sexta-feira, 26 de agosto de 2011

São tantas emoções

Estive bem triste esses dias, bem deprê mesmo! Sou humana, demasiado humana (Nietzsche).
Deixei de fazer coisas que gosto, de ver pessoas que gosto e de ir a lugares que gosto: basicamente à casa da minha irmã e ao Pet SHop para comprar a ração das minhas gatas. Isso sem contar visitas a médicos gatinhos (sim, meus médicos são gatíssimos), visitas à farmácia para comprar tudo no cartão de crédito e quando a fatura chegar só pagar o mínimo. O pobreza! Queria ser pobre só uma vez na vida, porque todo dia é dose!
Fico imaginando a dificuldade pela qual passam idosos aposentados; recebem o salário mínimo e o deixam praticamente na farmácia. Os remédios são caros demais! É muita ganância e mesquinhez lucrar com a doença das pessoas!
Pensei em me isolar das pessoas, de tudo e de todos. Escrevi e-mails para a Silvia, uma amiga muito bacana e ela sugeriu a ideia do blog. Ela e eu pesquisamos sobre Acromegalia, mas não encontramos muita coisa. E o curioso é que quando finalmente encontramos alguma informação, nos surpreendemos com o número de pessoas acromegálicas no Brasil e no mundo! Então por que essa doença é tão desconhecida?
Fiquei bastante animada com a ideia do blog e seria estranho eu me isolar de uma das minhas maiores paixões: ler e escrever. E além do mais, esse blog tem o intuito de trocar informações com pessoas que, acromegálicas ou não têm o desejo de buscar conhecimento (não, não é o E.T. Bilú !) e evitar/desfazer o preconceito.
E decidi...Não, não vou me isolar de jeito maneira jeito qualidade! Não tenho culpa de ser acromegálica!Não tenho culpa de não me encaixar nos padrões de beleza estabelecidos. Estabelecidos por quem mesmo?
Tenho o direito de ir e vir. Como dizia minha titância mãe, sou honesta, sou cumpridora dos meus deveres e não desejo mal a quase ninguém.
Se queremos respeito temos primeiramente de respeitar e nos fazer respeitar. Então é isso. Se me olham, dou um sorriso, se insistem, pergunto se posso ajudar. Isso deixa a pessoa sem graça, desarmada, com cara de bunda mesmo. Bunda tem cara?
Falei hoje com o Valdir, um amigo acromegálico e perguntei se poderia mencioná-lo no blog. Ele concordou. Um cara legal, trabalhador esse Valdir. Vive ocupado.
Estou divulgando meu blog e minha irmã Renata também está divulgando entre suas amigas. Minha irmã não é o Roberto Carlos, mas ela tem um milhão de amigos!     
...                                                                           
Bom...minha cabeça está a mil. Tenho lido muito e retorno à escrita. As lembranças e as saudades de meus pais me trazem de volta memórias que fazem parte do que nós somos hoje. 
São tantas emoções...
No caminho de volta para casa, hoje à tarde, lembrei-me de algumas frases absurdas de papai. Meu Deus, era muita "inguinoránça!"
Para começar, papai dizia que era um homem sem defeito, era o homem de Deus. Aliás, segundo ele mesmo, meu pai e não Deus, o único defeito que ele tinha era o de ser pobre. Era honesto, trabalhador, nordestino e cabra macho.
Certa vez, no que deveria ser um simples exame de próstata, papai revoltou-se e disse essa pérola ao médico: "Sou pernambucano, Palmeirense e Macho! E ninguém vai enfiar o dedo no meu r...!".
Papai também trocava as letras e as sílabas das palavras, as pronunciava com seu jeito particular, sua própria marca de oralidade. Pesquisávamos nos livros - não havia Internet naquela época - sobre sanguessuga e papai nos corrigiu a pronúncia; disse que não era sanguessuga e sim xamexuga! Não adiantou tentar convencê-lo do contrário e ainda lhe mostramos o livro. Papai disse: "O livro está errado! É xamexuga"!.
É..."A inguinórança astravanca o pogresso!"
José Soares. Meu pai.
Pernambucano, Palmeirense e Macho!

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