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sábado, 17 de dezembro de 2011

Homens & Mulheres: O que querem um do outro?

                                              


Conversava ao telefone com minha irmã Rosi e falávamos sobre violência contra a mulher.
Hoje há a Lei Maria da Penha que, conforme sua definição: 
"Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências".
Mas ainda há muitas e muitas mulheres que têm medo de denunciar o marido, namorado ou companheiro violento. Essas mulheres sofrem caladas abusos físicos, verbais, morais, sexuais e todo tipo de violência. 
Algumas vezes assisto ao programa do jornalista José Luiz Datena e fico abismada com o número de mulheres que mandam mensagens admitindo/falando sofrer violência de seus companheiros.
Apesar de toda a modernidade e da emancipação feminina, ainda vivemos num país e cultura machistas.
Tudo começa na educação diferenciada de meninos e meninas e aí vem a pergunta: "Mas quem educa esses meninos e meninas?". E a resposta é: As mulheres.
Tudo começa no "isso é de menino ou isso é de menina", " menina pode isso, menina não pode aquilo".
Meninos podem correr, subir em muros, jogar bola, brincar com carrinhos...meninas não. Meninas brincam com bonecas, brincam de fazer comidinha, cuidar dos filhos...meninos não. Os próprios fabricantes de brinquedos incentivam e alimentam esse machismo e esse comportamento infantil que crescerá com as crianças que serão futuros pais e mães algum dia.
Exemplo: Brinquedos para meninas consistem basicamente de bonecas, maquiagem, pias de lavar louças, mini cozinhas, mini tábuas de passar roupas e uma infinidade de brinquedos que na verdade dizem: "Esse é o seu lugar, menina. Na cozinha, no tanque, na pia".
Já os brinquedos de meninos são mais truculentos, fortes, violentos. São carrinhos poderosos, aviões, bonecos barbados e com cara de machos invocados.
Menina brincar com brinquedo de menino? Nem pensar!
Menino brincar com brinquedo de menina? Nem pensar!
E é a partir daí, desse medo infundado de alguns pais conservadores, que o machismo é alimentado nos meninos e a fragilidade e submissão são incentivadas nas meninas.
Claro, essa é minha opinião e as pessoas têm o direito de concordar ou discordar.
Têm pessoas na família que ficam horrorizadas e até proíbem o filho pequeno de imitar os passos de balé da priminha também pequena. Tudo por temor de o filho virar um "boiola".
Por acaso não há bailarinos homens?! Essas pessoas deveriam assistir ao fabuloso filme "Billy Elliot".
Minha mãe mesmo; era extremamente machista e paradoxalmente ela era o homem da casa. Já falei sobre isso aqui. 
Mamãe resolvia tudo, ia à frente de tudo, era decidida, forte, titânica. Já papai era bundão, trabalhador, mas bundão. Acomodado, o que desse para ele estava bom demais; não reclamava, não pedia, não questionava. Mas era o homem da casa!
Estão vendo?
Como dizia Albert Einstein: "Tudo é relativo".
Mas além da educação, quem mais pode ser "culpado/a" pelo machismo? A religião? Aí tocaria num assunto delicado, mas, de novo, é apenas minha opinião.
A religião que coloca a mulher como dócil, submissa e parideira. Ouvi muitas vezes meus pais dizerem: "A árvore que não dá frutos merece ser cortada". Isso numa referência à mulheres que não tiveram filhos. Tenho outra interpretação para essa frase e não tem nada a ver com ter filhos ou não. Acredito que tem a ver com dar frutos no sentido de ser útil a si próprio e à sociedade em que vive. Retribuir o que foi-lhe dado e seja em termos de educação, facilidades, vantagens e outros quesitos que ajudariam alguém a ser alguém. Entendeu?
Suave.
A questão básica é a interpretação. Precisamos saber ver nas entrelinhas e não levarmos tudo ao pé da letra. Já pensou um camelo passando por um buraco de agulha? Talvez um camelo de pelúcia e uma agulha gigante da cidade e Itu, famosa for seus objetos gigantes.
E voltando à árvore que não deu frutos...Eu nunca tive filhos, bem que eu quis muito minha Mariana, mas não deu. E aí? Mereço ser cortada?!
Dentre essas muitas "inguinóranças" de meus pais e minha família, ouvi inúmeras vezes papai dizer para mim e para minha irmã Rosi que a mulher só tem um nome quando ela se casa com um homem. Papai ficava doido com a rebeldia de Rosi e a chamava de "reberda, oreiúda, queixo duro, rispi e comunista". Traduzindo: rebelde, orelhuda, bocuda e ríspida.
