segunda-feira, 29 de junho de 2015

Trancado

                                   Resultado de imagem para angustia


Mamãe tinha seu linguajar próprio para definir coisas indefiníveis. Como definir uma emoção, uma dor, esperança, medo, felicidade?
Mamãe dizia que tinha uma coisa trancada dentro dela, uma agonia, um incômodo. Uma sensação desconfortável que surgia de repente e não se sabia o porquê.
Tenho lido, escrito, assistido a filmes, programas de culinária e às vezes, simplesmente sento-me na cadeira lá fora com Rosinha no colo e aprecio o dia. A luz, as cores e suas tonalidades... um luar tão bonito hoje.
O som do silêncio interrompido pelo canto meio exagerado das maritacas que pousam no paredão, pelo miar dengoso dos gatos, pelos ventos brincalhões que balançam o mensageiro dos ventos (sic) e derrubam os vasos, pelo barulho dos carros que passam na Marginal Tietê...
Mas tem essa coisa trancada dentro de mim. Essa revolta, frustração, tristeza, sonhos e planos despedaçados...
Mas têm também esperança, força e fé, ou eu já teria sucumbido.
Quando tinha minha vida corrida, agitada e batia os quatro cantos do mundo, como dizia mamãe, eu não via a hora de chegar o fim de semana ou feriado só para eu poder ficar em casa e fazer o que mais gosto: arrumar e folhear meus preciosos livros ao som de Rock 'n' Roll e com meu xicrão de café. Gatos bagunçando, miando, querendo colo e atenção.
Se eu estivesse inspirada, ainda cuidaria das plantas e depois faria um bolo, pudim, torta, mousse ou uma guloseima qualquer. Adoro cozinhar.
Estou em casa, de licença médica, e bem que podia fazer tudo o que gosto porque estou com tempo livre, mas não tenho ânimo; não é assim que quero e gosto. Minha vontade não está livre.
Sinto-me como um animal enjaulado, como uma árvore podada.
Gosto de ficar só, mas gosto depois de ter feito todas as obrigações e correrias do dia, da vida. Ficar só assim é meio doloroso.
Têm os gatos, são muitos, eu sei, mas eles me ajudam a manter a sanidade, a manter o foco, como está em voga falar. Tudo é foco e foca. Vamos focar...
Dou bronca, tiro fotos deles, me preocupo quando não querem comer, fico brava quando não se entendem, fico preocupada quando a ração está acabando... É uma família.
O autor do livro "O Capa Branca", Daniel Navarro Sonim (é, eu estou muito chique), leu algumas postagens desse meu blog e disse que escrevo com sinceridade. Acho que é meu jeito de ser: honesto, sincero, simples e sem rodeios ou floreios.
Gostei do que ele disse.
Eu tinha dúvidas, receio e até certo medo de escrever sobre meus sentimentos, revoltas, frustrações, medos, fé, esperança e tudo o que nos faz humanos, demasiado humanos. Pensei comigo mesma: "Será correto falar sobre esses temas? Falar sobre as mudanças e problemas que a Acromegalia trouxe e causou no meu corpo e na minha alma? Será que as pessoas entenderiam? Me julgariam?".
Resolvi arriscar e escrevo sinceramente desde então.
Por coincidência, não existem coincidências, dizem, peguei o"Livro do Desassossego", de Fernando Pessoa, e me vi refletida em alguns temores, pensamentos e sentimentos do autor. Poxa vida, eu não sou a única a se sentir só no meio da multidão! Clichê, mas verdadeiro.
Já me vi em tantos textos angustiados de Fernando Pessoa, Kafka, Goethe, Nietzsche... Não, não sou chique, sou leitora voraz, sou apaixonada por livros.
Eu queria um café, mas dizem que tira o sono. Mas com ou sem café o sono só chega lá para de madrugada, depois que o peso trancado torna-se insustentável e corpo e alma se cansam e adormecem.
É isso.



