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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Caminhar em paz

                                 


O dia está meio lento, bonito, mas lento.
Parece estar em um estado onírico, uma luz de um dourado onírico. 
Percebo coisas, se é que sejam coisas, que pessoas práticas e "normais" não percebem e até acham que tudo isso seja coisa de gente doida. Pois se assim for, doida sou e doida serei!
Não estou muito bem fisicamente, o entrevamento deu uma piorada e minhas pernas ficam duras, fracas e formigam.
Tive sonhos, meus sonhos simbólicos de sempre. Sonhos que sempre me mostram algo mas que eu nem sempre comento ou, se comento, não revelo tudo. As pessoas não entendem e me julgam. 
Como acontece até mesmo com pessoas "normais", esquecemos boa parte do que sonhamos e nos lembramos aos poucos no decorrer do tempo. Acho que é para entendermos melhor o que está acontecendo.
Uma gata preta e branca pedia abrigo para ela e seus filhotes e pessoas em volta jogavam caroços de frutas e outras coisas estranhas na e para a gata; eu intervia e colocava ração para ela. Gente mais besta!
Papai entrava em casa com a gata e os filhotes e eu cuidava deles. Pessoas próximas me criticavam por ter pego a gata e recebo críticas por isso na "vida real" também. 
Eu segurava um gatinho amarelinho e alguém me dizia uma estupidez sem tamanho, mas que me deixou pensativa tanto no sonho como aqui, na nossa vida real.
Andava pelas ruas com os cabelos ao vento e a sensação de paz e liberdade era imensa! Estava descalça, vestida de branco e os ventos brincavam com minhas roupas e meus cabelos. 
Eu andava normalmente, sem bengala, sem dores e sem entrevamento. Eu era livre!
Sem amarras, sem doenças, sem críticas, sem cobranças e sem as mazelas da vida.
Era apenas vida, saúde, liberdade, tranquilidade e paz.
Acordei com o barulho infernal dos motores de caminhão. Com tanta tecnologia e modernidade, será que ainda não descobriram um jeito de produzir/fabricar coisas, objetos, aparelhos, veículos, o raio que os parta, que não façam tanto barulho?!
Tudo é barulhento, de um simples liquidificador a um motor de caminhão... de busão também. As pessoas também são barulhentas, e muito!
Fiquei com o sonho na cabeça... Tinha outras coisas nem tão agradáveis assim, mas prefiro ficar com o caminhar em paz.
É isso.



                                        

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Metal

                                     


A chuva veio mais cedo hoje e mudou meus planos; achei melhor e mais seguro ficar em casa e fazer uma das coisas que mais gosto: escrever.
Fui ao banco ontem e devo voltar amanhã para resolver algumas pendências. Queria um dia ir ao banco para decidir o que fazer com a dinheirama que está transbordando na minha conta. Sonhar não custa nada.
Fui ontem ao banco e paguei algumas contas no caixa eletrônico e depois precisei entrar na agência para falar com o gerente, mas eu não tinha todos os documentos necessários. Volto amanhã.
Saio do caixa eletrônico e me dirijo à porta giratória, que sempre trava. A voz gravada diz que "devo estar carregando excesso de metal". Tiro as chaves e o celular e os coloco naquele espaço destinado a isso e mesmo assim a porta trava. O segurança se aproxima e pergunta: "A senhora está carregando metal?".
Sim, explico. Carrego mais de vinte parafusos e hastes de titânio em minha coluna. Posso entrar?
Que perigo posso eu apresentar andando com a ajuda de uma bengala e com as juntas duras e entrevadas?
Muidifici.
É isso.


