sábado, 27 de abril de 2013

Plêiades e Alho Poró

                              

Já falei sobre mudanças sofridas nas pronúncias de certas palavras, como yôga e néuro, que antes eram pronunciadas yóga e nêuro.
Assistia ao Brasil no Prato, programa de culinária com Carla Pernambuco, e ela separava ingredientes para fazer um sopa. Milho, cebola, alho, caldo de galinha...
Até aí tudo bem, mas estranhei quando ela disse alho porro enquanto cortava o vegetal.
Verifiquei, claro, e descobri que alho porro é português de Portugal e alho poró é nosso português brasileiro.
Excluímos um "R" da palavra porro e acrescentamos um acento gráfico na letra "O" para diferenciar de um termo semelhante na pronúncia, mas de significado diferente.
Brasileiro é mesmo um povo muito criativo.
Assistia a um documentário sobre Astronomia no History Channel; gosto muito de Astronomia, Astrofísica, Galáxias, Buracos Negros, Luz etc..
Não confundir Astronomia com Astrologia.
O narrador falava sobre estrelas e mencionou as Plêiades, da Constelação de Touro, mas ele disse "pleiádes". Estranhei.
A vida toda ouvi e li "plêiades" e de repente ouço uma pronúncia diferente!
Isso acontece muito na programação dos canais pagos. O narrador fala sobre a voz do entrevistado, que geralmente fala em inglês, e acaba traduzindo e pronunciado de modo estranho.
Tenho ouvido muitos neologismos estranhos aos ouvidos e à nossa língua portuguesa, com certeza.
As Plêiades são sete irmãs, Electra, Maia, Taygeta, Alcyone, Celeano, Asterope e Mérope. São filhas de Pleione e Atlas, um dos Titãs que foi condenado por Zeus a carregar os céus para sempre.
Também gosto de Mitologia Grega.
Só não gosto muito dessas estranhas mudanças na pronúncia de palavras as quais estamos tão acostumados a falar. 
Ou não sabemos pronunciar mesmo ou querem os expertos inventar moda, como diria mamãe. 
Gosto disso não. Vôte!
É isso.





Clara Nunes

                                     

Mamãe gostava de Clara Nunes e eu também.
Gostava de suas músicas cheias de paixão, beleza e religiosidade.
Clara Nunes se dizia Espírita e cultuava as religiões afrodescendentes  como o Candomblé e a Umbanda. Belíssimas religiões.
Eu cantava as músicas de Clara Nunes para minha sobrinha Maria Julia quando ela era pequena e ela adorava.
Clara Nunes partiu muito cedo, pouco tempo antes de completar quarenta anos.
Assisti documentário homenageando Clara Nunes e adorei rever a bela cantora e sua música impregnada de elementos étnicos religiosos. Lindo.
Ela vestida de branco, cabelos enfeitados com flores e cantando em frente ao mar, meu doce mar. Muito lindo.
Cantando com Paulino da Viola, a Elegância do Samba.
Cantando ao som de atabaques, cantando É doce morrer no mar, de Dorival Caymmi. 
Foi bom ouvir boa música. Muito bom.


                                  




sexta-feira, 26 de abril de 2013

Até amanhã

                              


Estou bem cansada e dolorida.
Não vou me demorar muito, volto amanhã.
Boa noite a todos.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Bolo de Coco de Beatriz

                                 


