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quinta-feira, 31 de maio de 2012
Coma
Coma é a perda de consciência.
A pessoa não reage a estímulos e parece dormir profundamente.
Fiquei em coma por vinte e sete dias e quando despertei ainda demorei um tempo para saber o que era realidade e o que eram sonhos e visões.
Continuei respirando com ajuda de aparelhos que foram lentamente retirados e/ou reduzidas suas funções.
Foi feita uma traqueostomia após minha parada cardio-respiratória; acordei com um peso enorme sobre meu peito e fazia uma força tremenda para respirar, mas não conseguia.
Meu peito pesava, doía e respondia lentamente aos estímulos e massagens dos fisioterapeutas. Eles diziam para eu fazer força, mas era como respirar com um caminhão em cima de mim. Não dava.
A pior parte era quando vinham fazer aspiração da traqueostomia, era horrível. Eu não podia me mexer muito e a sensação daquele procedimento era como se o ar estivesse sendo retirado dos meus pulmões e minha vida junto.
Foi uma temporada difícil, meu Deus.
Uma enfermeira me deu um líquido azul para tomar para ver se eu já poderia me alimentar com comida sólida; eu engasgava um pouco, mas fui lentamente melhorando.
Eu dormia e acordava e não sabia se estava no mundo real ou se no mundo do coma.
Tinha medo das coisas que eu vi.
Outras coisas me encheram de esperança.
Levei Morena Rosa à clínica veterinária para tirar os pontos; ela ficou estressada e não queria ir. Voltamos depois para casa e ela voltou sonolenta e dorme agora.
A assistente da veterinária disse que se eu quiser posso levar os dois machos para a castração, mas decidi que não levarei. Meus machos são frágeis, meigos, delicados, carentes e o impacto e estresse de uma cirurgia seria demais para eles.
Léo Caramelo já enfrenta deformidade física em suas patas traseiras e enxerga muito mal com seus belos olhos azuis e vesgos.
Ébano Nêgo Lindo é meigo e dorme com a patinha em minha mão, acho que não aguentaria alguns dias longe de casa e trancado e isolado em um cubículo frio.
As fêmeas são mais fortes.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Cigarro
Fui ao hospital para fazer alguns exames e enquanto aguardo leio "Ecce Homo" de Nietzsche.
Adoro Nietzsche. A literatura germânica é minha favorita. Muito densa, tensa, sofrida, pesada, forte, humana, demasiado humana.
Goethe e Kafka também fazem parte de meus favoritos. Kafka era tcheco, mas escrevia em alemão, por isso faz parte da literatura germânica.
Recomendo "A Metamorfose", "Carta ao pai" ( encontro muita coisa de meu próprio pai nesse livro. É o drama kafkaniano).
De Goethe recomendo "Fausto" e "Werther". "Fausto" é denso e tenso e me comove a situação de Mefistófeles; mesmo tendo seus poderes demoníacos sofre com sua própria imperfeição física.
Maravilhosa literatura.
Mas....
Ah, sim. Falava sobre outra coisa.
É isso, começo a falar sobre livros e se deixar não paro mais. É meu vício e minha paixão (juntamente com minha família e o Corinthians, claro).
Sim...
Aguardo na sala de espera, leio meu livro, sou atendida, saio e caminho pela calçada. Necessariamente nessa ordem.
Era hora do intervalo para alguns funcionários do hospital e vejo muita gente uniformizada saindo pra lá e pra cá e indo em direção às padarias e botecos da região. Hora do café.
Observo um grupo de mulheres que pelo tipo de uniforme deveriam trabalhar na cozinha do hospital. Me chama a atenção uma delas; grávida. Me chama ainda mais atenção o fato de essa grávida segurar um cigarro entre os dedos e dar longas tragadas, como se saboreasse um acepipe.
Fiquei horrorizada. Como pode alguém fumar? Nada contra, cada um cada um, mas não entendo como uma pessoa pode dizer que o cigarro tem sabor. Sabor do quê? De mato queimado?
Lembro dos comerciais antigos de cigarro e muitos deles associavam imagens de esportes radicais ao sabor do cigarro e ao prazer de fumar. Esporte é saúde, cigarro não!
Desculpem-me os fumantes. Até entendo e respeito o vício, pois eu também tenho meus vícios e não gosto quando alguém os critica (gatos, livros, cerimoniosa e outras coisas que é melhor não comentar).
Então.
Mas acho que todo mundo concorda comigo quando o assunto é grávida fumante. Vejo pelo lado da criança que é um feto ainda. Imagino os malefícios do cigarro à saúde desse bebê ainda em formação na barriga dessa mãe desnaturada!
Os riscos de nascer prematuro, ficar um tempo na U.T.I. Neonatal, baixo peso, baixa imunidade e tantos outros problemas que poderiam ser evitados se a mãe deixasse de levar o cigarro à boca e em vez disso levasse alimentos saudáveis. Que tal? Seria bom para ela mesma e para o bebê.
Mas tem gente que não pensa. Mas deveria.
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