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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Desejo

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Acho que pela primeira vez na vida desejei ser internada para que a cirurgia na coluna fosse logo realizada. Desejei que o hospital ligasse e dissesse para eu comparecer para a internação porque a equipe médica já havia marcado a cirurgia.
Desejei e pedi a Deus que os médicos tenham chegado a um consenso e decidido sobre qual o melhor modo de retirar o cisto que comprime a medula. Tudo feito com segurança, sem problemas e sem complicações para minha saúde.
O tempo está passando tão rápido; parece que voa.
Um ano em casa, sem dirigir e saindo basicamente para ir às consultas médicas e aos laboratórios. Um ano dependendo da minha irmã para ir à feira e ao supermercado e fazer as compras que preciso. Um ano contando com a ajuda bondosa da minha irmã e meu cunhado.
Essa semana não começou bem para mim, muita inquietude, raiva, frustração, desespero, preocupações, ansiedade, tristeza... Deus do Céu.
Hoje fez calor e eu detesto! A pressão sobe ainda mais, eu me irrito ainda mais. Como pode alguém gostar dessa sensação de estar dentro de um forno?!
Não sei se minha coluna está piorando, mas sei que as dores estão mais intensas e sinto a região lombar doer muito e "borbulhar". 
Virei para um lado, para o outro e decidi levantar e andar pela casa; assim "engana" a dor um pouco.
Orelhas, pescoço e olhos vermelhos: pressão alta.
Tomei os remédios e voltei para a cama, adormeci. Acordo sempre muito molenga e lenta. Só fiz as obrigações diárias e depois me deitei no sofá.
Senti-me furiosa, irritadiça e querendo fazer uma revolução, me rebelar contra algo ou alguém. 
Essa situação me incomoda, me irrita, me frustra e tira minha liberdade e é motivo suficiente para uma rebelião.
Acho que vou sair às ruas protestando contra a mudança feita nas escolas de São Paulo, contra a violência sofrida por crianças, mulheres, idosos e animais, me rebelar contra a destruição massiva da Natureza e coisas assim.
Eu que sempre fui tão ativa, tão viva e cheia de planos para o futuro: voltar a estudar, mais uma faculdade ou um mestrado, quem sabe.
Dedicar meu tempo, minha vida e minha saúde às coisas simples que eu gosto tanto e que são tão caras para mim.
Tenho andado impaciente, furiosa, revoltada, ansiosa, cansada...
Vejo esses comerciais de café e fico com vontade.
É isso.



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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Muro

                                    


"Não tenho medo de ficar só, tenho pavor de não poder falar".
Vi essa frase pichada em um muro da Avenida 23 de Maio, a caminho do Hospital do Servidor Público Estadual.
Pagar plano de saúde tornou-se inviável e impraticável; os altos preços cobrados, o longo tempo de espera por uma consulta e a burocracia cheia de frescura para fazer exames mais complexos me fizeram partir para o que tenho direito.
Fui atendida por dois médicos: um bem ativo, falante e experiente e o outro mais devagar que o Rubinho Barricchello. O médico falante demonstrou interesse por meu caso e só de me ouvir descrever os sintomas, já identificou o que era e me encaminhou para o "Grupo de coluna".
Tudo de novo.
Pensei que ficaria livre de médicos e hospitais e pensei que ficaria boa pelo resto da vida depois de tudo o que passei, mas encarar é preciso.
Passei longas horas no hospital, vi muita gente entrando no consultório fazendo cara de doente e saindo de lá segundos depois com cara de quem comeu e não gostou.
Tem que ser muito dissimulado/a e ter muita coragem para encarar todo esse trânsito de São Paulo, encarar filas e longa espera até ser atendido/a só por estar com uma dorzinha. Na verdade, essas pessoas queriam laudos médicos que os afastassem do trabalho por um tempo. É muita coragem, ânimo e disposição.
Uma senhora reclamava de tudo, uma outra entrou no consultório segurando a mão e fazendo cara de dor e ouviu do médico: "Não é nada demais".
"Si ferrô, hihihi".
Vejo professores tirando licença médica só por estarem com um resfriado comum; já falei sobre isso aqui.
Eu pedindo a Deus saúde. Apenas saúde.
Levantar cedo, ir para a escola, sair de lá e fazer as coisas que preciso: banco, supermercado, ração, farmácia, padaria, posto de combustíveis, casa da irmã...
Quero ter essa liberdade de ir e vir sem depender de bengala, andador ou cadeira de rodas.
Quero ter saúde e liberdade para viver minha vida simples. Só isso.
Me irrita ver gente que não tem o que fazer, parece, perdendo horas em um hospital só para se dizer doente e se fazer de vítima para a família, conhecidos etc...
Quer chamar atenção? Bota uma melancia no pescoço! 
Se soubesse o valor da saúde, não iria querer uma doença que lhe rouba a liberdade, a saúde, o viver a vida.
Não via a hora de sair dali. Fiquei triste por estar de novo em um hospital, mesmo por conta de uma simples consulta.
Fico triste por não poder andar livremente. Fico triste por não conseguir dormir uma noite inteira e ter que levantar para passar pomada no joelho, tomar remédio para controlar as dores e depois tomar os remédios para controle da pressão alta, diabetes, tiroide, os corticoides...
Essa gente que quer ficar doente a todo custo deve ser doente de fato, mas é doente da alma, do espírito; assim como gente que come demais e não se dá conta do mal que está fazendo a si mesmo. Com todo respeito.
Constroem muros em torno de si mesmos.
Como dizia mamãe: "Cada cabeça uma sentença".
É isso.


