sábado, 31 de dezembro de 2011

Reciclagem antes do politicamente correto

                                         


Já falei aqui que antigamente a sandálias Havaianas eram coisa de pobre, hoje estão nos pés de celebridades e é coisa fashion.
O mesmo ocorre com as camisetas e produtos Hering. No nosso tempo de escola usávamos camisa branca para as aulas e camiseta branca da Hering para as aulas de Educação Física.
Havia pouca opção de marcas e produtos e dessa forma nos tornávamos fiéis a determinadas marcas: Hering, Havaianas, Conga, Kichute, USTop, shampoos Colorama, iogurte Danone e por aí vai. É, sou meio "véinha" e vivi/usei tudo isso. Tenho 44 anos mas um corpinho de 43!. Ah, e estou doida por uma sandália Havaiana do Corinthians e doida também para ir à loja Hering que vi na Vila Maria. Sou humana e sou menina.
Sim...
Lembro do sabonete Lux Luxo e de suas embalagens bonitas e elegantes. Adorava a imagem da rosa no papel perolado do sabonete. Depois a imagem da rosa foi substituída por fotos de celebridades e me lembro do comercial do sabonete com a atriz americana Michelle Pfeiffer. Eu assistia ao comercial e tentava imitar os gestos da atriz durante o banho; queria fazer aquela espuma cremosa que ela fazia. Mas tudo que conseguia era irritar aqueles que aguardavam na fila para tomarem banho e/ou usarem o banheiro. Era gente pra caramba e um só banheiro.
Então...
As embalagens dos produtos raramente eram jogadas fora e quase sempre reaproveitadas. Por exemplo: os copinhos de iogurte serviam para tomar suco; eram mais seguros para as crianças pequenas. Era e é arriscado dar copo de vidro para os pequenos.
O óleo de soja e outros óleos usados na cozinha vinham em latas; hoje vêm em embalagens plásticas. Lembro de um óleo de soja que vinha numa lata cilíndrica com listras pretas e amarelas e um desenho ovalado no qual se lia o nome "Salada". Depois de vazia, Mãevelha ou Paipreto abriam a lata, cortavam-na ao meio, faziam uma asa para segurar e faziam canecas para beber água. A água na lata ficava mais fresquinha e gostosa.
Havia outra marca de óleo de soja que não me lembro o nome mas me marcou a imagem. Era uma lata com fundo laranja avermelhado e uma enorme variedade de folhas verdes e legumes. Achava aquela imagem linda e tentava falar os nomes das verduras e legumes que compunham a salada daquela imagem.
As latas de leite em pó da marca Ninho também eram reutilizadas, ou recicladas, como está na moda hoje.
Engraçado, primeiro o Homem destrói o planeta e depois faz campanhas para tentar conter o estrago que Ele mesmo fez! 
Bom...
As latas de leite Ninho eram usadas como vasos para plantas e flores. Mãevelha plantava suas cravinas e mamãe colhia algumas outras flores e folhagens e fazia um belo arranjo para colocar na mesa e decorar a sala. Tudo muito simples, porém bonito e sem desperdício.
Mamãe também tinha o hábito de colocar água na embalagem vazia das caixas de leite longa vida e depois despejar essa água leitosa nas plantas. Ela dizia que servia como adubo e as plantas ficaram mais fortes e bonitas.
Mamãe já fazia reciclagem muito antes de isso virar moda e ser politicamente correto.
Mamãe também aproveitava a água que soltava do tanquinho e da máquina de lavar roupas para lavar o quintal e o banheiro. Segundo ela, a água já continha sabão e por isso seria útil reaproveitá-la e evitaria o desperdício. 
Quando se tem muito pouco sabe-se fazer muito bom uso daquilo que é e está disponível.
Os alimentos também eram reaproveitados. Já falei aqui também sobre o coco e a parte que tem o furinho era usada como vasinhos para plantas e a outra parte era usada como concha para pegar alimentos líquidos. Meu Paipreto colocava um cabo de madeira e estava pronta a concha ou a "quenga", como dizíamos.
As sementes das frutas e legumes também eram reaproveitadas. As sementes de jerimum (abóbora) eram salgadas e torradas no forno; ficavam deliciosas. As sementes de jaca eram cozidas e substituíam o feijão.
As sementes de melancia eram secas ao sol e depois pisadas (moídas/trituradas) no pilão e serviam de remédio contra a febre; fazia-se um chá com esse pó. 
A parte branca da melancia servia para fazer doce e com as cascas eram feitos bonecos e outras figuras pelas habilidosas mãos do meu avô Paipreto.
As cascas do abacaxi eram colocadas de molho em bastante água e ficavam de um dia para o outro; depois escorríamos e tínhamos um refrescante suco de abacaxi natural e sem conservantes, acidulantes, adoçantes, e qualquer "antes" químicos.
As cascas de laranja e limão eram penduradas e secas e serviam para fazer chás calmantes ou para acompanhar uma bolachinhas. As deliciosas bolachas que "roubávamos" de Mãevelha. Tínhamos as nossas próprias bolachas, mas as de nossa avó Mãevelha eram mais gostosas. 
A borra do café era usada como adubo. As cascas de ovos e de alimentos também.
Tudo era reciclado, reutilizado, reaproveitado e nada desperdiçado. Às vezes penso que foi muito bom termos tido essa vida bem difícil, pois assim sabemos valorizar o que temos e se temos, é porque conseguimos conquistar com nosso trabalho. (nem todos, é claro. Há exceções, como sempre).
Papai dizia que se quiséssemos conquistar as coisas na vida tínhamos que trabalhar e muito e arrematava: "Quem quiser moleza que vá empurrar bêbado na ladeira ou tomar sopa de minhoca". Eca!
"Rapadura é doce mas não é mole não!". Dizia também meu ignorante, semianalfabeto, pernambucano, palmeirense e macho pai. 


