terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Feliz 2014

                                  



Mais um ano que se vai e mais um que chega.
Feliz Ano Novo a todos e que 2014 traga-nos coisas boas: chuva no sertão, ajuda para quem sofre com as enchentes no Espírito Santo e Minas Gerais; emprego para quem estiver precisando, solução para problemas, saúde para os enfermos, paz, respeito e tolerância no futebol e na vida cotidiana, amores novos para velhos corações cansados de gerra e muito mais.
Eu peço saúde para meu corpinho acromegálico. Eu peço saúde e muitos anos de vida para cuidar dos meus gatos, para fazer coisas que ainda quero fazer.
Eu peço a Deus e ao Povo lá de Cima que ouçam nossas preces e pedidos e nos deem o que precisamos.
Amem.
Feliz 2014 a todos.


                                        

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Repórter Esso e A Voz do Brasil

                                  

O rádio era nosso meio de comunicação com o mundo. Notícias e música.
A televisão ainda não estava tão em voga e só pessoas abastadas podiam ter o eletrodoméstico.
Anoitecia e o rádio era ligado, ia começar o Repórter Esso trazendo as principais notícias do Brasil e do mundo.
Os candeeiros e lampiões de gás eram acesos, o tema de abertura, a voz do locutor e um zunido característico.
Eu associava o início da noite com o rádio e o Repórter Esso.
Acabava o noticiário e o rádio era desligado para não gastar muito "elemento" (pilha).
A Voz Do Brasil iniciava (ainda inicia, creio eu), às sete da noite e o locutor iniciava o programa dizendo: "Em Brasília, dezenove horas".
E quando uma pessoa era fofoqueira e ia à nossa casa para comentar as mais recentes informações sobre a vida alheia, mamãe dizia: "Lá vem o Repórter Esso com A Voz do Brasil".
Se uma pessoa fosse chamada de Repórter Esso, sem ela saber, claro, logo sabíamos que se tratava de uma fofoqueira.
Era engraçado.
É isso.


                                          

                                        

Flamingos

                                    



Eu gostava de observar as coisas; qualquer coisa, qualquer objeto, qualquer forma.
Adorava olhar, observar, analisar objetos feitos de vidro e tinha muita vontade e curiosidade em saber como aqueles objetos eram feitos.
Garrafas de vidro que armazenavam remédios e bebidas; eram todas atraentes para mim e aguçavam minha curiosidade. Como fizeram? Por que têm vidros claros e coloridos? Parecia um mundo diferente; será que teria alguém naquele mundo de vidro? Naquelas cores?
Ficava longo tempo segurando o objeto de vidro e imaginando como fora feito, como se chegou àquele formato. Era tudo tão bonito, diferente, instigante  e interessante para mim. Era apenas vidro. Coisas feitas de vidro.
Uma patroa de mamãe morava em um bela casa com muitos cômodos e eu ficava encantada com os bibelôs espalhados pelos móveis. 
Eu andava pelos cômodos da casa e parava na cozinha que era muito moderna para a época; era uma cozinha americana. Nunca tinha visto armários embutidos, nunca tinha visto fogão com botijão de gás, geladeira, liquidificador... tantos móveis e eletrodomésticos modernos; nossa casa era tão simples.
Nossos móveis eram simples: mesa, cadeira, cama, guarda roupa, fogão à lenha, "guarda comida" (armário da cozinha)...
Vasos pequenos e com cores peroladas nos quais eram colocadas flores aos pés dos santos. Eu observava aquelas cores que lembravam conchas do mar.
Da cozinha bonita eu observava o quintal, mas não ia lá fora. Tinha dois enormes cachorros pretos que ao me ver balançavam o cotoco do rabinho.
Eu ia para um quarto onde tinha uma cômoda cheia de bibelôs: bonequinhos, bailarinas, flores artificiais e flamingos de vidro.
Os flamingos eram de vidro transparente e tinham um leve toque rosado nas pernas e nas asas; aquilo me fascinava. Como moldaram o vidro naquele formato? Como colocaram cor dentro dos flamingos?
Eu viajava na imaginação, nas curvas e nas formas dos pássaros pernaltas.
Até hoje tenho um certo fascínio por objetos feitos de vidro, principalmente garrafas, e algumas vezes viajo no tempo e no espaço quando vejo um bonito objeto ou recipiente feito de vidro.
Comprei azeite de oliva turco envasado em uma bela garrafa cujo formato remete à cultura do país; olivas (azeitonas) e folhas esculpidas no vidro... voltei no tempo.
Será que as pessoas se perguntam como as coisas são feitas? Como chegou-se ao formato daquele determinado objeto? 
Mamãe trabalhava na casa, conversava com a patroa, me dizia para não mexer em nada, me mandava ficar sentada quietinha  e que logo iríamos para casa, mas eu queria ficar no quarto com os flamingos de vidro.
Eu achava que tinha alguém morando ali dentro daquelas curvas, daquelas formas vítreas.
Eu queria que os flamingos de vidro fossem meus.
É isso.



