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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Financiamento

                              


Esvazio o saco de ração e só deu para colocar um pouquinho para cada um. Me mostra uma solução, meu Deus. Que quando eu voltar para casa eu volte com a ração deles, amem.
Trabalho preocupada, com a cabeça em casa e nos gatos; vou encontrar uma solução.
As meninas da limpeza e da cozinha organizam uma "vaquinha" para comprar ingredientes para o almoço, não tenho um centavo, minha Nossa Senhora!
Sigo com o trabalho e por volta do meio dia a moça da limpeza me pergunta se gosto de panqueca, sim. Ela sai e volta em segundos com um prato colorido: arroz, panqueca e aquela saladinha colorida; almoço delicioso! E estava bem puxadinho no sal, adoro! Depois me lasco com a pressão alta.
Nordestinos têm as mãos pesadas para temperos, principalmente no sal. Adoro!
Almocei, trabalhei e depois chegou minha hora de ir, mas com o pensamento nos gatos. Saí da escola e fui ao pet shop onde sempre compro: Vou comprar no F, de financiado, financiamento.
E se o dono da loja negar? Vai negar não, tenho fé em Deus, diria mamãe.
Volto para casa com ração seca, alguns sachês e dois pacotes de areia sanitária, que alívio, meu Deus! 
É melhor ter amigo na praça que dinheiro na caixa, diria mamãe.
Os gatos dormem, chove bastante e estou com vontade de tomar café.
É tão bom um café novinho quando a gente está com o bucho cheio, diria mamãe.
Mamãe diria e diz tanto.
É isso.


                                    

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Almoço de Domingo

                               

Fomos domingo à casa do meu irmão Fubá para um delicioso almoço. Arroz, farofa, salada de alface, de maionese, abacaxi frito e churrasco.
A molecada se divertiu na piscina de plástico,claro. 
Quem já viu pobre com piscina em casa?
Depois do almoço fomos para a sala assistir ao vídeo de casamento do meu irmão Fubá e foi divertido e emocionante ver os sobrinhos tão pequenos e bonitinhos naquela época. Ver papai emocionado, ver seu Rafael, o pai da minha cunhada Preta, dançando "La Bamba".
Foi muito bom.
A casa do meu irmão é pequena e ficou lotadíssima com os outros irmãos e sobrinhos. Sempre brincamos dizendo que não precisamos convidar ninguém de fora quando fazemos uma festinha, só a família já completa a lotação.
Que mais almoços assim se realizem.
É isso.

Rafaela, a pequena anfitriã


domingo, 22 de julho de 2012

Põe na conta

                                         


Meus irmãos têm um ótimo apetite, benza Deus.
Comem com gosto, com vontade e comem de quase tudo; têm estômago de avestruz.
Os dois mais velhos, Naldão e Rogério, conseguiram um emprego em uma empresa do bairro mas foram remanejados para a filial do Tatuapé.
Ambos estavam habituados a almoçar em casa mas como foram para outro bairro, o gerente disse a eles para irem almoçar em um bar próximo e colocar na conta da empresa.
Não foi uma boa ideia para nenhuma das partes. Explico.
Naldão e Rogério chegam ao bar e pedem o almoço e se decepcionam com a quantidade de comida: "Oxe, só esse pouquinho?! Pode trazer mais uns dez desse aí que ainda é pouco!".
Almoçaram e trabalharam o resto do dia. 
No dia seguinte vão ambos de volta ao trabalho, mas lá chegando são demitidos: "Não precisamos mais dos seus serviços".
E Rogério disse: "Nem pagaram nosso dia de serviço!".
Acho que não pagaram para poder compensar pelo prejuízo deixado no bar.
Esses meus irmãos...


                                            

terça-feira, 8 de maio de 2012

Gás

Toda semana o caminhão do gás passava lentamente pelas ruas tocando aquela musiquinha chata.
Trabalhavam o motorista e o ajudante, que gritava a plenos pulmões: "Olha o gás, freguesa! Quem quer gás?! Se não comprar hoje, só na semana que vem, freguesa!"
O ajudante para em frente ao nosso portão e grita sua oferta; mamãe pede a Naldão para dizer ao simpático ajudante que não quer o gás. Beleza.
Naldão preparava-se para almoçar e teve que interromper para atender ao pedido de mamãe.
Naldão tem a incrível habilidade de fazer uma montanha de arroz no prato, fazer um buraco no topo da montanha e lá dentro encher com caldo de feijão e uns três ovos fritos com a gema mole. Fica parecendo um vulcão em erupção.
Pratinho pronto para ser devorado e Naldão vê-se mais uma vez obrigado a adiar o prazer da gula para atender mais uma vez ao insistente ajudante, que, antes de berrar de novo, assusta-se com a exuberante imagem de meu irmão segurando seu pequeno prato-montanha e berrando em sua única e exclusiva voz: "Qué nãaaaaaaaaaaaaaooooooooooo!"