Rosi e eu questionávamos papai e discordávamos de seus sermões e suas teses machistas xiitas. Por que me casar para ter um nome? Já tenho meu nome! Não sou gato nem cachorro para ter dono e ter um nome escolhido e colocado por ele!
Papai ainda dizia que essa nossa rebeldia teria fim quando um homem/marido nos pegasse pela orelha e nos mostrasse os quatro cantos da casa. 
Podemos nós mesmas andar com nossas próprias pernas e olhar para os cantos da casa e sejam lá quantos eles forem.
Vixe. Papai queria morrer, só faltava enfartar com nossa opinião, resposta e rebeldia.
Mas o mais curioso e irônico disso tudo é que quando papai e mamãe se casaram meu avô Paipreto não deixou mamãe mudar o nome de solteira dela. Ela continuou Marlene Gomes da Silva e papai manteve seu Soares. 
Paipreto disse: "Minha filha já tem nome. Não carece de pegar nome de cabra nenhum. Ela tem o nome do pai dela e está bom demais". 
Cadê a macheza de papai?
Acredito que se as pessoas se gostam e querem ficar juntas, já é bom o suficiente. É uma trabalheira do cacete ter que mudar de nome e os documentos. Ficar numa fila pra isso?! Mas nem que me aparecesse o príncipe encantado com a grana, a cara, o corpo, os olhos azuis e o sotaque daquele português bonitão com nome de índio da novela das nove. Ai Jesus!
Mais uma vez, é minha opinião, meu modo de ver e pensar. Cada um cada um. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Certo?
Outra coisa que me intriga bastante e já comentei isso com colegas de faculdade e amigos; é o modo como a mulher é vista pelos homens. É paradoxal e irônica. Vejamos.
Os homens criticam as mulheres ao volante, falam que lugar de mulher é na cozinha (falam isso porque não sabem o que fazer na cama...Hello, homens!). E se a mulher é ruim ao volante é porque os instrutores das auto escolas são homens! Chupa!!!
Desculpem. Empolguei-me um pouco além da conta.
Então. Homens criticam mulheres em funções e profissões que seriam apenas masculinas mas ao mesmo tempo adoram mulheres que exibem o corpo e fazem cara e boca sensuais.
Qual é a dos caras, meu? Querem mulheres burras, dependentes, incompetentes e bonitas para poderem admirar e falarem m..., mas não querem mulheres inteligentes,independentes, competentes e autossuficientes porque elas os assustam e ameaçam a sua macheza. Como diz o literalmente grande José Luiz Datena: "Essa é a grande verdade".
Meu, outra coisa que me irrita também, esse negócio de "comer"  e "gostosa" no sentido sexual. Primeiro: ninguém é comida.
Segundo: ninguém é canibal.
Terceiro: gostosa é comida, bebida, alimento.
Então: ninguém come ninguém. Que coisa chata!
Mas há também o outro lado da moeda: mulheres que são, gostam de ser e permitem fazer com que sejam objetos sexuais. 
Mulheres rebolando ao som de músicas - se é que se pode chamar isso de música - que as denigrem, as humilham, as tratam como coisa descartável, como objeto sexual. Usou, jogou fora e que venha a próxima. Esses dias vi uma moça bonita dirigindo um bom carro e o som alto tocava uma música que deixaria qualquer mulher com vergonha. Eu fiquei.
A letra, Deus me perdoe, dizia mais ou menos assim: "Você é minha cachorra, vou te acabar na cama, vou te c..., vou g...na sua boca". 
E essas mulheres dançam ao som dessas músicas horrendas e oferecem seus corpos fáceis e descartáveis. É tudo o que os homens querem.
Assisti ao C.Q.C. e a repórter Monica Iozzi foi cobrir o Miss Bunda e perguntou à vencedora da bunda mais bonita o que ela faria com o dinheiro do prêmio: "Ah... investir no meu corpo, no meu cabelo, né?". 
E em cérebro, alguém investe?
Não, não precisa estudar. Pra quê? Basta ter corpão, carinha bonita, longos, lisos e loiros cabelos e pronto. Claro, não nos esqueçamos que também é muito importante ter personalidade. 
Mas por acaso não temos todos nós? Tem alguém aqui sem personalidade? Algum robô presente?
Pensemos.
Mas o que é pensar? Isso deve dar um trabalho!
Melhor investir no cabelo e no corpo, né?
Minha Nossa Senhora!.
E que exemplos de mulheres deixaremos para nossas filhas, sobrinhas, netas? 
Mulheres frutas e desfrutáveis? BBBs (big bosta Brasil). Desculpem o palavreado mais uma vez.
Não, pelo amor de Deus não!
Temos mulheres magníficas, talentosas, inteligentes e competentes naquilo que fazem de melhor; seja na música, no jornalismo, na arte...
Temos Marília Gabriela, a presidente Dilma Rousseff, Marina Silva, Heloísa Helena, Hebe Camargo, Fátima Bernardes e muitas mulheres que são exemplares e merecem meu/nosso respeito e admiração.
E tenho dito!
Ufa!


