sábado, 31 de janeiro de 2015

Caixa de Papelão

                                  


Três noites seguidas com o mesmo sonho/pesadelo: moleques aterrorizando a rua, a casa, geral.
Lembrei dos meliantes "de menor" do meu sonho e do que disseram: "Você está com medo?... Vou chegar entre as nove e as onze horas".
No dia seguinte vou à perícia médica e passo mal, era quase dez horas.
Passei mal e coisa e tal...
Madrugada de ontem, sexta-feira, para hoje, sábado. Duas horas da manhã e o Funk rolando. Não adianta chamar a polícia, alegam que o baile Funk é cultura e nada pode-se fazer. Tá.
Mas a cultura dos funkeiros tiram nosso sono, literalmente. Está certo isso?
E se eu tocar meu Rock 'n' Roll às duas da manhã? É cultura? E se os vizinhos chamarem a polícia, eu posso alegar que estava expressando minha cultura?!
Funk rolando, funkeiros e periguetes andando pela rua, falando alto, rindo... Carros e motos acelerando e freando bruscamente... Muita cultura!
Ouço vozes sorridentes no meu portão e depois dois toques na campainha: ai meu Jesus Cristinho.
As vozes vão embora e ouço um miado desesperado. Essa cambada jogou um gato na garagem?!
Levantei, olhei pela portinhola e vi orelhinhas levantadas, desconfiadas e assustadas. Um filhote siamês, muito pequenininho, estava com fome, medo e frio. O chamei e ele entrou meio desconfiado.
Fiz uma caminha para ele, ainda não sei se é macho ou fêmea, mas o bichano não quis. Foi até o quarto e miou desesperadamente: O que é isso? Pra que esse escândalo todo?!
Tem comida, água e uma cama quentinha, o que mais você quer?
Muito pequenino e muito frágil, sentia falta da mãe.
Peguei uma caixa de papelão, gatos adoram caixas de papelão, coloquei uma toalha velha e felpuda e o bichano aquietou. Queria algo à sua volta, algo que o envolvesse e o fizesse sentir protegido e aquecido.
Nós, bicho gente, também gostamos e queremos isso.
Vou colocar um aviso no meu portão para jogarem dinheiro e um pacote de ração junto com os gatos que jogam aqui.
Sempre ouço as mesmíssimas e velhíssimas desculpas: "Não posso ficar com ele. Não tem espaço lá em casa. Não tenho condições..." E por aí vai.
Ainda vai demorar um tempo enorme para que as pessoas aprendam a respeitar os animais.
Bom...
Dormi pouco e mal. Pretendia lavar roupa, mas vou deixar para amanhã.
Meu cunhado e minha sobrinha Beatriz fizeram uma visita relâmpago e ela trouxe pirulitos para mim; tão linda.
Estou cansada e vou me deitar e aproveitar o silêncio do dia. Mais tarde tem fluxo. Ou seria cultura?
É isso.


                                    

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Coração

                                  