Eu também gosto de Metal
                                          

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Santana de Parnaíba

                                   


Fomos ontem à Santana de Parnaíba, cidadezinha graciosa que fica na região metropolitana de São Paulo.
Adorei o casario antigo feito de taipa de pilão, as ruas estreitas, o verde à volta, o estilo colonial, o tapete colorido feito todos os anos para celebrar Corpus Christi. Muito lindo.
Muitas ladeiras, mas eu subi firme e forte munida de minha poderosa bengala.
Caminhamos pelas ruas enfeitadas com o tapete colorido de serragem, comemos guloseimas nas barracas de pastel, "carne louca", vinho quente e afins, compramos algumas lembrancinhas e nos deliciamos na barraca de doces. 
Caminhava com a ajuda da Dona Elza, mãe da minha cunhada Preta; ótimas pessoas.
Caminhávamos e observávamos tudo ao redor e nos encantávamos com tudo, do artesanato à cocadas maravilhosas. 
Duas senhoras vinham no sentido contrário e comiam balas de coco, mas quando se aproximaram de nós, eu e Dona Elza, essa senhoras reagiram como se eu fosse um animal selvagem que as fosse atacar. Precisava ver a cara delas.
Eu poderia avançar sobre o doce delas, mas nunca sobre elas. Sou humana e apenas tenho uma doença que me deforma. Só isso. 
Tenho sentimentos, tenho uma vida, tenho minhas obrigações, como qualquer outro ser humano.
Seguimos nossa caminhada e sinto uma coisa no meu calcanhar, me viro e vejo um carrinho de bebê empurrado por uma simpática criatura. A pressa não cabia ali no meio daquela multidão e, além do mais, era e é visível minha condição física.
Cadê o respeito?
Bom, basta lembrar do episódio ocorrido no Carrefour, onde a dondoca reclama por ter que respeitar o direito dos outros!
Bom...
Adorei o passeio em um dia frio e cinzento e que deixa São Paulo ainda mais com a cara de São Paulo.
Adorei conhecer Santana de Parnaíba, cidadezinha que me trouxe tantas lembranças da minha curta infância em Pernambuco. As casas, as ruas, o jeitinho de interior.
Adorei a ida, ver o Rio Tietê tão grande, belo e poderoso cercado por tanto verde. Rio Tietê poluído, judiado, maltratado. Mas a força e a beleza de suas águas me acalmaram, o verde da mata à volta me sorriu. Adoro as águas e o verde das matas.
E pensar que apenas um século atrás o Rio Tietê era limpo e as famílias paulistas e paulistanas se divertiam às suas margens.
Uma pena.
É isso.

                       



quinta-feira, 16 de maio de 2013

Bengalas e Muletas

                                   


Fui hoje ao consultório do meu ortopedista. Fiz radiografias, tomei injeções e ele me aconselhou a usar bengala/muleta canadense articulada. 
Disse que distribuem melhor o peso e dão maior estabilidade, a bengala comum pode escorregar e eu posso cair.
Eu uso bengala para me locomover pela casa e fazer as coisas, mas  isso ficaria difícil com essas muletas articuladas. Sei não.
Estou ficando dura e entrevada cada vez mais e estou tomando remédios para aliviar, mas até quando esses remédios aliviarão? Até quando esses remédios conseguirão conter o avanço da artrose? Até quando essas bengalas e muletas me ajudarão a me locomover?
Cirurgias? Sim, o ortopedista sério que não fica pendurado ao celular disse que sim, serão necessárias. 
Coluna, joelhos, pés, mãos, ombros... Todos afetados pela artrose e alguns forte candidatos a cirurgias.
Estou fazendo o que posso e o que mandam os médicos. Estou seguindo os conselhos da jovem e simpática médica que me aconselhou a procurar outros médicos de outras especialidades.
Já fui ao ortopedista, agora faltam o oftalmologista, gastroenterologista, cardiologista, neurocirurgião, endocrinologista, pediatra, veterinário e pai de santo.
A coisa tá braba.
Mas eu vou ficar boa.
Tenho fé.
Vou para a cama, estou muito cansada.
Amanhã será melhor.
Boa noite a todos.


