quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tempos de Escola

Já falei aqui sobre o espaço físico das escola de hoje com suas grades e muros altos que mais lembram uma prisão.
Falei rapidamente sobre a dificuldade de lecionar e sobre o comportamento dos alunos. Isso me levou a voltar aos meus tempos de escola e tentar descobrir ou pelo menos achar explicações ou motivos que fizeram a escola mudar tanto nessas últimas décadas.
Quando digo escola não me refiro apenas ao espaço físico, mas ao corpo docente, discente, políticos, pais, comunidade, etc...
Para começar, algumas mudanças na nomenclatura do ambiente escolar:
Antes era Primário, Ginásio e Colegial; hoje são Ciclo I, Clico II e Ensino Médio.
Antes era recreio; hoje é intervalo.
Antes era professora ou professor; hoje é tia ou tio. 
Antes era "Dona" e "Seu" antes do nome dos professores; hoje são chamados pelo nome mesmo e de "você". O "senhor" e "senhora" caíram em desuso na maioria dos casos.
Antes meninos e meninos de 12 ou 13 anos eram apenas meninos e meninas de 12 ou 13 anos; hoje são crianças sexualizadas que usam linguagem vulgar e imprópria para a idade.
Meninas sexualmente ativas, algumas grávidas e cujos namorados são homens feitos.
Meninas usando roupas provocantes, justas, sexies. Meninas maquiadas e constantemente olhando-se no espelho para conferir e a maquiagem e o cabelo estão bonitos. E ainda perguntam à colega do grupo se estão bem (aparência).
Antes os alunos brincavam de correr, esconde-esconde, passa anel e outras brincadeiras mais inocentes; hoje falam e mandam mensagens e fotos pelos celulares cada vez mais modernos.
Antes os alunos xingavam os colegas de "burro, magricela, quatro olhos" e outros adjetivos simples; hoje usam termos que não seria educado da minha parte escrever aqui.
Antes os alunos brincavam de "jogo da velha, forca", jogos de escrever nomes de diversas coisas iniciando com uma determinada letra; hoje usam o celular para ouvir músicas de gosto duvidoso, para tirar fotos fazendo sempre as mesmíssimas poses e ainda achar que estão abafando. São também Ipad, Ipod, "Numpod" e toda uma infinidade de parafernália eletrônica que se moderniza praticamente a cada dia.
Antes os pais eram responsáveis pela compra do material escolar. Lembro que eu estudava no período da tarde (das 15hs às 19hs), minha irmã Rose no período da manhã (7hs às 11hs) meu irmão Rogério das 11hs às 15hs.
Esperávamos o irmão no portão da saída para poder pegar o estojo com lápis, borracha e caneta e outros materiais para podermos irmos para a nossa sala de aula; quando saíamos, repetíamos a operação "entrega de estojo".
Antes nossos pais tinham prazo para comprar o uniforme ou pelo menos o bolso com o símbolo da escola para ser costurado na camisa do uniforme escolar.
Hoje o governo paternalista e tão bonzinho entrega kits escolares que a maioria dos alunos despreza. Acham o material fraco e feio e preferem comprar seu próprio material escolar; geralmente são cadernos com capas de fotos de artistas, de filmes, de personagens, etc...
Algumas escolas dão o uniforme e um par de tênis para os alunos irem para a escola e quando estão fora do ambiente escolar esses "pobres" futuros eleitores vestem roupinhas de marcas caras dos Shopping Centers da cidade. (Não são todos, há exceções).
Antes os alunos pediam para ir ao banheiro, para falar com o colega de outra sala; hoje já estão abrindo a porta da sala quando decidem dar alguma satisfação.
Antes os alunos sentavam-se em seus lugares quando o professor/a entrava em sala de aula e aguardavam a chamada ser feita; hoje  o professor/a entra na sala e tem que gritar para se fazer percebido. Fazer a chamada é um sacrifício, os alunos andam pra lá e pra cá, gritam, riem e ignoram o professor/a.
Antes os alunos temiam serem chamados à diretoria e temiam mais ainda se os pais fossem convocados; hoje ir à diretoria é rotina e ainda dizem "meu pai e minha mãe não tão nem aí".
Antes os alunos não podiam usar boné em sala de aula; hoje usam mais que isso.
Antes os pais ficavam envergonhados ao serem convocados pela professora ou diretora; hoje os pais ficam furiosos porque tiveram que sair do trabalho para ir à escola por causa de um probleminha que o filho/a teve com alguém. E hoje o "probleminha" muitas vezes envolve agressão física, verbal, constrangimento, o famoso bullying. 
Antes víamos a polícia quando havia alguma ocorrência na vizinha; hoje a polícia é presença frequente na escola para fazer B.O´s (boletim de ocorrência) sobre alunos armados, drogados e alunos que agridem colegas, professores e diretores.
Acredito que essas vantagens oferecidas pelo governo com o intuito de facilitar o acesso da população carente à educação teve/têm prós e contras. Por um lado a educação e os meios para adquiri-la chegam a todos e por outro lado gerou-se um comodismo da população. Qualquer problema, qualquer falta de material escolar, qualquer coisa é motivo para uma fila de mães e pais reclamantes na porta da escola. Curiosamente, são esses mesmo pais e mães que não gostam de comparecer às reuniões e convocações da escola!
São esses mesmo pais e mães que não podem comprar o material escolar de seus filhos e esperam pelo kit do governo, mas que têm suas casas mobiliadas e equipadas com produtos que estão na moda.
Não sou contra a ajuda, sou contra o paternalismo e o comodismo.
Proteção e ajuda em excesso criam monstros e é isso que temos hoje nas escolas, nas famílias e na Sociedade.
Marcus Aurelius disse: Não dê o peixe ao homem, dê-lhe uma vara e o ensine a pescar"









Um comentário:

  1. Só vou discordar de uma coisa: na minha época, era tia ou tio mesmo, mas não havia nenhum "desrespeito" implícito. Pelo contrário... Havia era uma afeição, a tia era a pessoa mais importante da minha vida - e tenho certeza que da vida de muitos colegas.
    Quando estava estudando pra ser professora, havia essa ideia de se banir o "tia", falava-se muito no tal do "Professora sim, tia não". Nunca concordei com essa bobeira, acho que respeito não está em palavras!

    Fora isso, infelizmente venho atestar que é tudo verdade, acontece tudo isso que vc falou e é TRISTE quando lembramos que na nossa época não era nada assim.

    E ainda dizem que o mundo está melhorando...

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