Minha sobrinha Beatriz adora o bolo de coco que eu faço. Fica fofinho, molhadinho e muito gostoso.
Fiz o bolo e levei para ela, mas acabou, claro. Ela me liga e pede outro e prometi fazer e levar, mas ainda não deu.
Voltei a trabalhar e agora vivo numa correria que só.
Passei hoje na casa de Beatriz e ela recusou-e a falar comigo; ficou emburrada e fingi que não sabia o que estava acontecendo.
A convidei para fazer um bolo e ela me ajudou. Não sei se prestou, pois fiz meio improvisado só para agradá-la.
Vou fazer um bom bolo de coco e levá-lo para Beatriz.
Gosto de preparar minhas guloseimas em minha cozinha, estou acostumada ao meu forno, batedeira e apetrechos culinários. 
Pretendia ir ao supermercado comprar algumas coisas, principalmente a ração dos gatos, mas não estava com muito ânimo para esperar na fila do caixa. Passei pelo pet shop do bairro e encontrei o dono, um simpático jovem senhor, fechando o estabelecimento. Pedi-lhe que me vendesse um pacote de três quilos de ração e um saco de areia sanitária e ele voltou à loja e me trouxe a encomenda.
Muito legal da parte dele.
Enquanto eu aguardava, a cachorrinha brincava comigo. Fiz minhas compras mais urgentes e mais importantes e ainda fiquei devendo noventa centavos.
Depois irei ao supermercado, que além de ração, comprarei os ingredientes para um delicioso bolo de coco de Beatriz.
Já coloquei a receita aqui, mas quem quiser conferir de novo, cá está:

4 ovos grandes
150 gramas de açúcar
170 gramas de farinha de trigo
1 colher de café de fermento

Bater as claras em neve, adicionar as gemas. Bater até ficar um creme clarinho. Adicionar açúcar, bater. Adicionar a farinha de trigo e o fermento. Bater.
Levar para assar em forma untada e enfarinhada ou usar papel manteiga.
Depois de frio e assado, molhar o bolo com leite. Leite de soja o deixa com um gostinho de vanila.
Evite molhar com refrigerante, o bolo fica meio amargo e com um gosto estranho quando o gás da bebida evapora.

Para o Chantilly

1 lata de creme de leite (gelado) sem soro
2 colheres de açúcar
1 colher de manteiga

ou

500 ml de creme de leite fresco gelado
2 colheres de açúcar

Bater na batedeira até formar o chantilly, durante uns cinco minutos. Evite bater por muito tempo, vira manteiga.

Quem quiser, pode usar o chantilly pronto vendido em supermercados e padaria.
Os ingredientes do bolo devem estar em temperatura ambiente e o creme de leite dever estar bem gelado.
Aproveitem.


                                   
Beatriz com Olho Azul e Bira Pirata (Ubirajara)





Certas Coisas

                               


É uma das canções de Lulu Santos que mais gosto.
Lembro que era tema de uma personagem da novela das sete e, se não me engano, a novela era "Vereda Tropical".
Mas eu lembrei da música porque estava pensando em algumas coisas, em algumas certas coisas que eu não sei dizer. Talvez o saiba, mas acho melhor não dizer.
Sei lá, entende?
Dizem os evoluídos que a vida é cíclica, tudo é retornável, reciclável, e não apenas garrafas de refrigerante e cerveja.
Bom...
Interessante como mudamos, apesar de que quando vivemos o momento, as situações e as coisas tão intensamente, nos recusamos terminantemente a acreditar e a aceitar que as coisas mudam e que nós mudamos também.
Éramos tão jovens e acreditávamos que podíamos mudar o mundo, que nossos sentimentos seriam eternos, que nossas ideologias eram as mais corretas, que tudo seria para sempre.
Meio doido isso.
Crescemos, amadurecemos, envelhecemos e vemos nossas paixões que um dia foram tão intensas e avassaladoras seguindo outro rumo, acabando, mudando... O que parecia nunca ter fim, teve. Acabou.
Passa o tempo e lembramos com saudosismo aquilo que passou, aquilo que foi, aquilo que deveria ter sido mas não foi. Já passou.
Mais eis que de repente e por algum motivo que escapa ao nosso entendimento e normalidade, essas paixões voltam, ou tentam voltar. Tarde demais. Não adianta desenterrar os fantasmas de nossas desilusões, são apenas fantasmas daquilo que quiséramos tanto. Estão agora mortos e enterrados e apenas lembrados com saudade. Ilusões perdidas.
Mortos não voltam, não ressuscitam, ficam vivos apenas na memória e na saudade.
Não dá para ressuscitar aquilo que morreu, se tentarmos fazer isso, criaremos monstros de Frankeinstein que não estão vivos nem mortos, apenas estão.
Monstros de nossa criação que nos perseguirão até o fim.
Não, não. Quero isso não. Deixa quieto. Deixa pra lá.
A vida segue e novas paixões surgirão; com suas alegrias, medos, inseguranças, esperança...
Minhas paixões de agora são meu trabalho, meus livros, meus gatos e, principalmente, ter minha boa e velha de saúde de volta para poder viver intensamente todas elas. Minha eterna paixão foi, é e sempre será o Corinthians.
Eu quero ver todo mundo bem.
Eu quero ficar e estar bem.
O tempo das paixões impetuosas já passou e agora estou "véia" para isso.
Agora é tempo de paixões mais normais, reais, alcançáveis.
Agora é tempo de ir ao pet shop comprar mais ração para minhas oito paixões que ficam mais famintas no tempo frio; comem igual a tigres e leões.
Têm certas coisas que eu sei dizer.
É isso.