Fui ontem à perícia médica do Estado e fui examinada por um médico muito simpático e educado; raridade.
Nunca tive muita sorte com médicos, principalmente os peritos. A maioria me olha com desconfiança e me trata com frieza e isso quando já não dizem logo de cara: "Não é comigo".
A perícia foi na unidade pedagógica da Leste 1, na minha querida ZL. Antes era tudo concentrado na unidade do Glicério e era horrível. Nos sentíamos como animais indo para o abate.
Bom...
O médico examinou minhas pernas, meus joelhos e me orientou. Fez perguntas sobre minha saúde em geral, sobre as cirurgias que fiz e demonstrou preocupação. Mostrou-se surpreso com o fato de eu ainda trabalhar apesar de todos os problemas de saúde que tenho.
O doutor educado me ajudou a levantar da cadeira, pois eu não conseguia. Não tenho impulso e as pernas fracas doem e pesam demais.
Foi tudo bem, até mesmo a manobra na contramão que o taxista fez para eu poder entrar. A unidade de perícia fica em rua de ladeira e de muito movimento de carros; não tem faixa para pedestres e nem farol/sinal. Atravessar ali requer muito cuidado e não é adequado para quem tem mobilidade reduzida.
Terminada a consulta com o perito, fui até a recepção e pedi para a mocinha ligar para o taxista. OK. 
Aguardava e começo a me sentir muito mal. As bolinhas de luz flutuavam na minha frente, um mal estar terrível, ânsia de vômito e fortes dores na mandíbula e braço esquerdo: sintomas de um enfarte/enfarto. 
Pressão muito alta, 19x13, e o taxista que não chegava nunca.
Falei para a médica também simpática que eu não me sentia bem e ela me ajudou. Ir para o hospital? Do extremo da ZL para a Zona Sul e numa sexta-feira com trânsito carregado? Enfarto por aqui mesmo.
Tomei os remédios e aguardei até melhorar um pouco. O coração batia violentamente, como se estivesse sendo estrangulado por uma mão muito forte e tentasse se libertar; sensação angustiante, meu Deus.
Comecei a melhorar e o taxista me trouxe para casa. Deitei e fiquei o resto da tarde assim. Levantei e tomei uma sopinha leve de fubá, estava sem comer nada desde de manhã. Tomei banho e voltei para a cama.
Não assisti TV, não vi nada e nem fiz nada, eu estava brutalmente exausta e o braço esquerdo e a mandíbula ainda doíam. Meu Deus.
Acordei de madrugada com as pernas doendo muito, mas eu não podia tomar os anti inflamatórios. O jeito foi massagear as pernas com óleo de cânfora e arnica.
Adormeci com a gataiada preocupada à minha volta; eles sabem quando não estou bem.
Cérebro, ossos e coração... E o pulso ainda pulsa.
Fiquei em casa. Queria ver alguns móveis, principalmente uma estante maior, com minha irmã mas não deu.
Meus preciosos livros estão acumulados pelos lugares mais improváveis da casa e estão pegando umidade; uma pena.
E por falar em livros, ganhei da Silvia, minha grande incentivadora para este humilde blog, um livro que queria muito: "O Capa Branca". Livro que relata a experiência de um funcionário de um manicômio que se tornou paciente.
Tenho atração pela loucura e por todas as dúvidas, dores, frustrações e tudo o que perturba e anima a alma humana.
É isso.



                                   

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Rigatone

                            


Tem estado mais fresquinho, graças a Deus. O calorão de quase quarenta graus deu uma trégua. Ainda bem!
Como cariocas, nortistas, nordestinos, pessoal do centro-oeste e de outras áreas quentes do país e do mundo aguentam essa quentura toda?
Sou nordestina fake/falsie, como diz uma colega de trabalho, por não gostar de muito calor. Acho que nasci no lugar errado.
Gataida agora dorme após a noitada de bagunça, correria e destruição de objetos inocentes pela casa.
Levantei cedo, tive pesadelos de novo, fiz café e tapioca e assisti aos programas matinais. Gosto dos de culinária e artesanato.
A água já acabou, só temos das sete da manhã até a uma hora da tarde, e estou preocupada com a situação.
E por falar em culinária...
Vou fazer rigatone, aquele macarrão que parece um cano todo riscadinho, com molho de carne. Cortei bifes em filezinhos, temperei, cozinhei e depois adicionarei o molho de tomate.
Vou fazer também um pudim de leite condensado diferente, que não leva ovos. Apenas duas latas de leite condensado e dois potes de iogurte natural. Bate tudo no liquidificador, despeja em forma caramelizada e assa em banho-maria.
Vamos ver se presta, como dizia mamãe.
Andei abusando da lactose esses dias e depois vêm as consequências: dores no estômago, um certo mal estar e prisão de ventre; além dos gases tóxicos que poluem a camada de ozônio.
Bom...
Vou ligar para combinar com o taxista para amanhã e, antes de sair à rua, vou ficar mais ligada no movimento, principalmente o de bicicletas.
Fiquei muito impressionada com isso.
Não vejo a hora de resolver meus problemas de saúde e voltar a ter uma vida normal. 
É isso.



                                   

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Proteção

                                 