                                              









FELIZ 2012

Desejo a todos um ótimo fim de ano e um excelente 2012.
Agradeço a todos que me leem e se divertem com os causos e maluquices de minha família.
Obrigada a todos.
Feliz 2012 a todos.

                                         

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Amarração

                                              


As palavras sofrem variações de acordo com a cultura, a região, a época e uma série de outros fatores. Palavras que ora significavam uma coisa passam a significar outra quando falada por um outro grupo social.
A palavra "amarrar", por exemplo. No meu entendimento amarrar significa atar, prender.
Mas também é usada na gíria para dizer que se gosta muito de algo ou alguém: "Me amarro nos livros de Lima Barreto". "Me amarro num docinho de coco". Beleza?
Mas eis que passo pelas ruas, avenidas e Marginais e vejo sempre as mesmas placas e folhetos colados nos postes (num claro desrespeito à Lei Cidade Limpa). Leio: "Pai Fulano de Tal faz amarrações para o amor, trata de olhado, inveja, espinhela caída e resfriado".
"Mãe Fulana de Tal faz amarração para o amor".
"Vó Fulana de Tal faz amarração para o amor".
E o parentesco amarrador não para por aí. São pais, mãe e avós dedicados à árdua função de unir romanticamente as pessoas. Será? 
Se alguém já foi algum dia ao local de trabalho dessas pessoas e foram atendidas por elas certamente ouviu o mesmo diagnóstico: "Tem um loiro e um moreno na sua vida"; se você for mulher. "Tem uma loira e uma morena na sua vida"; se você for homem.
Até hoje não vi nenhum nem outro.
E as amarrações variam de preço de acordo com o poder aquisitivo do/a interessado/a, da necessidade romântica e do tamanho da corda; penso eu. Imagino alguém trazer uma pessoa amarrada por uma corda grande e forte e entregá-la sã e salva à pessoa que encomendou a amarração. Sã e salva nem tanto, imagino que venha com algumas marcas no corpo feitas pela corda fortemente amarrada. Nossa! Viajei.
Lembro uma vez do meu tio Manoel Soares, irmão de papai, que ficou curioso e quis consultar uma cartomante. Um colega de trabalho disse ao tio que ele deveria estar carregado e recomendou uma senhora muito boa que fazia ótimos e fortes trabalhos.
Tio Manoel comenta com papai e mamãe e lá vão o trio calafrio visitar essa distinta senhora. Mamãe e papai ficam espertos e percebem a picaretagem da dita cartomante. 
Ela pede dinheiro, bebida, cigarro, flores e um bode! Isso mesmo, um bode.
O valor de tudo isso equivaleria ao salário de uns dois meses de tio Manoel e ele ainda perguntou se poderia pagar em suaves prestações.
Mamãe e papai tentam abrir os olhos do tio, mas é difícil convencê-lo do contrário. Ele acredita no que disse a cartomante e se sente muito carregado; precisa mesmo fazer a sessão descarrego.
Voltam para casa e papai dá-lhe uma sermão, dessa vez útil. Mamãe também ajuda no discurso.
"Mané, tu não pode acreditar no que aquela mulher disse. Ela é pilantra, só quer o teu dinheiro. Tu não tá vendo? Pense nos teus filhos e na tua mulher que estão lá em Pernambuco. Eles precisam desse dinheiro...E cigarro, bebida e bode? Oxe! A gente fuma o cigarro, toma e bebida e assa o bode e come. É muito mais proveitoso!"
Papai e mamãe convenceram tio Manoel a não fazer  a sessão descarrego/limpeza/amarração.