Muletas canadenses articuladas e a bengala comum.


domingo, 19 de agosto de 2012

Bienal do Livro e Vampiros

                                        

Fomos ontem à Bienal do Livro.
Fomos eu, minha irmã Rosi e meus sobrinhos Maria Julia, Beatriz e Vinicius.
Compramos livros, passeamos pelo espaço gigantesco.
Absurdo o preço do estacionamento: trinta reais!
Os preços da água, sucos e refrigerantes também eram abusivos. Precisa mesmo explorar tanto?
Bom...
Queria saber o que é que acontece com o piso do Anhembi, pavilhão de exposições, pois o chão de repente afunda e de repente abaixa; é todo irregular.
Levei alguns tropicões, quase caí, mas a sorte é que levei minha bengala que me dá mais apoio, firmeza e segurança.
Não gostei muito dessa Bienal, faltaram algumas editoras que dessa vez não expuseram seus produtos. Pena.
Até mesmo editoras que costumavam ocupar um espaço bem maior nas bienais anteriores, ocuparam nessa um espaço mais reduzido. Gostei não.
O que vi muito foram editoras expondo e vendendo mais do mesmo: livros sobre vampiros.
Me pópi! Como diria papai.
Acho que o modismo dos vampiros já cansou. Na boa.
Eu gostava dos filmes antigos sobre vampiros, morria de medo, mas assistia até o fim. Vampiros másculos, sedentos por sangue, elegantes e viris, bem ao contrário do vampiro-fada dessa saga Crespúsculo (Twilight). Uma colega minha diz que o Edward, o vampiro-fada da saga, é educado, gentil, meigo, delicado,que não bebe sangue humano (bebe o quê, sangue orgânico de soja?!) blá, blá, blá... 
Isso para mim tem outro nome.
Mas eu falava sobre vampiros...
"Entrevista com o vampiro" trouxe atores másculos (até prova em contrário) e lindões: Antonio Banderas, Brad Pitt e o cientologicamente exagerado, Tom Cruise.
Gostava do vampiro interpretado pelo ator ucraniano Jack Palance. 
Uma vez fiquei com muito medo após assistir ao filme e fui para a cama com um terço de minha avó Mãevelha. Coloquei o terço no pescoço com o crucifixo virado para frente, claro. Vai que um vampiro resolve aparecer em terras tropicais?! Nunca se sabe.
Papai percebeu e fui motivo de piada por um bom tempo.
Mas é melhor prevenir que remediar, já diz o ditado.
É isso.

  

                                    

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pão

                                         


Sonhei com papai essa noite e acordei chorando.
É um desespero tão grande, meu Deus.
Eu quero ficar com eles e não quero que partam, mas ainda não é o momento.
Sempre acordo chorando quando sonho com mamãe, meu Paipreto, minha Mãevelha e meu povo antigo. Hoje foi papai.
Eu estava no bairro da Lapa aqui em São Paulo e caminhava por uma rua cheia de gente que andava pra lá pra cá. Sigo em frente e olho para trás; vejo uma cabeça branca ao longe e que se aproxima: é papai! Papai sorria, conversava alegremente com algumas pessoas e segura uma baguete (antes chamávamos de bengala) em suas mãos. Papai parte o pão ao meio e me dá uma metade e fica com a outra. Papai vai embora. Eu grito, eu chamo, eu choro, mas papai não me ouve, não volta, não olha para trás.
Acordei chorando.
A dor da separação é imensa, brutal, desesperadora.
Mas quando eu me refaço do sonho eu entendo que não posso ficar com papai, mamãe, meu Paipreto, minha Mãevelha. 
Eu entendo que eles também não podem se demorar muito por aqui; a visita é rápida, mas é tão boa meu Deus.
São momentos e minutos que parecem uma eternidade de tão boa; um aconchego, um amor, um bem querer tão grandes.
Uma eternidade rápida. Uma rapidez eterna.
Que papai tenha paz, saúde, alegria. Que papai possa sorrir de verdade, que todo aquele peso que papai carregava em seus ombros seja aliviado e que ele possa caminhar tranquilamente e sorrir.
Que assim seja, meu Deus.
Amém.