                                  
                                  




quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Primavera... Tarde fria

                          


É Primavera, mas o frio ainda é de Inverno.
Fiquei alguns dias na casa da minha irmã Rosi, como havia dito anteriormente, e voltei para minha casa por motivos óbvios: não abusar da boa vontade da minha irmã e meu cunhado e a saudade e os cuidados para com meus gatos.
E além do mais, visita é que nem peixe, depois de três dias começa a feder. Na boa.
As pessoas têm seus hábitos, regras, manias, horários... e fica chato quando tem alguém de fora para atrapalhar essa ordem, mesmo que seja parente de sangue.
Eu digo isso por mim, sabe? 
Tenho minhas manias, meus horários, rotinas...
Adoro receber visitas, mas quase ninguém vem à minha casa e quando vem, parece que veio buscar fogo, como dizíamos antigamente.
Alguns dizem que é porque tenho muitos gatos.
Outros dizem que é porque sou antissocial.
Não sei quais os reais motivos, mas por mais defeitos que eu tenha sou uma pessoa educada que trata a todos com respeito e educação e o fato de ser antissocial faz parte de meu caráter solitário, faz parte de quem sou e isso não é crime.
Nunca fui afeita a grandes arroubos de emoções, exageros e afins; sou mais na minha e não vejo nada de errado nisso.
Confesso que não gosto muito de ver excessos entre amigos, namorados e afins. Acho desnecessária e deselegante toda essa beijação, abraços, amassos e pegação em público; tem lugar e hora pra isso.
Bom...
Tive uma boa melhora após tomar os corticoides, consigo me virar bem com o andador e a cadeira de rodas e estou estudando o melhor meio de sair com o carro levando parte ou toda essa parafernália. 
A bengala ajuda pouco agora e não é tão segura e o ortopedista sugeriu que eu usasse o andador para dar mais segurança e estabilidade.
Não é sempre que pode-se contar com um parente, amigo ou conhecido que tenha carro e paciência para nos locomover pra lá e pra cá.
Não sou Angélica para ir e voltar de táxi o tempo todo; haja grana.
Meu possante está na garagem e não o dirijo há umas duas semanas ou mais. 
O problema, como sempre, é encontrar a bendita vaga para deficientes físicos livre e desimpedida e o outro problema é o montar e desmontar toda a tralha que ajuda a me locomover melhor.
A compressão na medula continua e por isso os movimentos são limitados e vêm acompanhados de dores e entrevamento. Nova cirurgia ou cirurgias são necessárias e espero apenas pela bendita vaga no hospital para que possam me examinar de norte a sul e depois decidirem o que farão comigo.
Quero voltar a andar normalmente, ter uma vida normal, ter saúde, ter paz.
Algumas muitas vezes me revolto e me pergunto para que raios serviram tantas cirurgias e internações se estou igual ou pior ao que era antes da descoberta da Acromegalia e de todos os procedimentos envolvidos no tratamento da doença.
Não gosto de incomodar ninguém, só quando é realmente necessário.
Gosto da companhia das pessoas, mas depois gosto de voltar para meu aconchego, ir para meu cafofo com minha gataiada. Mas se fico doente, toda essa paz e simplicidade são destruídas e preciso incomodar alguém, suas famílias e seus lares.
Claro que não sou folgada, procuro incomodar o mínimo e ser sempre educada e gentil, mas a gente sabe quando já deu (é hora de voltar pro cafofo da gente).
Acho que não peço nada demais; peço apenas saúde para poder viver minha vida em paz, trabalhar, estudar, cuidar de mim e das coisas que gosto. Sem saúde não da pra fazer muita coisa.
Tem gente que pede riquezas, aparências, amores, bonitezas...
Quero nada disso não, quero apenas minha saúde.
Com saúde a gente tem tudo. O resto a gente corre atrás.
É isso o que eu quero: saúde.
Bom...
Tem feito muito frio e me levantei pela manhã; fiz algumas coisas leves pela casa, tomei os remédios e bateu o cansaço. No frio minhas pernas doem mais.
Fui ao quarto para arrumar a cama, me cansei e acabei me deitando pelo que seria alguns minutinhos. Adormeci.
Acordei algumas horas depois com nove gatos ao meu redor, aos meus pés, no meu travesseiro...
Todos encolhidinhos com frio. 
Fez uma tarde muito fria hoje.
É isso.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Olhos Azuis