                                                
                                            

Trabalho

                                            


Sempre encontro alunos meus quando ando pelas ruas do bairro ou vou à lojas e comércio locais. 
Um deles me pergunta: "Aê, fessora. Suave?".
E eu respondo: "Beleza. É nóis".
Um outro pergunta: "Só de boa, fessora?".
"Só".
Já trabalhei em várias escolas de bairros diferentes e o que me chama a atenção é a mesma pergunta que os alunos sempre me fazem no início do ano letivo. 
Começam as aulas, nos apresentamos, conversamos, "trocamos uma ideia" e depois de muita falação, vem a pergunta clássica: "Professora, a senhora trabalha ou só dá aula?".
Eu só dou aula.


                                      


                                        

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Plataforma, Moda & Tendência

                                             


Segundo o dicionário Houaiss, Plataforma é uma superfície plana e horizontal, de nível mais alto que a área ao seu redor.
O.K.
Mas alguém teve a infeliz ideia de fazer/desenhar/criar/fabricar sapatos plataforma. Jesus!
Que coisa mais horrenda. Parece que as pessoas estão pisando sobre tijolos presos aos pés.
Aquilo também pode ser usado como arma, haja vista o tamanho/altura/espessura da coisa. Se jogar aquilo em alguém causará danos irreversíveis.
Com todo o respeito, mas é minha opinião.
Sapatinho desgraçado de estranho!
Gosto de observar a moda, os modismos e as tendências e confesso que tem muita coisa estranha que me faz perguntar: "Quem raios vai usar isso?!".
Minha irmã Renata, que entende de moda e faz desenhos maravilhosos, me disse que aquelas barbaridades que os modelos desfilam na passarela são tendências para a moda outono/inverno ou primavera/verão. Tá.
Mas se são tendências, por que então já não desenham e costuram a roupa certa de vez? Quem diabos vai sair na rua com panos enrolados pelo corpo e cabeça? E alguém anda daquele jeito, como se estivesse marchando e capaz de tropeçar nas próprias pernas? E todo mundo é alto, loiro e magérrimo como aqueles cadáveres ambulantes que atendem pelo nome de modelo?! Será que também fazem roupas para gente normal? Altos, baixos, gordos, magros...
Meu, na boa, mas que o bagulho é estranho, é. Desculpa aí minha ignorância e meu português ruim. Mas para um desabafo esse é o melhor.
Também acho estranho o estrelismo dos modelos e estilistas. Tem muita gente que amarra uns trapinhos nos corpos cadavéricos dos modelos e acham que estão arrasando. Ui!
Desculpa aí de novo.
Assisto a alguns desfiles e me divirto com os comentários óbvios de pessoas que se dizem entendidas de moda. As palavras usadas são sempre as mesmas: "atitude, personalidade, marcante". Não necessariamente nessa ordem.
As câmeras mostram o camarim dos modelos mais famosos e estrelas e ali vemos muita fruta, pães, doces, sucos, refrigerantes, água... 
Mas esse povo come? É um desperdício de alimentos. O povo não come; não sei como sustenta seus ossos sob a pele.
Sim, não cometamos abusos. Nem comer demais, nem de menos. Comer para viver e não viver para comer.
Minha irmã Renata também disse que as modelos precisam ser magras para que apenas as roupas chamem a atenção e não as modelos. Não sei se entendi. Mas se não querem que as modelos chamem a atenção, por que então pagam fortunas para modelos famosas, as "Übermodels", para desfilarem por meia horinha e sair dali com um bom dinheiro? Bastaria colocar as roupinhas/tendência em manequins de loja.
Então...
Observo a mulherada caminhar sobre os tijolos plataforma e já vi muitas delas quase torcer o pé para manter o equilíbrio em cima daquele troço que dão o nome de calçado.
A moda, a plataforma, os modelos, os estilistas e a tendência que me perdoem, mas para mim moda é aquilo que me deixa confortável.


