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domingo, 27 de outubro de 2013

Avesso

                                  



Dia quente e bonito. 
Céu azul, gatos espalhados pelo quintal e tomando banho de sol, a exuberância em vários tons de verde de minhas plantas, flores do meu jardim.
Estou exausta e tenho tido dias bem ruins com dores físicas e outras não.
Mas por mais difícil que seja, mando a bola ao gol e bem melhor que o Pato no jogo do Curinthia contra o Grêmio.
Pelo amor de Deus, mano, o que foi aquilo?
Vi uma piadinha dizendo que o Pato só usa chuteira de outras marcas, porque se usar da Penalty, vai acabar perdendo. Sacanagem.
Tive mais uma semana difícil e depois de tudo que passei e estou passando, começo a desejar cada vez mais que a médica me chame, faça os benditos dos exames, me vire do avesso do avesso do avesso e encontre o melhor diagnóstico, tratamento e o que for necessário. Pelo amor de Deus!
Estou com medo, assumo, admito. Sou humana, demasiado humana.
Fiquei com trauma após tudo o que passei na cirurgia para remoção de adenoma (tumor) de hipófise.
Mas se preciso for, farei novamente. É o jeito.
Preciso ter saúde, preciso voltar ao trabalho, preciso viver minha vida como qualquer pessoa saudável.
Não tenho milhões em dinheiro nem em amigos e ficar sem saúde só complica ainda mais as coisas.
Fiz arte hoje, como dizia um dos médicos. Tirei a roupa da cama, lavei, estendi o que coube nos varais que sobreviveram aos ataques das unhas e dentes de Branca Maria.
Deixei o resto de molho para amanhã.
Limpei o quintal dos gatos, coloquei água fresca, me cansei, me sentei na cadeira que deixei ao lado do tanque e da máquina de lavar. Me canso muito fácil e rapidamente e não consigo continuar. É preciso parar e descansar para depois voltar. Coisa chata.
Tomei café com Panetone de manhã e à tarde comi mamão e banana.
Fiquei com vontade de comer pizza. Hoje é sábado, dia mundial da pizza e São Paulo tem a melhor pizza do país.
Também pudera, a Itália é aqui e até falamos bem parecido.
Mas acabou o dinheiro; paguei as contas, comprei meus remédios, a ração e a areia dos gatos. É preciso ver nossas prioridades.
Deitei no sofá e me sentia tão mal e cansada que parecia que havia enchido uma laje.
Adormeci.
Amanhã é outro dia e será melhor.
É isso.


                                       



domingo, 27 de maio de 2012

Itália

Paróquia de Casa Luce
                                              
Papai tinha orgulho de dizer que era nordestino neto de "intaliano", além de pernambucano, palmeirense e macho! Exatamente nessa ordem.
São Paulo é a cidade mais italiana fora da Itália e a partir do mês de maio podemos apreciar a cultura, a música, a alegria e principalmente a culinária italiana nas festas típicas de Casa Luce, San Genaro, San Vito, Achiropita e quermesses de bairro.
Muito macarrão, vinho quente, quentão, bolos, doces, jogos e muita alegria.
São festas juninas que trazem o melhor do sertão com o melhor da Itália e esquentam as frias noites do outono/inverno paulistano.
Ontem fomos eu, minha irmã Rosi, meu cunhado Pepê e minha sobrinha Beatriz à Festa de Casa Luce (Casa de Luz) no bairro do Brás, um bairro tipicamente italiano mas que recebeu e recebe migrantes e imigrantes de outras paragens: italianos, nordestinos, coreanos, bolivianos...
São Paulo está sempre de braços abertos a receber gente dos quatro cantos do mundo.
Passeamos pela Rua Caetano Pinto, entramos na Paróquia de Casa Luce e depois fomos degustar uma bela macarronada da mamma ao som de belas canções italianas.
São canções conhecidas por nós, pois ouvíamos no rádio que ficava sempre ligado quando mamãe ficava em casa. Adorávamos quando mamãe saía mais cedo do trabalho ou quando não ia trabalhar. Ela trabalhava em casa, e muito, mas estávamos em sua companhia, para nossa alegria.
Músicas como "Torneró, Io que amo solo te, Dio come ti amo, Roberta, Champagne" eram tocadas no rádio e cantávamos num italiano improvisado. Algumas músicas também foram temas de novelas e é muito bom ouvir de novo boas canções.
Fotografei a capela, o cantor de bela voz e Beatriz se deliciando com o macarrão.
Rosi perguntou se ela queria mais alguma coisa e ela disse: "Não, mãe. Eu vou si matar com esse spaghetti aqui".
E enquanto definíamos o cardápio, eu pergunto à Beatriz se ela queria macarrão e ela disse: "Macarrão não, eu quero spaghetti".
É isso.