                                  Resultado de imagem para esperança e fé



                                              



sábado, 27 de junho de 2015

Benção

                                   Resultado de imagem para bençao


Aguardava ser chamada pelo médico e uma senhora inicia conversa comigo. Outra senhora se aproxima e a tagarelice continua; interessante.
Todas as três distintas senhoras, inclusive eu, têm problemas ortopédicos: coluna, joelhos, ombros... É a vida, que vai ficando dolorida à medida que envelhecemos.
A primeira senhora, de olhos claros e cabelos oxigenados, me pergunta como faço para lidar com as dores, o entrevamento e a parte emocional também; afinal, corpo e mente são afetados quando não estamos bem de saúde.
Ela me pergunta qual minha religião, se tenho fé e se frequento algum templo, igreja, loja, sinagoga, mesquita, terreiro...
Eu respondo que tenho fé, mas não tenho e nem sigo nenhuma religião específica e gosto muito do Espiritismo Kardecista, das religiões Afro-brasileiras e toda essa coisa mística, bonita...
A outra senhora, vestida no modo padrão de sua religião: cabelos presos em um coque, saia comprida em um dia de muito frio em São Paulo, arregala os olhos e diz: "Tá repreendido!"
Por quê?! 
Não temos, cada um de nós, o direito de buscar conforto espiritual onde e com quem temos mais afinidade?
Somos obrigados a seguir à uma única e exclusiva fé?
Temos o direito de diminuir e até destruir os símbolos de outras fés, machucar pessoas só porque consideramos NOSSA fé a mais correta?
O que tenho visto e ouvido muito, além do "tá repreendido", é o substantivo "benção", usado para se referir aos objetos, coisas e valores materiais conquistados, ganhos ou presentados.
Desde pequena aprendi que benção, ou bênção, é uma coisa divina, uma dádiva, um alívio em momentos difíceis, um alento nas horas mais pesadas.
É aquela esperança que surge não se sabe de onde; a fé e a esperança, o acreditar que tudo vai dar certo e com isso seguir em frente acreditando que a fase ruim vai passar. Isso, para mim é benção.
Mas os tempos mudaram, religião hoje é comércio e vende-se de tudo: de fronhas a menorah (candelabro judaico), com seu significado real deturpado para servir ao propósito de se ganhar dinheiro às custas daqueles que foram convencidos a acreditar.
Querem a cura gay, como se ser gay fosse doença.
Muitos pastores, ditos ex gays, pregam a cura gay, mas não deixam para trás seus trejeitos e modo de falar.
Têm ex marido, ex amigo, ex colega, mas ex gay não.
Sei que toco em um assunto delicado, mas por que não posso falar sobre esse mesmo assunto? Que direito têm uns de diminuir o outro, seja na sua fé ou na sua opção sexual, por exemplo?
Tanta soberba e arrogância... 
Será que leram a bíblia direitinho? Soberba é um dos sete pecados capitais: gula, luxúria, preguiça, avareza, ira, inveja e soberba.
Meu Deus do céu, que frio é esse? 
Tá repreendido!
É isso.



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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Modo de falar

