mas o atendimento é o mesmo velho e ruim atendimento de sempre.
Fila para triagem; demora.
Senha nas mãos e aguardar ser chamada para abrir a ficha. Ficha aberta e aguardar na outra sala para ser chamada e aí sim fazer o exame; uma simples coleta de sangue.
Eu costumava ir ao laboratório CDB, também no Tatuapé, mas quando tentei agendar exames, fui informada que a Unimed havia descredenciado planos básicos-simples-de pobre como o meu. Eu fiz exames na CPA da Unimed também no Tatuapé, não gostei. Muita desorganização, muita atendente pendurada ao telefone fingindo tratar um assunto importante e deixando os pacientes plantados em frente ao balcão aguardando a boa vontade de alguém que viesse nos atender. 
Eu sempre utilizei os serviços do Nasa Laboratório até que meu endocrinologista sugeriu o CDB para exames de alta definição, como ressonância magnética e tomografia computadorizada.
Agora não posso mais usar os serviços do CDB com esse meu planinho básico, mas é o que posso pagar, e entre o laboratório da CPA e o Nasa, fico com este último.
Mas a muvuca é triste!
Eu estava preocupada e disse à atendente que eu estava há muito tempo em jejum e isso poderia ser perigoso. Ela verificou que um dos exames pedidos era justamente o teste de glicemia e no final das contas, esperei "apenas" duas horas para levar uma picada de agulha que levou alguns segundos.
Terminado o procedimento saio do local e me dirijo ao elevador. Vou à garagem e entrego a notinha ao manobrista que calcula o valor; um carrão lindo, enorme, poderoso e assustador deixa a garagem e segue na contramão, eu perguntei ao manobrista: "Mas ali não é a entrada? Se vier um carro na mão certa poderá haver um acidente grave! Que irresponsável faria isso?".
"É o filho do dono".
"Claro! Ele não paga impostos como todos nós. Ele anda de carrão Mitsubishi e pode fazer o que bem quer só porque é rico e filhinho do dono. Belo exemplo!".
Voltei para casa com uma dor de cabeça de lascar e muita fome; tomei meu café e depois fui ao Carrefour da Vila Maria/Vila Guilherme para resolver umas coisinhas. Procuro vaga especial e estão todas ocupadas por pessoas sadias, normais e muito cara de pau. Chamei o segurança que por lá passava e perguntei se não havia fiscalização e ele disse: "Oh dona, nóis tenta falá mas os pessoal xinga nóis".
Tá certo.
É o país da sexta economia do mundo mas que está em último lugar em educação, civilidade e cidadania.
É o Brasil.


 


                                               

Fantástico

                                             


O Fantástico era programa obrigatório em nossa casa nas noites de domingo. Assistíamos aos Trapalhões, quando Renato Aragão era engraçado de verdade e antes de se tornar esse senhor bobo que usa as mesmas velhas gracinhas: extintor de incêndio, água e outras bobagens.
O Fantástico era apresentado de forma séria, elegante, educativa até. Hoje o programa está mais parecido com um Reality Show que faz qualquer coisa para atrair a audiência. Ontem, por exemplo, colocaram dois grupos de fãs dos atores vampirescos da saga Crepúsculo para discutir a suposta traição da mocinha branquela de cabelo ensebado no vampiro-fada.
Não aguentei e mudei de canal. Pelo amor de Deus! Cadê aquele Fantástico de séries interessantes e inteligentes sobre saúde, sociedade, cultura e outros?
Zapeei pelos canais e parei no Canal Futura; ia começar o filme "O enigma de Kaspar Hauser". O filme conta a história real de um garoto criado isolado em uma torre e com uma suposta relação com a nobreza alemã do século XIX (19).
Kaspar Hauser não falava, aprendeu depois, confundia sonho com realidade e tinha uma inteligência avançada para alguém com sua história.
Ótimo filme.
Aliás, gosto de filmes antigos, simples, sem estrelas e estrelismos e sem excesso de efeitos especiais. 
Acho que os efeitos especiais de última geração servem também para disfarçar a péssima atuação de atores e atrizes bonitinhos mas ordinários da geração moderna.
Claro que há filmes ótimos, mas têm uns que me fizeram ficar com raiva de mim mesma por ter assistido tal coisa: "Como pude?!"
É isso.