                              



Fui dormir às duas da manhã. Tentei ler, como havia dito, mas Cássio estava carente, dengoso, manhoso, choroso...
Cássio ficou no meu colo, deitou-se sobre meu peito, ronronou e adormeceu.
Fiquei com dó de tirá-lo desse conforto e segurança e o deixei dormir e sonhar.
Muito frio de madrugada e aos poucos, um a um, os outros gatos vieram se acomodar no conforto quentinho dos cobertores.
Tomei meu chá de gengibre com limão e não tomei remédios para essas dores infames; enjoei de remédios que só dão sono e enjoo e optei por algo mais natural, pelo menos na hora de dormir.
Adormeci e acordei com dores nas pernas e no joelho direito. Pelo amor de Deus!
Foi uma dor aguda e que chegou rápida como uma pancada; doeu muito.
Viro na cama, massageio as pernas, faço alguns movimentos que aprendi na fisioterapia, deito de costas, dobro as pernas e a dor esvanece aos poucos.
Adormeço e tenho mais um dos meus sonhos muito simbólicos.
Estava na escola, em sala de aula, meu lugar favorito, apesar de todos os problemas.
Um grupo de pessoas entra na sala acompanhadas pela diretora, estranho. Essas pessoas me dizem para acompanhá-las e eu digo que não posso largar a sala de repente.
A diretora assume meu lugar.
Saio inquieta, irritada, curiosa.
Esse grupo me leva a um hospital e dizem que precisarei raspar a cabeça porque farei quimioterapia. Por quê?
Estão todos de branco e eu também.
Uma pessoa do grupo me diz que antes preciso passar em um lugar, uma pessoa deseja me ver. Não quero, tenho vergonha de ser vista careca.
Ando ao lado desse membro do grupo e a pessoa que queria me ver vem ao meu encontro. É alguém conhecido, alguém que está sempre nos meus sonhos, alguém que me deu doces em sonhos anteriores, alguém que sempre me olha carinhosamente com belos e penetrantes olhos azuis.
Meu Deus.
Acordei.
Vou tentar arrumar o máximo que puder pela casa; já procurei uma diarista e ela está com a agenda cheia; vou me virando por aqui e assim que ela ficar livre, virá me ajudar com a limpeza da casa.
A casa não é grande, minhas forças é que são poucas e as dores muitas. Podia ser ao contrário.
Coloquei roupa na máquina, limpei o quintal e a areia dos gatos e agora falta "apenas" varrer e limpar o chão da sala, quarto, cozinha, banheiro e garagem. Não sei se conseguirei.
Ainda preciso levar o carro para arrumar o pneu e comprar ração para a gataiada.
Deus meu Deus, seja feita a Tua Vontade.
A minha vontade é ter saúde, voltar a trabalhar e fazer as coisas que mais gosto, mas se eu tiver que lutar mais batalhas, lutarei.
Sou guerreira, embora esteja mais para um Dom Quixote esquálido do que para uma São Jorge Guerreiro.
Deus, meu Deus.




