Mostrando postagens com marcador Doença. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Doença. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Irmã

                              Resultado de imagem para dia triste


Tive um dia pesado, chato e triste ontem. Toda segunda-feira é assim, dizem, mas eu nunca me atrelei a esses hábitos e manias; acho bobagem.
Têm dias bons e ruins, alegres e tristes e isso pode ser na segunda-feira, na terça, quarta...
A tristeza, os problemas, as preocupações e a solidão não escolhem qual o melhor dia para atacar, eles apenas atacam.
Acordei cedo, como sempre, mas não tinha o mesmo ânimo e disposição diários para fazer minhas sagradas obrigações: cuidar dos gatos e fazer meu café, ligar a TV e assistir aos telejornais matinais.
Fui até o banheiro e voltei para a cama; meu corpo pesava, minhas pernas mais entrevadas que o habitual; que peso é esse, meu Deus?
Deitei-me e os gatos, que a tudo percebem, deitaram-se ao meu lado. Fiquei até as dez e meia aproximadamente. Levantei mal humorada, "carregada", pesada. Deus do Céu.
Liguei a TV e me irritei com a presença já quase ubíqua desse cantorzinho que consegue gritar mais que Zezé de Camargo; Deus me livre!
O que a Rede Globo viu nesse cara? A criatura está em tudo o que programa da emissora!
Grita demais, aquela voz horrorosa e esganiçada e só canta dor de corno; presta não.
E o dia se arrastou.
Quando a gente está bem mal emocionalmente e psicologicamente, começa a pensar, a analisar e a fazer uma retrospectiva da vida vivida até então. Soma-se tudo, junta-se tudo e chega-se à conclusão de que só temos valor e somos lembrados quando estamos bem. 
Sempre lembro das palavras do meu avô João, meu querido Paipreto: "Quer ser bom? Morra ou se mude!".
Ingratidão, esquecimento, caráter dúbio, maldade mesmo. Parece que as pessoas pensam e agem assim: "Se pode me servir ou ser-me útil em algo, lembro que a pessoa existe. Se não pode me servir nem ser-me útil em nada, nem lembro que existe". É o que tenho visto e sentido, muito, ultimamente.
Ando muito triste, chateada e magoada e perdi quase que totalmente a fé na humanidade.
Mamãe dizia que "é o sangue que mata o corpo", e eu achava que se referia a alguma doença, mas depois entendi o que ela queria dizer.
Bom...
Vou fazer minha janta; minha irmã trouxe legumes, verduras e sardinha; tudo o que mais gosto.
Essa é irmã de verdade.
É isso.



                                       Resultado de imagem para irmãs

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Cadeira Azul

                                    Resultado de imagem para cadeira azul com livro  no jardim



Estou tão cansada hoje.
Passei longas e agradáveis horas sentada lá fora cuidando das plantas, uma das coisas que mais adoro, mas a coluna e os joelhos reclamam. E como!
Não dormi bem, pra variar, acordei sobressaltada, agitada e a cabeça pulsando: pressão alta.
Nível de stress subindo desde logo cedo, graças a Deus, mas que à tarde começou a baixar: apenas 98%.
Sinto falta do tempo em que tinha tanta energia, era tão ativa e podia bater os quatro cantos do mundo, como dizia mamãe.
Que doença mais besta, meu Deus do céu!
Jardim com uma cadeira azul em meio às plantas. Sentar, apreciar, ler um bom livro e tomar uma boa xícara de café.
Vontades também... maçã verde, melão, melancia, caqui, mamão, cuscuz com leite...
É isso.


