terça-feira, 31 de março de 2015

Tão perto e tão longe

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Fui à escola para buscar a papelada do agendamento da perícia e para fazer o recadastramento anual. 
Tentei fazer em casa, como faço sempre, mas meu computador não abria a página; o jeito foi fazer na escola. Deu certo.
Foi bom rever algumas pessoas, foi bom estar no lugar pelo qual estudei e batalhei tanto para ficar, mas que não pude ficar muito tempo.
A velha maldição de Tântalo: o próximo distante, o que está tão perto mas ao mesmo tempo tão longe, o que está ao alcance das mãos, mas tão distante quando tentamos nos aproximar.
Tudo o que eu gosto tem um prazo muito curto de validade. Tudo é tirado de mim, afastado e isso dói.
Que raios de doenças mais bestas! 
Pedi para chamar a moça da limpeza, que é uma simpatia. Ela veio e me deu um abraço bem forte. Adoro abraços fortes, fazem tão bem.
Voltei para casa e observei o dia, o movimento da rua, as pessoas. Uma tarde tão bonita.
Sinto falta das longas caminhadas que eu fazia todo fim de tarde. O sol abaixava um pouquinho e lá ia eu andar pelo bairro.
Estou meio triste, revoltada, com certa raiva e outros sentimentos.
Tudo vai ficar bem. Tenho fé.
É isso.



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Refletir

                                Resultado de imagem para tristeza bela


Sonhos bons e tristes.
Ouço música antes de dormir, às vezes. Espero os vizinhos tagarelas calarem a boca e enquanto isso ouço música com fone de ouvido, claro.
O bom e velho Rock 'n' Roll e a boa, velha e atualmente judiada MPB.
Enquanto a música tocava eu viajava nos meus pensamentos e alguns deles me deixaram alegres; outros tristes.
Dou risada sozinha quando lembro das nossa história, da nossa vida, agruras, problemas, coisas boas e outras nem tanto.
Lembrei de algumas pérolas do meu irmão caçula: "Café tem muita cafetina. Não como carne de porco, só pernil".
Lembrei do malfadado exame de próstata de papai: "Sou pernambucano, palmeirense e macho e ninguém vai enfiar o dedo..."
Lembrei das descobertas da minha sobrinha, que hoje, aos poucos, perde a inocência: "Sabe o quê eu descobri? Que faço aniversário no dia que eu nasci! Olha, meu coração está batendo!".
Lembrando e rindo sozinha com essas peripécias da família maluquetes que tenho.
Comecei a pensar na Teoria do Caos e a analisar, comparar e refletir sobre o tema e situações da vida. A Teoria do Caos é meio a Viúva Porcina na novela Roque Santeiro: a que foi sem nunca ter sido.
É o que estava escrito nas estrelas, destinado por Deus, determinado pelo Destino etc...
Se estava, por que não se concretizou, não aconteceu, não foi? Por quê?
Então essa Teoria do Caos é mais atuante, ativa e poderosa que o Destino ou até mesmo Deus? Será?
Sonhos bons, bonitos e muito tristes. Beleza com tristeza, combina?
Tenho sentido muita sede, fome e vontade de urinar durante a madrugada. Mesmo tendo jantado sempre acordo lá pelas quatro da manhã sentido tudo junto: fome, sede e vontade de ir ao banheiro.
Estou cansada, frustrada, revoltada, com certa raiva e certa tristeza.
Vai passar.
É isso.



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segunda-feira, 30 de março de 2015