                                      



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Exagero

                             


Tive dias difíceis, e noites também.
As dores articulares estão cada vez mais fortes, intensas e duradouras. Doem joelhos, coluna, pés e virilha.
Tento fazer alguns movimentos que fazia na fisioterapia, mas não consegui, eu estava dura demais.
O auge das dores foi durante o fim de semana e para ajudar a piorar, os vizinhos barulhentos estavam mais barulhentos do que nunca. Pelo amor de Deus.
Eles falam tão alto que tem-se a impressão de que um está longe do outro, mas não, estão todos no mesmo local.
Não fazem questão de privacidade, pois falam ao telefone da calçada ou do meio da rua, literalmente!
Será que pensam que todo mundo é surdo?
Tocam músicas horrendas em volume alto, claro, mas sábado foi o auge do mal gosto. Tocaram uma música igual; acabava uma e começava a outra e parecia que era a mesma música que era tocada sempre, sempre, sempre.
Haja paciência.
Será que nunca ouviram falar em fone de ouvido?
Aguentei do meio dia até as cinco da tarde.
Liguei o rádio para abafar a música deles, mas como não estava bem, queria ficar quieta e em silêncio. Impossível.
Liguei para a dona da casa e reclamei; chorei as pitangas mesmo.
Esses vizinhos são barulhentos, escandalosos, falam alto e são exagerados até mesmo quando brincam com o bebê, que por sua vez, não emite os sons tradicionais emitidos pelos bebês de pais educados.
Deve ser trauma ou vergonha.
Não gosto de hospitais, apesar de passar temporadas neles, mas até pensei que se o médico me internar, irei agradecê-lo.
E a vida continua.
É isso.


                                       

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Helicópteros

                              


Adormeci pela manhã e tive um sonho que me deixou meio triste.
Estava em um hospital moderno que tratava de pacientes com câncer; helicópteros particulares e da polícia sobrevoavam o local.
Vejo dois bebês em um dos helicópteros e eles vão ao hospital para serem tratados. Tadinhos.
São bebês de menos de um ano e são tão bonitinhos.
Vejo uma moça com um tumor enorme e que ela tenta esconder sob a blusa; ela me olha com olhos tão tristes.
O hospital está lotado e muita gente a andar para todos os lados. Vejo papai deitado em uma cama e dou-lhe uma bronca. Digo que ele não tem câncer e que está tomando o lugar que poderia ser de alguém que realmente precisa.
Mas papai estava interessado em uma enfermeira ou paciente bonitona.
Olho para aquelas pessoas deitadas ou sentadas em suas camas, a tomarem remédios, a serem cuidadas. Vejo suas cabeças carecas, seus olhares tristes, suas dúvidas e esperanças. Meu Deus.
Acordei muito triste e pedi a Deus e ao Povo lá de Cima que cuidem dessas pessoas, sejam elas desse lado da vida ou de qualquer outro lugar, mas que as amparem, as acalentem, as façam sorrir.
Voltei a dormir e me vi tentando amarrar um enorme lenço branco de seda em minha cabeça. Eu ficava tão bonita. Mas isso só no sonho mesmo.
Subo as escadas de uma casa e lá há uma festa. Alguém sorri carinhosamente para mim e me da doces, balas e jujubas coloridas.
Vejo três moças loiras e bonitas e elas falam comigo e me dão conselhos. Vejo que elas têm pés grandes como os meus e experimento o sapato delas. Fiquei feliz por encontrar pessoas como eu e isso me fez sentir menos só.
Acordei mais aliviada.
Antes de fazer a primeira cirurgia sonhei com pessoas deformadas, doentes tanto física quanto emocionalmente, abandonadas pela família, tristes, solitárias e largadas em uma ala de um hospital.
Acordei tão triste e pedi por essas pessoas.
Desde que o mundo é mundo sabemos que o que se leva dessa vida é a vida que se leva. Não levaremos riqueza, posses, poderes, nada disso e mesmo assim as pessoas são perversas, cruéis, cínicas, hipócritas...
Conheci mais uma paciente acromegálica que foi deixada pelo marido assim que ele soube sobre a doença dela.
Ninguém quer cuidar de alguém doente, todos querem que todos os outros sejam saudáveis, bonitos, perfeitos, mas se esquecem que as doenças não escolhem, elas apenas acontecem.
E acontecem para ricos, pobres, feios, bonitos... Todos somos suscetíveis, ninguém é inatingível, mas muitos pensam e agem assim.
Eu vou ficar bem.
Tenho fé.
É isso.