                                    Resultado de imagem para maça verde

quinta-feira, 12 de março de 2015

Mal humor

                                 Resultado de imagem para mal humor



Que dia chato, meu Deus!
E a noite foi difícil também.
Muito barulho, muita conversa, muita irritação, insônia...
Vizinhos que falam o dia inteiro e que esticam a conversa até de madrugada. Pelo amor de Deus!
Era mais de uma hora da manhã e os vizinhos conversando, discutindo, falando... O menino da outra vizinha resolveu compartilhar da minha insônia e chorou e gritou a plenos pulmões. Gritar como se estivesse atuando em um filme de terror é a tática que o pequeno usa para irritar e manipular a mãe. E irritar os ouvidos alheios também.
Carros, motos, aviões e seus motores barulhentos. 
Durante o dia, que começa a partir das quatro e meia da manhã, são os barulhentos motores dos caminhões, carros, motos que passam pelas ruas e durante a noite são os motores/turbinas dos aviões de pequeno, médio e grande porte que sobrevoam as residências do bairro.
Estamos em uma área próxima ao Aeroporto de Guarulhos e o Campo de Marte e é comum o vai e vem das aeronaves. Legal.
Barulho me irrita. Muito.
É preciso aumentar o volume da TV. Fecho os olhos e tapo os ouvidos quando o barulho dos motores dos caminhões parecem ultrapassar as paredes da casa em direção à minha cabeça. É uma coisa chata e incômoda.
Gente que liga a TV em volume alto; conheço muita gente assim.  Minha sobrinha passou o feriado de Carnaval aqui em casa e ao levantar pela manhã, a primeira coisa que faz é ligar a TV e aumentar o volume. Tem precisão disso?
Quer uma haste flexível com algodão nas pontas para limpar os ouvidos?
Não. É hábito mesmo.
Vizinhos tocando as mesmas músicas o dia inteiro. Não enjoa não? Vai arranhar, Deus permita, o CD da Paula Fernandes. Amem.
Estou insuportável hoje. Estou irritadiça, estressada, de saco cheio, revoltada e muito mais.
Mais uma noite mal dormida, dor desgraçada na coluna e no joelho direito, pressão alta, pernas fracas e molengas, tristeza. 
Não bastava ser apenas pobre? Tem que ter logo duas doenças malditas detonando o corpo e a vida?
Não estou boa hoje.
É isso.





                                       Resultado de imagem para silencio

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Mobilidade

                                 



Lendo artigos em jornais e conversando com algumas pessoas que têm alguma deformidade ou problemas com mobilidade física, cheguei à conclusão de que as pessoas "normais e perfeitas" não têm paciência para com essas pessoas "imperfeitas".
Parece que há uma lei que obrigada as todos a serem saudáveis e perfeitos; não tem muito espaço para aqueles que não se encaixam no padrão estabelecido.
Pessoas doentes, com mobilidade reduzida, cadeirantes, ou qualquer outra categoria, não são aceitos, bem vindos e não podem fazer parte do grupo dos perfeitamente saudáveis; atrapalha.
Atrapalha o andar livre daqueles que podem andar. Demora muito para acompanhar o passo.
Dá trabalho dobrar o andador e/ou a cadeira de rodas. Dá uma certa vergonha também. Não é "da hora", legal, bacana estar acompanhado por alguém "assim".
Assim como?
Deficientes e pessoas com mobilidade reduzida também têm direitos! Têm direito à diversão, a sair de casa, a passear, viajar... tudo como qualquer pessoa "normal".
Deficientes e pessoas com mobilidade reduzida também são gente e têm sentimentos!
Consomem, compram, pagam impostos, pagam suas contas... Se somos inúteis e atrapalhamos a vida dos perfeitos, então nos eximam de pagar impostos, que nossos remédios sejam gratuitos e nosso transporte também.
Não é fácil e barato ir às consultas e exames de táxi; a fase Angélica está pesando no orçamento.
Pagar uma prestação cara e deixar o carro na garagem. Mas se está difícil e arriscado dirigir, o melhor é pagar o táxi. Mais seguro e mais prático.
Bom...
Muitos exames e consultas marcadas. Não vejo a hora de resolver e me livrar disso tudo. 
Me livrar dessa ridícula radiculopatia lombar, (radícula = pequena raiz; pathos = doença), que é a compressão ou irritação dos nervos que saem da coluna.
Eu e essa minha coluna problemática.
Dor, formigamento, fraqueza, dormência e uma sensação de estar pisando em brasa quente. As pernas ficam fracas e pesadas e não obedecem aos comandos do cérebro. Preciso segurar as pernas, principalmente a direita, se quiser levantá-la ou esticá-la.
Marquei consulta com o cardiologista também, estou preocupada com esse meu cansaço e batimentos acelerados ao mais simples esforço físico. Além do susto ocorrido no dia da perícia médica.
Coração velho de guerra.
Chove...
Consegui estender as roupas sem cair e até consegui amarrar/instalar/colocar um novo varal. 
Uma bobagem insignificante, mas importante para quem tem suas limitações.
Tenho limitações e acredito que serão temporárias.
Tenho limitações, mas ainda não morri!
Estou viva, quero viver e tenho direito à vida!
Tenho direito de circular por aí, mesmo que seja de táxi.
"Vou de táxi, se sabe..."
É isso.