                                                 
                                                 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Hora do Almoço

                                           


Rafaela estava resfriada e com uma tosse que já durava mais de uma semana e sua mãe, a Preta, a levou à emergência do hospital. 
Lá chegando, teve que aguardar mais de duas horas pelo atendimento e ao reclamar, ouviu da simpática funcionária: "Tem que esperar, têm mais de quinze mães na sua frente!".
Preta chegou ao hospital às dez horas da manhã e ao meio dia e meia ainda não fora atendida! 
Rafaela chorava com fome e Preta deu-lhe a mamadeira, mas Rafaela não queria mamar, ela queria sua comidinha, seu almoço. 
Foram atendidas e ao voltarem para casa Preta deu o almoço para Rafaela, que comeu tudinho! 
Rafaela já sabe quando é chegada a hora de seu almoço e mamadeira não engana fome ninguém, muito menos de Rafaela que é lobinha filha do meu irmão Fubá, um lobo com apetite voraz. Graças a Deus.


                                               


                                          

terça-feira, 10 de abril de 2012

Fígado

                                       


Não gosto de fígado, apesar de suas vitaminas, sais minerais, benefícios à saúde etc e tal.
Tenho nojo daquela coisa molenga e desmanchante.
Mas o fígado me faz rir, é mais um causo da minha família maluquetes.
Mamãe havia viajado a Pernambuco e ficamos em casa com papai, Mãevelha e o resto da família.
Eu e uma parenta que morava conosco sempre preparávamos o almoço e a janta mas papai sempre se metia em tudo, inclusive na cozinha.
Papai sai do trabalho, vai direto ao açougue e volta com um pacote nas mãos: era fígado.
Papai decide cozinhar. Nossa Senhora!
Papai quase desmonta a cozinha para encontrar panelas e outros utensílios domésticos que serão usados em sua arte culinária. Arte mesmo. Papai xinga, reclama que não encontra as coisas, que não sabe como achamos as panelas, os temperos... 
Mãevelha observa a tudo caladinha e fazendo seu crochê com os gatos aos seus pés.
Depois de muito sermão e muita reclamação o chef Dedé diz que a janta está pronta e a primeira vítima é Mãevelha, que sempre jantava cedo.
Papai coloca o cuscuz em um prato e o fígado cozido em molho em outro; Mãevelha olha para aquele caldo estranho, faz uma cara de nojo (juro por Deus que posso ver a expressão de minha avó ao olhar para o fígado ensopado) e diz a papai: "Quero isso não".
Papai se enfeza e tome sermão: "Oxe! E não quer por que, Bastião? Tu tá com o bucho cheio e fica botando bistaqui na comida! E o que é que tem demais a minha comida? Cozinhei o figo (fígado) com todos os temperos, tudo direitinho nos conformes.Tá tudo limpinho e bem feitinho, deixe de luxo, visse?" Papai chamava Mãevelha de Bastião.
Mãevelha olha mais uma vez para o prato e diz: "Oxe. Quero não. Deus me defenda! O cabra tem que mergulhar pra encontrar um taquinho (pedaço) de figo (fígado). Quero isso não. Vôte!"
Papai ficou ainda mais furioso quando o resto de nós se uniu a Mãevelha e ninguém quis comer o fígado preparado por ele em uma vã tentativa de ser chef de cozinha.
Como cozinheiro, papai era um bom metalúrgico.


                                          

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Almoço e Janta

                                                         
                                                 
Minha sobrinha Rafaela tem apenas cinco meses mas já está terrivelzinha.
Rafaela encara, deixa claro quando não está satisfeita com algo, gosta de passear, é rueira, adora melancia e tem o apetite de lobo do seu pai Fubá. 
Resumindo: Rafaela é da família, graças a Deus.
Ontem fui visitá-la e a cobri de mimos e fiquei sabendo de um detalhe sórdido contado por sua mãe, minha cunhada Preta. 
Era hora do almoço e a avó, dona Elza, deu-lhe a comidinha mas Rafaela continuou chorando. O jeito foi dar também a janta a Rafaela, que encheu o buchinho de depois dormiu a tarde toda. 
É que Preta deixa tudo encaminhado para facilitar os cuidados da avó para com Rafaela. 
E numa tacada só lá se foram almoço e janta para saciar a fome da pequena linda e terrível.
Falei para Preta pedir um feijoada, uma buchada, um mocotó ou uma coisinha light dessas para Rafaela.





