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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Filhas

                               Resultado de imagem para pais e filhas



Estava olhando fotografias da família e reparei na beleza das minhas sobrinhas, todas muito fashion e vaidosas.
Até mesmo a caçulinha Rafaela é muito vaidosa, adora se arrumar e faz pose para fotos.
Estão sempre com roupas "combinantes", cabelos arrumados e um batom nos lábios, no caso das mais velhas. Entendem de moda e procuram seguir as tendências, dentro do limite financeiro da família.
Não pude evitar, e as comparei comigo, com minha infância, com o modo como fui criada, vista, julgada e tratada.
Roupa nova era comprada uma vez por ano, próximo ao Natal com o décimo terceiro salário, e só podia ser usada em ocasiões especiais. Se papai nos encontrasse vestidos em nossas roupas novas em dias comuns, pronto,o sermão começava.
Muitas vezes as roupas ficavam curtas, apertadas ou "perdidas", pois crescíamos rápido, e mamãe levava à costureira para ajustar ou ajustava em casa mesmo, do jeito dela. Eu mesma já sabia pregar botões, alinhavar, fazer barra de calça desde meus oito, nove anos.
Não éramos incentivadas, eu e minha irmã do meio, a nos arrumar e nunca recebíamos elogios, sempre críticas e gozações, tanto de nossos irmãos e nosso pai. Deixamos a vaidade de lado e ela também nos deixou.
Não usamos maquiagem, anéis, pulseiras e outros adornos, pois sempre pensamos que alguém vai nos olhar de modo estranho. É estranho e até bobo, mas é verdade.
Minha irmã do meio teve a sorte de nascer bonita e ter o cabelo "bom", mas eu não tive a mesma sorte. 
Engraçado como esses traumas e inseguranças da infância ficam marcados na gente como a marca do ferro quente na pele do gado.
Mas gosto de ver minhas sobrinhas sempre lindas, arrumadas e incentivadas pelos pais. Sem críticas, sem cobranças, sem julgamento. Quase todas elas.
Os pais podem criar pessoas seguras ou inseguras, depende do modo como se relacionam com seus filhos.
É isso.



                                 Resultado de imagem para pais e filhas

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Da padaria

                                 Resultado de imagem para salame com provolone


Bati manga com leite e cozinhei mandioca. Tomates picadinhos com arroz branquinho. Muito bom.
Mas eu queria mesmo era um pão da padaria, talvez mais, com queijo provolone, salame, fatias finas de tomate e um copão de guaraná bem gelado.
Nessa minha vida reclusa, tenho me alimentado muito "natureba" e sinto falta de um pequeno exagero de vez em quando.
Estava meio triste e sei que a tristeza atrai coisas ruins; melhor pensar em coisas boas. Pensei.
Volto no tempo e me entrego às memórias e lembranças da minha curtíssima infância em Pernambuco, ao lado dos meus dois avôs que me amavam tanto.
As pessoas, principalmente os jovens, não têm paciência para ouvir os causos e histórias dos avós e parentes mais antigos; não sabem o que estão perdendo.
Cultura, História e conhecimento de mundo.
Bom...
Tristeza atrai coisas ruins, assim como mágoas e frustrações. Melhor deixar pra lá e seguir em frente. Sigo.
Não podemos mudar o caráter e o coração das pessoas, felizmente ou infelizmente. Melhor mesmo deixar pra lá e seguir em frente, o que é ruim se destrói por si mesmo, diziam meus antigos.
Acho que vou comer um docinho, só pra variar.
É isso.