                                          

Lotação

                                          


Temos dois tipos de lotação: a primeira é substantivo feminino e se refere à soma total ou capacidade máxima de algo.
O segundo é substantivo masculino e se refere a um meio de transporte. Aqueles buzão menorzinho mesmo, tá ligado?
Bom...
O lotação é menor e mais prático e passa em ruas estreitas, coisa que o ônibus tradicional e grandão não consegue fazer.
Uma vez tomei o lotação sentido Metrô Tatuapé e não sabia que havia mais de uma linha até o metrô. O lotação que tomei fez um caminho diferente ao que eu estava habituada e confesso que fiquei preocupada. Pensei comigo mesma: "Meu Deus, pra onde esse buzão está indo?". 
Fiquei com vergonha de perguntar ao motorista e/ou cobrador e fingi que estava apreciando a viagem olhando calmamente pela janela do coletivo.
Mas para meu alívio havia mais pessoas com a mesma preocupação que a minha. Acho que essas pessoas, assim como eu, não sabiam da diferença de rotas e linhas dos lotações.
Um rapaz alto, magro e vestido elegantemente olha ao redor com olhos e expressão questionadores e se dirige à senhora sua mãe: "Mainha, tem certeza que estamos no ônibus certo? Eu desreconheço esse caminho".
E mainha responde: "Sei não, meu rei. Melhor perguntar ao motorista".
Após ouvir esse diálogo, eu e outros passageiros do lotação nos imbuímos de coragem e perguntamos ao motorista se aquele ônibus nos levaria de fato ao Metrô Tatuapé. O simpático condutor do coletivo nos disse que sim e explicou que há mais de uma linha para o mesmo destino. Ah bom. Que alívio. Ufa! 
De outra feita estou no metrô Tucuruvi e devo tomar o lotação sentido Avenida Roland Garros ( a pronúncia correta do nome francês é "rolân gárrô, mas as pessoas falam como se escreve mesmo). O coletivo se aproxima, para no ponto e eu entro, certa de que iria sentido à avenida supra citada. Mas o lotação dá umas voltas, passa por umas ruas estranhas e nada de chegar ao destino pretendido por mim. 
O lotação chega ao ponto final e todos os passageiros descem; menos eu. Pensei que dali iria prosseguir viagem até chegar na avenida com nome francês. O motorista e o cobrador entreolham-se e se dirigem até a mim: "Senhora, a senhora tem que descer. Aqui é o ponto final".
"Mas esse ônibus não vai até a avenida Roland Garros?"
"Não, senhora. Não vai não. A senhora teria que ter pego o Vila Sabrina, esse aqui é o Vila Albertina. Mas aquele ônibus ali vai até o Metrô Tucuruvi e de lá a senhora toma o Vila Sabrina, certo?"
O motorista fez sinal para o lotação que se preparava para sair, eu agradeci e fui a caminho de meu destino. Entrei e quis confirmar com o motorista: "Moço, esse ônibus passa mesmo na avenida 'Rolân Gárrô'?". O motorista pensou um pouco, coçou a cabeça e disse: "Olha, moça, na avenida Roland Garros passa sim, mas nessa "Rolân Gárrô" não sei não".
"Tudo bem, qualquer uma das duas serve. Obrigada.


                                             

Cigarro

                                                                                 


