Mostrando postagens com marcador escravos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escravos. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Gente

                                            


O Brasil é um país multicultural; de muitos povos, muitas línguas, muitas culturas.
Aqui estavam os índios quando os portugueses chegaram e tempos depois vieram os escravos negros da África.
Além desses povos aportaram no Brasil outros imigrantes europeus, asiáticos, orientais...
Mas segundo a História, alguns povos não eram bem vistos e eram tratados e tidos com animais ou seres inferiores. 
O ser humano e sua capacidade de julgar, humilhar e destruir aquilo que não entende, não conhece e teme.
Italianos, Negros, Judeus, Indígenas eram tratados como inferiores.
Na carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal é feita menção ao fato de os índios não serem judeus por não serem circuncidados e o narrador da carta ficara encantado com a cultura dos nossos índios.
Outra coisa que acho interessante é quando alguém fala "de boca cheia" que é descendente de europeu. Mas todos nós somos! A suposta descoberta do Brasil por portugueses é prova disso. Portugueses são europeus.
Bom...
O avô de papai, José Soares, veio de Portugal para o Brasil no final do século XIX (19) início do século XX (20) e instalou-se no sertão pernambucano em busca de terras para construir sua nova moradia. Era solteiro e procurava por aqui uma moça para se casar. Mas eis que o bisavô está explorando suas terras quando percebe a presença de alguém na mata: era uma bela índia. Naquela época os índios eram expulsos de suas terras sem muita cerimônia; não muito diferente do que acontece hoje.
Bisavô estranha aquele tipo diferente de gente; a pela escura, os olhos puxados, os cabelos lisos e negros, a nudez. Bisavô pensa tratar-se de alguma espécie estranha de bicho, mas era gente. Ele pega seu chicote e laça a bela índia e a leva consigo para casa. Não falam a mesma língua, claro, e ambos se estranham mutuamente.
A índia recebe o nome de Belarmina e com meu bisavô constitui família. Entre os muitos filhos do casal está meu avô José e ele herda os belos olhos verdes de meu bisavô e a bela pele escura da bisavó índia.
E anos depois a mesma mistura continua com sua presença forte na família: temos loiros, galegos, morenos, negros...
E somos todos gente.


                                          


                                     

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Lundu

                                              


Lundu é uma dança sensual trazida pelos escravos de Angola.
Meu bisavô Francisco era negro, filho de escravos.
Meu bisavô usava a palavra lundu (ou lundum) para descrever um dengo, uma manha, uma birra de criança e até de gente grande também.
Se algum de nós nos recusássemos a comer, a obedecer ou fizéssemos qualquer malcriação, o bisavô nos dava suas broncas da maneira mais doce possível: "Oxe, meu filho. Deixe de lundu, deixe".
Não tínhamos a mesma sorte e moleza com bisavó Gina, Mãevelha e mamãe. O couro comia mesmo!
Lembrei disso hoje ao ver o excesso de lundu de minha gataiada. Não sei se é a mudança de lua, do tempo; não sei. Só sei que estão todos manhosos de mais, com muito lundu mesmo.
E eu os trato com a mesma doçura de meu doce bisavô Francisco.