Ilha

                                Resultado de imagem para o homem não é uma ilha



Toda segunda-feira tem mini culto na casa da vizinha antipática, metida, que não dá um bom dia a ninguém e que se acha muito linda, sexy e maravilhosa.
O evento começa por volta das sete da noite e vai até as dez horas; é dose!
Gritaria, cantoria desafinada, um suposto falar em línguas que mais lembra um pedido de comida árabe: kibe, esfiha, ralabibi, ralalala....
Isso são línguas? Na boa.
Preciso aumentar o volume da TV para conseguir ouvir. Quando começa a coisa, solto um "Ai, caramba!", e os religiosos sabem que estão incomodando e jogam indiretas: "Deus abençoe o vizinho do lado direito, esquerdo, da frente... Nós estamos falando a palavra e isso incomoda o inimigo". Incomoda mesmo, e muito!
Deus não é surdo, nem eu!
Inimigo? Eu? Já me chamaram de coisa pior e eu não estou nem aí.
Não dá para rezar ou orar em silêncio? Trocar uma ideia com o Criador na boa, só nós e Ele? Precisa dessa gritaria, desse exagero, da voz tremida que lembra a de um fantasma de filme de terror? Deus quer isso mesmo?
Já fui excluída do Facebook por expor minha opinião e olha minha cara de preocupada. Essas pessoas se acham muito especiais, superiores e melhores que os outros. Não aceitam críticas e opiniões, mas adoram falar mal das religiões dos outros. Hipócritas.
Querem impor aquilo que acreditam ser a mais pura verdade e se julgam possuidores dessa e toda a verdade.
Gente tão religiosa, mas que não ajuda um animal, não rega uma planta e ainda enche a paciência de quem faz isso.
Procuro respeitar a todos e suas escolhas, sejam elas religiosas, políticas, sexuais etc, mas exijo o mesmo respeito de volta.
Não incomodo ninguém com minha fé. Minha fé é silenciosa, é entre Deus e eu, pronto. Encontro Deus todas as manhãs quando levanto e agradeço por mais um dia.
Encontro Deus na beleza exuberante de minhas plantas, na luz do dia, nas nuances da Mãe Natureza.
Estou de saco cheio de gente que se acha muito correta e que quer impor sua religião goela abaixo. Estou de saco cheio dessa mesma gente que me critica por ter muitos gatos, que ameça meus gatos...
Não vou à casa de ninguém para criticar o que talvez considero errado, não ameaço nada de ninguém, nem bicho, nem planta, nem nada.
Bom...
O povo fervoroso foi embora, graças a Deus, e agora são os vizinhos do lado direito que tagarelam e isso vai até a uma da manhã. Estou entre uma piriguete que se acha muito linda e vizinhos que quebram o pau quase todo santo dia.
Quem foi que disse que o homem não é uma ilha?
Adoraria viver em uma ilha. Longe desse barulho todo, do exagero e da hipocrisia. O único barulho que eu queria ouvir era o som do mar bravio batendo nas pedras.
É isso.



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sexta-feira, 27 de março de 2015

Raiva

                                  Resultado de imagem para cara de brabo animais


Ando meio triste e revoltada. Uma raiva somada à frustração.
É revoltante e dá uma raiva danada a gente querer fazer as coisas e ter limitações. Frustrante.
Demorou um tempão para arrastar do saco de lixo do quintal dos fundos até a calçada. Conto os quadrados do piso e sinto um alívio à medida que os números vão diminuindo: está cada vez mais perto o fim dessa agonia.
Ontem preparava minha janta e me arretei. Tudo é difícil, custoso, trabalhoso e doloroso. 
Encaixar o andador perto da pia. Afastar o andador quando precisar abrir a geladeira. Puxar uma cadeira e sentar quando precisar olhar o bolo que assa no forno. Ter que sentar para descascar frutas e legumes; ficar muito tempo de pé deixa as pernas fracas e trêmulas.
Estender a roupa no varal é outro sacrifício, pelo amor de Deus!
Isso tudo me causa uma revolta e gera uma raiva dolorosa.
Não, não sou uma pessoa amarga. Não desejo o mal a quase ninguém e, se puder ajudar eu ajudo, mas nunca prejudicaria a quem quer que seja.
A raiva é pela saúde cambaleante, as pernas fracas, a coluna doente, as articulações duras e entrevadas, as dores...
Eu que gosto de trabalhar, de cuidar da casa, das plantas, livros e gatos... Ter que reduzir o que antes fazia com tanta naturalidade; tomar cuidado para não cair, tomar remédios para controlar as dores, depender de táxi ou carona... Não quero essa vida pra mim não.
Quero uma vida simples e com saúde, é o que quero e peço. Amem.
Comprei tapioca, leite condensado e coco ralado; vou fazer um bolo amanhã para comer com café.
É isso.



