terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Muro

                                    


"Não tenho medo de ficar só, tenho pavor de não poder falar".
Vi essa frase pichada em um muro da Avenida 23 de Maio, a caminho do Hospital do Servidor Público Estadual.
Pagar plano de saúde tornou-se inviável e impraticável; os altos preços cobrados, o longo tempo de espera por uma consulta e a burocracia cheia de frescura para fazer exames mais complexos me fizeram partir para o que tenho direito.
Fui atendida por dois médicos: um bem ativo, falante e experiente e o outro mais devagar que o Rubinho Barricchello. O médico falante demonstrou interesse por meu caso e só de me ouvir descrever os sintomas, já identificou o que era e me encaminhou para o "Grupo de coluna".
Tudo de novo.
Pensei que ficaria livre de médicos e hospitais e pensei que ficaria boa pelo resto da vida depois de tudo o que passei, mas encarar é preciso.
Passei longas horas no hospital, vi muita gente entrando no consultório fazendo cara de doente e saindo de lá segundos depois com cara de quem comeu e não gostou.
Tem que ser muito dissimulado/a e ter muita coragem para encarar todo esse trânsito de São Paulo, encarar filas e longa espera até ser atendido/a só por estar com uma dorzinha. Na verdade, essas pessoas queriam laudos médicos que os afastassem do trabalho por um tempo. É muita coragem, ânimo e disposição.
Uma senhora reclamava de tudo, uma outra entrou no consultório segurando a mão e fazendo cara de dor e ouviu do médico: "Não é nada demais".
"Si ferrô, hihihi".
Vejo professores tirando licença médica só por estarem com um resfriado comum; já falei sobre isso aqui.
Eu pedindo a Deus saúde. Apenas saúde.
Levantar cedo, ir para a escola, sair de lá e fazer as coisas que preciso: banco, supermercado, ração, farmácia, padaria, posto de combustíveis, casa da irmã...
Quero ter essa liberdade de ir e vir sem depender de bengala, andador ou cadeira de rodas.
Quero ter saúde e liberdade para viver minha vida simples. Só isso.
Me irrita ver gente que não tem o que fazer, parece, perdendo horas em um hospital só para se dizer doente e se fazer de vítima para a família, conhecidos etc...
Quer chamar atenção? Bota uma melancia no pescoço! 
Se soubesse o valor da saúde, não iria querer uma doença que lhe rouba a liberdade, a saúde, o viver a vida.
Não via a hora de sair dali. Fiquei triste por estar de novo em um hospital, mesmo por conta de uma simples consulta.
Fico triste por não poder andar livremente. Fico triste por não conseguir dormir uma noite inteira e ter que levantar para passar pomada no joelho, tomar remédio para controlar as dores e depois tomar os remédios para controle da pressão alta, diabetes, tiroide, os corticoides...
Essa gente que quer ficar doente a todo custo deve ser doente de fato, mas é doente da alma, do espírito; assim como gente que come demais e não se dá conta do mal que está fazendo a si mesmo. Com todo respeito.
Constroem muros em torno de si mesmos.
Como dizia mamãe: "Cada cabeça uma sentença".
É isso.


                                  
                                  




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