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terça-feira, 21 de maio de 2013

Bolsa Qualquer Coisa

                                  



Assistia ontem ao Fantástico e por um momento cochilei; acordo com uma cena dantesca na TV: uma multidão invadindo agências da Caixa Econômica Federal. 
Não entendi bem o que acontecia e quando acordei, vi que eram pessoas correndo desesperadas para sacar o dinheirinho do Bolsa Família; não se sabe como nem quem, mas circulava à boca pequena que o Bolsa Família seria extinto e quem tivesse alguma merrequinha lá, que corresse o mais rápido para sacar.
Nooooooooooooooossa!
Multidões se acotovelando para entrar nas agências do banco, filas homéricas, pessoas preocupadas, agoniadas. Seria mesmo o fim de mais uma "ajuda" do governo paternalista?
Curioso é que pareciam todos animais furiosos correndo atrás da presa que não seria facilmente largada. Vergonhoso, no mínimo.
Nunca vi tanta saúde, energia, garra e vitalidade juntas!
Acho que se essas pessoas direcionassem essa energia toda para arrumar um emprego e trabalhar de verdade a Bolsa Família não seria mais necessária. Ou talvez pudessem participar de campeonatos de atletismo, maratonas e a corrida da São Silvestre; energia, velocidade e preparo físico já demonstraram que têm.
É Bolsa Família, é Bolsa Crack pra vagabundo se drogar com patrocínio do governo, é auxílio reclusão para os filhos dos vagabundos que estão na prisão...
É muita bolsa, muita bondade, muito paternalismo de um governo carinhoso.
Concordo com a tal da bolsa em casos extremos, como para as vítimas da Seca que assola o Nordeste, mas na maioria dos casos, é apenas mais um método "sustenta vagabundo-garante voto" do governo que mantém o povo no comodismo, na preguiça, na miséria e na espera.
Muita gente ali naquela multidão me parecia jovem, saudável e apta a trabalhar, mas trabalhar pra quê? Basta fazer cara de cachorro que caiu da mudança, danar a botar filho no mundo, cruzar os braços e abrir as pernas, literalmente, e depois se inscrever para receber o benefício. Fácil.
Tem bolsa alguma coisa para quem estuda, trabalha e é honesto?
"Muidifici", diria meu povo antigo.
Tenho vergonha dessa gente tacanha que vive catando as migalhas que lhes jogam em vez de trabalhar pelo próprio pão.
É isso.








terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Empregos de papai

                            


Papai trabalhava como vaqueiro na Fazenda Taquari, onde nasci. 
Papai adorava seu trabalho e orgulhava-se de seus conhecimentos na lida com o gado.
Mas a seca mais uma vez assola nosso Sertão, o gado morre de fome e sede, os retirantes tentando vida nova em "Sum Paulo" e papai sem emprego.
Papai vai de fazenda em fazenda mas a situação é a mesma e é aí que um dos poderosos coronéis oferece um emprego de coveiro no cemitério da cidade.
Papai não tinha experiência nenhuma nisso, mas mentiu dizendo que sabia tudo sobre a nova profissão. Sobreviver é preciso.
Papai levanta-se cedo, como todo bom nordestino, e sai leve e fagueiro para seu primeiro dia no novo emprego.
Papai tem que abrir covas novas, tirar os restos das sepulturas existentes e colocá-los em gavetas para dar espaço aos novos defuntos que viriam.
A seca mata gente e bicho sem piedade. Ela não escolhe não.
Papai pega as ferramentas de trabalho e sem experiência nenhuma, mete a pá  bem no meio de uma cova cujo defunto fora enterrado há menos de um mês.
Uma explosão seguiu-se e um susto enorme também. 
Papai contava: "Eu carecia de trabalhar e fiquei reparando como o outro coveiro fazia. Meti a pá na cova e puf! Estourei o bucho do defunto!".
Nós ríamos quando ele contava, mas posso imaginar a vergonha e o medo de perder o emprego que ele sentiu.
Vida de coveiro não era para papai e ele decidiu tentar a sorte em terras paulistanas. Foi metalúrgico por muitos anos e antes de se aposentar trabalhou como vigia de uma empresa.
Mesmo aposentado, trabalhava vendendo doces e salgados em sua barraquinha na calçada do Ambulatório Maria Zélia.
Papai era inquieto, agoniado, avexado, trabalhador, honesto, neto de "intaliano", pernambucano, palmeirense e macho.