                                               


                                          









quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Comerciais

                                            
Gosto de observar e analisar os comerciais de televisão para depois comentá-los com minhas irmãs.
O talento brasileiro não deixa nada a dever aos talentos estrangeiros, mas tem um povo meio sem noção. 
O povo forma-se em Propaganda, Publicidade e Marketing e cria cada coisa estranha e ainda é pago por isso e pra isso!
Um dos comerciais que amo odiar é o de uma marca de achocolatado no qual duas vacas, (ou seriam bois?) cantam e dançam ou então dizem a "verdade".
E a marca do achocolatado pagou por isso!.
Outro que também amo odiar é o de uma marca de goma de mascar onde o casalzinho de namorados encontra a ex do rapaz e esta se transforma numa criatura gigante. O pior é a atual namorada dizer que a ex é uma "fofa". 
Não gosto dos comerciais de cerveja. A maioria deles abusa da imagem de mulheres seminuas fazendo caras e bocas sensuais. Outros ainda conseguem piorar o que já é ruim e colocam uns "Zé Ruelas, Manés" hipnotizados por... advinha?
A impressão que se dá, pelo menos para mim, é que comerciais de cerveja são direcionados apenas para homens e lésbicas, como se mulheres hétero e homens gays não tomassem cerveja!
Há uma tênue linha separando sensualidade de vulgaridade. Mas algumas pessoas não se dão conta disso.
Comerciais de banco também me irritam pela facilidade de seus serviços e a simpatia de seus gerentes. Não é bem assim na vida real; fica mais de uma hora na fila pra você ver gente abusada se aproveitar do caixa preferencial, tiozinhos aposentados com envelopes lotados de papéis e contas a pagar, velhinhas frágeis que se atrapalham com os dígitos de suas senhas e ficam um tempão tentando fazer um saque ou pagar uma simples conta.
Bancos com vinte terminais de caixas mas só dois ou três funcionários para atender o povão na fila. O brasileiro parece adorar uma fila, né não?
Detesto o falso moralismo também. Houve um comercial muito bacana das sandálias Havaianas no qual a avó fala sobre sexo com a neta. Os puritanos de plantão reclamaram do comercial, mas não reclamam quando há mulheres siliconadas mostrando a única coisa que têm para mostrar: seus atributos físicos turbinados no bisturi.
Mas há comerciais muito bacanas.
Gosto principalmente de comerciais de carros.
Ri muito com o comercial do Renault Duster ao ver homens chorando por já terem comprado outro carro.
O falso moralismo também atingiu um comercial de carros e nesse caso foi o Nissan Frontier, o dos "Pôneis Malditos". O problema aqui foi o de associar figuras infantis -pôneis- com a palavra "maldita". 
Associar mulher seminua com a palavra "gostosa", pode.
Um comercial que me encantou foi quando do lançamento do carro Fiat Linea.
O rapaz dirige o carro e a voz do GPS (Global Position System - Sistema de Posicionamento Global) diz para ele entrar em uma rua, mas ele segue o sentido contrário só para alcançar uma moça vestida com roupas simples, cabelos presos no alto da cabeça e que caminha tranquilamente segurando um livro. 
Achei esse comercial lindo e respeitoso para com as mulheres. Romântico também.
A moça não estava rebolando, não fazia caras e bocas e estava vestida!
Acho que não precisa apelar para mostrar ou vender um produto; bom gosto, elegância e respeito valorizam muito mais o produto.
Na minha humilde opinião de consumidora de bens, produtos e serviços.


                                        

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Johnny (A despedida de Mãevelha)




Johnny era um gato preto e branco que fazia parte da tríade felina companheira de Mãevelha. Havia Micchele (leia-se Miquele, por favor) e Andretti.