                                        

domingo, 29 de dezembro de 2013

Capitu

                                 




Amo Literatura. Amo livros. Amo ler.
Amo a cena do "penteado" entre Capitu e Bentinho no livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis.
Li e reli o livro, li e reli a cena e ainda é mistério o que o autor quis dizer com "olhos de cigana oblíqua e dissimulada".
Acordo todas as manhãs com Branca e Alice deitadas ao meu lado, Ébano Nêgo Lindo aos meus pés, Léo Caramelo do outro lado da cama e os pequenos correndo pela casa, derrubando coisas, quebrando outras...
Passo minhas mãos nos pelos fofos, macios e sedosos de Branca e Alice e esta joga a cabeça para trás, toda lânguida, toda meiga e me olha com seus olhos cinzentos e melancólicos. 
Isso fez me lembrar da cena do penteado e Alice pareceu-me tão dengosa, charmosa e manipuladora, assim como Capitu.
Fiquei um bom tempo assim: na calma, na paz e na tranquilidade que encontro nos meus gatos. Ouvi os sons da rua, o jornal sendo jogado pelo entregador, bebês chorando, pessoas conversando... 
O dia começa.
É isso.



                                      
Alice, minha Capitu.



sábado, 28 de dezembro de 2013

Mais tempo

                                    



Consegui dormir razoavelmente bem noite passada, apesar do calorão e dos pernilongos.
Precisei sair para comprar ração, café e frutas e o calor estava mais insuportável ainda, trinta e cinco graus!
Ainda passei rapidamente na casa da minha irmã Rosi para desejar um feliz ano novo; eles viajarão para Ilha Comprida amanhã pela manhã.
Fui às compras e não tinha energia elétrica; algumas lojas funcionavam com gerador.
Comprei frutas secas e frescas: tâmaras, damascos, ameixas, nozes, maçãs, melão, uva... Frutas de várias partes do mundo: Turquia, Tunísia, Grécia, Chile...
Comprei azeite turco e estou curiosa para provar.
Resolvi almoçar e me dirijo até o balcão para pegar o prato e começo a escolher os alimentos. Um rapaz alto e obeso passa na minha frente sem pedir licença ou desculpas e ignorou totalmente o fato de eu usar bengala. A criatura mal educada ainda discutiu com a mãe e todos à volta ficaram chocados com a atitude do grosseirão. 
Funcionários da lanchonete Giraffa´s riam, gargalhavam, falavam alto e tiravam fotos enquanto torciam para que a energia elétrica não voltasse tão cedo. Muito barulho.
Realmente vivemos na Sociedade do barulho e todo mundo quer chamar a atenção, de uma forma ou de outra, e que se danem os outros.
Aquele barulho todo começou a me incomodar e despertou a dor de cabeça que eu conseguira controlar com certa dificuldade. Saí do local e voltei para casa.
Trânsito carregado, tarde bonita, sacolas de compras.
Chego em casa e a gataiada fica animada. Dou-lhes ração seca e molhada, tomo bastante água e deito-me no sofá.
Sonho com mamãe e é sempre tão bom vê-la animada, esperta, viva, trabalhando, agitada, alegre. Eu estava lavando louça e mamãe chega e assume o comando. Eu dizia para ela se sentar, eu já estava terminando e iria fazer um café para nós, mas mamãe é teimosa e me ajudava com os afazeres domésticos.
Mamãe conversava animadamente; estava tão bem, tão feliz e isso me deixou feliz também.
É tão bom ver mamãe. 
E eu queria que o Tempo parasse por um segundo só para eu ter mais tempo com mamãe.
É isso.