                                   





quarta-feira, 24 de abril de 2013

Família

                                      



Eu sou observadora; gosto de observar, ouvir, reparar nos detalhes, nas entrelinhas e assim, formar uma ideia ou opinião.
Somos primeiro julgados pela aparência e como é bem sabido, as aparências enganam, e muito.
Olhamos as pessoas e as julgamos como legais, chatas, calmas, estressadas, metidas, tímidas etc...
Nos perguntamos como serão essas pessoas em suas casas, com seus filhos, cônjuges, suas famílias...
E nós temos a tendência de achar que o outro é mais organizado, que o outro tem uma família certinha, que o outro é isso ou aquilo, mas estamos enganados.
Somos todos iguais em nossas diferenças.
Todos temos família, temos pessoas bacanas e outras nem tanto em nossa família, temos problemas.
Toda família tem aquele que é pau pra toda obra, aquele que reclama de tudo, aquele que se faz de vítima coitadinha, aquele que só faz burrada e traz seus problemas para que a família resolva, aquele que toma a iniciativa e resolve tudo, porque se for esperar pelos outros... É a velha história de sempre, um empurra para o outro aquilo que não quer fazer e usa de mil desculpas e artifícios para justificar seus motivos.
Estava na sala dos professores e ouvia atentamente o que cada um deles falava sobre suas famílias e percebi aliviada que todo mundo tem problemas, todo mundo tem gente folgada e complicada em suas famílias.
Uma professora contava que o cachorro do irmão latia freneticamente enquanto a irmã falava alto debaixo da janela do quarto, a impedindo de dormir.
A mãe reclama de uma coisa, a avó de outra. A filha adolescente folgadinha, a irmã cara de pau que vai tomar café da manhã todos os dias, a sobrinha que pede para ser levada a algum lugar.
Pensei comigo: "Nossa, fulana parece tão séria e centrada, mas tem uma família tão maluca quanto a minha".
Outra professora contou que mora com a mãe porque os irmãos não podem, não têm tempo, espaço ou condições de cuidar dela. Sobrou pra quem?
É sempre assim; todo mundo é família unida até que surjam os problemas e quando surgem, junto vêm as desculpas para não ajudar, participar, resolver.
Ninguém pode fazer nada porque é ocupado com isso ou aquilo, porque tem sua própria família, porque não pode, porque não tem tempo... É uma enxurrada de desculpas e sempre acaba ficando tudo para um só resolver.
Agora, se envolver dinheiro, todo mundo participa ativamente e exige sua parte, claro.
Demos muitas risadas com as histórias contadas pela professora e percebemos que todos temos problemas, por mais que nossa aparência tente mostrar o contrário.
É isso.