                                 Resultado de imagem para pais e filhos


Quando chegamos a São Paulo, vindos de Pernambuco, estranhamos o falar dos habitantes da terra da garoa, mas com o tempo fomos nos adaptando. Já falei sobre isso aqui.
Mas lembro que eu tinha muita dificuldade para entender o que a professora, os colegas e as outras pessoas diziam e eu achava que eles falavam "errado"; a "nossa língua" era a correta.
Além do sotaque pernambucano, meus pais e minha avó usavam muito espanholismo, termos e expressões africanas e do Tupi-Guarani. Mamãe falava muito "oye", uma expressão judaica (hebraica) usada para representar dor, preocupação e sentimentos afins.
Esses falares todos me deixavam confusa e eu às vezes tinha receio de falar com as pessoas porque tinha medo de não ser entendida e de que rissem de mim. Eu falava pouco, me afastava e me encolhia no meu cantinho e observava ao redor.
Lembrei desse fato hoje após ter observado como algumas pessoas, crianças e adultos, pronunciam as palavras e como o modo de falar dos pais e familiares mais velhos influenciam, e até confundem, o falar dos pequenos.
Os filhos imitam os pais por amá-los e considerá-los seus heróis e por serem seu maior exemplo de vida e conduta.
A criança que começa a falar aprende repetindo o que ouve e se ela escuta "bicicreta, predero, crasse, vrido, fazi, coisar", por exemplo, ela vai pensar que é correto falar assim, falará assim e terá problemas quando for à escola e no convívio social.
É normal a troca da letra "R" pela letra "L", ou a falta delas nas palavras, nos primeiros anos da criança e é até bonitinho ouvir "Basil/Brasil, fango/frango", por exemplo, mas é preocupante quando esse modo de falar infantil continua na pré adolescência, adolescência e vida adulta.
Conheço muitas pessoas, algumas bem próximas, que falam "errado", os filhos também falam "errado", mas nenhuma providência é tomada; acham normal.
A questão não é falar "certo" ou "errado", não vamos falar como linguistas, filólogos, professores ou doutores, mas devemos falar respeitando certas normas da língua, acredito.
Os pais deveriam tomar o cuidado de não falar termos chulos, palavrões e gírias perto dos filhos. Não chamar conhecidos e familiares por nomes vulgares e/ou que os denigram; a criança pensará que essas atitudes são normais e as repetirão.
Mas o que se vê hoje em dia são pais cada vez mais jovens, sem experiência, sem noção e sem a preocupação em educar e participar da vida do filho.
É isso.




                                         Resultado de imagem para pais e filhos




segunda-feira, 22 de junho de 2015

Inverno

                          Resultado de imagem para inverno        


O Inverno chegou.
Dias frios, cinzentos e chuvosos. Tristonhos também.
Sentei um pouco para fazer algumas ligações, fiz. Liguei a TV e deixei sem volume; só para fazer companhia mesmo.
Gatos friorentos dormindo em cantinhos mais quentes; tenho muitas coisas para fazer.
Faço o que posso, sou apenas uma humana com muitos defeitos. Ainda não atingi o grau de evolução máxima; sou bicho gente não muito evoluído nos quesitos mais práticos da vida.
Não lamento.
Sinto as coisas, as percebo de um modo mais intenso e até sofrido às vezes.
O som melancólico do mensageiro dos ventos, o dourado bonito dos fins de tarde, o céu tão azul, pedaços do reboco do muro... Tom de voz, expressões faciais, olhares...
Anos atrás, durante um sonho intenso, uma voz horrenda disse: "Você é só".
Acordei agoniada, com a cabeça latejando e muito assustada: Que voz feia!
Já falei sobre isso.
É difícil deixar pra lá, esquecer, seguir em frente como se nada tivesse acontecido; sou humana, demasiado humana. Sou passional, sinto intensamente e talvez essa seja a maior das minhas qualidades ou o maior dos meus defeitos. Não sei.
Pessoas postando "odeio as segunda-feiras"; acho isso tão bobo. A vida e o tempo seguem, segunda-feira ou não. 
Muito frio. Minhas articulações doem tanto.
Vou fazer café.
É isso.