                                       

terça-feira, 30 de julho de 2013

Calçada

                                  


Levantei cedo para aproveitar o sol. Lavei lençóis e edredons.
Sentei-me na cadeira que fica no quintal e de lá observei a tarde, minhas plantas e meus gatos. Lindos.
Alimentei meus felinos famintos com ração molhada, a favorita deles.
Cansei.
Estou igual ao Rubinho Barrichello quando corria na Fórmula 1, começo com um arranque que benza Deus, mas depois acaba tudo.
Deitei-me no sofá e adormeci.
Sonhei com papai e ele entrava aqui em casa e fazia comentários sobre minhas plantas e sobre o relógio de luz (medidor de energia).
Papai depois sentava-se na calçada; fazia uma belíssima tarde de sol. Era hora do crepúsculo, do ocaso, do fim da tarde e ficava aquela luminosidade bonita que nem é dia de tudo e nem noite ainda. Lindo.
Eu caminhava segurando a mão de um menino e precisava levá-lo de volta para casa. O céu estava tão bonito, coalhado de estrelas, como dizia mamãe.
De repente me encontro em um aeroporto e tudo está parado porque há suspeitas de um maluco que lançara um vírus mortal; eu hein.
Todos correm por um porta e nos encontramos todos em um hospital. Sou chamada e uma enfermeira anota minhas informações. Ihhhhhh... Tô gostando disso não!
Estou na minha escola que um dia foi tão bonita e hoje parece mais uma prisão; cercada de grades horrendas por todos os lados.
Subo as escadas apressadamente e converso com uma pessoa enquanto seguro a mão do menino. Faço perguntas rápidas e tenho pressa, preciso levar o menino de volta para o lugar de onde o peguei.
Questiono essa pessoa e faço perguntas de ordem filosóficas, religiosas, sobre a vida, o mundo...
Se o menino é meu, por que não posso ficar com ele? Por que tenho que devolvê-lo? Se ele nunca veio a esse mundo, por que cresce como um menino normal? O que posso fazer para deixá-lo feliz e fazê-lo sorrir? Ele tem olhos tão tristes.
Estou em uma casa diferente, bonita, mas estranha. A sala é grande e mobiliada com móveis clássicos, mas tem uma pia de cozinha no canto da parede. Que lugar mais estranho para se colocar uma pia de cozinha!
Acordo com o centrifugar da máquina de lavar. 
Vou ao quintal e estendo as roupas nos varais remendados. 
Preciso comprar novos varais.
É isso.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Vício

                                



