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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Portas

                                        

Estava muito cansada ontem; nem consegui assistir ao CQC. Achei também que o programa estava meio lento, assim como eu.
Antes disso, assisti ao filme "Mudança de Hábito", uma comédia dos anos 90 com a atriz Whoopi Goldberg e ri muito. 
Gosto de rever filmes mais antigos e reler livros lidos há algum tempo, parece que têm algo de novo, algo novo a dizer ou a mostrar.
Fui para a cama e peguei no sono até que rapidamente para meus padrões "insônicos", mas lá pelas duas da manhã tive que me levantar e ir ao banheiro. A gataiada me acompanha, sempre.
Levantei-me de novo às quatro da manhã e pensei que dormiria até às sete, mas me enganei; acordo com vozes que conversam animadamente e isso às cinco e meio da manhã! Era o casal de vizinhos que falam pelos cotovelos, falam alto pra caramba e ouvem música ruim em alto volume. Valha-me Deus!
Detesto ser acordada bruscamente, e me pergunto: "O que madoscachorro esse povo tem tanto pra falar às cinco e meia da manhã?!"
Nesse sono interrompido tive alguns sonhos, algumas visitas.
Sonhei com minha falecida prima Marinês e no sonho ela dirigia uma Perua que nos levava até Pernambuco. Dias antes sonhei com papai caminhando comigo por caminhos tortuosos e eu estava muito apreensiva; vi rios com corredeiras de águas claras e azuis e eu dizia a papai: "Quero chorar mais não, pai. Chega de lágrimas".
Papai andava ao meu lado e paramos em um local muito parecido á região montanhosa da Fazenda Taquari onde nasci, papai dizia: "Essa é a sua terra".
Depois sonhei com minha avó Mãevelha e eu secava seus cabelos compridos e branquinho-azulados com o secador. Mãevelha tinha umas bochechas fofinhas e gostosas de beijar.
Alguém entrava no quarto onde estávamos e dizia que eu ainda tinha uma avó para cuidar, mas eu sabia que Mãevelha já havia partido há mais de vinte anos. 
Depois de secar os cabelos de minha avó eu começava a secar os cabelos de uma menina de uns quatro ou cinco anos e ela tinha cabelos encaracolados, meio acobreados, cabelo de gente galega.
Depois percebi que aquela menina era eu.
Quem consegue entender e explicar o tempo das coisas, dos sonhos, da vida?
Eu fui galeguinha até os cinco ou seis anos e depois fui ficando mais morena. Morena clara.
Adorei as visitas de papai, Mãevelha, minha prima Marinês e de outras pessoas que fizeram (fazem?) parte da minha vida e da minha História.
Estou tentando entender o significado de suas presenças; talvez até saiba.
Mas o chato é que sempre acordo angustiada, assustada às vezes, pois quero entender o que meu povo quer me dizer e quero que fiquem mais tempo. Mas eles não podem e eu também não posso; cada coisa a seu tempo.
Um dia pensava comigo sobre a possibilidade de haver uma porta mágica que se abrisse e nos permitisse entrar na casa daqueles entes queridos que já se foram ou permitir que eles nos visitasse mais e demoradamente. Mas Deus e o Povo lá de cima sabem o que fazem e bem sabem que se eu entrasse por essa porta e encontrasse meu Paipreto, meu avô José e todo meu povo querido e eu fosse criança de novo eu não quereria sair de lá de jeito maneira jeito qualidade.
É melhor assim; visitas rápidas. Já dou trabalho e acordo chorando quando sonho com meu povo, imagine se eu pudesse vê-los sempre que quisesse?! Daria certo não.
Agradeço por suas visitas e peço a Deus que os permita sempre me visitar e que os cubra de Luz, Paz e que eles fiquem sempre bem. E eu também, meu Deus.
Amem.