                                       









segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Raiva

                                 


Fiquei um tempo sem dirigir, mas precisava ir ao supermercado, as coisas estavam acabando.
Fui até a casa da minha irmã, que iria comigo, e não foi fácil chegar lá. Pé que escorrega do pedal e ter que dirigir segurando a perna. Outros motoristas buzinando, ultrapassando e xingando. Todos muito apressados e perfeitos. Nunca envelhecerão? Terão saúde para sempre?
Parei no farol e fui invadida por um misto de raiva, tristeza e frustração: Raiva!
Por que?!
Por que não posso andar livremente? Por que preciso de bengala e andador? Por que minha saúde piora a cada dia? Por que não posso ter uma noite de sono sem dor? Por que não posso ter o simples prazer de viver minha vida simples ao lado do que eu mais amo nessa vida: gatos, livros e plantas?!
Por que tanto remédio? Por quê? Por quê? Tantos porquês...
Quando a gente pensa que as coisas finalmente começam a entrar nos eixos...
Será castigo? Mas por quê? O que eu fiz para merecer tal castigo?
Sempre fui uma pessoa simples e sem luxo ou frescuras. Como dizia meu povo antigo: "E tu já visse pobre com luxo? Oxe!"
Sempre tratei a todos com respeito, mesmo àqueles com quem meu santo não cruza. 
Nunca prejudiquei ninguém, nunca me aproveitei de ninguém, nunca roubei nada nem ninguém (exceto livros e plantas).
Tenho ficado muito em casa porque sair está complicado. Dá muito trabalho tirar o carro, descer para fechar o portão e ver e ouvir pessoas reclamando da minha demora. Não posso correr.
E-mails do coordenador nos alertando para as datas da atribuição de aulas; começa hoje.
Escolher as turmas, preferencialmente os pequenos e terríveis das quintas séries (sexto ano). Entrar em sala de aula, ver aquelas carinhas com olhos arregalados, expressão de medo e curiosidade e as mãozinhas levantadas: "A senhora é muito brava?"
Depois da primeira impressão vêm as habituais perguntas de todo o sempre, desde quando eu era aluna: "A senhora trabalha ou só dá aula? A senhora é casada? Tem filho? Tem cachorro?"...
Por que não posso ter e viver tudo isso?
Por que o que mais gosto está lenta e dolorosamente sendo tirado de mim?
Mais uma noite mal dormida com muito calor, pernilongos e muitos porquês.
É fácil não.
É isso.


