sábado, 17 de março de 2012

Espíritos da Mata

Caipora ou Curupira
                                              
A noite chega. O causticante sol do Nordeste dorme agora.
Papai e Madrinha Quixaba vão ao açude pescar.
Vão pescar guaru, um peixinho pequenino.
Papai e Madrinha Quixaba levam palha, fumo de corda e mingau de água e farinha; sem sal, sem alho e sem pimenta.
Papai pega o fumo de corda e faz um cigarro de palha; acende o cigarro e o coloca sobre um toco de árvore.
Madrinha Quixaba deixa o mingau perto do cigarro de palha.
Depois de deixar as oferendas no toco de árvore, pedem licença e embrenham-se na mata.
Vão ao açude pescar.
São oferendas para Comadre Florzinha, ou "Comadre Fulôzinha", como dizem os caboclos do Sertão.
São oferendas para Caipora, o guardião da mata.
Comadre Florzinha e Caipora são espíritos de índios, são espíritos donos das matas e protegem os animais.
Sem a devida permissão, Caipora e Comadre Florzinha fazem o caçador e o pescador se perderem.
Caipora e Comadre Florzinha convocam os animais e os outros espíritos da mata para assustar os caçadores e pescadores que não pedem licença e que não respeitam a Natureza.
Caipora e Comadre Florzinha fazem os peixes dos rios e açudes fugirem das redes dos pescadores; fazem a caça ficar invisível aos olhos dos caçadores.
Convocam os ventos uivantes que assustam e desnorteiam.
Convocam os animais e os espíritos da mata para lembrarem ao homem que a Terra não lhe pertence, ele é apenas parte dela.
Somos apenas parte de um Todo.


                                               

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