Minha avó passava a maior parte do tempo sentada; tinha dificuldade de locomoção.
Os gatos gostavam de ficar aos seus pés enquanto ela costurava, fazia crochê e principalmente fazia suas refeições. 
Papai não gostava de ver os gatos perto de Mãevelha e ainda mais quando ela "acidentalmente" deixava cair um pouco da comida, principalmente carne. 
Os gatos adoravam e serviam também como "gato espiatório" para levar a culpa pelo cheiro dos gases exalados por minha avó.
Mãevelha levantava uma parte do corpo, sacudia seu vestido florido - ela adorava vestidos estampados de flores miúdas - e deixava escapar os gases que estiveram presos e fermentando ali por algumas horas.
Após a liberação espontânea de gás Mãevelha voltava ao seu crochê normalmente e com a aparência mais aliviada. Mas o detalhe curioso é que não tinha nenhum gato perto dela.
Papai, sempre papai, passa perto da minha avó e diz:
"Mais que fedô do má dos cachorro é esse? Meu Padim Ciço do Juazeiro! O cabra de fez isso tá morto, só falta enterrar!".
Mãevelha concorda com papai e nos chama: "Vem cá menino,tire esses gatos daqui e bote pra fora... eles tão danados pra peidar".
Mas não tinha nenhum gato por perto!
Mudamos de casa e os gatos foram juntos, para alegria de Mãevelha.
Minha avó era diabética, teimosa, gulosa e adorava doces. Esses defeitos entre outros já vêm de fábrica. 
Mãevelha começa a ficar doentinha, não queria comer, tem febre e o seu dedinho do pé ficou escuro e necrosou. Mamãe estava em Pernambuco mas voltou ao saber da mãe adoentada.
Mamãe leva Mãevelha ao hospital e chegando lá constatou-se que a necrose já atingira a altura do joelho da minha avó e os médicos decidiram amputar a perna dela. Conversam com mamãe que autoriza o procedimento.
Mas antes o médico precisa examinar minha avó mais detalhadamente e ela só permite se mamãe estiver junto. Mãevelha era muito pudica e dizia que não ficava bem uma senhora viúva como ela ficar sozinha com um homem. Onde já se viu?
Mãevelha tinha 84 anos e era viúva a mais de 30 anos!
Mas mamãe fica com ela enquanto o médico a examina. O doutor pede para ela abrir um pouco o vestido para pode auscultar o seu coração; ela desabotoa só um botão e segura os demais com as mãos. O médico ri. Depois ele levanta o vestido dela para ver a perna necrosada; Mãevelha puxa o vestido para baixo. 
"Mas que doutô mais incherido!"
Mãevelha é levada para o quarto e aguarda a cirurgia. Mamãe volta para casa para pegar algumas coisas para levar para ela quando voltar.
Vão buscar Mãevelha no quarto para a cirurgia.
Mãevelha dorme.
Mãevelha dormiu e foi ao encontro de Paipreto.
A família é avisada e o caixão com Mãevelha é colocado na sala para o velório. Hoje as pessoas são veladas no cemitério mesmo. 
Muita gente vem ver, se despedir da minha avó, a Dona Maria que gostava de rir com os causos dos outros, que gostava dos docinhos escondidos que os netos traziam quando voltavam da escola.
Os gatos perceberam que Mãevelha tinha voltado para casa. Eles iam para o quarto dela, subiam na cama e voltavam para a sala. Fizeram esse caminho várias vezes e vendo que ela não voltaria mais a sentar naquela cama para deixar a comida cair sem querer e depois culpá-los pela emissão de gases tóxicos, decidem ficar debaixo do caixão.
Eles rodeavam o caixão e miavam, chamando por minha avó. Os gatos não entendiam porque ela estava ali e não na cama com eles a seus pés. Eles miavam como que para chamá-la de volta ou para que alguém explicasse porque ela estava ali.
Johnny, o mais apegado a ela, vai e volta ao quarto mais uma vez e querendo entender o que realmente está acontecendo, pula em cima do caixão e senta-se sobre minha avó.
Muitas pessoas de boa moral e bons costumes (Deus tá vendo) indignaram-se com a atitude dos gatos e soltaram exclamações de susto, surpresa e até de nojo.
Me arretei com aquela frescura toda e aquele falso moralismo e disse:
"Os gatos estão aqui porque sentem de verdade; eles não fingem como muita gente".
Claro que levei broncas de papai e mamãe, mas como dizia minha bisavó Maria Higinia, a mãe de Mãevelha: "Engulo um boi com as pontas e não me entalo, já um mosquito me entala".
Sou filha, neta e bisneta de mulheres fortes, bravas, corajosas.
Sou corajosa. Enfrento preconceito, ignorância e incompreensão por causa de uma doença que eu estou ainda aprendendo a entender a até a aceitar.
Bisavó Gina, Mãevelha, mamãe...eu.
Sou mameluco
Sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco
Sou Leão do Norte.