                                      



terça-feira, 23 de abril de 2013

Biblioteca

                                  



Íamos uma vez por semana à biblioteca; adorava.
Só não íamos quando era época de provas, mas eu não via a hora de as provas acabarem para poder voltar lá.
A biblioteca da escola era linda, perfeita e muito bem organizada.
Estantes de madeira nobre repletas de livros, mesas redondas e cadeiras confortáveis, piso acarpetado para reduzir o barulho, professora para nos orientar sobre quais títulos eram os mais indicados para a nossa idade.
Pegávamos os livros emprestados e tínhamos uma semana ou até quinze dias para lê-los, mas se não conseguíssemos entregar no prazo, renovávamos o empréstimo.
Aquela biblioteca era o paraíso para mim. Era um lugar aconchegante, bom e que me recebia bem. 
Os livros dialogavam entre si e comigo, enquanto eu caminhava lentamente pela sala admirando, olhando e escolhendo os que queria ler. Era tudo tão mágico que parecia um sonho.
Eu adorava a coleção Vaga-Lume da Editora Ática e viajava com as personagens pela leitura. Amo ler.
O tempo passou...
Livros e mais livros empilhados nas escadas da escola, sobre a pia do que deveria ser o laboratório de Química, nas salas vazias, em qualquer sala vazia...
Saramago, Baudelaire, Verissimo e tantos outros maravilhosos autores ali jazem em seus túmulos de poeira, desinteresse, preguiça, comodismo, ignorância.
Onde fica a biblioteca da escola?
Biblioteca? Não! É sala de leitura.
Onde fica a sala de leitura?
Fica em uma sala empoeirada, com livros empilhados de qualquer forma e sem nenhum cuidado, carinho, respeito ou atenção. Sim.
A sala de leitura é apenas um amontoado de livros que estão ali porque ali foram colocados para sobrar espaço em algum outro lugar. Livros não são importantes; acumulam muita poeira e consomem muito espaço.
Os livros tiveram que ser retirados das escadas porque alguém com alguma autoridade assim o mandou fazer.
As coisas não são assim, elas devem ser de outro modo, mas estão assim porque ninguém faz nada. Mas se alguém tentar mudar, bem visto não será.
A biblioteca, ou melhor, sala de leitura, é um cubículo estreito com várias estantes cheias de livros. Tem infiltração no telhado, que está sendo consertado e as paredes estão manchadas e emboloradas. Serão pintadas.
Não tem espaço para mesas e cadeiras e não sei como faremos para levar os alunos até lá.
A escola está localizada em um terreno enorme, mas a parte útil não ocupa todo o terreno. Sobra um espaço grande que poderia ser utilizado de alguma forma, mas que está tomado pelo mato.
Desperdício.
Poderia ser construída ali uma biblioteca grande, bonita e bem bacana. Com estantes repletas de livros, com mesas e cadeiras para os alunos e com professores orientando esses alunos e suas leituras.
Quando comecei a trabalhar nessa escola, perguntei por que não faziam algo com aquele terrenão todo, mas ouvi desculpas. 
Tudo é difícil, tudo é demorado, tudo é feito com uma má vontade do caramba, tudo é complicado.
É aquela coisa, não mexe com o que está quieto.
E assim os anos passam, os alunos se vão, a sala de leitura fica em um espaço claustrofóbico e o terreno fica lá, entregue ao mato.
Achei curioso que ninguém demonstrou interesse pela sala de leitura, que gosto mesmo é de chamar de biblioteca.
Aliás, só eu e o professor Lúcio estamos empenhados nessa árdua e prazerosa tarefa de limpar, catalogar e organizar os livros da nossa minúscula biblioteca/sala de leitura.
O professor Lúcio é uma pessoa simpática, prestativa e inteligente. Demonstrou paciência e boa vontade para comigo, graças a Deus.
Já colocamos a mão na massa e em breve nossa biblioteca estará de pé. 
Espero e confio.
Espero pelo fim das reformas e confio no meu trabalho e no do professor Lúcio, se for esperar e confiar em outras pessoas, "tamo ferrado".
Livros amados, aqui vou eu.
É isso.