sábado, 27 de junho de 2015

Benção

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Aguardava ser chamada pelo médico e uma senhora inicia conversa comigo. Outra senhora se aproxima e a tagarelice continua; interessante.
Todas as três distintas senhoras, inclusive eu, têm problemas ortopédicos: coluna, joelhos, ombros... É a vida, que vai ficando dolorida à medida que envelhecemos.
A primeira senhora, de olhos claros e cabelos oxigenados, me pergunta como faço para lidar com as dores, o entrevamento e a parte emocional também; afinal, corpo e mente são afetados quando não estamos bem de saúde.
Ela me pergunta qual minha religião, se tenho fé e se frequento algum templo, igreja, loja, sinagoga, mesquita, terreiro...
Eu respondo que tenho fé, mas não tenho e nem sigo nenhuma religião específica e gosto muito do Espiritismo Kardecista, das religiões Afro-brasileiras e toda essa coisa mística, bonita...
A outra senhora, vestida no modo padrão de sua religião: cabelos presos em um coque, saia comprida em um dia de muito frio em São Paulo, arregala os olhos e diz: "Tá repreendido!"
Por quê?! 
Não temos, cada um de nós, o direito de buscar conforto espiritual onde e com quem temos mais afinidade?
Somos obrigados a seguir à uma única e exclusiva fé?
Temos o direito de diminuir e até destruir os símbolos de outras fés, machucar pessoas só porque consideramos NOSSA fé a mais correta?
O que tenho visto e ouvido muito, além do "tá repreendido", é o substantivo "benção", usado para se referir aos objetos, coisas e valores materiais conquistados, ganhos ou presentados.
Desde pequena aprendi que benção, ou bênção, é uma coisa divina, uma dádiva, um alívio em momentos difíceis, um alento nas horas mais pesadas.
É aquela esperança que surge não se sabe de onde; a fé e a esperança, o acreditar que tudo vai dar certo e com isso seguir em frente acreditando que a fase ruim vai passar. Isso, para mim é benção.
Mas os tempos mudaram, religião hoje é comércio e vende-se de tudo: de fronhas a menorah (candelabro judaico), com seu significado real deturpado para servir ao propósito de se ganhar dinheiro às custas daqueles que foram convencidos a acreditar.
Querem a cura gay, como se ser gay fosse doença.
Muitos pastores, ditos ex gays, pregam a cura gay, mas não deixam para trás seus trejeitos e modo de falar.
Têm ex marido, ex amigo, ex colega, mas ex gay não.
Sei que toco em um assunto delicado, mas por que não posso falar sobre esse mesmo assunto? Que direito têm uns de diminuir o outro, seja na sua fé ou na sua opção sexual, por exemplo?
Tanta soberba e arrogância... 
Será que leram a bíblia direitinho? Soberba é um dos sete pecados capitais: gula, luxúria, preguiça, avareza, ira, inveja e soberba.
Meu Deus do céu, que frio é esse? 
Tá repreendido!
É isso.



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