Já havia me consultado com o ortopedista viciado em tecnologia do Hospital Aviccena, e, pelo que pude perceber nessa minha mais recente passagem pelo hospital, o "vício" não é só privilégio do doutor, é de praticamente de toda a equipe médica do local.
Da outra vez que me consultei com o ortopedista, estranhei o fato de demorar mais para fazer a ficha do que para ser atendida e supostamente examinada por ele. O cara não tirava os olhos do celular onde pipocavam aqueles sons chatinhos indicando que tinha novas mensagens.
Ele olhava para mim, fazia anotações e olhava para o celular; tudo ao mesmo tempo agora.
Perguntei-lhe se não me mandaria fazer radiografias para ver melhor o problema e ele disse que não seria necessário e me mandou para a sala de medicação. Pelo que percebi, esse doutorzinho queria era ter o mínimo de trabalho possível para poder ter mais tempo para brincar com aquela porcaria de celular.
Saio do consultório meio frustrada e enquanto me dirijo para a sala de medicação, vejo um grupo de jovens médicos munidos de seus poderosos celulares ultra-mega-power-plus modernos e uma médica diz para o restante do grupo: "Acabei de checar meu status e vocês comentaram que vou trabalhar do plantão do fim de semana. Eu nem sabia e você já sabiam e postaram. Nossa!"
Nossa mesmo! 
Quanta futilidade, inutilidade, vazio e abestalhamento.
Fiquei das três da tarde até as onze e meia da noite no hospital e o que vi foi um festival de sons e cores de celulares, tablets e aparelhos afins.
Todo mundo conectado, todo mundo se achando muito importante; tudo um bando de besta, na boa.
Ao meu lado um paciente com seu Nextel barulhento, apitando, no "viva voz", incomodando, perturbando. 
Eu penso assim: Se eu estou doente e vou a um hospital o que mais quero é ser atendida, tomar o medicamento e voltar para casa. Pronto. Pra que raios vou ficar pendurada ao telefone, falando asneiras e bancando a importante? Vou ganhar o que com isso?
Deixei minha bolsa com minha irmã e pedi que atendesse ao celular caso tocasse, mas ela já havia avisado a quem interessava saber que eu estava no hospital e pronto.
Médicos, enfermeiros e pacientes, todos munidos de seus celulares e todos checando a cada momento se havia algo de novo postado, enviado, mandado, compartilhado, curtido...
Usar sim o aparelho para avisar e dar notícias aos familiares sobre o paciente no hospital é uma coisa, mas ficar que nem um bobo cibernético já é outra coisa.
Eu já estava com vontade de tomar o aparelho do paciente barulhento e jogá-lo na parede (ambos, o celular e o paciente barulhento)!
Imagina só a pessoa passando mal, querendo se deitar e descansar um pouco, mas tendo que aguentar gente mal educada falando pelos cotovelos em seus aparelhinhos barulhentos.
Será que conseguiriam desligar seus aparelhos e se dedicar ao trabalho? Conseguiriam sobreviver sem checar mensagem, sem postar nada, sem curtir ou compartilhar nada? 
As pessoas estão muito viciadas nisso e esse vício etá se tornando muito sério, até mesmo entre os profissionais da saúde.
É isso.





quarta-feira, 8 de maio de 2013

Hospital

                                 


Estou bem moída, com dores no corpo, juntas (articulações) duras e doloridas.   Pensei que estivesse livre da gripe que me derrubou legal semana retrasada, mas ela voltou e está me derrubando mais forte dessa vez.
Faço o mínimo pela casa e já é um grande esforço para mim; me canso muito rápido.
Estou preocupada com esse meu entrevamento, está cada vez mais difícil me levantar, andar, me locomover. Sinto como se fosse uma múmia, toda dura.
Não fui trabalhar hoje e amanhã provavelmente não. Vou ao hospital e temo ficar por lá uma temporada.
Minha preocupação é com os gatos, a casa, a correspondência e outras coisas.
A mais recente temporada que passei no hospital foi quando fiz a cirurgia para correção de fístula liquórica e isso foi em fevereiro de 2012.  Já passei quinze, vinte dias e até mais internada e isso me preocupa.
Não tenho muita proteção natural, já tive meningite e alguns edemas cerebrais que foram controlados durante as temporadas de internação.
Muito medicamento que detonava as veias e tornava difícil o trabalho das enfermeiras. 
É difícil ficar longe de casa, longe das coisas que gostamos, longe da nossa liberdade. Mas se necessário for, irei e ficarei.
Temo pelos meus gatos e minhas plantas. Nem todo mundo gosta ou tem paciência para cuidar deles.
Como já disse antes, desconfio de pessoas muito práticas, frias e "secas" que não gostam de plantas, animais ou das coisas da Natureza.
Ainda é cedo e acho que nem vou secar os bambis; vou para a cama e amanhã será melhor.
Amém.


