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domingo, 13 de outubro de 2013

Vilas

                                  



Mais um domingo chato.
Não gosto de domingos.
Ainda estou batalhando com a pressão alta, que insiste em se manter alta.
Fiquei em casa, assisti TV, cochilei no sofá, alimentei a gataiada, ouvi música...
Gostei de ver as vilas que ainda resistem em São Paulo. Vila Holandesa, Vila Inglesa, Vila Maria Zélia (italiana). 
Foram vilas construídas para atender às necessidades dos operários das fábricas e mantê-los morando próximo ao trabalho.
Assisti ao Antena Paulista; gosto muito desse programa de domingo.
Cochilei no sofá e tive sonhos estranhos mas bons, calmos, tranquilos, aconchegantes.
Me vi em uma casa de sapê (pau a pique, taipa, tapera) com telhado de folhas de palmeira. Era tudo tão simples e tão aconchegante.
Abro a porta que dá para o quintal dos fundos e me surpreendo com a chuva. Era uma chuva boa, bonita, tranquila.
Vou ao quintal da frente e caminho por uma pequena horta de jerimuns (abóbora), mas as águas se aproximam, sobem e cobrem a horta. Peixes coloridos nadam para todos os lados e se confundem com o laranja das abóboras.
Acordei com uma gritaria, gargalhadas e a música horrenda do vizinho.
Meu Deus.
Acho que vou voltar a jogar na Mega Sena.
Acordei com vontade comer algo doce, mas aqui está tão pobrinho...
Queria um docinho de leite, uma goiabada, marmelada, sorvete, chocolate...
Amanhã vou ao banco para pagar as contas do mês e depois vou ao supermercado. Tem que ir mesmo!
Sinto-me melhor, apesar da insistente dor de cabeça e da pressão que não abaixa nem com reza brava!
E por falar nisso, vou agendar consulta com a cardiologista que, como é de se esperar, só terá disponibilidade em janeiro 2014.
É uma palhaçada isso. Pagamos um plano de saúde caro e temos que esperar mais de mês por uma simples consulta!
Mas eu tenho que ir, fazer minhas coisas, cumprir com minhas obrigações e aguardar esse bendito chamado da médica.
A vida continua e do céu só cai chuva.
É isso.





                                  



sexta-feira, 31 de maio de 2013

Santana de Parnaíba

                                   


Fomos ontem à Santana de Parnaíba, cidadezinha graciosa que fica na região metropolitana de São Paulo.
Adorei o casario antigo feito de taipa de pilão, as ruas estreitas, o verde à volta, o estilo colonial, o tapete colorido feito todos os anos para celebrar Corpus Christi. Muito lindo.
Muitas ladeiras, mas eu subi firme e forte munida de minha poderosa bengala.
Caminhamos pelas ruas enfeitadas com o tapete colorido de serragem, comemos guloseimas nas barracas de pastel, "carne louca", vinho quente e afins, compramos algumas lembrancinhas e nos deliciamos na barraca de doces. 
Caminhava com a ajuda da Dona Elza, mãe da minha cunhada Preta; ótimas pessoas.
Caminhávamos e observávamos tudo ao redor e nos encantávamos com tudo, do artesanato à cocadas maravilhosas. 
Duas senhoras vinham no sentido contrário e comiam balas de coco, mas quando se aproximaram de nós, eu e Dona Elza, essa senhoras reagiram como se eu fosse um animal selvagem que as fosse atacar. Precisava ver a cara delas.
Eu poderia avançar sobre o doce delas, mas nunca sobre elas. Sou humana e apenas tenho uma doença que me deforma. Só isso. 
Tenho sentimentos, tenho uma vida, tenho minhas obrigações, como qualquer outro ser humano.
Seguimos nossa caminhada e sinto uma coisa no meu calcanhar, me viro e vejo um carrinho de bebê empurrado por uma simpática criatura. A pressa não cabia ali no meio daquela multidão e, além do mais, era e é visível minha condição física.
Cadê o respeito?
Bom, basta lembrar do episódio ocorrido no Carrefour, onde a dondoca reclama por ter que respeitar o direito dos outros!
Bom...
Adorei o passeio em um dia frio e cinzento e que deixa São Paulo ainda mais com a cara de São Paulo.
Adorei conhecer Santana de Parnaíba, cidadezinha que me trouxe tantas lembranças da minha curta infância em Pernambuco. As casas, as ruas, o jeitinho de interior.
Adorei a ida, ver o Rio Tietê tão grande, belo e poderoso cercado por tanto verde. Rio Tietê poluído, judiado, maltratado. Mas a força e a beleza de suas águas me acalmaram, o verde da mata à volta me sorriu. Adoro as águas e o verde das matas.
E pensar que apenas um século atrás o Rio Tietê era limpo e as famílias paulistas e paulistanas se divertiam às suas margens.
Uma pena.
É isso.

                       



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Coisas do Meu Sertão

                         

De repente me bate uma saudade danada de grande do meu Sertão.
Casinha simples de taipa, pau a pique; água na moringa de barro, ou quartinha, como dizemos.
Café torrado e moído em fogão a lenha.
Luz de candeeiro ou lampião de gás. 
Luz da lua em céu coalhado de estrelas iluminando o caminho e o deixando com um aspecto onírico.
Chupar cana, comer jaca, pinha, pitomba, umbu... Tudo no quintal de casa ou pelas ruas da vizinhança. Algum "cumpadi" ou "cumadi" sempre tinha o pé de alguma fruta em seu quintal.
Farinha de milho torrada e adoçada; uma delícia.
Rapadura, mel de engenho e doce de leite cortadinho e quentinho. Bom demais.
Tapioca, coco ralado na hora, queijo coalho assado na brasa. 
Charque, batata doce, jerimum, macaxeira, milho, feijão de corda, farinha.
Cuscuz com coco, café no "xicrão", mel de engenho com farinha, bolacha "cremi cráqui" molhada no café.
Cuscuz com peixe seco assado na brasa.
Papa (mingau) de farinha, mugunzá, canjica, curau, milho cozido, milho assado.
Leite com batata doce, com jerimum, com macaxeira, com arroz, com pão, com farinha.
Bolo de macaxeira, bolo de rolo, bolo Souza Leão, bolo de milho, bolo de araruta.
Bolacha mata fome ou tareco, bolacha sete capas, bolacha de coco. 
O mandacaru "fulorando" e anunciando a chuva no Sertão.
Pescar guaru nos açudes.
Cuidar da criação.
E lá vem a seca e acaba com tudo e o jeito é "isimbóra pra Sum Paulo".
A seca forte, impiedosa e implacável nos tira de nosso Sertão mas não tira o Sertão de nós.
Quarenta anos em São Paulo, meu Santo São Paulo.
Quarenta anos de "sôdade" do meu Sertão.
Ando meio nostálgica e saudosista; deve ser a idade.
É a saudade que acocha por demais o coração da gente.