                                    


domingo, 29 de setembro de 2013

É a vida

                                


Pretendia escrever/falar sobre outras coisas, mas o assunto acabou descambando para refrigerantes antigos.
Talvez não quisesse naquele momento falar sobre outras coisas. Sei lá...
Não queria falar sobre a Acromegalia.
Não queria falar sobre refrigerantes, gatos, frio, estradas...
Falar sobre sentir-me só, esquecida, desimportante...
Eu que já fui tão forte como touro; que já segurei touro na unha, que passei por trancos e barrancos, que fiz coisas e assumi responsabilidades muito sérias para uma criança de seis, sete, onze anos...
Eu que me dei, me entreguei e me dediquei aos outros e esqueci de mim. Me deixei de lado na certeza de que um dia me retomaria e seguiria em frente com a minha própria vida; livre, leve e solta.
Mas nem tudo é como planejamos.
O que ganhei de anos de responsabilidades, dedicação, seriedade? Apenas um bom caráter, uma coluna ruim e cheia de parafusos e uma doença besta de nome estranho e que ninguém nunca ouviu falar: Acromegalia.
Acro = extremidades, altura.
mega = grande.
lia - doença.
Mas nem tudo pode ser totalmente bom ou totalmente ruim nessa vida.
A Acromegalia me deixou mais fraca, cansada, isolada, desolada, esperançosa pela cura ou pelo menos por uma solução.
Por me deixar mais fraca, a Acromegalia me afastou de gente que só me via como a solução de seus problemas. Gente que me sugava as forças, a vitamina, as energias.
Há males que vêm pra o bem, já diziam os antigos.
Sinto-me mais aliviada e até mais alegre por estar livre de compromissos e obrigações que não eram meus. Livre de passar o dia inteiro rodando pelo caótico trânsito paulistano a serviço de pessoas que se julgavam melhores e mais merecedoras que as outras.
Não sou de ferro.
Cansei, estou cansada. 
Minhas forças não são as mesmas de antes.
Estou me afastando e me libertando aos poucos e isso é bom.
Pena? Culpa? Já tive/senti demais, mas quem sentiu de mim?
Ninguém é tão frágil que não possa andar com as próprias pernas. Se vira malandro, tu não é quadrado!
Eu me viro com andador, bengala e cadeira de rodas quando a espera é grande e estou mais ou menos bem, obrigada.
É preciso mudar, deixar, barrar a pena e a culpa que são bem traiçoeiras e dramáticas e nos impedem de ver quem e o que nos fazem mal.
Mas por outro lado é preciso ter força, coragem, garra, gana para lutar e viver.
Têm dias que bate um desânimo danado. Vem uma tristeza, um sentir-se só em meio à multidão, um sentir-se um nada, um estranho em meio a desconhecidos familiares.
Meio louco tudo isso.
Parece que tudo pesa, tudo é mais complicado e difícil quando não estamos bem de saúde.
Com saúde fica tudo mais fácil; não incomodamos ninguém, não somos evitados nem esquecidos.
Com saúde cuidamos de nós mesmos e do que é nosso.
Mas têm momentos que encontro certas injustiças por parte dos saudáveis, dos normais e magnânimos para com os doentes e imperfeitos.
Nenhum doente quer que seu fardo seja carregado pelo outro, ele quer apenas companhia em sua jornada, respeito, carinho e compreensão, por mais errado ou louco que esteja ou seja.
Críticas, julgamentos e cobranças não vão melhorar o bem estar do doente, só irão fazê-lo sentir-se pior ainda.
Eu pensava que um dia ficaria livre, poderia de me dedicar ao meu trabalho e à minha educação, às minhas coisas, aos meus gatos, livros, plantas e, resumindo: à minha vida simples, básica, íntegra e honesta.
Mas não.
Deus ou Vida ou ambos juntos decidiram me sacanear e quando pensava eu em simplesmente viver minha vida por mim mesma, lá vem uma doença estranha e me toma tudo.
Eu até havia pensado em fazer mudanças no visual. Olha só!
Mas a Acromegalia já o fez. Adiantou-se e fez mudanças para pior, claro.
Agora com corpo e carão acromegálicos o peso da vida fica quase insustentável.
Eu disse quase. Estou viva e sou guerreira.
Com dias bons ou ruins, frios ou quentes, solitários ou acompanhados, eu sou guerreira, estou habituada a lutar.
Acho que nasci para isso, para lutar.
Têm dias que dói bastante, outros menos... mas dói.
É a vida.