                                            

domingo, 29 de julho de 2012

Eu ia escrever, mas...

Estou tão cansada, dolorida, meio desanimada, muito chateada e outros muitos "adas".
Amanhã tudo de novo: exames, médicos, remédios...
Sei lá.
Amanhã será outro dia e será muito melhor.
Amém.


                                                 

sábado, 28 de julho de 2012

Meninos

                                             


Estava em casa e ouço a campainha tocar. Vou ver quem é e vejo o vizinho acompanhado por um rapaz e três meninos: um de oito anos e gêmeos de cinco.
O vizinho me apresenta ao amigo e diz que ele trabalha com ração animal. (Existe ração humana e acho isso tão estranho).
Bom...
Falamos sobre preços, tipos de ração, preferências felinas e caninas etc e tal.
Tudo isso sob os olhares atentos dos meninos, principalmente dos gêmeos terríveis.
O vizinho diz: "Meu amigo perguntou se você teria interesse em conhecer a ração que ele vende e perguntou quantos gatos você tem, eu disse que uns sete ou oito".
"Sete ou oito não, né? Assim também já é demais! Tenho apenas seis gatos".
Rimos.
Entrei em casa para pegar os sacos vazios de ração e mostrar os tipos que compro e um dos gêmeos pergunta: "O que tem aí?"
"É reciclagem. Eu separo o lixo comum do lixo reciclável: papel, vidro, metal, plástico. Sua mãe recicla o lixo? É muito importante, sabia?"
Entraram em minha casa, perseguiram os gatos, fizeram perguntas, comeram chocolate e tomaram iogurte. 
"Você tem filhos? O que é isso aqui? É você nessa foto? Seus gatos obedecem? Seus gatos são bonzinhos? Aquele gato roxo não obedece!"
Gato roxo? Eles falavam de Morena Rosa, minha siamesa marrom chocolate de belos e vesgos olhos azuis.
Descobriram o pote com lápis de cor e disseram: "Eu quero pintar... Eu também".
Desenharam um coelho que mais parecia uma girafa e o pintaram de verde. Terminaram de usar os lápis de cor e colocaram de volta. Agradeceram.
Meninos muito educadinhos e terríveis.
O pai e o irmão chamaram: "Vamos embora, está na hora".
Não quiseram ir. Queriam pintar, desenhar, se lambuzar com chocolate, perseguir os gatos e fazer perguntas.
E entregaram o irmão também: "Sabia que meu irmão coloca cortante na linha do pipa pra cortar os meninos?"
Fingi espanto e disse: "Cortar os meninos? Não pode não!"
Eles riram e disseram: "Não! Cortar as linhas dos pipas!".
"Ah bom! Que susto!".
Mais perguntas: "Por que seu sobrinho não veio aqui pra me ver? Cadê ele?"
Os danadinhos foram embora meio na marra e sob protestos; o pai agradeceu e pediu desculpas pela "invasão".
Fiquei feliz com essa visita surpresa, por não causar tanto estranhamento nos meninos e por fazê-los feliz. 
O mais danadinho dos gêmeos me olhou, fez perguntas e me testou. Viu que sou legal e "invadiu" minha casa.
Que mais invasões como essa aconteçam.
Amém.