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Fome

                              Resultado de imagem para fome


Zapeava pelos canais de TV e parei no "Repórter Record Investigação", apresentado pelo ex global Domingos Meirelles.
O tema, ou pauta, do programa foi sobre quatro das cinco cidades mais pobres do país e que ficam no estado do Maranhão.
Crianças chorando de fome, pais desesperados sem ter como alimentar os filhos, dinheiro do governo federal que nunca chega aos pobres dessas cidades.
Uma mãe fez uma mistura de farinha de mandioca com água barrenta e sal. O único prato e colher passavam de mão em mão e as crianças comiam colheradas generosas daquela gororoba que para eles era um manjar dos deuses.
Um velho sem vergonha seduzia uma menina de onze anos com doces e bolachas; o maldito se aproveitava da fome, pobreza e miséria que ela e a família sofriam.
Como tem gente ruim nesse mundo!
Acabou o programa e eu fiquei triste e pensando naquelas famílias, principalmente nas crianças.
Um adulto aguentar a fome é uma coisa, mas para uma criança é muito difícil e cruel, meu Deus.
No dia seguinte ligo a TV nos programas vespertinos que vivem às custas de pseudo celebridades, escândalos e tragédias. Entre uma reportagem "imperdível" e outra, os/as apresentadores dão os famosos "recadinhos" e a grande maioria é de produtos para emagrecer: gel redutor, cinta que aperta as banhas, shakes, pílulas, iogurtes, bermudas que apertam a celulite e outras ofertas sensacionais. Uau!
Acesso as páginas dos principais veículos de comunicação, jornais, revistas e redes sociais e o que se mais vê são pop-ups oferecendo mais desses produtos milagrosos e perguntando aos incautos (mais às incautas) se elas querem saber como tal celebridade perdeu barrigaa  após ter o filho.
Tal celebridade não ingere mais glúten e agora exibe uma barriga sequinha.
Tal celebridade aparece bem mais magra um mês após ter o filho.
Veja como tal celebridade foi do tamanho 48 para o 38 com essa dieta maravilhosa! E por aí vai...
Essas pessoas que querem tanto emagrecer e exibir uma "barriga seca", deveriam enviar seus alimentos para aqueles que têm fome e viver a vida que eles vivem por pelo menos uma semana; teriam a tal da barriga seca que tanto almejam.
O mundo anda tão fútil, tão besta, tão cheio de gente vazia.
Li um post e achei bem bacana:
"Não importa o tamanho da sua casa, do seu carro ou da sua conta bancária, o tamanho da cova é o mesmo para todos".
Eu só queria que não tivesse mais fome no mundo. Em lugar nenhum do mundo.
É isso.



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quinta-feira, 26 de março de 2015

Extraordinário

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Concluí a leitura do livro, "Extraordinário", que fala sobre um garoto nascido com uma síndrome rara que lhe causou deformidades no rosto.
O menino, de nome August, sofre bullying por ser diferente, feio e estranho, entre outros adjetivos nada bons.
Imagino o que esse menino sofreu e sofre; como se fosse culpa sua ser diferente e não ter um rosto normal.
Fico pensando: se já não é fácil para um adulto lidar com uma doença rara que modifica e brutaliza o rosto, imagina para uma criança?!
Ontem a diarista veio acompanhada da irmã mais nova e que segue a moda/linha piriguete da quebrada: cabelos longos, esticados e com mechas douradas. Calça jeans justíssima e cheia de botões e adereços dourados. Tênis de marca, regata justa empurrando os peitos pra fora e o inseparável celular.
Fui observada com expressão e olhar de espanto: sou tão estranha assim? Só por que tenho aparência acromegálica? 
O que é ter uma aparência normal? Quem determina o que é normal ou não?
Depois de passado o susto inicial, a moçoila até que foi simpática e conversou bastante.
Discurso típico da juventude de hoje, principalmente das piriguetes da quebrada: "Eu parei de estudar; nem fui mais na escola. Eu me produzo sim. Adoro andar produzida. Eu mesma faço minhas unhas, cabelo... Eu quero me casar...". E outros disparates insanos da juventude insana de hoje, a maioria, infelizmente.
Você quer se casar? Quantos anos você tem, menina?!
Dezesseis.
Já pensou em voltar a estudar? A ter uma formação? Trabalhar?
Não, não. A moça está focada na beleza, aparência e no amor. Quer se casar. 
Tão nova, tão bonitinha, tão burrinha. Segue o padrão.
Será que ela pensaria assim se tivesse um rosto acromegálico ou uma outra doença rara?
Nossa, quanto livro? Você faz o quê?
Sou professora.
Nossa, parece que esses livros vão sufocar a gente.
Leio desde pequena. Amo livros.
A água da rua tá vindo branca de tanto cloro. As mechas do meu cabelo eram douradas, mas por causa do cloro da água elas ficaram meio cinzentas".
É mesmo? Nossa!
E eu preocupada com o excesso de cloro na água dos gatos. Filtro antes de colocar no potinho deles.
As pessoas são extraordinárias na sua maneira de ser.
É isso.