                                   Resultado de imagem para inverno

sábado, 20 de junho de 2015

Sem compromisso

                                  Resultado de imagem para sem lenço nem documento




Sábado.
Fui me deitar ontem logo após o término do Globo Repórter, que falou sobre a Sérbia, ex república Iugoslava.
Não me sentia muito bem; o corpo e a cabeça doíam tanto. 
Tomei os remédios, fiz minhas orações e depois me deitei mais pro cantinho da cama; Bellatrix & Cia invadiram e se apoderaram do meu lugar.
O frio intenso fez com que os gatos procurassem um lugar mais quentinho e Alice e Nêgo Lindo têm a mania de deitar em cima de mim.
Bellatrix, muito sacana, me abraçou, como que para se desculpar da invasão perpetrada por ela. Tão bonitinha.
O frio, as dores e o cansaço me derrubaram e adormeci. Dormi por cinco horas seguidas e fiquei feliz por isso; há tempos que não dormia bem assim. Agradeci pela boa noite de sono.
O dia amanhece, o barulho da rua começa e o vizinho tagarela desembesta a falar. O homem fala por horas!
Quando ia me levantar, eis que vem minha Branca Maria e me abraça, decidi ficar mais um pouco na cama.
Fiquei ali, naquele abraço gostoso e tão bom.
Quer saber? Vou ficar na cama com os gatos até a hora que eu quiser e achar que tenho que levantar!
Não devo nada a ninguém (devo sim), e ninguém tem nada a ver com minha vida!
Estou pouco me importando para críticas, achismos e gente dona da verdade. 
"Eu acho isso, eu acho aquilo... Você deveria fazer isso ou aquilo..."
Meus livros incomodam, meus gatos incomodam, minhas plantas incomodam. O que mais?
É sina, destino, gente chata mesmo?
Levantei quando achei que devia, cuidei dos gatos, fiz meu café e tomei com bolacha do Nordeste. Adoro.
Sei lá...
Se nos preocuparmos com o que pensam e dizem de nós e com os comportamentos de ingratidão, descaso, desrespeito e arrogância de alguns para conosco, viveremos em função de tristezas e mágoas e não viveremos nossas vidas.
Não é fácil, claro, mas é o melhor a fazer. Seguir em frente.
Meu dia hoje foi sem compromisso e eu estou bem, obrigada.
É isso.



                                        Resultado de imagem para sem lenço nem documento

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Amor

                                 Resultado de imagem para muro descascado com flores



Chove agora.
Fez um dia bonito, morno e ensolarado.
Acordei hoje com dores pelo corpo e há dias que estou com dor no ombro direito. São dores por temporada, parece.
Doem as articulações e são aquelas dores persistentes e incômodas. Mas que dor não é incômoda?!
Lavei minhas bonecas e bichinhos de pelúcia. Adoro bonecas de pano.
Deitei um pouco, mas decidi levantar e me movimentar. 
Depois de lavar as bonecas, sentei com Rosinha no colo e apreciei a beleza da tarde dourada; como estava bonita!
O muro descascando e os tijolos aparecendo; achei tão bonito e nostálgico.
O sol atrás das nuvens as deixava tão bonitas.
Sim, sou normal. Apenas aprecio o simples e o belo.
Tive sonhos estranhos, entrecortados e até divertidos. Sonhei que estávamos naquelas ilhas paradisíacas de países exóticos como Tailândia, Camboja, Laos e Vietnã. Legal.
Viajamos pelo tempo e pelo espaço quando dormimos.
Minha irmã e meu cunhado passaram rapidamente por aqui; é sempre tudo tão rápido. Ela trouxe pão, bolo de cenoura e filé de peixe frito. Reguei o peixe com azeite de oliva e fiz um sanduba; ficou bom.
Gosto de fazer sanduíches diferentes: pão com tomate e alface, pão com banana, pão com o que der na telha.
Tomei café com bolacha coquinho, típica do Nordeste. É levemente adocicada e é bem gostosinha.
Queria algum suco bem gelado; tomar leite nem pensar!
Minha irmã e meu cunhado passaram rapidamente por aqui, meu irmão mais velho também. Eu gosto disso.
Estava lendo algo sobre o amor e sinto na pele, alma e coração como é triste ver morrer o amor que sentimos por alguém. Amamos ou amávamos tanto a alguém, mas por algum motivo triste, temos que matar esse amor.
Não, não me refiro apenas ao amor homem-mulher ou homem-homem, mulher-mulher. Respeito e acho válida toda forma de amor.
Refiro-me ao amor de família, de irmão.
Bom...
A chuva foi rápida e dizem que vai esfriar.
É isso.



