domingo, 15 de setembro de 2013

Olha a hora

                              



Ansiedade.
Está se aproximando a hora da consulta com a médica especialista em Acromegalia.
É tarde.
Cadê o sono?
Lembro do rádio de pilha da minha avó Mãevelha, sempre ligado na mesma estação e com o Zé Bétio dizendo a cada dez segundos: "Olha a hora, olha a hora".
Não sei a que horas vou para a cama.
Ir para a cama para deitar, virar pra lá e pra cá e sofrer com as dores?
Aí lá pelas cinco ou seis da manhã o corpo cansado não aguenta mais e se entrega ao sono.
Sono agoniado, entremeado por sonhos simbólicos, significativos, assustadores às vezes.
Hoje um milagre aconteceu, graças a Deus. Os vizinhos barulhentos não fizeram tanto barulho e não tocaram suas músicas horrendas e sempre iguais. Louvado seja Deus Nosso Senhor Jesus Cristo!
Sentei-me no sofá e assisti ao Rock in Rio; assisti ao show das bandas de Rock mesmo e não essas coisas chatas que somos obrigados a ouvir porque não somos surdos.
Bom, nem sempre ouço. Se está na TV eu abaixo o volume, como faço diariamente durante a abertura da novela das nove. Ouvir Daniel se esgoelando e tremendo a voz não dá!
Achei estupenda a abertura do Rock in Rio com a maravilhosa mistura de Rock e Música Clássica além da belíssima homenagem a Cazuza.
Assisti a abertura com minha sobrinha Beatriz e disse a ela que aqueles quarentões, cinquentões e até mais, são todos representantes legítimos e talentosos do Rock Nacional e da nossa MPB.
Hoje assisti ao show do The Offspring, banda californiana que toca um Punk Rock do jeito que gosto. Mettalica, Alice in Chain... Muito $#@!
Agora me colocam Beyoncé berrando, rebolando e se debatendo como se estivesse recebendo uma Pomba Gira...Não dá.
Ivete Sangallo ensinando passinhos básicos de músicas cujas letras se repetem eternamente: "Tira o pé do chão, bate palma de mão".
Na boa, posso soar ignorante, mas o nome da bagaça é Rock in Rio!
Bom...
Estou inquieta, ansiosa, preocupada.
É só uma consulta, mas sinto como se estivesse indo para fazer algo mais grave e demorado.
Estou preocupada com meus gatos, meu Deus.
Mas não dá para adiar mais. Se continuar assim, em um ou dois meses estarei em uma cadeira de rodas. 
Está cada dia mais difícil. Estou cada vez mais entrevada e dolorida e o simples ato de levantar da cama e caminhar até o banheiro tem-se transformado em uma batalha covarde e cruel.
Minha irmã esteve aqui hoje com minha sobrinha e meu cunhado e demorei um longo tempo até conseguir levantar para abrir o portão. Me desculpei pela bagunça, me senti incapaz, fraca, inútil.
Eu que adorava fazer as coisas pela casa e agora mal consigo lavar a louça.
Ela foi para a casa do nosso irmão e voltou depois com pasteis para mim; só faltou o caldo de cana, brinquei.
Combinamos de almoçar na casa dela e de eu dormir lá de domingo para segunda para sairmos cedo até o HC. 
Foram embora.
Chorei sozinha.
Chorei pela minha fraqueza, pela minha saúde que é devorada vorazmente pela doença, pela minha incapacidade de manter a casa arrumada, pelo meu cansaço constante, por querer ser e fazer as coisas como antes e não poder mais.
Chorei.
Não sou mais como era antigamente.
Chorei pelos meus gatos e pedi a Deus e ao Povo lá de Cima que protejam meus bichanos de gente ruim, que os mantenham longe da rua e do perigo.
Amem.
Duas horas da manhã de domingo.
Vou para cama tentar cochilar até de manhã e aproveitar ao máximo a companhia dos meus gatos.
Vou ficar boa.
Olha a hora, olha a hora.


                                       


                                       



                                        

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