                                      Resultado de imagem para docinhos

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Desconforto

                              


Já falei sobre meu desconforto e até certo medo de palhaços, pessoas mascaradas, com caras pintadas, estátuas vivas e afins. Me incomodam.
Perguntei o porquê disso a uma psicóloga e ela disse que deve ter relação com algum episódio na infância.
Mamãe dizia que eu tinha muito medo de pena de aves, mas já superei isso.
Fiquei sabendo hoje na escola que logo após eu ter ido embora, ontem, veio um grupo de animadores (assustadores) de um parque de diversões; ainda bem que eu não estava lá.
Fizeram uma apresentação para divulgar o local, creio eu. Entra uma pessoa pintada e/ou fantasiada e em seguida entra um grupo maior; gosto disso não.
O grupo ficou de voltar hoje e estranhei o fato de pedirem para que pessoas frágeis, grávidas e crianças mais sensíveis não vissem o "espetáculo", poderiam se assustar!
Então por que produzem um troço desses ?!
Soube de casos de alunos que passaram mal ao ver o grupo fantasiado entrar de repente na sala de aula.
O tal grupo voltará hoje a tarde e dou graças a Deus por ter saído antes deles!
Arte, alegria, diversão... São o que supostamente esses artistas pintados e fantasiados transmitem, mas eu não vejo assim não.
Não sei de onde vem essa antipatia por essas coisas, mas não me sinto bem perto delas.
Cada louco com sua loucura.
É isso. 



                                   

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Bonina

                                



Dorzinha chata de ouvido que foi intensificada pelo alto volume do aparelho de ressonância magnética.
Usei os tais protetores auriculares, mas mesmo assim o barulho feito pela emissão dos raios era muito forte e alto.
Sempre tive/tenho essas dores chatas de ouvido até que, algumas vezes, elas evoluem para uma longa e dolorosa otite.
E está bem frio, o que piora um pouco.
Achava engraçado ver mamãe toda encolhida, puxando a blusa para cobrir as orelhas e reclamando: "Que frio do máduscachorro é esse?! Congela as zureia da gente!".
Eu lembro desses causos e histórias e dou risada sozinha. Foi e é o melhor jeito que encontrei para aliviar um pouco a melancolia, a solidão e outros sentimentos.
Mas eu falava sobre a ressonância magnética...
Já falei aqui sobre o curioso padrão sonar desse exame e em alguns momentos até parece essas músicas de balada. Varia de acordo com a frequência e dá para ouvir um "bang, bang, pow, pow, pow..."
Bom...
Esfriou ainda mais hoje e caiu uma chuva fina. Tirei o carro da garagem e fui dar uma volta meio sem destino. 
Marginal Tietê congestionada, céu cinza, muito frio, chuva fina e... flores.
Muitas flores e plantas bonitas e em oferta, pena que eu estava sem dinheiro.
Meu jardim está lindíssimo também e as chuvas trouxeram uma nova roupagem e um novo frescor para elas. Estão lindas.
Têm Marias-sem-vergonha, flor de maio e umas flores bonitas cujos nomes desconheço. Têm umas florzinhas em tom róseo e em outras variações de cor que mamãe chamava de "bonina"; muito bonitinhas.
Voltei para casa e ouço latidos; era a cachorrinha do vizinho que adora comer ração de gato. Dos meus gatos, diga-se de passagem.
Coloquei um quantia generosa e a simpática canina devorou tudinho em minutos.
Senti fome e saudades. Fome de comida e de atenção, aconchego, lundu, um colinho mesmo.
Preparei uma daquelas comidas que alimentam o corpo e a alma. Aquelas comidas que lembram infância, carinho e cuidados.
Eu faço isso. Gosto de fazer isso.
Trazem de volta momentos e lembranças boas, aliviam a saudade e me fazem bem.
Cozinhei arroz branco, dei folga ao arroz integral, fritei dois ovos e cobri tudo com farofa. 
Lembrei da salgada e deliciosa farofa de bisavó Gina e tia Nifa.
Depois quis algo doce e queria comer tomates com açúcar. Mamãe cortava os tomates em pedacinhos, tirava as sementes e os cobria com açúcar.
Mas estou sem tomates e o jeito foi comer umas bolachinhas de goma.
E assim foi o dia. Entre saudades, solidão, chuva, frio, comidinhas da infância e flores.
É isso.