                                       Resultado de imagem para colhendo flores


                                   

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O que é que você tem?

                                 Resultado de imagem para carequinha do vovo flor



Sou ativa, sempre fui.
Começar o dia junto com as primeiras horas da manhã e seguir até o entardecer. Gosto assim.
Depois o descanso, uma pausa para um café, um chá ou simplesmente sentar no sofá com um livro nas mãos e ser cercada por gatos mimados e ciumentos.
Tardes bonitas, cadeira lá fora, Rosinha no colo e apreciar a luz, os ventos, o céu, as nuvens... toda sinfonia natural.
Levantei bem ontem e fiz algumas artes: lavei roupa, cuidei dos gatos, organizei algumas coisas. Gosto de ser ativa, útil, viva!
A Acromegalia me tirou muito disso e às vezes fico triste por ser nem metade do que fui: uma pessoa ativa, com muita energia e disposição. Não tem tempo ruim pra mim, como dizia mamãe.
Dores, muitas dores. Às vezes brutais, às vezes pequenas, constantes e incômodas. 
Dores nas articulações: pés, mãos, joelhos, ombros, coluna.
E já ouvi tantas vezes: "Mas o que é que você tem?"
Tenho vontade de ser como era antes; de ter saúde, trabalhar, dirigir, viver minha vida simples do meu jeito simples com as coisas simples que gosto.
É isso.


                                      Resultado de imagem para carequinha do vovo flor

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O de sempre

                                   Resultado de imagem para ventos


O de sempre; fiz algumas pequenas artes no sábado e ontem fiquei dolorida. Normal.
Mas eu gosto de ser ativa e fazer as coisas.
O tempo mudou; os ventos arteiros e brincalhões que balançavam os vasos, as folhas das plantas e as roupas no varal trouxeram o frio e a chuva.
Os ventos e as dores nos ossos anunciaram a mudança no tempo.
Achei tão bonito aquele bailar de vasos pelo chão, dos ventos brincando com o pelo dos gatos.
Agora chove e está bem escuro, faz frio também.
É isso.


                                     Resultado de imagem para vasos derrubados no jardim

sábado, 13 de junho de 2015

Anunciação

                            Resultado de imagem para menina montada em cavalo branco


Percebi que quanto mais trabalho e faço as coisas pela casa, melhor de ânimo e humor eu fico; pena que meu corpinho acromegálico não sinta o mesmo.
Se fico muito tempo parada, sentada ou deitada, o meu humor fica ruim, o corpo entrevado e as dores mais intensas.
Levantei e fiz algumas coisas pela casa. O movimentar-se aquece, anima, ajuda, acredito eu. Difícil e complicado é fazer as coisas com o andador.
Não está tudo perfeito, mas eu faço o que posso e dentro das minhas possibilidades físicas. Não sou perfeita e não tenho nenhuma pretensão em ser.
Bom...
Liguei o rádio, coisa que não fazia há muito tempo, e trabalhei pela casa ao som de boa música. É bom.
Estava, na boa, de saco cheio de ter que ouvir sempre as mesmíssimas músicas dos vizinhos: música religiosa, infantil, esse tal de sertanejo universitário... Deus é mais!
Ouvi Caetano, Titãs, Alceu Valença, Seu Jorge, Skank e o bom e velho Rock 'n' Roll. Metallica, Led Zeppelin, Ramones, Motörhead, The Smiths... e esse povo todo.
A tarde começa a esfriar...
Ouvia "Anunciação", de Alceu Valença, que me trouxe boas lembranças. Eu imaginava uma menina chegando ao meu quintal montada em um cavalo e essa menina seria Mariana, a filha que sempre quis ter, mas não tive. Eu a colocaria para dormir e cantaria essa música para ela... 
Gosto desse nome, Mariana, nome da minha avó paterna.
É...
Vontade de comer doce de abóbora, gnocchi, essas comidas italianas, pudim de leite condensado, petit gateau... Vontade de ir ao restaurante nordestino que ficou famosinho e bem carinho.
Tantas vontades...
Eu vou ficar boa e irei.
Tarde nostálgica. O frio deixa tudo mais triste, saudoso, melancólico, solitário. Gosto do frio.
É isso.