                                    




sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Cadeira

                                       



Dia quente e abafado e pressão nas alturas.
Há alguns dias que estou assim, com a pressão teimosa que insiste em ficar alta. Acabei de tomar mais uma dose do anti hipertensivo e depois irei para a cama. 
Deveria ter saído para comprar ração, café, terra e novas plantas para substituir as que foram pisoteadas, mordidas e arrancadas por Clara Blue e seus irmãozinhos terríveis, mas eu não estava bem e não iria dirigir por aí me sentindo mal e com a pressão alta.
Fiquei em casa e zapeava pelos canais da TV quando de repente ficou sem sinal, isso às três da tarde. Liguei para a NET e supostamente o sinal voltaria às vinte horas, não voltou. Voltou às vinte e três e trinta.
Sem TV, sem telefone, sem Internet.
Sentei-me na cadeira que fica lá fora, ao lado da máquina de lavar roupa, e apreciei a bela tarde, a gataiada espalhada pelo quintal tentando refrescar o calorão que fez. Detesto calor.
Li o jornal e revistas.
Ontem choveu muito e houve alagamentos em algumas regiões.
Os pequenos dormem e eu vou para a cama; os efeitos do anti hipertensivo começam a se manifestar: sonolência.
Amanhã estarei melhor. 
Boa noite a todos.


                                                 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Tempos

                                      


Já escrevi sobre mágoas.
Eu era criança e não entendia porque os adultos ficavam tristes. Li um dos bilhetinhos da minha amiga secreta, a professora Dona Ana Letícia, e nele ela menciona uma pequena mágoa; ela diz que sou muito criança para entender sobre mágoas, tristezas e problemas de adultos.
Eu tinha treze anos e era criança. Hoje, meninos e meninas com dez, onze anos não se acham mais crianças e se julgam donos de seus próprios narizes e querem tomar suas próprias decisões como se muito adultos fossem. 
É o fim dos tempos.
É o fim dos tempos em que havia mais respeito e educação, de pais e mães que orientavam seus filhos, acompanhavam sua educação e ficavam atentos à qualquer mudança.
É o fim dos tempos em que vizinhos ligavam seus toca discos ou seus rádios e se preocupavam em não incomodar os outros vizinhos. As festinhas de família terminavam cedo porque os adultos precisavam ir para casa para dormir e ir trabalhar no dia seguinte. As músicas tocadas nessas festas consistiam de baladas açucaradas ou ritmos dançantes e não havia letras de duplo sentido ou de sentido explicitamente sexual, como é hoje.
Bons tempos aqueles.
Bom...
Eu comecei falando sobre mágoa e o texto descambou para comportamento social. Acho que o texto foi mudando o rumo meio sozinho...
Falar sobre mágoa magoa ainda mais.
Não vou falar não, só vou sentir. É o que sei fazer de melhor: sentir.
Vou para cama, estou cansada. Noite barulhenta com música alta, fogos de artifício e outros exageros sonoros.
Detesto fogos de artifício, assustam os animais e os deixam desorientados
É isso.


                                         


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal - 2013

                                  



Desejo um Feliz Natal a todos e às suas famílias.
Agradeço mais uma vez àqueles que leem meu blog.
Feliz Natal a todos e que nossas mesas sejam fartas todos os dias do ano.
Amem.
Feliz Natal!