                                  Resultado de imagem para extraordinárias


Cândida

                                 Resultado de imagem para limpeza


Quando chegamos a São Paulo estranhamos o modo de falar paulistano e o modo como nomeavam as coisas. 
Cândida = água sanitária.
Abóbora = jerimum
Mandioca = macaxeira
Fedor = catinga
E por aí vai.
Hoje nosso sotaque é bem mais paulistano, mas sem nos esquecer de nossas origens, principalmente quando estamos arretados.
Lembrei da cândida/água sanitária ontem, quando a diarista veio fazer a limpeza da casa. Ela abusou na dosagem e ficou um cheiro insuportável e que me deixou espirrando e com dor de cabeça até agora.
Rinite, sinusite e todas as "ites" estão atacadas.
Ela usou um galão de dois litros só no minúsculo banheiro! E a casa ficou empesteada com o forte cheiro do produto químico. 
Abri portas e janelas para ventilar, mas o estrago já estava feito: passei a noite espirrando e com uma sensação de queimar no nariz.
Falei para ela maneirar da próxima vez.
Tinha outra diarista metida a fashion e que só usava produtos fashion de marca fashion. Um saco!
O que limpa é água com sabão e força nos braços e mãos para esfregar o grude e a mundiça (sujeira, em pernambuquês). Tem muita variedade de produto de limpeza e os de marca fashion são muito caros. 
A nova diarista pediu para eu comprar alguns produtos de limpeza, como: sabão em pedra, detergente, cândida, desinfetante etc... e eu comprei. OK. Mas quando chegou o dia da limpeza ela veio cheia de frescurite e perguntou: "Não tem tal produto? Que marca de sabão é essa? Tem limpador disso e daquilo?"
"O que tem é o que está aí nessa caixa"
"Mas..."
"Já disse! O que tem é o que está aí, oxe!"
Nessas horas a paulistice dá lugar à "inguinórança", à falta de paciência e ao arretamento pernambucano.
Vou pingar mais remédio no nariz.
É isso.




                                     Resultado de imagem para rinite sinusite

terça-feira, 24 de março de 2015

Presente da Mãe Natureza: Borboleta

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Véspera do meu aniversário. Muita chuva.
Abro a porta da cozinha para olhar o céu, as plantas e agradecer por mais um dia: Obrigada.
Meu hibisco está carregado de exuberantes flores vermelhas que atraem os mais variados insetos: abelhas, joaninhas, marimbondos e borboletas.
Vejo uma borboletona pousada sobre as folhas do hibisco, era enorme. Uma borboleta preta e amarela, linda.
Obrigada por sua presença, sua visita.
A borboletona ficou a tarde toda e a noite e só foi embora no domingo, dia do meu aniversário de quarenta e oito anos, mas com um corpinho de quarenta e sete.
Foi um presente da Mãe Natureza.
Adorei. Achei lindo. Agradeci.
É isso.