                                  Resultado de imagem para menina montada em cavalo branco





                               



Passarinhos

                                Resultado de imagem para potes revirados pelos ventos

O dia ontem não foi fácil e a noite também não.
Abusei do leite, o que não devia, e me dei mal. Tenho certas manias e hábitos alimentares e quase sempre as consequências não são boas.
Raramente tomo leite, não gosto, mas gosto de cuscuz nordestino com leite; vai entender...
Fiz cuscuz, fervi o leite e me deliciei. E como se não bastasse, inventei de bater manga com leite e foi aí que o "bicho" pegou.
Tudo bem até a hora de deitar. Fui para a cama cedo, a programação da TV estava muito chata e pegajosamente romântica; não, não é pra mim.
Li um pouco e depois o sono chegou. Acordei com uma tosse seca e depois vômito. Levantei e tive que trocar pijama e os lençóis da cama; trabalhão de madrugada.
Fiquei naquele dorme e acorda e com o sono entrecortado por sonhos que continuavam quando eu voltava a dormir. Muito doido.
Pessoas, situações, tantas coisas...
Passarinhos coloridos que vinham ao meu jardim para beijar as flores; eram tão bonitinhos. Mas acordo e lembro que meu viçoso e frondoso jardim não existe mais; sobraram algumas poucas plantinhas raquíticas que lutam para sobreviver. 
Eu vou ficar boa e meu jardim vai voltar a ser florido e frondoso, ah vai!
Levantei, cuidei dos gatos, fiz café. Espero a água chegar para eu botar as roupas na máquina.
Estômago ainda irritado, "cheio", incomodado. Vou fazer um chá.
Sábado de céu azul, ventos mornos e bagunceiros. Será que anunciam chuva ou só vieram fazer bagunça mesmo? Vieram ajudar os gatos na bagunça?
Sempre lembro da minha bisavó e de sua "briga" com os elementos da Mãe Natureza. Os ventos levavam as roupas do varal e as deixavam espalhadas pelo mato. Os ventos empurravam a porta da casa e derrubavam potes e panelas tão cuidadosamente areados por ela.
Era uma bagunça só e bisavó reclamava, brigava e bisavô Francisco balançava a cabeça e sorria: "Oxe, Maria, e tu tá falando sozinha, é?".
"Tô não, Francisco. Tu não tá vendo as artes que esses ventos estão fazendo?"
Acho que herdei da minha bisavó, avó e mãe o gosto pelas plantas, pela Mãe Natureza, por falar com os ventos, por ver e entender o que os práticos e normais não conseguem ver.
Acho que somos uma geração de malucas beleza, graças a Deus.
É isso.



                                 Resultado de imagem para eu passarinho eles passarão   Resultado de imagem para passarinhos


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dia dos Enamorados.

                                Resultado de imagem para dia dos namorado


Frio. Cinza. Garoa. A cara de São Paulo.
Levantei cedo; gosto de assistir aos telejornais matinais. O barulho da rua: carros, caminhões, pessoas...
Adormeci.
Acordo com o habitual "soco" na nuca: pressão alta. A cabeça latejava tanto.
Tomei os remédios, fiz café e pensei em fazer as pequenas coisas que faço pela casa, mas não deu. Os remédios me "derrubam" e achei melhor voltar para a cama. Voltei.
Adormeci e acordei com tanta fome. Tomei um banho antes; eu estava encharcada de suor.
Preparei algo para comer e depois liguei a TV. Dia dos namorados hoje e amanhã é dia de Santo Antonio. O santo sofre!
Acho que deveria ser o Dia dos Enamorados, combina mais.
Estou meio mole; efeito dos remédios, das noites mal dormidas, das preocupações, frustrações... coisas da vida.
Quero algo doce. Sempre quero, principalmente depois de comer algo salgado.
Dia dos enamorados...
É isso.