Já falei aqui sobre os ladrões que usam bicicleta para escapar mais rápido.
Fui vítima de dois adolescentes, que arrancaram a maçaneta da porta do carro, há uns dois anos e quase fui de novo ontem.
Três molecões em bicicletas a circular pelas ruas; eu ia tirar o carro da garagem, mas desconfiei e desisti.
Esperei um pouco e decidi chamar um táxi. Não confio muito nessa minha perna fraca para dirigir.
O táxi se aproxima e os moleques o cercam. O motorista faz um sinal e arranca; a molecada percebe e foge.
Depois de um tempo o táxi volta e seguimos em frente.
Fui à escola para levar o laudo médico e depois fui à casa da minha irmã para assistir ao filme "Escola de Rock" com minha sobrinha Beatriz e meu sobrinho Vinicius.
É um filme bobinho, mas que é uma aula de Rock 'n' Roll. Adoro.
Voltei para casa já de noite e estava tão cansada. Levantei cedo hoje e aproveitei enquanto tinha água. Está ficando difícil.
Deitei no sofá e adormeci com alguns gatos em volta. São meus protetores, graças a Deus.
Tive pesadelos, acordei agoniada e vejo Ébano Nêgo Lindo ao meu lado com sua pelagem negra sedosa e seus olhos amarelos.
Sentei, fiz minhas orações e pedi a Deus e ao Povo lá de cima que protejam a mim e a minha família. Amem.
Estávamos todos aqui em casa e um adolescente parava um carro em frente e me dizia: "Vou voltar entre as nove e as onze da noite".
Tranquei as portas e janelas!
Como dizia mamãe: "Desconfiado ainda existe e seguro morreu de velho".
O sonho continuou...
Estávamos na cozinha e a porta estava aberta. Eu estava sentada na cadeira e o pessoal estava na sala. Meu cunhado abrira a porta da cozinha porque ia lá fora para fumar. 
Ele foi pegar o cigarro e viu a porta sendo empurrada: eram dois adolescentes amardos. Meu Deus.
Os moleques nos ameaçavam, apontavam as armas para minha cabeça e me perguntavam: "Você está com medo? Nós queremos ouvir você dizer que está com medo".
Olhei para as armas e eram modelos novos, automáticos e muito modernos. 
Meu cunhado tentou tomar a arma de um deles e eu fiquei muito preocupada. Acordei aí.
Acho que fiquei impressionada com a bandidagem "de menor" de bicicletas. A vida em São Paulo não está fácil: falta água, luz, segurança...
A TV estava ligada e passava um documentário sobre Luiz Gonzaga. Dominguinhos e outros sanfoneiros e artistas nordestinos davam depoimentos e Dominguinhos disse: " O sertanejo sai de sua terra em busca de uma vida melhor, mas sempre com o pensamento de um dia voltar para seu sertão".
Alguém já havia dito isso antes e era também nordestino. Coincidência?
Não sei.
Tudo de novo, meu Deus.
Médicos, exames, perícias e, muito provavelmente, novas cirurgias.
Queria isso não. Só queria saúde e viver minha vida simples em paz.
É isso.



                                     

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Vila Matilde

                                  



Fui ao médico ortopedista cujo consultório fica na Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo.
Mamãe trabalhou em uma casa de família na Vila Matilde e eu ficava curiosa para saber como era o bairro. Gosto muito dos bairros da ZL.
Fui logo atendida e o doutor não estava muito a fim de conversa; mal acabei de relatar o problema e ele disse: "Não é comigo!",
Oxe!
Insisti e com muito custo o doutor avexadinho me ouviu e me deu o laudo e as guias para fazer os exames.
Pensou que ao ouvir o '"não é comigo" eu pegaria meu andador e sairia? Capaz!
Meu irmão me acompanhou na consulta e disse que eu fui dura com o doutor e que eu deveria sempre concordar com o que ele, doutor, disse e diria. Oxe!
Concordo com o que acho que está certo e contesto e questiono aquilo que não está, simples assim. Não vou dizer amem a tudo o que dizem, sejam doutores, seja lá quem for. 
Tenho direito de perguntar e querer saber o que está acontecendo comigo, afinal, é minha saúde que está em jogo.
Se fosse assim, bastaria acreditar no médico grosseiro e mal humorado que me disse que eu não tinha nada, apenas um pequena inflamação no cérebro. Se eu não tivesse insistido em investigar mais a fundo a "pequena inflamação", não estaria aqui hoje.
Médico não tem que adivinhar o que o paciente tem e muito menos dizer que não é com ele; tem que pedir exames e depois ver se é com ele ou se encaminha para outro médico e ponto final. Se eu tivesse ido ao consultório de um oftalmologista para tratar da coluna, aí sim, ele teria todo direito de dizer "não é comigo". 
Depois dizem que eu sou radical e impaciente. Imagina!
É isso.


