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sábado, 21 de novembro de 2015

Caminho de Luz

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Noite chuvosa, fortes dores e gatos briguentos. Essa foi a noite do barulho e os gatos se superaram no quesito briga-derruba-corre-corre-quebra coisas.
Tive que me levantar diversas vezes para dar broncas, ir ao banheiro e procurar algo para comer.
Não estava calor, mas eu transpirava em bicas. Sentia muita fome também.
Meu Deus, acalma esses gatos bagunceiros e alivia minhas dores. Amem.
Dia amanhecendo e eu sem conseguir dormir; que agonia.
Finalmente o cansaço vence e o sono vem. Sonhos.
Sonhei entrando em uma mata tão bonita, de um verde claro tão bonito. Eu seguia uma luz dourada que formava um caminho para dentro da mata; segurava um bebê em meus braços.Não sabia para onde esse caminho dourado me levaria, mas era bom e tinha paz.
Estou em uma casa simples e sinto muita dor na coluna; converso com algumas pessoas que aguardavam atendimento médico assim como eu. Um casal de negros, vestidos em roupas simples e brancas, fala comigo e me entrega umas caixas de remédio enquanto examina minhas costas: " Ih, minha filha, não vai ser fácil não. Mas nós já pegamos casos assim iguais ao seu e vencemos".
Fiquei triste e preocupada, mas o casal me assegurou que tudo vai ficar bem. Quem falava era o senhor negro e a senhora passava as mãos pelas minhas costas; ela estava muito concentrada.
Eu reparava que as caixas de remédio eram brancas com grandes letras pretas e o senhor me dizia que esses remédios eram mais fortes e iriam me ajudar com as dores.
Acordei com meu Nêgo Lindo fazendo massagem em mim enquanto os outros gatos se aninhavam ao meu redor. Sossegaram, graças a Deus. As dores também.
Fiquei mais um pouco na cama com eles e depois levantei mais leve e disposta. Fiz o meu café, cuidei deles, liguei o rádio, ouvi Rock, fiz algumas coisas pela casa. Minha irmã e meu cunhado vieram, trouxeram almoço, frutas e legumes e varais novos. Que bom, estava precisando mesmo.
Gente boa.
É isso.


                                 Resultado de imagem para casal de pretos velhos

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Santana de Parnaíba

                                   


Fomos ontem à Santana de Parnaíba, cidadezinha graciosa que fica na região metropolitana de São Paulo.
Adorei o casario antigo feito de taipa de pilão, as ruas estreitas, o verde à volta, o estilo colonial, o tapete colorido feito todos os anos para celebrar Corpus Christi. Muito lindo.
Muitas ladeiras, mas eu subi firme e forte munida de minha poderosa bengala.
Caminhamos pelas ruas enfeitadas com o tapete colorido de serragem, comemos guloseimas nas barracas de pastel, "carne louca", vinho quente e afins, compramos algumas lembrancinhas e nos deliciamos na barraca de doces. 
Caminhava com a ajuda da Dona Elza, mãe da minha cunhada Preta; ótimas pessoas.
Caminhávamos e observávamos tudo ao redor e nos encantávamos com tudo, do artesanato à cocadas maravilhosas. 
Duas senhoras vinham no sentido contrário e comiam balas de coco, mas quando se aproximaram de nós, eu e Dona Elza, essa senhoras reagiram como se eu fosse um animal selvagem que as fosse atacar. Precisava ver a cara delas.
Eu poderia avançar sobre o doce delas, mas nunca sobre elas. Sou humana e apenas tenho uma doença que me deforma. Só isso. 
Tenho sentimentos, tenho uma vida, tenho minhas obrigações, como qualquer outro ser humano.
Seguimos nossa caminhada e sinto uma coisa no meu calcanhar, me viro e vejo um carrinho de bebê empurrado por uma simpática criatura. A pressa não cabia ali no meio daquela multidão e, além do mais, era e é visível minha condição física.
Cadê o respeito?
Bom, basta lembrar do episódio ocorrido no Carrefour, onde a dondoca reclama por ter que respeitar o direito dos outros!
Bom...
Adorei o passeio em um dia frio e cinzento e que deixa São Paulo ainda mais com a cara de São Paulo.
Adorei conhecer Santana de Parnaíba, cidadezinha que me trouxe tantas lembranças da minha curta infância em Pernambuco. As casas, as ruas, o jeitinho de interior.
Adorei a ida, ver o Rio Tietê tão grande, belo e poderoso cercado por tanto verde. Rio Tietê poluído, judiado, maltratado. Mas a força e a beleza de suas águas me acalmaram, o verde da mata à volta me sorriu. Adoro as águas e o verde das matas.
E pensar que apenas um século atrás o Rio Tietê era limpo e as famílias paulistas e paulistanas se divertiam às suas margens.
Uma pena.
É isso.

                       



sábado, 17 de março de 2012

Espíritos da Mata

Caipora ou Curupira
                                              
A noite chega. O causticante sol do Nordeste dorme agora.
Papai e Madrinha Quixaba vão ao açude pescar.
Vão pescar guaru, um peixinho pequenino.
Papai e Madrinha Quixaba levam palha, fumo de corda e mingau de água e farinha; sem sal, sem alho e sem pimenta.
Papai pega o fumo de corda e faz um cigarro de palha; acende o cigarro e o coloca sobre um toco de árvore.
Madrinha Quixaba deixa o mingau perto do cigarro de palha.
Depois de deixar as oferendas no toco de árvore, pedem licença e embrenham-se na mata.
Vão ao açude pescar.
São oferendas para Comadre Florzinha, ou "Comadre Fulôzinha", como dizem os caboclos do Sertão.
São oferendas para Caipora, o guardião da mata.
Comadre Florzinha e Caipora são espíritos de índios, são espíritos donos das matas e protegem os animais.
Sem a devida permissão, Caipora e Comadre Florzinha fazem o caçador e o pescador se perderem.
Caipora e Comadre Florzinha convocam os animais e os outros espíritos da mata para assustar os caçadores e pescadores que não pedem licença e que não respeitam a Natureza.
Caipora e Comadre Florzinha fazem os peixes dos rios e açudes fugirem das redes dos pescadores; fazem a caça ficar invisível aos olhos dos caçadores.
Convocam os ventos uivantes que assustam e desnorteiam.
Convocam os animais e os espíritos da mata para lembrarem ao homem que a Terra não lhe pertence, ele é apenas parte dela.
Somos apenas parte de um Todo.