terça-feira, 6 de setembro de 2011

Fubá

Hoje é aniversário do meu irmãozinho caçula: 33 anos. Estou preparando uma canjica com leite de coco (já falei que adoramos coco?).
Aliás, uma coisa que gosto de fazer é presentear com as guloseimas que faço. Acredito ser mais natural, real e carinhoso dar uma coisa feita pela gente. E também uma boa desculpa para quando não se tem dinheiro. Meu, eu queria ser pobre só uma vez na vida, porque todo dia é dose!
Bom...
Fubá, como é conhecido desde pequenino, sempre foi terrível e nada corajoso. Até hoje tem medo de ir ao quintal quando está escuro. (desculpa aí, mano)
Ele também passou e passa por poucas e boas no quesito saúde. Já fez várias cirurgias e entre elas transplante de fígado.
É um cara batalhador, invocado, corinthiano e macho! Mas acredito que essa "macheza" toda vai desaparecer quando Rafaela chegar e dominar! Rafa é a primeira filha de meu irmão e peço a Deus que ela seja saudável, inteligente, amorosa e mais terrível que seu pai quando criança.
Papai e mamãe trabalhavam e eu cuidava da casa e dos meus irmãos. Também lavava roupa pra fora (no bom sentido). Trabalhei muito na infância e adolescência que não tive.
Procurava deixar tudo pronto antes de ir para a escola e para quando mamãe chegasse encontrar a casa e meus irmãos em ordem.
Eu dava banho em Fubá e o alimentava. Tinha que fazê-lo dormir, pois se ele percebesse que eu ia sair, começava o berreiro. Muitas vezes voltei da rua para casa ao ouvir o choro de meu irmão caçula.
Era uma cena muito triste, meus irmãos todos pequenos trancados naquela casa minúscula e de quintal enorme. A casa era guardada por um fiel cachorro que não deixava ninguém entrar. O animal parecia saber que aquelas crianças ficariam sós até seus pais chegarem e ele sentia-se na obrigação de protegê-los!
Eu saía bem devagar e em silêncio para não acordar Fubá. Mas muitas vezes eu ouvia o choro dele e meus irmãos irem até o portão para me chamar de volta. Eu voltava.
A vizinha linguaruda esperava mamãe voltar do trabalho depois das 22hs só para dizer a ela que tinha voltado da escola! Ajudar não, mas fofocar era com ela mesmo! FDEM (fia duma égua manca)! Como todo respeito às equinas.
Eu voltava e segurava Fubá no colo que se agarrava em meu pescoço com medo de eu ir embora. A televisão estava ligada. Passava um programa de culinária com a Etty Frasier e depois desenhos. Adorávamos os Brasinhas do espaço, Formiga atômica, Lula lelé...
Eu fazia algumas das receitas do programa de culinária. Sempre com ingredientes básicos: leite, farinha de trigo, ovos, açúcar.
Era tão bom. Assistíamos aos desenhos saboreando as guloseimas que eu preparara.
Certa vez, antes de iniciar nossos programas favoritos, a emissora passou um videoclipe de música de um filme. O clipe era muito exagerado. Uma moça dançava freneticamente  ao som de uma música barulhenta e com excesso de efeitos especiais. Muitas luzes que piscavam, tudo muito claro, forte e exagerado.
Fubá estava sentado no meu colo e tinha medo daquela cena medonha. Levou as mãozinhos aos olhos e disse em seu português infantil: "Diiga Izane, vai ipudir!".
Tradução: "Desliga Rejane, vai explodir!".

Ronaldo Fubá. Segundo ele, o mais bonito (e humilde) dos seis filhos de Dona Marlene e Seu José.

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