Beatriz degustando o macarrão da mamma
                                      

quarta-feira, 28 de março de 2012

A Abelhinha Feliz e O Peixinho Sonhador

Autor: Ivan Engler de Almeida. Editora Ática. 1974
                                              


Estava na terceira série do Ensino Fundamental I, o antigo primário.
Era final de ano e já havíamos feito nossas provas bimestrais. Tive notas boas e "passei de ano", como dizemos até hoje, para a quarta-série. Eu tinha nove anos.
No último dia de aula comparecemos com bolos, salgadinhos e refrigerantes; era nossa festinha de despedida do ano que terminava.
Muita choradeira, muitos abraços e muitos "Eu nunca vou te esquecer"; isso porque morávamos todos no mesmo bairro e iríamos estudar na mesma escola no ano seguinte. Mas como alguns gostavam de dizer: "É, mas quem garante que a gente vai ficar junto na mesma classe?". 
Verdade. Isso era uma dura realidade a ser encarada.
Perto do final da festinha nossa professora Dona Maria Tereza pede que nos sentemos em nossos lugares, ela tem algo a nos dizer.
A Professora Dona Maria Tereza tem nas mãos uma sacola enorme com pacotes coloridos dentro e nos perguntamos animados: "Será que é presente pra gente?!".
Era sim.
A professora passa de carteira e carteira e coloca um embrulho bonito e colorido em cima e nos pede para esperar para abrirmos  todos juntos.
Ela diz que podemos abrir e o que se seguiu foi um rasgar frenético de papel com expressões felizes de "Oba! Que legal! Vou começar a ler agora mesmo!".
Eram livros. Lindos livros. Preciosos livros.
Era meu primeiro livro! 
O primeiro livro que eu consegui ler sozinha e sem muita dificuldade para unir as sílabas e formar palavras. Que alegria, meu Deus!
E os livros que ganhamos da professora foram "A Abelhinha Feliz" e "O Peixinho Sonhador, ambos do autor Ivan Engler de Almeida.
Eu ganhei o livro da abelhinha, mas fiquei doida para ler o do peixinho também.
A minha coleguinha ao lado havia ganho o livro do peixinho e o guardou em sua mochila para poder conversar e brincar com os outros coleguinhas; eu pedi a ela para me deixar ler seu livro e o devolveria no final da aula/festa. 
Eu não ia brincar nem conversar com ninguém mesmo! Eu estava doida pra ler!
Li "O Peixinho Sonhador" e adorei. Devolvi o livro à coleguinha e fui para casa para ler o meu livro da abelhinha.
O problema era Mãevelha. "A escola acabou então tu vai ficar em casa pra me ajudar a cuidar dos teus irmãos e das coisas, visse?"
Eu fazia tudo o mais rápido que podia só para me entregar ao prazer da leitura do meu querido e precioso livro, mas Mãevelha percebeu e não me deixava ler. "Mas tu não larga desse livro, não é essa menina? Bote isso pra lá e vá cuidar de seus irmãos, tá na hora da mamadeira da menina nova". Minha irmã Rosi tinha dois anos na época.
Papai e mamãe chegavam do trabalho e ouviram as reclamações de Mãevelha: "Essa menina só quer viver agarrada com aquele livro e não faz as coisas direito. 
E eu só tinha nove anos de idade!
Para escapar da vigilância de minha avó eu preparava a mamadeira de minha irmã e depois de mamar ela iria dormir. Era minha chance.
Segurava Rosi em meus braços infantis e deixava que ela segurasse a mamadeira e, ao lado, sob um fralda, estava meu livro escondido. 
Mãevelha não contava com minha astúcia.
Rosi dormia em meus braços e eu viajava na historinha da abelha que veio da Itália para o Brasil em um navio e que sofrera muito até saber diferenciar as flores naturais das artificiais. As abelhas têm um período curto de vida e então aparece uma "abelha madrinha" e concede cinco anos de vida para a abelha Ítalo-Brasileira.
Eu associava a abelhinha italiana à minha avô Mariana que também viera da Itália para o Brasil.
Mãevelha percebia que eu estava demorando muito para fazer minha irmã e dormir e gritava de lá da cozinha: "Mas tu não fizesse essa menina drumi ainda, Rejane?"
"Não, Mãevelha. Ela ainda está tomando a mamadeira".
Rosi dormia o sonos dos pequenos anjos e eu me deleitava com a leitura do meu adorado livro "A Abelhinha Feliz".




Autor: Ivan Engler de Almeida. Editora Ática. 1974