                                    




domingo, 22 de julho de 2012

Pela cabeça dos outros

                                        


Mamãe dizia que quem vai pela cabeça dos outros é piolho e que caranguejo por causa de amigo perdeu a cabeça.
Quando pequenos tínhamos o hábito de tomar gemada. Nossa avó, minha Mãevelha, batia as gemas com açúcar e nos dava,
Estávamos em mais uma época difícil: seca, desemprego, fome...
Meu avô Paipreto era velhinho e doente; estava bem fraquinho e os alimentos eram racionados para poder render mais e dar de comer a todos. Nessas épocas difíceis a parentada se reunia e um dividia com o outro o pouco que tinha.
Não tínhamos tomado nossa gemada naquela manhã e minha prima Lúcia estava com vontade. Ela é mais velha que eu dois anos.
Tinha apenas um ovo na cozinha e que foi reservado para Paipreto; os outros poderiam aguentar a fome por mais tempo, eram mais fortes e resistentes.
Minha prima me convence a pegar o ovo na cozinha e levá-lo até ela, estávamos escondidas em um dos quartos. Depois ela me manda pegar uma caneca, uma colher e o pote de açúcar. Eu fui.
Ela fez a gemada. Tomamos.
Fomos brincar pelo quintal grande da casa e adorávamos pegar mamonas maduras e abrir para ver as sementes.
Dali a pouco Mãevelha nos chama e pergunta se vimos o bendito do ovo e eu fiquei sem saber o que dizer e lancei o olhar para minha prima; a filha da mãe diz: "Foi Rejane que pegou, vozinha. Ela queria a gemada e eu fiz pra ela".
Apanhei e nem tive oportunidade de explicar a minha versão da história. Mifu.
Algumas horas depois mamãe voltou de Recife com a ajuda do Tio José e eu contei-lhe a verdade. Fiquei com raiva da prima.
Estávamos agora em São Paulo e minha irmã Rosi era bebê. Naqueles tempos o posto de saúde entregava seis latas de leite em pó mensalmente para as mães que levavam os filhos para pesar, medir e vacinar.
Estava no quintal cuidando e brincando com minha irmã e a vizinha adolescente chega. Ela tinha um nome bem primaveril: Florinda!
Eu estava com nossas bonecas e brincava de fazer comidinha com as plantas do jardim de Mãevelha e com areia. Florinda diz: "Sabia que não pode dar comidinha de mentira para a boneca? Tem que ser leite de verdade, se não ela fica doente!".
"Mas boneca não  é gente", retruquei.
"A minha prima não quis dar leite pra boneca dela e a bonecar ficou doente e morreu".
Bom, fui até a cozinha e trouxe a lata de leite Ninho para fazermos o leite da boneca, mas a esperta da Florinda fez um copão de leite e botou goela abaixo!
Mãevelha veio ver o que estava acontecendo e vê a lata de leite em meio aos nossos brinquedos. Vixe! 
"Tu não sabe que o leite é pra tua irmã e pro teu irmão? Tu perdesse o juízo? Quem no mundo viu dar leite pra boneca?"
Falei que foi ideia da Florinda e Mãevelha botou a menina pra correr: "Vá simbora! Tu tá muito grande pra modi brincar de boneca. Vá pra sua casa! Vá procurar o que fazer!"
Apanhei com uma sandália de borracha grossa e pesada de papai.
Passei a evitar a Florinda. 


                                             

sábado, 21 de abril de 2012

Calmante

Rafaela e Beatriz
                                             


Beatriz é minha sobrinha. É linda, inteligente, terrível, esperta, "rispi, oreiúda e queixo duro", como dizia papai.
Quando era bebezinha Beatriz lutava contra o sono e a prima Rafaela faz o mesmo hoje, do alto dos seus longos seis meses de vida.
Quando tinha dificuldade em fazer Beatriz dormir, Rosi dizia: "Bem que podiam inventar Ypióca Baby e vender em farmácias. Eu compraria logo uma caixa de Ypióca Baby!".
Preta já pensou o mesmo sobre Rafaela.
Elas se esquecem que ser mãe é padecer no paraíso.


                                              

sábado, 28 de janeiro de 2012

Raiva

                                              


Parece piada, mas é verdade.
Nossa prima Valéria, a da "criatura de Jésuis", era meio atrapalhada e fraca das ideias.
Ela já morava com a família em outro local e havia muitos cachorros na sua nova vizinhança.
Um dos cachorros estava com raiva (Hidrofobia) e morde Valéria. A correria foi geral e ela é levada ao hospital mais próximo para os primeiros cuidados.
Valéria recuperou-se bem e sem sequelas.
E o cachorro?
O cachorro morreu!
Fubá, claro, não topava a prima e fazia piadinhas para provocá-la: "Tá vendo? Você não foi vacinada e aí o cachorro te mordeu e morreu. Coitado!".