                                            

terça-feira, 26 de junho de 2012

BuRRocracia

                                            


O Brasil é um país "burrocrata"; adora papéis, carimbos, assinaturas e afins.
Precisei da declaração de imposto de renda detalhada, mas só tinha a simplificada. Fui informada a procurar a Receita Federal que fica na Rua Isidro Tinoco no Tatuapé.
Eu nunca havia pedido uma segunda via de declaração de imposto de renda e naturalmente não sabia como proceder.
Vou ao local, retiro a senha e aguardo. Chega minha vez e a antipática, grosseira e mal humorada atendente pergunta o que desejo e eu digo; ela pega um pedaço de papel, anota algumas informações e fala rapidamente outras, não dava tempo para absorver tudo.
Eu pensei que tudo poderia ser feito ali mesmo: preencher formulários e pagar taxas, simples assim.
"Não, a senhora tem comprar o formulário DARF e pagar dez reais no banco e voltar aqui".
"Pensei que tudo seria feito aqui com vocês".
"Não!"
Fui à Praça Silvio Romero e numa banca de jornal comprei o tal formulário por sessenta centavos. Eu pensei que o formulário custava os dez reais mencionados pela antipática funcionária da Receita Federal e entreguei uma nota de vinte reais ao simpático atendente da banca: "A senhora não tem moedas? O formulário custa apenas sessenta centavos". E ele ainda me orientou em como proceder e disse que só poderia pagar os dez reais do DARF no Banco do Brasil. 
Saio da banca com o formulário em mãos e me dirijo ao Banco do Brasil que fica em frente à praça, na rua Tuiuti.
Pago, volto à Receita Federal, pego nova senha e aguardo; preencho o formulário enquanto isso.
Minha senha é chamada e outra menos antipática funcionária pede meus documentos e me dá mais um formulário para preencher, só que não tem muito espaço para tal e tive que usar o livro que sempre carrego comigo como apoio. Enquanto preencho, sou observada pela funcionária, por uma estagiária que estava treinando e por outras duas pessoas que estavam no guichê ao lado. Acho que elas não podiam preencher os formulários porque estavam muito ocupadas observando minha aparência acromegálica, só que uma delas tinha uma mancha vermelha que tomava metade do rosto (hemangioma)e mesmo assim me olhava como se eu fosse muito estranha. Preencho, entrego e ela me devolve meus documentos com os formulários e uma nova senha. Aguardo em outro local.
Minha senha é chamada e o atendimento fica no primeiro andar; me dirijo até a escada e escuto: "Senhora?"
Era o guardinha que faz segurança do local me chamando para ir de elevador, pois eu estava com minha bengala mágica e teria dificuldade para subir os degraus. O segurança avisa pelo rádio que me acompanhará e quando o elevador chega ao primeiro andar, já havia outro segurança me aguardando.
Sento-me na cadeira a outra mega-hiper-super antipática mal responde ao meu "boa tarde" e pega a papelada que eu trouxe. Depois de alguns segundos me deu mais papeis e disse "É só isso", agradeci e fui acompanhada pelo segurança.
Achei os seguranças muito mas simpáticos que as mal educadas atendentes da Receita Federal.
É praxe, público e notório o fato de servidores/funcionários públicos serem mal educados, grossos, estúpidos, preguiçosos, folgados etc, mas eu também sou funcionária pública e procuro tratar todos com o mesmo respeito com que quero ser tratada.
Bom, resolvi o problema e andei mais do que "tiradô de isprito (tirador de espírito)", como dizia mamãe.
Parei na entrada do prédio e li um enorme cartaz que dizia "Ouvidoria. Queremos saber o que você tem a dizer sobre nosso atendimento para melhorá-lo ainda mais".
É, precisa mesmo! E para começar, umas aulas de boas maneiras para as funcionárias que atendem as pessoas. 
Será que só porque trabalham na Receita Federal se julgam muita coisa?
Ouvidoria: 0800 702 11 11
Site: http://portal.ouvidoria.fazenda.gov.br
É isso.