                                       



quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Consultório

                                


Tentei marcar consulta no Grupo de Coluna do Hospital do Servidor Público Estadual, mas todos os dias ouço o mesmo: "A agenda ainda não foi aberta, tem que estar ligando todo dia". OK.
Entrei na página da rede de atendimento e fui ligando para as clínicas e consultórios de ortopedia mais próximos do meu endereço: Tatuapé, Penha, Vila Matilde e outros bairro da minha querida ZL (Zona Leste). Se não conseguisse nada, partiria para os bairro da Zona Norte: Santana, Imirim e Tremembé.
Mas graças a Deus consegui consulta para amanhã! Na ZL!
Não dá para esperar a bendita da agenda do Grupo de Coluna e nem esperar um mês pela consulta mais próxima com outro médico.
Estou cada dia mais entrevada e dolorida. A perna direita está pesada e não "obedece" aos comandos; preciso puxá-la e empurrá-la para que possa se mover.
Bom...
Não sei exatamente onde fica o consultório, mas olhei no Google Maps e tenho uma ideia aproximada. Não é longe de casa, fica apenas a uns dez quilômetros de distância.
Não sei se vou dirigindo ou se vou de táxi. O chato, difícil e demorado é tirar o carro, descer para fechar a garagem e o mesmo ocorre na volta; as pessoas ficam impacientes e xingam.
Vou ficar boa, tenho fé. 
Não nasci com bengala ou andador!
Quero e vou andar livremente. Não preciso correr, quero apenas andar, ter o prazer de andar.
O primeiro passo já foi dado.
É isso.



                                         

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Anotações

                               


Arrumava, limpava e tentava organizar meus livros e meu material usado na faculdade.
Fico sentada enquanto faço essas tarefas e não me canso tanto. O que cansa é o vai e vem e o senta-levanta do dia a dia.
Bom...
Joguei revistas velhas fora, jornais, livros... Não, livros não. Nunca!
Abri um caderno de 1999 e li algumas anotações minhas: "Voltar ao médico. Nova medicação para o tratamento da migrane. Há duas semanas com fortes dores de cabeça. Dor de cabeça insuportável..."
Era o começo da Acromegalia...
Sempre tive dores de cabeça, desde pequena, e sempre eram atribuídas ao crescimento, a isso ou aquilo até descobrir a causa real: Acromegalia.
Se eu soubesse já naquela época, talvez tivesse evitado todos os problemas que tenho e tive e teria pés normais.
Meu irmão me deu um sapatinho preto básico no Natal; número 39. Seria preciso juntar três sapatos para poder caber em cada pé.
Pé de Hulk com Shrek.
Reli minhas anotações. Tanta vida, vigor, sonhos, desejos, planos, vontades...
Eu só tinha as dores de cabeça que me derrubavam por alguns dias, de vez em quando.
Mas arrumei o que deu para hoje, amanhã tem mais.
Preciso de uma estante maior.
É isso.


                                  

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Raiva

                                 


Fiquei um tempo sem dirigir, mas precisava ir ao supermercado, as coisas estavam acabando.
Fui até a casa da minha irmã, que iria comigo, e não foi fácil chegar lá. Pé que escorrega do pedal e ter que dirigir segurando a perna. Outros motoristas buzinando, ultrapassando e xingando. Todos muito apressados e perfeitos. Nunca envelhecerão? Terão saúde para sempre?
Parei no farol e fui invadida por um misto de raiva, tristeza e frustração: Raiva!
Por que?!
Por que não posso andar livremente? Por que preciso de bengala e andador? Por que minha saúde piora a cada dia? Por que não posso ter uma noite de sono sem dor? Por que não posso ter o simples prazer de viver minha vida simples ao lado do que eu mais amo nessa vida: gatos, livros e plantas?!
Por que tanto remédio? Por quê? Por quê? Tantos porquês...
Quando a gente pensa que as coisas finalmente começam a entrar nos eixos...
Será castigo? Mas por quê? O que eu fiz para merecer tal castigo?
Sempre fui uma pessoa simples e sem luxo ou frescuras. Como dizia meu povo antigo: "E tu já visse pobre com luxo? Oxe!"
Sempre tratei a todos com respeito, mesmo àqueles com quem meu santo não cruza. 
Nunca prejudiquei ninguém, nunca me aproveitei de ninguém, nunca roubei nada nem ninguém (exceto livros e plantas).
Tenho ficado muito em casa porque sair está complicado. Dá muito trabalho tirar o carro, descer para fechar o portão e ver e ouvir pessoas reclamando da minha demora. Não posso correr.
E-mails do coordenador nos alertando para as datas da atribuição de aulas; começa hoje.
Escolher as turmas, preferencialmente os pequenos e terríveis das quintas séries (sexto ano). Entrar em sala de aula, ver aquelas carinhas com olhos arregalados, expressão de medo e curiosidade e as mãozinhas levantadas: "A senhora é muito brava?"
Depois da primeira impressão vêm as habituais perguntas de todo o sempre, desde quando eu era aluna: "A senhora trabalha ou só dá aula? A senhora é casada? Tem filho? Tem cachorro?"...
Por que não posso ter e viver tudo isso?
Por que o que mais gosto está lenta e dolorosamente sendo tirado de mim?
Mais uma noite mal dormida com muito calor, pernilongos e muitos porquês.
É fácil não.
É isso.