                                        

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Morangos



                                


Agora é época de morango e outras frutas vermelhas; é época de frutas do frio. Adoro frutas.
Comprei quatro caixinhas de morangos produzidos em Atibaia, cidade do interior paulista.
Morangos firmes, vermelhos, frescos, deliciosos.
Comi alguns com leite condensado e estavam ótimos.
Gosto da combinação de frutas com leite condensado, principalmente de abacaxi com leite condensado; tem gosto de infância.
Acho uma tolice quando as pessoas dizem que frutas, verduras e legumes não combinam com o inverno ou com dias frios. Bobagem.
Frutas banhadas em chocolate, sopas de milho, abóbora, mandioquinha...
Gosto de coisas assim... Mas estou doida por um acarajé, um virado à paulista, um tutu à mineira... É preciso ter "sustança", né não?
É isso.


                                     




                                 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Perigo

                                


Meu irmão Fubá é trabalhador, honesto, teimoso e "inguinórante" igual a papai.
Fubá é meio atrapalhado em quesitos que envolvem eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Explico.
Meu cunhado Pepê deu para Fubá um ventilador de teto e esquecera de dizer para mudar a voltagem de 220 para 110. Fubá instala o ventilador, liga e dali a pouco o aparelho começa a girar estranhamente e a soltar fumaça; e o que meu esperto irmão faz? Fica encantado com aquela cena no mínimo estranha e diz: "Que da hora!".
Minha cunhada Preta chega a tempo de evitar uma tragédia de grandes proporções e encontra Fubá encantado com o show do ventilador.
De outra feita ele resolve limpar a torradeira, é o que o gênio faz? Liga na tomada e coloca a torradeira de cabeça para baixo para poder limpar a sujeira feita pelo pão torrado; dali a pouco sobe uma fumaça e um cheiro de queimado e Preta mais uma vez salva a pátria.
Fubá gosta de carrinhos e outros brinquedos, até parece que a pobre criança de trinta e quatros não teve infância.
Ele comprou um helicóptero de controle remoto e não sabendo controlar direito os movimentos do brinquedo, acabou batendo o coitado contra o teto. Meu cunhado Pepê, que é um cabra bom, curioso, inteligente e arrumador das coisas quebradas, vai concertar o helicóptero do meu irmão perigoso.
Ele contou à minha irmã Rosi: "O helicóptero foi até o teto e 'pá'!".
Falei para minha cunhada Preta para não deixar Fubá sozinho com Rafaela, o perigo é de os juntos se divertirem com coisas explodindo, queimando, saindo fumaça.
É isso.

Rafaela, minha sobrinha linda e futura arteira.
                                      

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Fantástico

                                             


O Fantástico era programa obrigatório em nossa casa nas noites de domingo. Assistíamos aos Trapalhões, quando Renato Aragão era engraçado de verdade e antes de se tornar esse senhor bobo que usa as mesmas velhas gracinhas: extintor de incêndio, água e outras bobagens.
O Fantástico era apresentado de forma séria, elegante, educativa até. Hoje o programa está mais parecido com um Reality Show que faz qualquer coisa para atrair a audiência. Ontem, por exemplo, colocaram dois grupos de fãs dos atores vampirescos da saga Crepúsculo para discutir a suposta traição da mocinha branquela de cabelo ensebado no vampiro-fada.
Não aguentei e mudei de canal. Pelo amor de Deus! Cadê aquele Fantástico de séries interessantes e inteligentes sobre saúde, sociedade, cultura e outros?
Zapeei pelos canais e parei no Canal Futura; ia começar o filme "O enigma de Kaspar Hauser". O filme conta a história real de um garoto criado isolado em uma torre e com uma suposta relação com a nobreza alemã do século XIX (19).
Kaspar Hauser não falava, aprendeu depois, confundia sonho com realidade e tinha uma inteligência avançada para alguém com sua história.
Ótimo filme.
Aliás, gosto de filmes antigos, simples, sem estrelas e estrelismos e sem excesso de efeitos especiais. 
Acho que os efeitos especiais de última geração servem também para disfarçar a péssima atuação de atores e atrizes bonitinhos mas ordinários da geração moderna.
Claro que há filmes ótimos, mas têm uns que me fizeram ficar com raiva de mim mesma por ter assistido tal coisa: "Como pude?!"
É isso.


