domingo, 30 de março de 2014

Sonho Bom

                             


Tenho tido o mesmo sonho bom várias vezes durante semanas; seria tão bom se se tornasse realidade!
Ando normalmente, tranquilamente e sem nenhum problema, dor, entrevamento ou ajuda da bengala; tudo como era antes da Acromegalia associada à doença degenerativa óssea.
Segundo médicos, eu já vinha apresentando problemas nos ossos, principalmente na coluna, e a Acromegalia só ajudou a intensificar e a piorar o problema.
Sempre ouvimos de mães, avós, do povo mais antigo e dos médicos que é comum crianças apresentarem dores nas pernas porque estão crescendo e que depois passa; nem sempre.
No sonho bom eu andava em direção à essa pessoa que também está sempre presente nos meus sonhos. É uma boa pessoa.
Eu ia de encontro à essa pessoa que está sempre vestida de branco e mora em uma vila de casas simples, de cores claras e com muitas plantas e flores. É um lugar simples e bonito e onde sou bem recebida e me sinto bem.
Ando, caminho, corro... Livremente, alegremente, feliz.
Queria tanto que esse sonho se tornasse realidade.
Queria tanto acordar pela manhã, me levantar da cama sem nenhuma dificuldade, tomar banho sem precisar me apoiar em algo, andar sem bengala, sem cair, sem dores, sem entrevamento, sem problemas.
Queria tanto ter saúde.
Uma saúde boa como no sonho bom.
É isso.


                             


                                       

Casa Branca

                              



Fiquei em casa e fiz algumas coisas. Lavei a garagem, dei bronca na molecada que come bolacha, toma iogurte e joga a embalagem na rua e, consequentemente, o vento traz para minha calçada.

Se mamãe estivesse aqui, diria: "O povo há de pensar que tu come essas coisas e joga a embalagem na rua!"
Vizinho que vive de pizzas, comida pronta, lanches, frios etc... e que coloca o lixo para fora e o cheiro desses alimentos atrai a cachorrada que, por sua vez, espalha tudo pela calçada.
Como dizia papai: "Estou virge (virgem) de vê esse povo cozinhar". 
Nunca ouvi o chiado de uma panela de pressão ou o barulho de panelas e utensílios de cozinha sendo usados, o que ouço muito é o buzinar da moto do entregador.
Cada um cada um.
Arrumei a cozinha e ainda faltam o quarto e a sala. Nunca consigo fazer tudo o que quero e que planejo. Começo bem, mas depois o cansaço, a dor e o entrevamento me derrubam. Até que fiz muita coisa: limpei fogão, geladeira e o piso da cozinha, todos brancos!
Moro na casa branca, literalmente.
Fez calor pela manhã e agora a pouco choveu bastante.
Começa a anoitecer e estou cansada e com fome. Vou fazer um chá e comer alguma coisa.
É isso.


                                       

          

terça-feira, 25 de março de 2014

Mãe

                               



Todos os dias mães de alunos são chamadas para conversar com a coordenação e/ou direção sobre o comportamento dos filhos/alunos; é praxe.
Alunos que não respeitam professores, inspetores e nem a própria mãe.
Hoje cedo ouço a conversa do coordenador com o aluno e a mãe que se debulhava em lágrimas; o filho não quer saber de nada, não tem perspectiva de vida, não "está nem aí" para nada.
O coordenador falava, orientava e tentava ajudar da melhor forma possível, mas lidar com adolescentes rebeldes que acham que o mundo está errado e eles certos, não é tarefa das mais fáceis.
A mãe dizia que fazia o possível, dentro de suas parcas possibilidades, para que o filho tivesse o melhor. O menino não trabalha, só "estuda", tem boas roupas e calçados e ainda assim reclama. 
É um adolescente bonito, um menino com lindos olhos claros. Pelo menos nesse aspecto, a vida favoreceu-lhe. 
Vivemos na Sociedade da beleza, da preocupação extrema e obsessiva com a aparência.
A mãe não parava de chorar e o filho não se importava com a situação, estava preso e amedrontado em seu mundo ainda confuso.
A rebeldia são o medo e a fraqueza disfarçados.
Pedi licença e a atenção do menino por um momento. Ele me voltou seus lindos olhos claros e eu falei: "Completei quarenta e sete anos sábado passado e espero completar mais quarenta e sete. Estou na minha segunda vida e agradeço todos os dias por estar viva. Você sabe o que é ficar entre a vida e a morte? Você é um menino bonito, saudável, tem tudo pela frente, só depende de você. Você pode andar sem ajuda de bengala, pode correr e eu não. Você tem coluna e ossos bons, eu não... Desejo que você seja feliz".
Voltei ao trabalho e as horas passaram.
Levo documentos para o diretor assinar e vejo o menino de lindos olhos claros brincando e sorrindo. 
Que a vida possa lhe mostrar o quão valiosa e importante ela é.
É isso.


                          
                                      

Se...