                                    


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Muro

                                    


"Não tenho medo de ficar só, tenho pavor de não poder falar".
Vi essa frase pichada em um muro da Avenida 23 de Maio, a caminho do Hospital do Servidor Público Estadual.
Pagar plano de saúde tornou-se inviável e impraticável; os altos preços cobrados, o longo tempo de espera por uma consulta e a burocracia cheia de frescura para fazer exames mais complexos me fizeram partir para o que tenho direito.
Fui atendida por dois médicos: um bem ativo, falante e experiente e o outro mais devagar que o Rubinho Barricchello. O médico falante demonstrou interesse por meu caso e só de me ouvir descrever os sintomas, já identificou o que era e me encaminhou para o "Grupo de coluna".
Tudo de novo.
Pensei que ficaria livre de médicos e hospitais e pensei que ficaria boa pelo resto da vida depois de tudo o que passei, mas encarar é preciso.
Passei longas horas no hospital, vi muita gente entrando no consultório fazendo cara de doente e saindo de lá segundos depois com cara de quem comeu e não gostou.
Tem que ser muito dissimulado/a e ter muita coragem para encarar todo esse trânsito de São Paulo, encarar filas e longa espera até ser atendido/a só por estar com uma dorzinha. Na verdade, essas pessoas queriam laudos médicos que os afastassem do trabalho por um tempo. É muita coragem, ânimo e disposição.
Uma senhora reclamava de tudo, uma outra entrou no consultório segurando a mão e fazendo cara de dor e ouviu do médico: "Não é nada demais".
"Si ferrô, hihihi".
Vejo professores tirando licença médica só por estarem com um resfriado comum; já falei sobre isso aqui.
Eu pedindo a Deus saúde. Apenas saúde.
Levantar cedo, ir para a escola, sair de lá e fazer as coisas que preciso: banco, supermercado, ração, farmácia, padaria, posto de combustíveis, casa da irmã...
Quero ter essa liberdade de ir e vir sem depender de bengala, andador ou cadeira de rodas.
Quero ter saúde e liberdade para viver minha vida simples. Só isso.
Me irrita ver gente que não tem o que fazer, parece, perdendo horas em um hospital só para se dizer doente e se fazer de vítima para a família, conhecidos etc...
Quer chamar atenção? Bota uma melancia no pescoço! 
Se soubesse o valor da saúde, não iria querer uma doença que lhe rouba a liberdade, a saúde, o viver a vida.
Não via a hora de sair dali. Fiquei triste por estar de novo em um hospital, mesmo por conta de uma simples consulta.
Fico triste por não poder andar livremente. Fico triste por não conseguir dormir uma noite inteira e ter que levantar para passar pomada no joelho, tomar remédio para controlar as dores e depois tomar os remédios para controle da pressão alta, diabetes, tiroide, os corticoides...
Essa gente que quer ficar doente a todo custo deve ser doente de fato, mas é doente da alma, do espírito; assim como gente que come demais e não se dá conta do mal que está fazendo a si mesmo. Com todo respeito.
Constroem muros em torno de si mesmos.
Como dizia mamãe: "Cada cabeça uma sentença".
É isso.