                                            

domingo, 25 de março de 2012

Abraço de Mamãe, Fazenda e Família

                                                                          


Choveu muito ontem à noite e demorei a dormir; aproveitei para ler mais um pouco.
Lá pela uma hora da manhã eu adormeço, mas exatamente à uma e meia sou acordada por um grito. Era a vizinha descompensada, neurótica, sem educação, sem "semancol" e que não respeita a hora do sono dos outros.
A família dessa vizinha tem hábitos estranhos: vão dormir às duas ou três da manhã e acordam lá pela uma hora da tarde.
Bom, acordei assustada com o grito e as vozes que discutiam, brigavam e falavam palavrões em plena madrugada.
Essas pessoas não sabem resolver os problemas de casa de uma maneira mais civilizada? Tanta gritaria e baixaria! Nossa!
Levantei, andei pela casa, conversei com meus gatos que também tiveram seu soninho interrompido e voltei para a cama. 
Por volta das três da manhã as vozes calaram e eu pude voltar a dormir. 
Sonhei com mamãe, entre muitas outras coisas e pessoas.
Caminhava com mamãe e chegamos a um determinado local onde deveríamos nos despedir e nos separar. Mamãe precisava voltar e eu não poderia ir com ela.
Mamãe me abraça demoradamente, com força, com muito carinho e com muito amor.
Sinto os braços de mamãe a envolver-me, descanso minha cabeça no peito de mamãe.
É tão bom, meu Deus.
Quero ficar abraçada a mamãe, não quero que ela vá embora. Quero aquele aconchego, aquela proteção, aquele amor...
Mas mamãe precisa ir. Mamãe se afasta lentamente de mim e eu, criança de novo, estico meus braços para alcançar mamãe, choro, grito, chamo por mamãe: "Mãe! Mãe!".
Acordo chorando e gritando por mamãe.
Como dizia meu Paipreto: "Não cai uma folha de mato sem que Deus não queira". Para tudo tem um motivo, uma razão de ser. Nada é à toa.
Esse abraço de mamãe...
E é sempre assim e eu deveria saber e nunca me esquecer que é sempre assim: Caminho de mãos dadas com mamãe, com meu Paipreto...Sou criança de novo e na hora de nos despedir, choro igual a criança. Acordo chorando igual a criança e chamando por mamãe e por meu Paipreto.
Sou criança de novo  quando "visito" a antiga fazenda de chão batido e fogão à lenha.
Sou criança de novo a observar os homens e as mulheres trabalhadores de minha família. As mulheres trabalham na cozinha a preparar os alimentos típicos de nosso sertão pernambucano. 
Mãevelha, tia Anália, Madrinha Quixaba, Tia Nifa e muitas outras mulheres de meu povo antigo a manter o fogo vivo, a descascar o milho, a mandioca, a debulhar o feijão...
Meu avô José com seus belos e tristes olhos verdes, sempre a observar tudo, sem dizer palavra, sempre montado em seu inseparável cavalo. Meu avô José fala com seus olhos.
Bisavô Francisco e bisavó Gina sempre juntos; ele calmo e tranquilo e ela sempre agitada, pra lá e pra cá. Bisavó tem sempre um galhinho de alguma erva em suas mãos: manjericão, alecrim, capim santo, hortelã...
É muita gente a trabalhar; são os mais velhos, os mais jovens, as crianças...
Nessa fazenda não tem descanso, todos trabalham por alguma causa, algum motivo e é sempre em prol de algum de nós daqui desse lado da vida.
Na casa verde azulada onde estão Paipreto, Mãevelha e mamãe há descanso e o trabalho é apenas o de rotina de uma casa comum. Paipreto trabalha com suas ferramentas em uma casinha no quintal dos fundos e mamãe e Mãevelha cuidam da horta com pés de couve e cebolinha sempre verdes, fresquinhos e bonitos.
É hora de voltar de minhas visitas.
É hora de acordar adulta e chorando como se fosse criança. 
Algumas vezes sou visitada por eles, mas é uma visita rápida. Acho que é para evitar a choradeira.
Sou sempre criança porque foi durante minha curtíssima infância que meus pilares de sustentação foram erguidos. Fortes, firmes, resistentes. Às vezes balançam, atingidos pela força dos ventos e da fúria das águas do mar revoltoso: lágrimas...
Mas não se dobram e não caem. São fortes.
Quando deixamos essa vida somos apenas o que de fato somos: uma vida que nasceu, cresceu, cumpriu seu ciclo e é hora de ir. 
Não importam e não valem de nada toda a riqueza, toda a pompa e circunstância.
Fica tudo por aqui.
                                               





