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terça-feira, 22 de julho de 2014

Bem

                               



Domingo frio e ensolarado; me preparava para ir à casa da minha irmã Rosi.
Abro o portão e a simpática e espertalhona vizinha, que quer um novo colchão fashion, me diz que tem um gatinho miando muito na firma da esquina. OK.
Vou até o local e não vejo nada, mas a menina vem e me mostra onde é: na firma no fim da rua. Diferente.
Parei o carro, ouvi o miado e chamo; vem um gatinho cinzento, magrinho, manco e bonitinho.
O coloquei na caixa de papelão e voltei para casa. Preparei uma cama quentinha, coloquei comida e água e o deixei na área de serviço. Fui para a casa da minha irmã.
Voltei depois de algumas horas e fui ver como estava o novo gatinho; estava bem.
Tranquei portas, fiz chá e liguei a TV; escuto miados meio assustados e sofridos. O gatinho estava com frio.
Trouxe o bichano para dentro de casa, forrei o chão com jornal e coloquei a caminha, a comida e a água e ele adormeceu.
Algum tempo depois o gatinho acorda, olha para mim, mia e vem ao meu encontro. Se esfregava nas minhas pernas, rolava fazendo charme, miava... Fiz-lhe carinho e ele ronronava, demonstrando alegria. Os imbuídos de ignorância e preconceito dizem que é asma, mas é o modo de o gato demonstrar contentamento. Gatos não latem nem balançam o rabo!
Peguei o bichinho no colo e olhei para saber se é macho ou fêmea; é fêmea, sempre fêmea, claro.
A mulher, a fêmea, de toda e qualquer espécie, sempre sofreu e sofre abusos, violência, intolerância e preconceito só pelo simples fato de ser fêmea!
Os muito machos e poderosos temem a mulher e por isso a castram das mais variadas e horrendas formas.
Bom...
O gatinho é gatinha e dei-lhe o nome Loretta.
Loretta se parece muito com Clara Blue, que é filha de Léo Caramelo.
Meu Leozinho deve ter aprontado muito por aí.
Um fato que tem me chamado a atenção é o grande número de animais mancos, ou com alguma deficiência, que cruzam ou cruzaram meu caminho.
Além de machos, as pessoas querem animais perfeitos, como se elas mesmas fossem muito perfeitas.
Minhas tias de Pernambuco, mamãe e minha avó Mãevelha dizem/diziam que eu tenho parte com São Francisco e São Lázaro.
Acho que sim e vejo pela óptica da bondade para com aqueles que não podem se defender sozinhos e que só me fazem bem. 
Eu mesma sou imperfeita fisicamente, tenho problemas de saúde intensificados pela Acromegalia e também tenho meus defeitos como pessoa, mas faço minha parte sendo sempre do bem.
É isso.



                                     

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Coma

                                          


Coma é a perda de consciência.
A pessoa não reage a estímulos e parece dormir profundamente.
Fiquei em coma por vinte e sete dias e quando despertei ainda demorei um tempo para saber o que era realidade e o que eram sonhos e visões. 
Continuei respirando com ajuda de aparelhos que foram lentamente retirados e/ou reduzidas suas funções.
Foi feita uma traqueostomia após minha parada cardio-respiratória; acordei com um peso enorme sobre meu peito e fazia uma força tremenda para respirar, mas não conseguia.
Meu peito pesava, doía e respondia lentamente aos estímulos e massagens dos fisioterapeutas. Eles diziam para eu fazer força, mas era como respirar com um caminhão em cima de mim. Não dava.
A pior parte era quando vinham fazer aspiração da traqueostomia, era horrível. Eu não podia me mexer muito e a sensação daquele procedimento era como se o ar estivesse sendo retirado dos meus pulmões e minha vida junto.
Foi uma temporada difícil, meu Deus.
Uma enfermeira me deu um líquido azul para tomar para ver se eu já poderia me alimentar com comida sólida; eu engasgava um pouco, mas fui lentamente melhorando.
Eu dormia e acordava e não sabia se estava no mundo real ou se no mundo do coma.
Tinha medo das coisas que eu vi.
Outras coisas me encheram de esperança.
Levei Morena Rosa à clínica veterinária para tirar os pontos; ela ficou estressada e não queria ir. Voltamos depois para casa e ela voltou sonolenta e dorme agora.
A assistente da veterinária disse que se eu quiser posso levar os dois machos para a castração, mas decidi que não levarei. Meus machos são frágeis, meigos, delicados, carentes e o impacto e estresse de uma cirurgia seria demais para eles.
Léo Caramelo já enfrenta deformidade física em suas patas traseiras e enxerga muito mal com seus belos olhos azuis e vesgos.
Ébano Nêgo Lindo é meigo e dorme com a patinha em minha mão, acho que não aguentaria alguns dias longe de casa e trancado e isolado em um cubículo frio.
As fêmeas são mais fortes.