                                     

Rebeldia, falta de educação, desrespeito, desinteresse, deboche, desafio...
São alguns termos e palavras que definem a Educação atual. Definem também alunos e até professores.
Já falei aqui sobre a falta excessiva de professores, têm dias que faltam dez professores de uma vez, e a escola fica um caos. Poucos funcionários para botar alguma ordem nos corredores lotados de alunos que correm, pulam, gritam, se provocam...
Salas dispensadas mais cedo. Três aulas consecutivas sem professores e os alunos sem ter o que fazer. 
Escola não oferece opções de atividades para alunos em aula vaga. Têm sim aulas de dança do ventre, violão, sabonete e outras na parte da manhã, mas o local onde são ministradas não oferece conforto e praticidade; são, na maioria, ministradas no pátio e com excesso de barulho, vai e vem de alunos, professores e funcionários.
A escola fica em um terreno grande, um quarteirão, mas o espaço é pessimamente aproveitado. Um grande terreno baldio, vazio e abandonado fica logo atrás da quadra e está tomado por mato e ratos. Mencionei o fato diversas vezes a várias pessoas e todos apenas lamentam e falam a língua do "SE": "Seria bom se nesse terreno fosse construída uma biblioteca, sala de informática, salão de jogos... Seria bom se o estacionamento fosse ampliado, se mais salas de aula fossem construídas..."
Se, se, se.
Soube que a própria comunidade se interessou pelo fato e ofereceu a compra do material de construção e a mão de obra, mas a oferta foi recusada porque seria ilegal e não estaria de acordo com os trâmites burocráticos governamentais. Seria preciso a visita e inspeção de um engenheiro civil, análises, cálculos, riscos, licitações, documentações, assinaturas, carimbos e tudo o que envolve a má vontade, a burocracia e a complicação para se conseguir algo.
Perguntei por que não enviam as sugestões para os órgãos competentes e assim ficaríamos sabendo, ou não, a posição deles, o que acham do projeto, por exemplo.
O terrenão está lá, cheio de mato que só cresce com as chuvas.
Quanto à possibilidade de ampliar o estacionamento, fui informada que isso não seria viável porque ficaria meio distante da entrada e atrairia a atenção de pessoas indevidas.
As aulas iniciaram em janeiro e até hoje o relógio do sinal está quebrado e temos que dá-lo manualmente, ou dedalmente, o que é mais correto.
Falei, questionei, pedi para que um novo relógio fosse comprado e sempre ouço o mesmo: "Tem que aguardar, já encomendamos, mas ainda não chegou"
Encomendaram de quem? De algum país distante?! Será que não encontraria esse bendito relógio em alguma loja de eletrônicos na Santa Ifigênia?!
Para tudo tem uma resposta pronta cheia de má vontade, preguiça, comodismo e até maldade, algumas vezes.
Às vezes sinto-me com um exército de um homem só.
É dar murro em ponta de faca, como dizia mamãe.
É isso.



                                   


                                     


segunda-feira, 24 de março de 2014

Samba

                                 

Minha irmã e meu cunhado prepararam um delicioso churrasco em comemoração, e bebeção, ao meu aniversário; foi ótimo.
Na TV tocava o DVD Samba Book de Martinho da Vila, um dos grandes ícones do samba carioca, e depois foi a vez de Zeca Pagodinho, um cara que gosto bastante.
Sim, gosto de Rock e MPB, mas gosto também de um bom samba, de um bom sertanejo de raiz e não essas aberrações que existem por aí.
Batuque, tambores, samba bom.
Batuque de tambores que remetiam às belíssimas religiões Afro Brasileiras.
Mas como nem tudo por ser perfeito, colocaram para "miar" a chata, insossa e "mole" Fernanda Abreu. Na boa.
Essa moça não canta, enrola. O forte sotaque prejudica a dicção e fica difícil acompanhar o ritmo, cantar junto...
Bom, mas a grande maioria foi excelente: Mart'nália, Zeca Baleiro, Diogo Nogueira lindão...
Ganhei um delicioso bolo com a bandeira do Brasil, ganhei um delicioso abraço da minha inteligente, terrível e linda sobrinha Beatriz.
Cantamos as músicas do filme Meu Malvado Favorito e foi muito divertido.
Foi um domingo frio, cinzento e chuvoso, mas com alegrias coloridas.
Somos responsáveis por aquilo que cativamos, já disse o Pequeno Príncipe.
É isso.




Furão

                                 