                 
                                         






domingo, 15 de setembro de 2013

Olha a hora

                              



Ansiedade.
Está se aproximando a hora da consulta com a médica especialista em Acromegalia.
É tarde.
Cadê o sono?
Lembro do rádio de pilha da minha avó Mãevelha, sempre ligado na mesma estação e com o Zé Bétio dizendo a cada dez segundos: "Olha a hora, olha a hora".
Não sei a que horas vou para a cama.
Ir para a cama para deitar, virar pra lá e pra cá e sofrer com as dores?
Aí lá pelas cinco ou seis da manhã o corpo cansado não aguenta mais e se entrega ao sono.
Sono agoniado, entremeado por sonhos simbólicos, significativos, assustadores às vezes.
Hoje um milagre aconteceu, graças a Deus. Os vizinhos barulhentos não fizeram tanto barulho e não tocaram suas músicas horrendas e sempre iguais. Louvado seja Deus Nosso Senhor Jesus Cristo!
Sentei-me no sofá e assisti ao Rock in Rio; assisti ao show das bandas de Rock mesmo e não essas coisas chatas que somos obrigados a ouvir porque não somos surdos.
Bom, nem sempre ouço. Se está na TV eu abaixo o volume, como faço diariamente durante a abertura da novela das nove. Ouvir Daniel se esgoelando e tremendo a voz não dá!
Achei estupenda a abertura do Rock in Rio com a maravilhosa mistura de Rock e Música Clássica além da belíssima homenagem a Cazuza.
Assisti a abertura com minha sobrinha Beatriz e disse a ela que aqueles quarentões, cinquentões e até mais, são todos representantes legítimos e talentosos do Rock Nacional e da nossa MPB.
Hoje assisti ao show do The Offspring, banda californiana que toca um Punk Rock do jeito que gosto. Mettalica, Alice in Chain... Muito $#@!
Agora me colocam Beyoncé berrando, rebolando e se debatendo como se estivesse recebendo uma Pomba Gira...Não dá.
Ivete Sangallo ensinando passinhos básicos de músicas cujas letras se repetem eternamente: "Tira o pé do chão, bate palma de mão".
Na boa, posso soar ignorante, mas o nome da bagaça é Rock in Rio!
Bom...
Estou inquieta, ansiosa, preocupada.
É só uma consulta, mas sinto como se estivesse indo para fazer algo mais grave e demorado.
Estou preocupada com meus gatos, meu Deus.
Mas não dá para adiar mais. Se continuar assim, em um ou dois meses estarei em uma cadeira de rodas. 
Está cada dia mais difícil. Estou cada vez mais entrevada e dolorida e o simples ato de levantar da cama e caminhar até o banheiro tem-se transformado em uma batalha covarde e cruel.
Minha irmã esteve aqui hoje com minha sobrinha e meu cunhado e demorei um longo tempo até conseguir levantar para abrir o portão. Me desculpei pela bagunça, me senti incapaz, fraca, inútil.
Eu que adorava fazer as coisas pela casa e agora mal consigo lavar a louça.
Ela foi para a casa do nosso irmão e voltou depois com pasteis para mim; só faltou o caldo de cana, brinquei.
Combinamos de almoçar na casa dela e de eu dormir lá de domingo para segunda para sairmos cedo até o HC. 
Foram embora.
Chorei sozinha.
Chorei pela minha fraqueza, pela minha saúde que é devorada vorazmente pela doença, pela minha incapacidade de manter a casa arrumada, pelo meu cansaço constante, por querer ser e fazer as coisas como antes e não poder mais.
Chorei.
Não sou mais como era antigamente.
Chorei pelos meus gatos e pedi a Deus e ao Povo lá de Cima que protejam meus bichanos de gente ruim, que os mantenham longe da rua e do perigo.
Amem.
Duas horas da manhã de domingo.
Vou para cama tentar cochilar até de manhã e aproveitar ao máximo a companhia dos meus gatos.
Vou ficar boa.
Olha a hora, olha a hora.