                                   Resultado de imagem para hibisco vermelho

Analogia

                                  Resultado de imagem para memórias e lembranças


Fui ao consultório do cirurgião de coluna e fui de táxi, se sabe.
Geralmente o taxista me espera, mas hoje ele estava com muitas corridas agendadas e disse: "Não vou poder esperar a senhora terminar a consulta hoje porque também vou levar a outra 'véinha' ao médico. Tudo bem?"
Sim. Mas... Outra "véinha", pensei comigo. Acho que ele quis dizer outra cliente e que, por acaso, é uma velhinha.
Bom...
Levei radiografias e o exame de eletroneuromiografia para o médico e o diagnóstico foi: coluna doente e cirurgia. Tirar parafusos, colocar alguns mais para cima e consertar o restante da coluna que ainda está sem parafuso.
"Você tem um coluna doente".
Fiz a cirurgia de artrodese em 2009 e fiquei bem por uns três anos. Comecei a sentir dores e os velhos sintomas de antes por volta de 2012, mas fui levando com remédios e alguma fisioterapia. Segundo semestre de 2014 e tudo começou a piorar ainda mais: dores mais fortes, entrevamento, pernas fracas e outros problemas.
Tudo começou a piorar após a Copa do Mundo; dever ser trauma do 7x1 da Alemanha em nós, disse minha irmã Rosi. Eu andava com bengala, mas agora uso o andador; a bengala não dá mais apoio.
Voltava para casa com outro taxista e ele perguntou se eu queria ir pela Radial Leste ou a Marginal Tietê: "Onde estiver menos pior". Em São Paulo é assim, trânsito difícil.
O taxista fez perguntas e disse que a esposa também é professora e falamos sobre vários assuntos. O simpático condutor disse que Deus coloca obstáculos em nossas vidas para ver como reagimos: encaramos, fugimos, cruzamos os braços, choramos e nos fazemos de vítimas, enveredamos por caminhos errados... Depende de cada um, da força espiritual, do caráter e da fé de cada um.
Deus deve gostar de mim e deve gostar mais ainda de me dar batalhas para lutar. Mais uma. Ele deve gostar de guerreiros e guerreiras arretadas. Deve ser isso.
Fiz uma analogia: O Inferno é exatamente o oposto daquilo que gostamos de ser/ter/fazer. Veja bem: Lúcifer, o belíssimo anjo cujo nome significa "aquele que carrega a luz", foi expulso dos Céus e condenado a viver nas trevas, oposto da luz. Certo?
Um ser belíssimo que carregava a luz é condenado a viver na escuridão; entenderam a analogia e o paradoxo? Isso é Inferno: o oposto, o contrário.
Cada um com sua fé e eu fiz apenas uma analogia que combina bem com o momento e a situação que vivo e tenho vivido nesses anos que passaram.
Eu adorava caminhar todos os dias aos fins de tarde; hoje não posso mais.
Eu adorava dirigir sem destino, "pegar a estrada" e parar quando desse vontade; hoje não dirijo mais. Por enquanto.
Eu adorava lecionar, adorava meus alunos, minha escola, mas hoje estou afastada por conta de uma coluna doente.
São os opostos, os contrários. Tudo o que fazia e gostava de fazer antes já não posso mais fazer hoje. Isso é Inferno.
Mas esses opostos são temporários e eu vou voltar a andar com pernas fortes, mesmo com a coluna cheia de parafusos, mais parafusos.  Mesmo que trave a porta giratória do banco e tenha que responder à singela questão do segurança: "A senhora está carregando algum metal?"
Titânio é metal, né?
Voltei para casa cansada e dei uma cochilada no sofá. Levantei depois e fiz café, tomei com bolacha "cremi cráqui" (cream cracker).
Eu molhava as bolachas no "xicrão" de café de meu avô João Gomes, meu querido Paipreto; era tão bom.
Tenho em mim e carrego essas memórias e lembranças de uma infância curtíssima, mas tão intensa. Tanto amor, tanta proteção, tanto bem querer.
São bálsamos que aliviam as feridas d'alma. 
Às vezes dá vontade de chorar, de se revoltar com toda essa situação. Por que eu? 
Volto-me para as boas memórias: café com bolacha "cremi cráqui" é uma delas. Bolo de araruta com cajuína, farofa de ovo, tomate com açúcar...
É isso.



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