Fui ao hospital para fazer alguns exames e enquanto aguardo leio "Ecce Homo" de Nietzsche.
Adoro Nietzsche. A literatura germânica é minha favorita. Muito densa, tensa, sofrida, pesada, forte, humana, demasiado humana.
Goethe e Kafka também fazem parte de meus favoritos. Kafka era tcheco, mas escrevia em alemão, por isso faz parte da literatura germânica. 
Recomendo "A Metamorfose", "Carta ao pai" ( encontro muita coisa de meu próprio pai nesse livro. É o drama kafkaniano).
De Goethe recomendo "Fausto" e "Werther". "Fausto" é denso e tenso e me comove a situação de Mefistófeles; mesmo tendo seus poderes demoníacos sofre com sua própria imperfeição física.
Maravilhosa literatura.
Mas....
Ah, sim. Falava sobre outra coisa.
É isso, começo a falar sobre livros e se deixar não paro mais. É meu vício e minha paixão (juntamente com minha família e o Corinthians, claro).
Sim...
Aguardo na sala de espera, leio meu livro, sou atendida, saio e caminho pela calçada. Necessariamente nessa ordem.
Era hora do intervalo para alguns funcionários do hospital e vejo muita gente uniformizada saindo pra lá e pra cá e indo em direção às padarias e botecos da região. Hora do café.
Observo um grupo de mulheres que pelo tipo de uniforme deveriam trabalhar na cozinha do hospital. Me chama a atenção uma delas; grávida. Me chama ainda mais atenção o fato de essa grávida segurar um cigarro entre os dedos e dar longas tragadas, como se saboreasse um acepipe.
Fiquei horrorizada. Como pode alguém fumar? Nada contra, cada um cada um, mas não entendo como uma pessoa pode dizer que o cigarro tem sabor. Sabor do quê? De mato queimado?
Lembro dos comerciais antigos de cigarro e muitos deles associavam imagens de esportes radicais ao sabor do cigarro e ao prazer de fumar. Esporte é saúde, cigarro não!
Desculpem-me os fumantes. Até entendo e respeito o vício, pois eu também tenho meus vícios e não gosto quando alguém os critica (gatos, livros, cerimoniosa e outras coisas que é melhor não comentar).
Então. 
Mas acho que todo mundo concorda comigo quando o assunto é grávida fumante. Vejo pelo lado da criança que é um feto ainda. Imagino os malefícios do cigarro à saúde desse bebê ainda em formação na barriga dessa mãe desnaturada!
Os riscos de nascer prematuro, ficar um tempo na U.T.I. Neonatal, baixo peso, baixa imunidade e tantos outros problemas que poderiam ser evitados se a mãe deixasse de levar o cigarro à boca e em vez disso levasse alimentos saudáveis. Que tal? Seria bom para ela mesma e para o bebê.
Mas tem gente que não pensa. Mas deveria.


                                               

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Shampoo

                                             


Ou xampu, se preferir.
Eu tinha sete anos e já complexada com meus cabelos cacheados.
Todos tinham cabelos lisos, menos eu. Achava uma injustiça.
Eu tinha os cabelos cacheados e volumosos. 
Quando assistia TV olhava interessadíssima para um comercial de shampoo onde a modelo, após lavar os cabelos com o tal shampoo, balançava os lindos, longos e lisos cabelos pra lá e pra cá. 
Imaginei que se o produto funcionou com a modelo, funcionaria comigo também. Eu teria cabelos lisos após lavá-los com o shampoo que prometia cabelos com brilhos e maciez. Tá.
Sob a influência da propaganda enganosa e na ânsia de ter cabelos lisos, despejei todo o conteúdo do frasco de shampoo e de condicionador (no meu tempo era creme rinse) nos meus volumosos e cacheados cabelos.
Não sobrou shampoo para ninguém.
Mamãe chega do trabalho e vai tomar banho; procura pelo shampoo e não encontra. Mãevelha conta o sucedido.
Resultado: levei broncas e sermões, mas os meus cabelos continuam o mesmo!


                                      


                                       


                                          

Corte de cabelo

                                              


Mamãe cortava os cabelos sempre com o mesmo cabeleireiro; hoje é hair stylist.
É muita frescura.
Bom...
Mamãe dizia que só ele, o cabeleireiro, sabia cortar seus cabelos do jeito que ela queria e o preço cobrado era razoável.
Os cabelos de mamãe cresciam muito e cresciam para cima; lembrava os cabelos de uma personagem de programa infantil da TV Cultura: Beakman.
Os cabelos de papai também cresciam para cima, assim como os de Fubá e os de Rafaela.
Num sábado de manhã mamãe diz que vai ao cabeleireiro. Passadas algumas horas ela volta, mas tivemos a impressão de ela ainda não tinha ido cortar os cabelos.
Olhamos para mamãe e perguntamos:
"Oxe mãe, a senhora não disse que ia cortar o cabelo? Cadê?"
Mamãe nos olha com cara de surpresa e diz:
Oxe, mas é claro que cortei. Vocês não estão vendo meu cabelo cortado não, é?"
Naldão olha para mamãe e diz:
"Só se foi um real de cabelo".


Beakman
                                           

VIP

Very Important Person (pessoa muito importante).
Não, não é bem assim.
VIP - Vim do Interior de Pernambuco.


                                      

Beber e dirigir

Acabei de escrever sobre nosso Natal em família e o fato de termos tomado umas cervejinhas.
Aqueles que dirigiam não beberam, ficaram só no refrigerante e suquinho.
Peço, aconselho e digo sempre: "Se for dirigir, não beba...
Se for beber, me chame".