                                  
                                  




sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Sexo na TV

                                


Acho que as pessoas estão tento dificuldade para saber e separar o que é sexy ou sensual do que é vulgar.
Os filmes, clipes de música, as próprias músicas, novelas, seriados... tudo cheio de temas ligados ao sexo e de cenas fortes para o horário em que maioria dessas atrações é apresentada.
Para quê tudo isso? Não basta confiar em um bom roteiro, bons atores, atrizes, diretores etc...?
Fiquei em casa na noite do Réveillon e comecei a zapear pelos canais à procura de algo interessante e que fugisse à ubíqua programação de fim de ano: cantores chatos, cantando suas músicas chatas. Tudo chato.
Parei em um canal que mostrava clipes de músicas e após ver três vídeos, cheguei à conclusão que são todos iguais; só mudam os artistas, mas a baixaria e vulgaridade são as mesmas em todos. 
Clipes com moças seminuas rebolando o traseiro, fazendo caras e bocas para os caras em volta e se oferecendo como animais no cio.
Músicas falando de drogas, sexo, bebidas, carros, joias e muita ostentação.
Até a magrelinha, dentucinha, bonitinha e sem bundinha da Taylor Swift, que outrora cantava músicas de dor de corno, agora aderiu à moda das bundas rebolativas. Só que ela não tem...
Mas a pior de todas em quesito vulgaridade e péssima voz é uma tal de Nicki Minaj. Essa moça faz apologia às drogas, ao sexo fácil e outras baixarias. 
Semana seguinte e é anunciada a nova Globeleza. Tá. Mas não daria para vestir essa moça, que samba saltitante e praticamente nua?!
O que mal cobre o corpo é aquela pintura colorida.
Assistia à novela e lá vem mais uma forte cena de sexo. Não daria só para insinuar? Têm crianças assistindo, pelo amor de Deus!
Filmes e seriados também. Todos com fortíssimas cenas de sexo.
Não estou sendo puritana e bem sei que todos nós viemos de um sexo bem feito, ou não, mas não precisamos ver isso a todo instante na TV; precisamos?!
E por falar em porcaria e baixaria, agora vem o lixo do Big Brother Brasil.
Vou ficar com os canais de culinária e animais.
É isso.



                                    

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Internet Banking

                              



O computador parece que está concertado e funcionando bem, graças a Deus.
Precisei habilitá-lo, acho que esse é o termo, para poder usar o Internet Banking e fazer pagamentos, transferências etc...
Meu rico dinheirinho já se foi, sem de mim se despedir. Que chato.
Aluguel, água, luz, telefones, cartão de crédito, ração da gataiada e mais um bocado de coisa. Nossa Senhora!
Ainda falta a mensalidade do carro, comprar esse novo extintor, consertar o vidro traseiro, abastecer... Haja dinheiro, meu Jesus Cristinho.
E também falta comprar meus remédios, minha feira da semana... Preciso urgentemente ganhar na Mega Sena ou arrumar um marido rico; prefiro jogar.
Ter ido ao banco para criar as senhas necessárias para o Internet Banking, enquanto eu ainda podia andar apenas com a ajuda da bengala, foi a melhor coisa que eu fiz. Seria meio complicado se eu tivesse que ir hoje ao banco.
Aí lembrei que o carro só pode ser pago em um banco onde não tenho conta, lascou-se!
Vou com o andador, é o jeito. Difícil e complicado é levantar de onde estou sentada; dá um trabalhão danado de grande.
Bom...
Estou organizando as coisas por aqui, sinto que verei médicos e hospital de novo. Droga!
Lavei roupas e ainda consegui arrumar os varais quebrados pelos gatos. Eles mordem a corda com seus poderosos dentes e depois brincam com o varal caído. Muito engraçado mesmo; só eles acham.
Peguei as cartas que o carteiro havia deixado e tinha um bocado de cobrança, ai meu santinho das causas impossíveis!
Devo, não nego, pago aos poucos. Roubar é que não vou.
A gente estuda tanto, se dedica tanto, passa horas lendo, produzindo TCC (trabalho de conclusão de curso), estágio, provas e o escambau para no fim ganhar um salário safado desse?!! Oxe!
Cartão de crédito cancelado, graças a Deus. 
Contas chegando e o dinheiro indo embora junto com elas, graças a Deus.
E o povo ainda julga a gente, é mole? Ninguém pergunta: "Tu quer um copo d'água?", mas criticar, dar opiniões e se achar o/a dono/a verdade, ah isso sim.
Me criticam tanto por eu ter muitos gatos, dizem que eu não posso ficar sozinha, mas cadê que passam por aqui para dar um oi e tchau? Um pacote de ração ninguém traz, mas criticar...
Meus gatos me seguram e me mantêm dentro de uma certa sanidade, confesso, ou teria pirado de vez. Não, não tenho problemas mentais, emocionais, psiquiátricos ou o que valha, com todo respeito, mas ser "normal" vivendo com um doença debilitante não é fácil não.
A bengala já não ajuda mais e ando agora com o andador. Estou mais lenta, mais dolorida e entrevada, graças a Deus.
Pense numa tartaruga manca e com artrose no corpinho todo?
Fico p da vida às vezes. Brigo com Deus: "Qual é a tua, mano? Não bastou tudo o que eu passei? Eu só queria ter saúde para seguir em frente com minha vida simples, só isso. É pedir demais? Na boa".
Não posso trabalhar no que mais gosto, não posso dirigir por aí ( com o preço dos combustíveis e a violência nas estradas, é melhor ficar por aqui mesmo, por enquanto), estou ficando trancada em casa devido às minhas limitações físicas, e financeiras também.
Pobre e entrevada, é lasqueira!
Por isso escrevo, leio, ouço Rock 'n' Roll, tomo café, paparico meus gatos e minhas plantas, ou já teria enlouquecido.
Lembro que têm pessoas em situação pior que a minha e agradeço pelo pouco e simples que tenho, graças a Deus.
Vou ficar boa. Mesmo que não volte a trabalhar na escola, mas quero andar com minhas próprias pernas e sem o risco de cair.
E quero ver o mar.
Vou conseguir. Acredito e tenho fé. Amem.
É isso.