Fui ao Pet Center da Marginal Tietê para comprar o saco de dez quilos de ração para os gatos e comprei também, como sempre, ração molhada e areia sanitária.
Parei por um momento próximo ao aquário para ver o tubarão preguiçoso e os simpáticos peixinhos, principalmente o meigo e sorridente baiacu. Sempre uma simpatia, essa criaturinha.
Vi coelhos fofinhos, é tempo de Páscoa e a venda desses bichos aumenta, ariscos e lindos.
Páscoa é época de chocolate, olhando por uma óptica comercial e deliciosa e sem envolver questões religiosas, e não da venda de animais inocentes que se transformarão em um problema após a passagem do feriado. A animação é apenas antes e durante, mas depois que acaba, as pessoas caem na realidade e percebem (!) que coelhinhos comem, fazem cocô, xixi, precisam ter suas gaiolas limpas etc... Melhor presentear com ovos de chocolate e coelhinhos de pelúcia.
Vou ao segundo andar para pegar a areia sanitária e lá estão filhotes lindos de cães e gatos à venda por módicos preços que giram em torno dos três mil reais. Acho isso tão desumano, cruel, insensível...
Cobram um preço tão alto por bichinhos fofinhos, mas os mantêm em uma jaula de metal frio. Solidão, tristeza, vontade de sair dali, brincar, correr em um espaço maior... 
Já falei sobre isso aqui, mas cada vez que volto ao Pet Center, saio de lá com o coração partido e desejando ser milionária. Rica não, milionária, é preciso ter muito dinheiro para fazer o que eu gostaria tanto de poder fazer um dia: comprar todos os animais e levá-los para um ambiente agradável, saudável e livre.
Aves, roedores, peixes, cães, gatos e furões. 
Vi uma simpática família de furões à venda e o preço de cada um era de aproximadamente quinhentos reais. Em que se baseiam para calcular o valor/preço de um animal?
Os furões são fofinhos, sapecas, ativos e muito bonitinhos, mas têm caninos afiados de um roedor carnívoro, como o é.
Vejo um gatinho cinzento deitado na caixa de areia e ao me aproximar ele se levanta, estica o corpo e arranha o vidro da jaula. Olha para mim e mia; ele queria sair dali. E quem não queria?
Fiquei com um sentimento de impotência e muita tristeza, mas fiz-me forte e disse ao lindo felino que um dia voltaria para buscá-lo. 
Claro que não tenho três mil reais para comprar um animal, sou contra a compra e venda de animais e preferiria usar o dinheiro com alimentação, cuidados médicos etc...
Fiquei pensando no gatinho cinzento que se parece muito com minha Clara Blue, minha Clarinha.
É isso.
                                   Clarinha


Gato Bengal

sábado, 22 de março de 2014

Bom

                                 


Parei um pouco para escrever e para ler as mensagens e votos de um Feliz Aniversário.
É bom ler, ouvir, receber bons votos, boas energias, bons pensamentos...
Acredito na Lei do Retorno e desejo em dobro todas as coisas que me desejam.
Mas, principalmente, peço a Deus, à Força Criadora do Universo, que todos tenhamos alimento sobre nossas mesas, um teto sobre nossas cabeças, saúde, alegrias e paz. Amem.
Recebi ligação da minha irmã Rosi com o Pepê e a linda e terrível Beatriz; adorei.
Estou zanzando pela casa, arrumando uma coisa aqui, lavando/limpando outra ali, parando para tomar meu café forte e doce na medida, paparicando a gataiada e tudo isso ao som do bom e velho Rock 'n' Roll.
Essa noite dormi, ou tentei dormir, ao som do Funk Proibidão. Músicas, se é que se pode chamar esse lixo de música, com letras pornográficas e recheadas de palavrões. Acham que nossos ouvidos são penico ou pensam que compartilhamos do mesmo mal gosto e falta de educação que fazem questão de exibir.
Estou separando roupas, coisas, objetos que não uso mais para doar; reciclar é preciso. 
Reciclar-se é preciso.
Faz um dia cinzento, nublado e com cara de chuva, como é praxe no Outono e no dia do meu aniversário. Acho que é por isso que sou mais na minha, meio tímida... Sei lá.
Vou lá dar continuidade à minha reciclagem: roupas, objetos... mas meus livros nunca!
É isso.


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas...
Que já têm a forma do nosso corpo...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares...
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado, para sempre,
À margem de nós mesmos.


                                              Fernando Pessoa



                                        

sexta-feira, 21 de março de 2014

Maria das Águas

                             



A manhã fluiu bem e a hora passou bem rapidamente. O calor continuou, mesmo com o céu parcialmente nublado e as chuvas.
A noite está mais fresca e até dá para se cobrir com um edredom ou um cobertor leve, fininho, macio, fofinho e aconchegante, do jeito que os gatos gostam.
Vou tomar meu banho antes de ir para a cama; transpiro muito e isso atrai os malditos pernilongos. Devo ter o sangue doce para esses bichos chatos!
Tive um sonho estranho: chovia, penduradas no varal, toalhas velhas de banho cortadas em pedaços para servirem como pano de chão; observo a chuva e percebo que o quintal está sem as minhas plantas!
Acordo com o barulho da chuva.
Levanto e vou ao quintal, minhas lindas plantas estão lá: minha bonina, meu maracujá, flor de maio, mandacaru... Todos lindos, verdinhos, fresquinhos e viçosos. Todos cobertos por gotículas de água que fazem lembrar pequenos brilhantes, assim como os pés de feijão com mamãe.
Mamãe deve estar por perto, daqui a pouco será meu aniversário de quarenta e sete anos e posso ouvi-la e vê-la sorrir ao contar pela quadragésima sétima vez a história do meu nascimento.
Amanhã também é dia das águas e eu amo as águas. Sou a Maria das Águas.
É isso.