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sexta-feira, 13 de junho de 2014

Pão e Bolo de Santo Antonio

                                   



Levanto cedo e ligo na TV nos telejornais. Reportagens direto da igreja de Santo Antonio no bairro do Pari, bairro tradicionalmente italiano.
Vasos com lírios brancos sobre mesa com pães e bolo de Santo Antonio, o santo casamenteiro. Tadinho.
As moças "véia do caritó", como dizia meu povo antigo, fazem tortura física e psicológica com o santo; colocam-no de ponta cabeça em copo com água, tiram-lhe o Menino Jesus e só o devolvem quando arrumarem um marido. Não é fácil ser santo casamenteiro. As encalhadas piram.
Missas a cada hora, hora e meia e as encalhadas participam da maioria e ainda pegam bolo e pão na esperança de terem seu pedido atendido.
Acho que Santo Antonio dever ter o apoio de um grupo de assessores para assuntos matrimoniais, porque sozinho o coitado do santo pira!
Lembro que uma conhecida chegou à nossa casa trazendo pão e bolo de Santo Antonio e mamãe pensou que ganharia as guloseimas, mas ledo engano, a conhecida foi lá com o intuito de vendê-los!
Mamãe arretou-se e disse que sabia fazer pão e bolo muito mais gostosos que aquele e, além do mais, pra que raios ela queria bolo do santo se ela já estava casada há décadas e tinha seus seis filhos?! Oxe!
Pelo menos dessa Santo Antonio estava livre. Ufa!
É isso.


                                    

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Igreja Matriz de Gravatá

Igreja Matriz de Gravatá - Pernambuco
                                            
Estava na Igreja Matriz de Gravatá com Mãevelha e Paipreto.
Papai e mamãe estavam fazendo a feira.
Mãevelha assiste à missa com seu véu a cobrir-lhe os cabelos e o rosário em suas mãos branquinhas e enrugadas. Meu Paipreto segura seu chapéu coco junto ao peito.
Rezam, cantam louvores, ouvem o sermão do padre, comungam... A missa continua.
Estou inquieta, olho tudo à volta, observo as pessoas compenetradas, a fé em suas feições.
Mãevelha faz sinal para eu ficar quieta e Paipreto diz que se eu não ficar quietinha, Papai do Céu não vai gostar, vai ficar triste.
Forma-se a fila para receber a hóstia e eu caminho pelo corredor da Igreja segurando nas mãos dos meus avós. Caminhamos lentamente ao encontro do padre que colocará a hóstia na boca dos fiéis. Eu também quero. "Pode não".
Enquanto caminho observo as imagens dos santos, as pinturas, os vitrais.
Olho para trás e vejo um homem de estatura mediana vestido em trajes bem parecidos aos dos santos. Eram tecidos de cores em tons crus e vermelhos. O homem sorria.
Puxo a mão da minha avó e digo: "Mãevelha, aquele homem ali é igual ao santo, a senhora viu?". "Se aquiete, tu vai atrapalhar a missa do padre e o povo da igreja não gosta de menina enxerida não".
Voltamos a nos sentar e a missa estava próxima do fim. 
Mexo e remexo, olho para trás, para os lados e o homem vestido com aqueles panos sorri para mim de novo.
A missa termina e nos preparamos para ir embora. Puxo Mãevelha pela mão e a arrasto até a imagem do homem que havia sorrido para mim e digo: "Olha, Mãevelha, era esse homem que estava sorrindo pra mim".
"Oxe, deixe disso, essa menina. Isso é pecado. Não pode desrespeitar a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo".
Mas eu juro por Deus que Ele sorriu pra mim!