quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Erros

                                       




Estou aguardando ansiosamente pela consulta com uma endocrinologista do Hospital das Clínicas. A médica foi-me indicada por uma paciente acromegálica.
Assisti a um vídeo onde a endocrinologista fala sobre a necessidade de se tratar a Acromegalia para que seus danos não se intensifiquem ainda mais: pressão alta e osteoartrite já estão intensificados e me causando dores, cansaço e entrevamento.
Hoje consegui lavar a garagem; aproveitei que fui levar o carro para consertar o pneu e lavei meia boca, só o grosso mesmo. Fiquei cansada e dolorida e já estou ficando irritada com isso tudo.
Bom...
Sempre falo no blog, para outros acromegálicos e para as pessoas que perguntam sobre a marca da traqueostomia em meu pescoço que minha cirurgia não deu muito certo, que sangrei muito, tive parada cardiorrespiratória e entrei em coma.
Pensei e achei melhor falar a respeito para que também sirva de alerta para pacientes que desconfiam de seus médicos e/ou não vão muito com a cara deles logo de início.
Então, senta que lá vem história...
Fiz a cirurgia de artrodese em maio de 2009 e um mês e meio após o procedimento fui ao consultório do neurocirurgião para tratar da cirurgia para remoção de adenoma (tumor) de hipófise.
Encontrei um médico simpático, falante e de boa aparência, mas também convencido, arrogante, inexperiente, sem o conhecimento necessário e muito desorganizado e atrapalhado.
A primeira cirurgia fora feita por um outro médico e esse sim organizado e com os pés no chão. Teve um pequeno problema durante a cirurgia, um "acidente com a dura máter", conforme o médico disse, e fiquei com a perna direita mais fraca.
Mas o cirurgião ortopedista pediu vários exames e me receitou injeções de ferro para combater uma anemia e para o caso de eu perder muito sangue durante o procedimento.
O neurocirurgião não pediu nada disso, só os exames necessários para o pré operatório e quando mencionei as injeções de ferro, ele disse que era bobagem.
Ele me pede ressonância magnética e eu mando o exame pelo motoboy; duas semanas depois a secretária me liga e diz que o doutor quer me ver. OK.
Chego ao consultório e não vejo os exames sobre a mesa dele e perguntei pelos ditos cujos e ele mostrou-se todo atrapalhado, passou a mão pelos cabelos, chamou a secretária que nada sabia sobre o caso e finalmente ligou para a portaria do prédio para saber se havia algo lá deixado para ele.
Sobe um funcionário com os exames.
Ele olhou, fingiu que sabia o que estava vendo e fazendo, devolveu os exames e me deu a guia para a internação.
Estranhei, porque sempre que levamos exames de imagem os médicos os colocam em uma espécie de lousa branca iluminada e nos mostra e fala sobre o que está ocorrendo e o que vai ser feito.
Exatamente como fez e faz o competente, simpático e educado neurocirurgião do Instituto de Radiocirurgia Neurológica Gamma-Knife que fica no Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula - Rua Alvorada, 64. São Paulo, 11 3842-9953.
Chega o dia da cirurgia, 18 de agosto de 2009. Era um dia cinzento, frio, melancólico.
Faço a ficha, entrego exames, me entregam o kit de higiene do paciente e um chinelo bem bonitinho, mas que não servia no meu pezão acromegálico.
Subo para o quarto e troco de roupa; vem uma enfermeira e me dá um "remedinho para relaxar", fico sonolenta.
Aguardo na maca ao lado de outros pacientes que também aguardam cirurgia e vejo que alguns deles estão acompanhados e eu não. Depois vim a saber que apenas pacientes acima de 60 anos e abaixo de 18 podem ter acompanhante. Mas os outros pacientes não sentem medo também?
Sou levada para a sala de cirurgia e fui meio tranquila, se a cirurgia da coluna foi tranquila, essa também vai ser. Engano meu.
Acordo um mês depois sem entender o que estava acontecendo, um mês de coma, de terror, de imagens fortes; tudo já contado em uma das primeiras postagens.
Fiquei sabendo depois pelo outro médico que fiquei uns quinze dias sem o tratamento adequado e a sorte dada por Deus, como dizia mamãe, é que uma médica endocrinologista da equipe do doutor estrela foi me ver, viu os erros e tomou as providências.
Foi a minha salvação, graças a Deus.
Comecei a melhorar até acordar do coma; que agonia, meu Deus.
Melhorei e voltei ao consultório do médico que errou feio e quase me tira a vida. Perguntei porque fiquei tanto tempo sem o tratamento adequado, ele não tinha visto isso sendo ele o chefe da equipe e o cirurgião responsável por meu caso?!
Ele disse apenas que não ia muito à UTI e deixava meu caso aos cuidados dos outros médicos.
Fácil bancar o inocente e jogar a culpa para os outros.
Continuei levando exames para ele ver e ele olhava por cima e só dizia que estava tudo bem.
Como tudo bem?
Ele não sabia e talvez até hoje não saiba interpretar/analisar um exame de imagem.
Levei os mesmos exames para o competente doutor da radiocirurgia e o cara me deu uma aula! Mostrou a haste hipofisária já sem a hipófise, mostrou o resíduo do tumor e a pressão que fazia deixando a haste hipofisária inclinada para a esquerda, mostrou como seria feita a radiocirurgia, os efeitos, a recuperação etc...
Cansei da bagunça, da desorganização, de gastar dinheiro com motoboy sendo que o exame só seria pego quando eu chegasse ao consultório; melhor eu mesma levar.
Mudei de convênio médico e agora falta só mais um ano de carência. Até pensei em cancelar, mas quando tenho meus piripaques é melhor procurar ajuda em um hospital particular e evitar o caos e o desrespeito para com as pessoas que buscam ajuda em hospitais públicos.
Não é um convênio barato, mas quando chega a hora do aperto, o dinheiro gasto vale a pena.
Estou confiante e ansiosa para conhecer a endocrinologista do HC e pelo que vi no vídeo, ela pareceu-me uma profissional competente e sem estrelismos.
É isso.


                                    



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