quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Olhos Azuis

                              



Fui dormir às duas da manhã. Tentei ler, como havia dito, mas Cássio estava carente, dengoso, manhoso, choroso...
Cássio ficou no meu colo, deitou-se sobre meu peito, ronronou e adormeceu.
Fiquei com dó de tirá-lo desse conforto e segurança e o deixei dormir e sonhar.
Muito frio de madrugada e aos poucos, um a um, os outros gatos vieram se acomodar no conforto quentinho dos cobertores.
Tomei meu chá de gengibre com limão e não tomei remédios para essas dores infames; enjoei de remédios que só dão sono e enjoo e optei por algo mais natural, pelo menos na hora de dormir.
Adormeci e acordei com dores nas pernas e no joelho direito. Pelo amor de Deus!
Foi uma dor aguda e que chegou rápida como uma pancada; doeu muito.
Viro na cama, massageio as pernas, faço alguns movimentos que aprendi na fisioterapia, deito de costas, dobro as pernas e a dor esvanece aos poucos.
Adormeço e tenho mais um dos meus sonhos muito simbólicos.
Estava na escola, em sala de aula, meu lugar favorito, apesar de todos os problemas.
Um grupo de pessoas entra na sala acompanhadas pela diretora, estranho. Essas pessoas me dizem para acompanhá-las e eu digo que não posso largar a sala de repente.
A diretora assume meu lugar.
Saio inquieta, irritada, curiosa.
Esse grupo me leva a um hospital e dizem que precisarei raspar a cabeça porque farei quimioterapia. Por quê?
Estão todos de branco e eu também.
Uma pessoa do grupo me diz que antes preciso passar em um lugar, uma pessoa deseja me ver. Não quero, tenho vergonha de ser vista careca.
Ando ao lado desse membro do grupo e a pessoa que queria me ver vem ao meu encontro. É alguém conhecido, alguém que está sempre nos meus sonhos, alguém que me deu doces em sonhos anteriores, alguém que sempre me olha carinhosamente com belos e penetrantes olhos azuis.
Meu Deus.
Acordei.
Vou tentar arrumar o máximo que puder pela casa; já procurei uma diarista e ela está com a agenda cheia; vou me virando por aqui e assim que ela ficar livre, virá me ajudar com a limpeza da casa.
A casa não é grande, minhas forças é que são poucas e as dores muitas. Podia ser ao contrário.
Coloquei roupa na máquina, limpei o quintal e a areia dos gatos e agora falta "apenas" varrer e limpar o chão da sala, quarto, cozinha, banheiro e garagem. Não sei se conseguirei.
Ainda preciso levar o carro para arrumar o pneu e comprar ração para a gataiada.
Deus meu Deus, seja feita a Tua Vontade.
A minha vontade é ter saúde, voltar a trabalhar e fazer as coisas que mais gosto, mas se eu tiver que lutar mais batalhas, lutarei.
Sou guerreira, embora esteja mais para um Dom Quixote esquálido do que para uma São Jorge Guerreiro.
Deus, meu Deus.




                                      



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