                                 

quinta-feira, 28 de março de 2013

Vila

                               



Todos nós sonhamos, embora às vezes não nos lembremos do que sonhamos.
Eu tenho sonhos pesados, intensos, tensos e acontecem quando estou em um estágio de sono "meio dormindo e meio acordada".
É como se estivesse ao mesmo tempo do lado de dentro do sonho e do lado de fora. Sei lá.
Sonhei que estava em um vila de rua bem comprida e com várias casas simples. Em cada casa moravam pessoas diferentes; tinha casais, famílias maiores, pessoas sós etc...
As pessoas eram bem simpáticas e acolhedoras e eu conversava com elas do lado de fora, não queria entrar em suas casas.
De repente vejo um grupo vindo em minha direção e, ao se aproximar, sinto um certo desconforto. Eram médicos/as e enfermeiros/as.
Tento fugir deles e sou convidada por um casal a entrar em sua casa, mas assim que entro, tento voltar. Tive a impressão que aquilo era uma armadilha para me pegar e aquela casa que por fora parecia tão pequena e simples, era na verdade cheia de portas e corredores que levavam à uma espécie de hospital.
Corro pelos corredores e encontro mamãe que tenta me convencer a ficar e a acompanhar o grupo de médicos e enfermeiros, seria para meu bem, diz ela.
Mas eu não queria, eu tinha medo. Eu pensava nos meus gatos e perguntava se aquela internação forçada demoraria muito. Quanto tempo eu ficaria ali? O que fariam comigo?
Entro em uma sala onde há uma enfermeira preparando medicação e reparo na mesa de trabalho. Era uma mesa improvisada feita com gravetos, pedaços de madeira e coberta com um pano ou papel branco. Como um hospital pode trabalhar desse jeito? Essa mesa improvisada e estranha estaria limpa? Essa enfermeira higienizou as mãos e o material para aplicar o medicamento?
Que estranho.
Observo a tudo sentada enquanto a enfermeira, que está sempre de costas para mim, continua a manipular a medicação. 
Mamãe e um grande número de médicos e enfermeiros ficam à porta para assegurar que eu não fuja e para me convencer que preciso ficar ali sob os cuidados deles.
A enfermeira finalmente termina e se aproxima de mim com a injeção pronta para aplicar; entro em desespero, pois sinto que aquilo vai me fazer dormir.
O que farão comigo quando eu dormir? Para onde me levarão? Será que sairei daquele hospital estranho? E minha casa? Meus gatos? Minhas coisas? Como ficam?
Vejo mamãe e minha irmã Rosi e peço-lhes que digam à minha irmã caçula, Renata, que cuide dos meus gatos.
Sinto que não sairei dali tão cedo mas ao mesmo tempo sei que mamãe está ao meu lado e nunca deixaria que me fizessem mal.
Mas e se algo der errado e eu não puder voltar? Ficarei ali naquele hospital estranho? Naquela vila agradável de moradores sorridentes e simpáticos?
Quero não. Ainda não é hora não. 
Oxe, vôte! Como diria minha avó Mãevelha.
Entre os anos de 2009 e 2012 foram dezenas de internações e sete cirurgias, somando um total doloroso, física e emocionalmente doloroso.
A última cirurgia foi realizada em fevereiro de 2012, há pouco mais de um ano, e de lá pra cá tive apenas alguns episódios de pressão alta, além de tratar a artrose galopante nos ossos, principalmente no joelho direito.
Está bom assim, meu Deus.
Sem internações, sem hospitais, sem agulhas enfiadas por minhas veias, sem dor, sem desespero, sem uma vontade louca de sair dali e voltar para casa o mais rápido possível.
Tenho vários exames para fazer e faço aos poucos. Até daria para fazer muitos em um dia só, mas é muito doloroso e desgastante. E perigoso também, uma vez que vou quase sempre só ao laboratório e volto meio lesa, mais ainda.
Tenho receio que esse tumor volte a crescer e exija nova cirurgia. Quero não.
Deve haver outros métodos e os usarei, mas cirurgia não.
Sei lá, Minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Que eu tenha saúde. Que eu obtenha a cura. Que eu tenha paz.
Amém.