                                

domingo, 22 de dezembro de 2013

Estradas

                                       



Fez uma tarde linda e precisei sair para comprar ração.
Aproveitei para dirigir por aí, meio sem destino, sem rumo certo.
Gosto de fazer isso.
O trânsito ainda não estava tão caótico nas ruas e rodovias; estivera de manhã, nas saídas para o litoral paulista.
Pensei em comprar a ração da gataiada em algum hipermercado mas estava impossível estacionar, filas de carro aguardando para entrar no estacionamento; mudei de ideia.
Decidi dirigir sem rumo e a bela tarde com céu parcialmente nublado, sol morno e vento frio estavam perfeitos e convidativos.
Adoro estradas. Não tem faróis, pedestres e afins e o caminho é livre, mesmo lento a maioria das vezes. Mas eu não tinha pressa de voltar.
Rodei por aí e decidi comprar a ração no pet shop do bairro mesmo. Não estava a fim de encarar longas filas e carrinhos de compras esbarrando uns nos outros e nas pessoas.
Pretendia comprar presentes de Natal para a sobrinhada; compraria coisas simples mesmo, minha situação financeira não é das melhores atualmente. E foi algum dia?
Bom.
Mas além de não querer encarar o vuco vuco das compras e de gente pra lá e pra cá carregando suas sacolas cheias de compras, sonhos e esperanças, eu não queria mesmo era fazer isso sozinha. 
Acho que é muito mais legal ir às compras acompanhada a ir sozinha. A gente dá uma pausa para tomar um café, fazer um lanche ou até almoçar mesmo. Era tão legal.
Deixarei os presentes para outro dia. 
Os ventos brincando dentro do carro com os vidros abertos, uma boa velocidade, boas lembranças, saudades...
Saudades de mamãe nessa época natalina.
É isso.



                                             


                                        

sábado, 21 de dezembro de 2013

Energia

                                   


Plantas amassadas, galhos quebrados, flores caídas.
Livros mordidos, jornal rasgado, sofá arranhado.
Correria, pulos, esconderijos secretos por entre livros, objetos, plantas e tudo o que servir para as brincadeiras dos terríveis filhotes, que já estão com dois meses.
Estão danados, terríveis, brincalhões e com uma energia que parece não ter fim.
Observo os pequenos, suas artes, brincadeiras e pequenas destruições pela casa. 
Me fazem sorrir.
Tanta inocência, tanta energia, tanta vida, tanta alegria.
Tão lindos.
Preciso ir. Vou comprar ração para meus lindos.
É isso.


                                 

Em busca do tempo perdido

                                                                          



Assistia ao Globo News Literatura e chamou-me a atenção o rosto esticado da jornalista-apresentadora. A boca da moça estava torta, um lado mais alto que outro e uns lábios que lembravam a bico do Pato Donald.
A testa muito lisa; uma aparência forçadamente jovial para uma pessoa que já dobrou o Cabo da Boa Esperança.
Pra quê isso tudo?
As pessoas dispensam um tempo enorme correndo contra o tempo e nem percebem que desperdiçaram tanto tempo correndo em busca do tempo perdido.
Um tempo que não volta mais.
O tempo é implacável.
Vejo tanta gente, principalmente mulheres, em busca de tratamentos milagrosos que revertam os sinais do tempo e, em alguns casos, esses tratamentos acabam tendo o efeito inverso.
Caras, testas, bochechas e lábios tão esticados que se transformam em uma figura caricata de alguém que corre desesperadamente contra o tempo
O tempo tem seu próprio tempo.
Bom...
O programa falava sobre a obra de Marcel Proust, Em busca do tempo perdido, uma obra que quero ler na íntegra.
Minha fila de livros à espera de leitura segue cada vez maior e mesmo assim eu não perco a mania e o vício de comprar mais livros.
Corro contra o tempo na tentativa de ler todos os livros que quero ler, será que conseguirei? Será que o tempo me permitirá esse prazer?
Espero que sim.
É isso.