                                  

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Criando cobrinhas

                                 


Parece que as pessoas resolvem botar filho no fundo por um modismo, por cobrança da família ou por quaisquer outros motivos, menos por instinto materno ou paterno.
Não educam esses filhos, não lhes dão exemplos, não lhes impõem limites e acabam criando cobrinhas que um dia se virarão contra seu criador.
As crianças não são tão inocentes e bobinhas como pensamos e sabem manipular os pais das mais diversas maneiras.
O menino do vizinho ainda não tem dois anos de idade, fará em março, mas já manipula os pais a fazer o que ele quer e para isso lança mão de suas poderosas cordas vocais. Ele grita por horas a fio; chora, grita e faz "ai, ai" como se estivesse sentindo dor. 
O grito estridente parece não afetar aos pais, que deixa o menino gritar à vontade. Isso dura um tempo enorme e eu preciso aumentar o volume da televisão para poder ouvir.
Crianças mal educadas que não cumprimentam ninguém e aí a falha é dos pais, claro. 
Crianças que se jogam no chão do supermercado e dão um show até convencer os pais a comprar/fazer o que eles querem.
Crianças que não respeitam os outros, que incomodam, que atrapalham a conversa dos adultos e mesmo assim os pais não tomam uma atitude.
Pais que deixam os filhos à vontade para explorar a casa dos outros, para bater nas outras crianças que estão no local, para pegar brinquedos ou objetos sem pedir licença ou por favor.
Quando, finalmente, o pai ou mãe resolve tomar uma atitude em relação ao comportamento do filho, o que se vê/ouve são frases "moles" demais e nada de autoridade e imposição de limites: "Não faz assim que a mamãe não gosta... Você quer apanhar?... Você não vai ganhar presente..." 
Viram as costas e largam a criaturinha atormentando os demais e ainda acreditam que o monólogo surtirá algum efeito.
Crianças que correm pela casa dos anfitriões, esbarram nas coisas e nas pessoas e correm o sério risco de cair e se machucar, mas os pais apenas dizem: "Você vai cair, fulaninho!".
Dá é vontade de bater nos pais!
Têm crianças que se viram sozinhas, explico. Pais e mães que não orientam os filhos a como tomar banho direitinho, escovar os dentes, se vestir, se portar à mesa, a falar com as outras pessoas, a usar a regrinha básica da boa educação: oi, olá, com licença, por favor, obrigado, desculpe.
Essas crianças são mal educadas não apenas por culpa própria, mas porque seus pais não se comunicam, não ensinam e não dão o exemplo. Como poderiam aprender se não têm o exemplo em casa?!
Antes de sair de casa mamãe nos alertava: "Vamos à casa de fulana e quando chegar lá finjam que são educados. Se me fizerem passar vergonha, o couro vai comer quando chegarmos em casa!"
Sou dessa época mais rigorosa e de mais respeito para com os outros. Mas hoje está tudo moderno demais, com liberdade demais e educação de menos.
Depois dizem que sou isso, aquilo...
Mas educação eu tive e tenho.
É isso.