                             Resultado de imagem para enamorado



                            


                                       

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Da padaria

                                 Resultado de imagem para salame com provolone


Bati manga com leite e cozinhei mandioca. Tomates picadinhos com arroz branquinho. Muito bom.
Mas eu queria mesmo era um pão da padaria, talvez mais, com queijo provolone, salame, fatias finas de tomate e um copão de guaraná bem gelado.
Nessa minha vida reclusa, tenho me alimentado muito "natureba" e sinto falta de um pequeno exagero de vez em quando.
Estava meio triste e sei que a tristeza atrai coisas ruins; melhor pensar em coisas boas. Pensei.
Volto no tempo e me entrego às memórias e lembranças da minha curtíssima infância em Pernambuco, ao lado dos meus dois avôs que me amavam tanto.
As pessoas, principalmente os jovens, não têm paciência para ouvir os causos e histórias dos avós e parentes mais antigos; não sabem o que estão perdendo.
Cultura, História e conhecimento de mundo.
Bom...
Tristeza atrai coisas ruins, assim como mágoas e frustrações. Melhor deixar pra lá e seguir em frente. Sigo.
Não podemos mudar o caráter e o coração das pessoas, felizmente ou infelizmente. Melhor mesmo deixar pra lá e seguir em frente, o que é ruim se destrói por si mesmo, diziam meus antigos.
Acho que vou comer um docinho, só pra variar.
É isso.



                                      Resultado de imagem para docinhos

terça-feira, 9 de junho de 2015

Castrar

                                  Resultado de imagem para gatos


Esperando dar uma hora da tarde para poder ligar para clínicas veterinárias e o CCZ - Centro de Controle de Zoonoses. Hora do almoço.
Gatos machos são mais barulhentos e escandalosos que as fêmeas e eu achava que era ao contrário.
Um dos machos tem miado muito durante o dia e a noite e isso tem incomodado os vizinhos e a mim também.
Quando o assunto fica só entre os vizinhos, é uma coisa, mas quando os próprios vizinhos fazem o drama e o contam para colegas de trabalho, familiares, amigos, entregador de gás, carteiro, lixeiro etc..., aí coisa complica.
Se eu estive em boas condições físicas, já o teria levado para castrar, e a maioria das clínicas que liguei não busca o animal em casa, temos que levá-lo.
Preciso castrar pelo menos o mais barulhento e os outros vou tentar fazer o cadastro no CCZ. São dez animais por pessoa e o custo é zero. 
As pessoas jogam os gatos na minha garagem, mas não jogam ração ou dinheiro junto; bem que podiam.
E essas mesmas pessoas que jogam os gatos são as mesmíssimas que depois ficam reclamando, comentando, criticando.
Tudo seria diferente se eu tivesse saúde.
É isso.