                                            

Mega Sena

                                              


Fui ontem ao Pet Center da Marginal para comprar ração dos meus gatos.
Nos Pet Centers do bairro vendem ração solta e em pacotes de três quilos; os pacotes maiores de dez e vinte quilos são bem mais caros.
O preço do Pet Center Marginal é meio abusivo, muito caro mesmo.
Fomos eu, Beatriz e minha irmã Rosi.
Beatriz se incumbiu de mostrar o aquário e os animais da "selva", como ela diz. Coelhos, porquinhos da Índia, ratos, aves, peixes...
Fiquei comprando as rações enquanto as duas foram ver os bichos e dali a pouco Beatriz volta até onde eu estava e diz: "Mostrei tudo para minha mãe, tia Rejane. Sabia que aquele lagarto gorducho está mais gordo ainda?! Tem um monte de passarinho colorido, vem ver".
Mas antes paramos em frente ao aquário para que ela mostrasse à mãe o preguiçoso tubarão e os outros peixes. Notei que o simpático e sorridente baiacu não circulava pelo aquário e estava deitado quietinho entre algumas pedras. Ele não veio nos cumprimentar, ele não parou para me ouvir, ele não sorriu. Será que está doentinho?.
Que Deus cuide dele e ele fique bom. Amém. 
(Juro que sou normal, apenas acredito que tudo nesse mundo, nessa vida é e está conectado. Essa é minha crença, minha religião. Com todo o respeito a todos, como sempre digo. Encontro Deus nas coisas da Natureza e no silêncio; Deus não é surdo, não precisa de tanta gritaria. Na boa).
Bom.
Fomos ver as aves e lá encontramos uma linda arara vermelha que virava a cabeça para nos ouvir melhor e dizer: "Oi, tudo bem?". Conversei com a belíssima ave e ela ouvia atentamente. Disse-lhe: "Vou jogar na Mega Sena e se eu ganhar eu venho te buscar".
A ave disse: "Por quê?"
"Porque eu adoro bichos e quero você pra mim". 
A arara riu, abriu as asas e exibiu sua belíssima plumagem.
Minha irmã acha que sou meio maluca.
Eu sou normal.
É isso.


                                              

Sem lenço nem documento, Cálice, Na linha do horizonte

                                               


Chegamos a São Paulo e ficamos pouco mais de um mês na casa do nosso tio Manoel Gomes, irmão de mamãe.
O tio morava no Jardim Popular ou Vila Ré, dizia que os dois bairros eram próximos e a correspondência chegava do mesmo jeito. São bairros da minha querida ZL (zona leste) e próximos ao meu querido bairro da Penha.
Mamãe ficava em casa ajudando a esposa do tio e Mãevelha cuidava de nós, que na época éramos apenas três: eu, Naldão e Rogério. Papai trabalhava e só voltava à noite.
A casa do tio Manoel Gomes era ampla, bonita, azul, com muros baixos, jardim florido e um piso de caquinhos cor de telha. Não sei o nome desse piso, mas era muito usado antigamente e lembrava um mosaico. No quintal dos fundos tinha uma faixa de terra com algumas bananeiras, muito legal.
Havia chovido e  logo em seguida abrira um sol quente e bonito. Acho lindo quando chove e depois vem o sol seguido por arco-iris. A luminosidade, o cheiro de terra molhada...
As minhas primas sempre ligavam o rádio enquanto ajudavam a mãe com os afazeres domésticos. E no rádio tocava: "Caminhando contra o vento, sem lenço nem documento..."
Eu ouvia, analisava e tentava entender aquela canção. Quem cantava? Como alguém pode sair sem documento? E se a polícia parar a pessoa? Ela pensa em casamento e ele toma uma Coca Cola! E eu seguia elucubrando...
Dali a pouco a música termina e inicia outra com uma voz grave e monótona que canta: "Pai, afasta de mim esse cálice... De vinho tinto de sangue". Era Chico Buarque. Eu gosto mais do Chico como compositor a cantor.
"O que é cálice? É o mesmo cálice sagrado que o padre fala nas missas? Mais elucubrações.
Anos depois vim entender que o "cálice" da música era na verdade um "cale-se"; vivíamos em plena ditadura militar e muitos artistas tiveram que deixar o Brasil: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque de Hollanda e outros.
Tempos de música boa.
Hoje, até os comerciais foram contaminados com esse lixo atual a que chamam de música!
Bom...
O volume do rádio é abaixado e escuto a voz de uma de minhas primas: "Manhê, o moleque da Marlene fez xixi no quintal!".
Correm a mãe as meninas com balde cheio de água com sabão e água sanitária; esfregam o chão e depois passam um pano com o desinfetante Pinho Sol.
Mamãe não gostou de ter o filho chamado de "moleque" e achou um exagero toda aquela limpeza neurótica; para ela, era apenas a urina de uma criança e ele não tinha nenhuma doença contagiosa.
Aos poucos mamãe e nós fomos nos habituando aos choques culturais e aprendendo hábitos e comportamentos novos para nós. Fomos nos civilizando gradativamente.
Quintal limpo, bronca dada, conselhos também: "Se quiser fazer xixi é só falar que a gente te leva ao banheiro. Lavar as mãos sempre que usar o banheiro. Não fazer xixi em qualquer lugar, só no banheiro..."
Rádio ligado e tocando a boa e velha MPB e agora tocava uma música que eu achava linda, melódica e melancólica: "Eu vou pro ar, no azul mais lindo eu vou morar..." de uma banda chamada Azymuth (nós dizíamos "Azambuja").
Nos mudamos depois para nossa primeira casa, um barraquinho simples de madeira, e o rádio sempre junto.
O rádio e a música fazem parte da nossa História.
É isso.
                