                                   

                                   

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Faculdade

                                               

Quando eu estava prestes a concluir o ensino fundamental II, o antigo ginásio, já me imaginava ingressando em um escola nova e diferente. Não via a hora de as aulas começarem. 
Quando estava prestes a concluir o ensino médio, o antigo colegial, sonhava em fazer um curso superior. Achava lindo quando alguém dizia que estudava na faculdade ou universidade tal, que tinha muitos trabalhos para fazer, muitos livros para ler.
Para mim, todas as pessoas que faziam faculdade eram importantes, mais cultas e mais inteligentes. E eram.
Àquela época, faculdade era algo caro, raro e levada muito a sério.
Hoje avacalhou. Infelizmente.
Hoje há uma proliferação desvairada de faculdades que oferecem cursos mais baratos e de qualidade duvidosa.
Para falar a verdade, talvez a culpa não seja só da faculdade, mas de sua clientela... também.
Explico.
Hoje as faculdades são muitas, os cursos são muitos e os alunos também são muitos, mas a qualidade é inversamente proporcional (adoro esse termo).
A maioria dos alunos se forma meio "nas coxas", desculpem mas é verdade. São alunos que entram em sala de aula para deixar suas coisas com algum colega e que descem para os inúmeros botecos que ficam no entorno da faculdade. Música alta, bebida, pegação...
Estudar que é bom...
Muitos alunos pedem ao colega CDF que inclua seu nome no trabalho do grupo e assim garante sua nota e seu diploma.
As alunas se dedicam a retocar a maquiagem e a desfilar em suas roupinhas compradas no shopping ou na 25 de Março ou na José Paulino. Estudar que é bom...
Que profissionais serão esses?
Estudei e me formei em Letras (Português/Inglês) e estudei mesmo! Trabalhos, leituras, TCC, estágios, provas e tudo o que envolve o estudo real e a dedicação de quem quer ser um bom profissional. 
Ouvi barbaridades de colegas que diziam: "Eu não gosto de ler... Me dá um sono quando começo a ler...Eu não tenho tempo pra ler". Tá bom, mas tempo para assistir televisão você tem! Para bater perninha atrás de roupinhas fashion você tem! Para ir a shows de sertanojo você tem!
Sou meio "inguinórante" às vezes.
Na época das avaliações sobre a leitura dos livros pedidos pelos professores só se via o povo desesperado e pedindo pelo amor de Deus que nós, os CDF mal-ajambrados, os ajudássemos. Mal olhavam na nossa cara, mas quando estavam no sufoco e queriam garantir nota, lembravam que existíamos.
Já falei sobre algo semelhante em postagens anteriores e volto a falar após ter assistido reportagem no Jornal Nacional sobre analfabetos funcionais. São pessoas com diplomas de curso superior mas que leem e escrevem igual a uma criança que está sendo alfabetizada. São pessoas que leem mas não sabem interpretar o que leram; já pensou esse povo lendo Kafka, Nietzsche, Fernando Pessoa, Goethe, José Saramago, Guimarães Rosa?! 
Vixe! Ferrou!
Segundo a reportagem, uma empresa precisou entrevistar oitenta candidatos para escolher um que prestasse e mesmo assim, muitas empresas investem em cursos para aprimorar a formação do recém mal formado!
Tem gente que também se acomoda, acha que tem o diploma e isso é suficiente. Não investe em mais educação, em mais cursos ou em mais leitura.
Estou louca para voltar a estudar, mas como não posso agora, devoro livros, jornais e revistas e escrevo muito. O cérebro não pode ficar parado e o conhecimento não se restringe a um papel com letras douradas e bonitas emitido por uma faculdade.
Como cantou Cazuza: "O tempo não para".
Acabei de ler "A terceira margem do rio", de Guimarães Rosa. 
Lindo!

                                          





domingo, 22 de julho de 2012

Põe na conta

                                         


Meus irmãos têm um ótimo apetite, benza Deus.
Comem com gosto, com vontade e comem de quase tudo; têm estômago de avestruz.
Os dois mais velhos, Naldão e Rogério, conseguiram um emprego em uma empresa do bairro mas foram remanejados para a filial do Tatuapé.
Ambos estavam habituados a almoçar em casa mas como foram para outro bairro, o gerente disse a eles para irem almoçar em um bar próximo e colocar na conta da empresa.
Não foi uma boa ideia para nenhuma das partes. Explico.
Naldão e Rogério chegam ao bar e pedem o almoço e se decepcionam com a quantidade de comida: "Oxe, só esse pouquinho?! Pode trazer mais uns dez desse aí que ainda é pouco!".
Almoçaram e trabalharam o resto do dia. 
No dia seguinte vão ambos de volta ao trabalho, mas lá chegando são demitidos: "Não precisamos mais dos seus serviços".
E Rogério disse: "Nem pagaram nosso dia de serviço!".
Acho que não pagaram para poder compensar pelo prejuízo deixado no bar.
Esses meus irmãos...


                                            

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Soldado & Soldador

Soldado
                                      


Naldão sai de casa pela manhã e diz à mamãe que vai procurar emprego.
Volta dali a algumas horas e encontra mamãe ansiosa por novidades.
"Encontrasse emprego, Naldão?"
"Não, mãe. Eu vi uma placa numa firma que estava escrito assim: 'Precisa de soldado'."
"Soldado?! E que firma é essa, Naldão?"
"É aquela que fica ao lado do trabalho de papai".
"Oxe. Mas lá é metalúrgica. Pra que má dos cachorro vai precisar de soldado?"
Passo em frente à firma e vejo a placa: "Precisa-se de soldador".


Soldador