                                       


                                       



                                        

domingo, 11 de agosto de 2013

Felicidade

                                   



Está cada vez mais difícil. 
Estou cada vez mais dolorida e entrevada e isso me chateia, revolta, entristece.
Durmo apenas três horas por noite e sempre acordo com as dores no joelho, ombro e coluna. As mãos e os pés também doem. Artrose e Acromegalia. Que dupla!
A cirurgia de artrodese foi feita em 2009, apenas quatro anos atrás. 
Em pessoas "normais" a duração dessa cirurgia varia de 10 a 15 anos e algumas vezes talvez nem precise mexer no que foi feito, mas no meu caso é diferente.
Anos de esforços físicos pesados para uma criança somados aos efeitos do excesso de GH (hormônio do crescimento) na fase adulta prejudicaram e deformaram minha coluna. Acromegalia.
Dores, peso nas pernas, entrevamento, mobilidade reduzida. Parece que estou enferrujada; sinto-me como uma múmia. Está difícil.
Trabalhar é outro problema. Saio da escola sempre amparada por alguém que me acompanha até o carro.
Os alunos ajudam, professores, funcionários da escola também.
Li um artigo sobre Freud que defende a tese de que não estamos preparados para a felicidade e quando alcançamos algo que tanto queremos e que nos faz feliz, adoecemos. Será?
Se pararmos para pensar, faz certo sentido. Não concordo nem discordo totalmente da tese. Há controvérsias.
Senti também que as pessoas são culpadas por estarem ou serem doentes. Estranho.
Já falei aqui sobre a "culpa" atribuída a pacientes com câncer; li artigos em importantes jornais. 
Culpar alguém por ser doente é perverso. Há exceções, claro.
Mas por que não estaríamos preparados para a felicidade? Ser infeliz é mais interessante? Gente infeliz é mais saudável que gente feliz? Se sim, por que, então?
Sempre sabemos, por vários meios, sobre casos de pessoas que estavam se preparando para um novo projeto, que mudariam de emprego, de vida, que se casariam, que comprariam seu primeiro carro, sua primeira casa, que teriam encontrado o grande amor de suas vidas, que aguardariam ansiosamente pelo primeiro filho e, de repente, se veem doentes. Por quê?
Não estariam essas pessoas preparadas para a felicidade?
Então isso quer dizer que as pessoas auto sabotariam suas próprias vidas, saúde e felicidade?
Como alguém tão feliz por ter realizado um sonho, atingido um objetivo escolheria ficar doente quando o normal e o esperado seria ficar muito contente e aproveitar aquilo que alcançou?!
Se a pessoa não está preparada para ser feliz e "decidiria" adoecer, que doença ela escolheria? Ou seria a doença que a escolheria?
Felicidade e doença são irmãs gêmeas xifópagas (siamesas)?
Não sei se entendo bem essa teoria e acho muito estranho alguém querer ficar doente quando finalmente encontra-se tão próximo da felicidade e da realização de um sonho.
Esse "querer ficar doente" é inconsciente, naturalmente. Tem gente hipocondríaca ( que adora ficar doente), mas pessoas sadias tanto física quanto emocionalmente nem pensariam em doença.
Não sei não. 
É tudo tão complexo, estranho.
São tantas teorias.
Sempre quis tanto ser professora e consegui, com muita dificuldade trabalhei por um ano e os outros anos passei mais tempo entre hospitais, internações e cirurgias do que na escola.
Volto a trabalhar após bom tempo afastada, mas está muito difícil. 
Dores, dificuldade de locomoção, entrevamento, revolta, tristeza, dores...
Não dá pra ser feliz...
Preciso ver o mar.