                                     Resultado de imagem para gatos

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Toucinho

                               Resultado de imagem para tristeza


Finalmente o tão esperado quinto dia útil do mês. É, mas alegria de pobre dura pouco e o salário desse mês não vai ser suficiente, também, para pagar todas as contas.
É tanta coisa junta... Haja saúde física e emocional para aguentar o tranco. Se eu ainda tivesse saúde boa, eu trabalharia e isso aliviaria os problemas.
Estou cansada de ficar trancada dentro de casa por dias e dias e só sair quando vou ao médico ou à casa da minha irmã, e olhe lá.
Tenho pensando tanto, filosofado e buscado respostas nas mais variadas filosofias, crenças, religiões etc... Todas têm algo útil e bom a dizer, mas não respondem à todas as perguntas, infelizmente.
Umas dizem que fiz algo de muito errado em outra vida e estou pagando nessa porque não deu tempo de pagar tudo na primeira. Caramba! O que foi que eu fiz?! Matei alguém?!
Não posso pensar em algo mais grave, sério, desumano e cruel que tirar a vida de outra criatura, seja ela humana ou animal.
E na boa, se eu fiz algo de errado, foi na outra vida, não nessa! Sempre fui honesta, trabalhadora, quieta no meu canto, nunca prejudiquei ninguém e nunca peguei nada do que não me pertencesse. Por que então?!
Outras dizem que é um processo evolutivo e que é necessário passar por isso. Caramba de novo! Tenho me que lascar tanto para evoluir? Tenho que me converter à uma determinada religião para ser salva? Salva do quê? Dos meus problemas? 
Só quero ter o direito de ir e vir, de ter uma saúde boa, de trabalhar, de viver minha vida, de não ser tratada e julgada como inútil, inválida e incapaz.
Não sou.
Me dediquei tanto aos outros, sempre tratei a todos como frágeis e extremamente carentes e dependentes de mim. Sempre me achei a grande mãe de meus irmãos e de todos que uma vez outra precisaram de mim. Sempre coloquei a vida e os problemas dos outros à frente dos meus; eu não era tão importante assim e poderia viver minha vida depois, sempre depois.
Tento escapar da tristeza profunda, da melancolia sedutora e da depressão devastadora e elas me cercam.
Mágoas, decepções, injustiça, ingratidão, dificuldades...
Será que não teria sido melhor se eu não tivesse voltado do coma? 
Mas dizem que dias melhores virão, que toda essa fase ruim vai passar, que coisas boas estão a caminho. Tomara meu Deus, tomara. Acho que tu me deve essa.
Gregor Samsa, Tântalo e Sísifo me representam. Nesse momento, sim.
É bobagem a gente esperar que os outros façam e ajam de acordo com nossos princípios, crenças e vontades. Cada cabeça, uma sentença, já dizia mamãe.
Decepções, mágoas e tristeza disputando meu coração com colesterol alto e triglicérides. Eita!
Será que o coração acromegálico vai aguentar?
"Guenta sim! Eu já comi toucinho com mais cabelo!", diria mamãe.
Mas o toucinho estão tão cabeludo!
É isso.

      
                                  Resultado de imagem para esperança


domingo, 7 de junho de 2015

Em casa

                                 Resultado de imagem para açaí


Feriado prolongado e em casa. Às vezes é até melhor que ficar oito horas na estrada para percorrer um percurso que normalmente se faz em pouco mais de uma hora.
Bom...
Mas tem hora que cansa e fica chato ficar em casa: a programação da TV é muito chata, na maioria das vezes; ouvir música nem sempre é possível, os vizinhos tiveram a mesma ideia antes e tocam suas tranqueiras de mal gosto.
Ler, escrever, cozinhar e cuidar das plantas são outras opções de lazer e ajudam a passar o tempo.
Mas eu estava exausta ontem; passei a madrugada inteira acordada ao som de bombas, explosões, gente rindo e falando alto, carros e motos barulhentos passando pela rua. O que fizeram com a Educação e o Respeito?!
Ainda tentei dar uma cochilada durante o dia, mas não foi possível: barulho.
Eu quero uma casa no campo, numa ilha, em algum lugar silencioso!
Assisti a alguns filmes e estou curiosa para assistir um que fala sobre depressão. O tema é forte e eu preferi assistir a filmes mais leves, bobos até.
Já ando numa fase tão difícil, melhor não. Agora não.
Assisti a filmes que parodiam outros filmes, mas infelizmente, o humor atual tem se resumido a sexo, piadas sobre sexo, corpos femininos seminus e outras baixarias.
Assisti ao simples e belíssimo Tomboy; uma menina de dez anos que se comporta e se veste como menino.
Ontem teve bingo na casa da minha irmã e minhas sobrinhas me ensinaram como baixar música de graça e como definir o toque do celular; me senti um ser das cavernas.
Levantei tarde, fiz café e comi bolacha recheada sabor açaí; tinha gosto de chiclete.
Vou cozinhar mandioca e fazer suco de maçã.
É isso.


                                      Resultado de imagem para suco de maça