quarta-feira, 21 de março de 2012

Caminho

                                                  


Gosto de caminhos.
Caminhos de terra, de chão batido.
Caminhos com o capim dourado e queimado pelo sol e pelo pisar dos pés e das caminhadas.
Celebro quando encontro um caminho de terra perdido em meio a tanto cimento e asfalto na nossa Pauliceia desvairada.
Aguardava passagem em um cruzamento complicado e até gostei da demora, assim pude entregar-me às memórias, lembranças e saudades que os caminhos me trazem. Havia um caminho de terra beirando o asfalto da rua e o cimento da construção.
...
Uma amiga minha, a Cleusa, me perguntou se me lembro mesmo de tudo o que escrevo e a resposta foi e é: Sim.
Foi tudo tão curto, tão rápido e tão intenso mas que deixaram as marcas que hoje são os meus pilares de sustentação.
Minha curta e intensa infância no sertão nordestino do meu amado Pernambuco.
Minha infância e adolescência de trabalho, grandes responsabilidades e grandes cobranças aqui em meu querido São Paulo.
Os mimos, manhas e lundus dados a mim e feitos por mim com o apoio, a conivência e o amor do meu avô Paipreto e do meu avô José.
As broncas de mamãe e de Mãevelha.
Foi tudo tão bonito; mesmo sofrido, mesmo dolorido, mesmo esperançoso, mesmo triste algumas vezes, mas sempre bonito.
Os caminhos por onde andava segurando a mão de mamãe entre os pés de feijão.
Os caminhos pelas ruas de Gravatá com uma mão no bolso da minha adorada jardineira e a outra segurando a mão do meu Paipreto.
Os caminhos até a bodega do meu avô José para me deliciar e me lambuzar com bolo de araruta e tubaína.
Os caminhos pelo milharal e pela mata em busca de coquinho catolé com meu Paipreto.
Os caminhos até a casa de tia Antônia para me deliciar com o lambedor feito por tia Anália.
Os caminhos até a casa de tia Nifa e bisavó Gina para me deliciar com a salgada farofa de farinha e ovo.
Os caminhos que meu bisavô Francisco percorreu quando deixou esse lado da vida. Eu o vi caminhar, parar no meio do caminho, tirar o chapéu, me olhar, se despedir de mim e voltar ao caminho. Eu sentada à mesa saboreando minha farofa salgada via Mãevelha e bisavó Gina no quarto sentadas ao lado do corpo do meu bisavô Francisco; bisavó segurava uma vela acesa nas mãos dele e rezava pedindo a Deus e ao Povo lá de cima que recebessem meu educado, elegante, doce e gentil bisavô. Eu olhava aquela cena e olhava para fora e via meu bisavô se afastar pelo caminho; como ele podia estar deitado na cama e andando lá fora ao mesmo tempo? E por que Mãevelha e bisavó choram? Por que mamãe chora? Daqui a pouco bisavô volta. Oxe!
...
Os caminhos pelas ruas do bairro das chácaras e hoje dos caminhões.
Os caminhos ao encontro de mamãe.
Os caminhos de volta da escola para ficar em casa com meus irmãos.
Os caminhos até os hospitais.
Os caminhos para sair do coma e voltar para esse lado da vida.
Os caminhos até aqui.
Você não sabe o quanto eu caminhei...