                                         




segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Psicopatas: Criador & Criatura

                             

Psico; alma.
Pathos; doença.
Psicopata; doença da alma.
Alma, nesse caso, refere-se ao caráter, personalidade, o ser, a pessoa e não tem nada a ver com a alma no quesito religioso.
Psicopatas são frios, egocêntricos, não sentem remorso, são insensíveis aos sentimentos alheios, manipulam, são simpáticos, charmosos, sedutores, se irritam perante às frustrações, são mentirosos, propensos a viver em um mundo de fantasias, não gostam de ser contrariados, são agressivos, são controladores, são muito simpáticos e agradáveis para com estranhos mas demonstram ressentimento para com os familiares. Alguém da família é sempre culpado por seus problemas.
Psicopatas não gostam de monotonia, regras e rotina e por isso têm entusiasmo curto por relacionamentos, empregos, objetivos etc...
Começam em um novo emprego, amizade ou projeto, mas em pouco tempo perdem o interesse a procuram desculpas para abandoná-los e colocam defeitos para justificar o abandono. Estão sempre começando algo novo mas nunca terminam. São imaturos, têm comportamento infantil, manipulam até conseguir o que querem, não demonstram gratidão e explodem em fúria agressiva caso sejam contrariados. 
São vingativos e "matam na unha", como diz o ditado.
São sempre vítimas e estão sempre certos; o mundo é que está errado.
Psicopatas somatizam seus problemas psicológicos e os transformam em problemas físicos. Só eles podem ser e estar doentes e sua doença é sempre mais séria e grave que a de qualquer outro ser humano na face da Terra.
Psicopatas nutrem ódio por algo ou alguém, principalmente se não conseguirem o que querem. Choram "lágrimas de crocodilo", são dramáticos, teatrais, falsos. Geralmente não respeitam figuras de autoridade, como pai ou mãe. São humanos sem humanidade. São frios, calculistas, falsos, perversos.
Psicopatas são ótimos atores, estão sempre alegres, dispostos a ajudar, a aconselhar, mas sua mente doentia está sempre arquitetando uma vingança.
Psicopatas não demonstram emoções, mas as finge ter. Estão sempre procurando ser legais para depois conseguir o que querem e para provar isso presenteiam os filhos das suas vítimas intencionais.
Psicopatas são golpistas, seduzem para conseguir o que querem e nunca pagam o que devem.
Há algumas possíveis causas para a psicopatia, como disfunções neurológicas,  genética e traumas de infância, como abuso sexual, por exemplo.
Alguns fatores associados podem explicar a psicopatia em algumas pessoas: abuso sexual na infância, permissividade, falta de limites, compensações. 
Crianças abusadas são compensadas pelo abusador com total liberdade e sem limite nenhum; os abusadores compram para elas tudo o que querem, as protegem como um animal feroz protege suas crias, não aceitam que critiquem a criança, sua educação e seu comportamento. A criança sente-se à vontade para fazer o quiser, quando quiser e como quiser; podem até desrespeitar os mais velhos, que o abusador vai achar um desculpa para justificar a gracinha da criança.
São criador e criatura. Monstros criados por um monstro maior ainda.
Com o fim do criador a criatura entra em um círculo autodestrutivo.
É triste como um ser humano pode destruir outro ser humano.
É cobra engolindo cobra, diziam os antigos.

PS: Para falar sobre psicopatia eu li o livro "Mentes Perigosas" da psiquiatra Ana Beatriz Bastos, assisti a documentários sobre doenças da mente, psicopatas, sociopatas e outros, nos canais Discovery e National Geographic. Reli meu livro de psicologia usado nas aulas da faculdade: "Introduction to Psychology" by Rod Plotnik e li sobre psicopatas no site de busca "Wikipedia".
Mas as informações supra citadas não foram tiradas apenas de livros, Internet e documentários de televisão. 
Infelizmente.