                                              
                                             


                                               







quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ossos

                                      


Como já disse, a Acromegalia piora o que já é ruim.
Sempre tive dores na coluna, na região lombar, principalmente. Fiquei torta, andava torta e "travava". Tinha que esperar alguns minutos até conseguir andar. Receava andar de ônibus e evitava me sentar, mesmo que tivesse lugar, pois minhas pernas ficavam trêmulas, duras e pesadas. Eu tinha muita dificuldade para me levantar e tinha receio que as pessoas não entendessem e me julgassem erroneamente, como já aconteceu.
Estava em uma entrevista de emprego e me dirigia para outra sala com os outros candidatos quando de repente travei e as pernas não me obedeciam, tive que me apoiar na parede para não cair. Um dos candidatos me pergunta: "Você está drogada?". Se café for droga...
Fiz a cirurgia de artrodese e hoje tenho a mobilidade reduzida, mas não estou mais torta. Não posso correr, subo escadas de degrau em degrau e não consigo ficar de pé em superfícies sem apoio; não tenho força na região lombar e as pernas tremem.
Tenho doença degenerativa óssea que está espalhada e dividida em artrite, artrose e osteoartrite sistêmica. As dores se espalham, incomodam e pioram quando está frio.
Voltei ao ortopedista e fiz radiografia das mãos: artrite e bico de papagaio nas falanges.
Pés, joelhos, coluna, ombro e mãos. 
Dores, inchaço, desconforto.
Remédios, exames, injeções, consultas.
Meu Deus, que doença mais danada de besta é essa?!


                                                        


                                       

Alzheimer

                                             


Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro. Na fase inicial a pessoa esquece de coisas simples como datas, números de telefones, nomes etc, e aos poucos vai perdendo a capacidade de pensar, racionar e se esquece até mesmo de pessoas próximas, familiares e não pode cuidar de si mesmo.
Segundo alguns artigos, a leitura, fazer jogos como caça-palavras e outros ajudam a retardar o Mal de Alzheimer. Atividades como fazer crochê, tricô, bordar também são úteis e saudáveis.
De todos os males que afetam o cérebro, a memória e a cognitividade o que mais me assusta é o Alzheimer. Tenho medo.
Tenho histórico em minha família de doenças cardíacas, diabetes e hipertensão; herdei a acromegalia de minha avó Mariana e o estômago "ruim" de meu avô José. 
Minha avó Mãevelha tinha oitenta e quatro anos e era lúcida, inteligente e tinha ideias claras. Ela costurava e colocava a linha na agulha sem ajuda e nem usava óculos! Tinha quase todos os dentes e seu único problema era o diabetes. 
Meu tio José do Recife está com noventa anos e lembra de "causos" passados como se fosse hoje. É um idoso inteligente, ágil, teimoso e lúcido.
Mas eu ando me esquecendo muito das coisas. Já errei caminhos, já me esqueci para onde estava indo e o que ia fazer, já esqueci o número do meu celular e tive que voltar em casa e ligar para a pessoa para dar meu número! 
Vou buscar ou fazer algo em algum cômodo da casa e acabo voltando para trás sem saber o que deveria fazer ou buscar e tudo em questão de segundos: estava na minha cabeça agorinha mesmo!
Tenho receio e acredito que a cirurgia que fiz para a retirada do adenoma de hipófise (tumor), as correções de fístula liquórica e a Radiocirurgia de alguma forma afetaram minha capacidade cognitiva e áreas do meu cérebro.
Vou falar sobre isso com meus médicos. 
Estou começando a me preocupar e peço a Deus que eu melhore e que nunca mais fique presa em mim mesma, presa em mundo solitário e frio e tentando me comunicar com as pessoas mas ninguém me via ou ouvia, para elas eu estava simplesmente dormindo. Que toda essa fase horrível do coma nunca mais se repita. Que eu envelheça com saúde, sanidade, lucidez e alegria e se não for possível, que eu feche meus olhos e os abra em um lugar bom, com gente boa. 
Não quero ficar gagá, caduca e esquecida. Não quero ser esquecida nem ficar esquecida em um asilo e longe da família e das pessoas que gosto.
Afasta de mim esse cálice.
Amém.


                                           

Vitamina

                                             


Adorávamos fazer vitamina: maçã, banana, leite e açúcar batidos no liquidificador.
Coloca na mamadeira do meu irmão Fubá e dividia o restante com meus outros irmãos. Somos seis, oficialmente. Extraoficialmente deve ter um bocado espalhado por aí. Só Deus sabe.
Bom...
Nossa prima que já estava em São Paulo há mais tempo que nós aos poucos nos introduzia às "mudérnidades" paulistanas e uma delas foi o liquidificador; ficamos encantados. Era um aparelho pequeno com copo de metal e duas velocidades, depois vieram modelos com copo de vidro ou plástico e mais velocidades e funções, como quebrar gelo.
Eu fazia vitaminas diariamente e as frutas eram compradas na feira de sábado. Às vezes colocava farinha láctea ou Neston o que deixava a vitamina mais gostosa, mais grossinha e com mais "sustança". Usávamos leite tipo C, mais barato e acessível, leite tipo B só quando não tinha mais o tipo C ou quando chegava o bendito dia do pagamento.
A embalagem do leite tipo C era um saquinho com letras azuis e o tipo B em letras verdes.
Um dia fiz vitamina de abacate e coloquei a mesma quantidade de açúcar que colocava nas vitaminas de banana e maçã; ficou ruim e Fubá não quis tomar. Eu tinha pressa, já estava atrasada para ir à escola e portão fecharia às três e cinco. Não me passou pela cabeça provar a vitamina de abacate antes de dá-la a Fubá e eu não entendia porque ele não queria tomar. Disse aos meus irmãos que tentassem dar a mamadeira ao caçula Fubá até a hora de mamãe chegar.
Fui para a escola e deixei meus irmãos em casa com o cachorro Bobbie e graças a Deus mamãe chegou mais cedo aquele dia; ela provou a mamadeira e entendeu porque Fubá não quis tomar, fez outra vitamina mais docinha e mais doce foi a tarde de meus irmãos com mamãe em casa. 
Eu tinha feito tudo muito apressadamente: lavei roupas, arrumei a casa, dei banho em Fubá, fiz a bendita vitamina sem gosto e fui correndo para a escola, era época de provas bimestrais.
Adoro frutas, mas não gosto de abacate. 
Fato curioso é que só nós brasileiros batemos abacate com açúcar e leite; nos outros países Latino Americanos o abacate é comido como salada e é temperado com sal. No México é picado com tomate e cebola e outros temperos é chamado de guacamole.
É isso.