                                        

Viagem Internacional

                                             


Família reunida para o Natal na casa de meu irmão Rogério.
Muita comida e algumas latinhas de cerveja fazem com que surjam mais lembranças e causos dessa minha família maluquetes.
Houve uma época, lá pelos anos 90, em que as pessoas viajavam muito ao Paraguai para buscar muamba e revender como se fosse artigo de luxo dos melhores shoppings da cidade. Hoje podemos ir à Rua 25 de março. A qualidade (duvidosa) é a mesma.
Mamãe faz um empréstimo para pagar pela viagem ao Paraguai e para comprar a muamba básica. Com mamãe vão minha irmã Renata e meu irmão Fubá.
Vão no buzão lotado de farofeiros-muambeiros-sacoleiros-international.
Vão e voltam carregados de quinquilharias e (in)utilidades domésticas. 
Fubá e Renata contam para os amiguinhos da rua e da escola que fizeram uma viagem internacional. Todos acham muito chique, muito "da hora". E fazem várias perguntas aos turistas internacionais.
"E para onde vocês foram?"
"Paraguai".
"Oxe. E isso lá é viagem internacional?"
"Claro que é, analfabeto. Caso você não saiba, Paraguai é um país".
"Grande coisa. Paraguai é aqui do lado".
"É, mas você não foi. Está com inveja porque nunca fez uma viagem internacional".


                                     

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sobre amor

Acabei de escrever/falar que não acredito nem em amor à primeira vista nem a prazo e para ninguém pensar que sou uma criatura sem alma, sem coração e incapaz de amar; revelo:
Tenho dois grandes amores na minha vida:
Minha família e o Corinthians.


                                        

À primeira vista

                                             




Vivemos numa era de relações cibernéticas/internéticas/internáuticas e afins.
Todo mundo tem um milhão de amigos virtuais e isso me faz pensar e perguntar: "E os amigos de verdade? Aqueles de carne e osso?".
Claro que a Internet é aquilo que você faz dela, como já mencionei aqui o inteligentíssimo comercial do Google Chrome, mas o que eu faço da Internet não é o mesmo que as outras pessoas fazem. Aí está a diferença e até mesmo o problema. Explico.
Tem gente que como eu usa a Internet como um instrumento para dividir e somar conhecimento e informação, mas tem gente que a usa para fins insólitos  e até mesmo criminosos.
Vejo sempre na TV e leio nos jornais sobre mulheres e jovens (crianças e adolescentes) que caem vítimas de predadores da Internet. São homens criminosos que arquitetam planos mirabolantes de sedução para atrair a vítima, roubá-la e muitas vezes tirar-lhe a vida.
Há campanhas de esclarecimento, reportagens alertando as pessoas para serem cautelosas para com supostos pretendentes e pessoas que se fazem passar por uma coisa que não são.
Cuidado!
E mesmo com o alerta da mídia as pessoas continuam caindo no conto do vigário.
Mulheres maduras, formadas, adultas que se deixam seduzir por garanhões de boa lábia.
Pessoas maduras, formadas, adultas que se deixam seduzir por falsos profetas, ditos líderes religiosos e outros tipos de picaretas e suas picaretagens.
Será que essas pessoas que caem nesses golpes e se deixam seduzir por esses malandros são tão inocentes e carentes assim? Será que o amor emburrece mesmo? E deve cegar também.
Claro, nem todo mundo é mau, mas saibamos separar o joio do trigo.
Somos adultos e devemos zelar por nós mesmos e por aqueles que dependem de nós.
Adultos devem monitorar o tempo que a crianças passam em frente ao computador.
E por falar nisso; esses dias estava eu terminando de escrever uma postagem e mandei o link para minha página em uma rede social. Uso essas redes para divulgar meu blog e tenho tido a sorte de encontrar pessoas bacanas e gentis que apreciam o que eu escrevo.
Então, envio o link e acesso meus e-mails, como sempre faço. Entre esses e-mails há um que parece ter sido escrito pela personagem (sim, personagem é substantivo feminino, mesmo que se refira à uma personagem masculina. Entendeu?) Romeu de William Shakespeare. O autor do e-mail romântico fizera perguntas que mais pareciam de um agente do Censo. 
Meu, vaza!
Se enxerga!
Eu tenho espelho em casa e tenho também um cérebro que faço questão de usar. 
Eu também não sou dessas menininhas pseudo inocentes com excesso de fogo no rabo.
Eu também não sou dessas mulheres com excesso de falta de alguém que reacenda o seu apagado fogo no rabo.
Desculpem meu português padrão.
E ainda me perguntam: "Mas você não acredita em amor à primeira vista?"
"Nem à vista. Nem a prazo".