               
                                        




quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Fronha

                                        

Zapeava pela TV, como sempre faço, e decidi parar em uma canal religioso.
Aliás, canais ditos religiosos e canais de vendas são o que mais têm e o que poucos veem, mas temos que pagar por eles, mesmo que não os assistamos.
Falei sobre isso com a atendente da Net e reclamei sobre o fato de pagarmos por algo que não assistimos; não poderíamos mudar? Trocar por outros canais de filmes, por exemplo?
A simpática mocinha disse que não, não pode mudar nada! Que o pacote já é definido e o temos empurrado goela abaixo. Paciência.
Mas quem é o mané que define o pacote? Por acaso ele nos perguntou se queremos assistir a exploração da fé em inúmeros e seguidos canais? Ofertas disso e daquilo?
Isso é uma ditadura, penso eu.
Mas eu zapeava pelos canais, como disse, e me chamou a atenção o relato de pessoas que se diziam curadas de doenças ósseas, tumores, cegueira e até de aleijados que voltaram a andar. Puxa vida!
Como todo o respeito.
Tenho respeito e dó por essas pessoas simples e desesperadas que procuram ajuda para resolver seus problemas.
Tenho asco por essas pessoas que se dizem mensageiras de Deus na Terra e que exploram a fé, a inocência e a ignorância dos desesperados.
E isso não é de hoje.
São garrafinhas de água vinda de Israel, a Terra Santa.
São garrafinhas com óleo ungido também vindas da Terra Santa.
São livros, CD´s, DVD´s e boletos bancários para engordar a obesa conta daqueles que professam uma falsa fé e enchem seus bolsos com suado e honesto dinheiro dos necessitados.
Procuro respeitar a tudo e a todos, como sempre digo, mas há situações que causam revolta, como por exemplo o fato de crianças não poderem comemorar seus aniversários e terem um festinha simples e convidar seus amiguinhos. Por quê?
Festas juninas também são proibidas. Por quê?
Querem transformar as pessoas em zumbis acerebrados?
Já estão.
Querem curar gays?! Desde quando opção sexual é doença?!
Bom, além de toda a parafernália pseudo religiosa que vendem, o que me intrigou foi a oferta de uma fronha milagrosa e que custa o módico preço de noventa e um reais.
Noventa e um reais por uma fronha?!
Costumo pagar entre cinco e sete reais por fronhas bonitas e boa qualidade nas lojas Pernambucanas! 
Bom, as fronhas que compro apenas protegem o travesseiro, não fazem milagres.
Liguei para o número colocado na tela para que as pessoas liguem e adquiram a fronha e façam doações para a obra do Senhor, não sabia que Deus era pedreiro. Arquiteto, talvez?
São várias contas abertas em vários bancos para facilitar a vida do fiel que vai depositar seu rico dinheirinho. 
Deus é fiel.
Fiel? Deus é corinthiano?
Certa vez alguém disse que eu lia demais e que os livros eram inimigos e que a pessoa só deveria ler a bíblia. Não sei por que, mas isso me lembrou os livros proibidos de Fahrenheit 451.
Outro disse que blogueiros são filhos do demo... Não sabia que eu era adotada.
Desde que o mundo é mundo os mais espertos manipulam os mais inocentes. Manipulam, exploram, proíbem, ditam regras, costumes, ideologias...
Cada cabeça uma sentença, já dizia mamãe, mas me incomoda o fato de proibir coisas tão simples e que dão tanta alegria às crianças.
Me incomoda explorar, vender saúde, vender a cura.
Se fosse assim, hospitais, médicos e planos de saúde iriam à falência e deixariam de existir.
Não sei se deveria escrever e publicar essa postagem, mas vejo absurdos demais e que têm me incomodado e preocupado.
Não pretendo ofender a ninguém e muito menos à fé alheia, mas o Deus em que acredito não precisa de dinheiro.
Não encontro Deus em templos de ouro e mármore. Não encontro Deus em proibições absurdas. Não encontro Deus em promessas mirabolantes.
Deus está dentro de cada um, somos sua igreja.
Igreja não é um edifício, um prédio ou um templo; igreja é cada um de nós.
Palavras mal interpretadas, deturpadas, manipuladas.
Deus me livre de todo mal. Amém.