                                                         

sábado, 28 de janeiro de 2012

Arroz

                                                    


Valéria e a família moravam no cafofo mencionado em postagem anterior.
Ela e sua família eram meio folgadinhos, para ser educada.
Eles desciam as escadas do cafofo e entravam em nossa casa sem pedir licença. Entravam e pegavam o que queriam; como se fossem donos do pedaço. 
Era leite, pão, café, almoço, janta...
Fubá e Renata, meus irmãos caçulas, viviam se estranhando mas se uniam feito carne e unha quando se tratava de perseguir e atormentar os moradores do cafofo, principalmente Valéria.
Fubá está almoçando e Valéria entra na cozinha sem pedir licença e sem falar nada. Ela vai até o fogão, destampa as panelas e olha o que tem. Tampa de volta, pega a panela com arroz e sai. 
Fubá observa tudo calado e espera o momento certo para atacar. Ele puxa Valéria pelo braço e diz: "Onde você pensa que vai com essa panela de arroz?"
"Oxe. Eu vou é cumê. Me solte!".
"Me dá aqui essa panela, sua folgada. Na sua casa não tem comida não?!".
Foi uma cena engraçada. Fubá segurava a panela por uma alça e Valéria pela outra; parecia um cabo de guerra.
Fubá tomou a panela da prima que voltou para casa chorando.
Passadas algumas horas, mamãe volta para casa e chama Fubá para falar sobre o ocorrido e dá broncas nele. "Onde já se viu negar comida ao próximo?!"
"Que próximo o que, mãe?! Essa desdentada é muito da folgada! Por que ela não faz comida? Toda hora vem aqui em casa pegar alguma coisa. E nem pede, só é chegar e pegar. Folga da p... meu!".
Esclarecidos os fatos, mamãe pergunta a Fubá onde ele colocou a panela com arroz, mas ele se nega a revelar o esconderijo secreto do utensílio doméstico.
Alguns dias depois começamos a sentir um cheiro de coisa estragada e reviramos a casa mas não encontramos nada. Fubá decide então revelar o segredo: a panela com arroz estava na parte de baixo do fogão e olhamos no forno mas não na parte de baixo.
Fubá retira a panela fedendo com o arroz todo estragado.
Mamãe fala: "Menino danado! Tu preferisse esconder o arroz e deixar estragar e não deixasse a bichinha comer?!"
"Bichinha nada. Ela é muito da folgada e a senhora é trouxa demais".
"Menino!".


                                                

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Almoço em família

                                               


Eu tinha 18 anos e adorava aquelas revistas tolinhas que falavam sobre simpatias, horóscopo e amizades.
Havia uma seção na revista que trazia nomes e endereços de pessoas que queriam fazer novas amizades. Não havia Internet nem redes sociais naquela época e o romântico hábito de escrever cartas ainda estava em voga.
Pensei em participar desse movimento literário e mandei carta para revista e confesso que duvidei muito que alguém me escreveria. Me enganei.
Recebi várias cartas e entre elas a de um rapaz (nem tão rapaz assim, veremos a seguir) de família, honesto, trabalhador e cumpridor de seus deveres, como mamãe adorava dizer.
Trocamos correspondências e o rapaz sugere que nos conheçamos pessoalmente. Vixe!
Mas papai e mamãe nunca me deixariam sair sozinha para encontrar um estranho; de jeito maneira, jeito qualidade!
Escrevi ao simpático rapaz e contei a situação e ele sugeriu que fossemos todos jantar no restaurante onde ele trabalhava como maitre (lê-se "métre"). 
Saí com ele algumas vezes e íamos sempre almoçar e depois ao cinema. E minha irmã Rosi ia comigo para manter minha segurança física e garantir que nada de mais acontecesse.
Como eu disse, eu tinha dezoito anos e ele disse que tinha trinta e dois. Só se fosse trinta e dois anos que chegou em São Paulo!. Ele deveria ser um quarentão.
Bem...
Fomos a nobre e distinta família jantar no restaurante do nem tão jovem e distinto rapaz.
Fomos bem tratados e para retribuir a gentileza mamãe o convida para almoçar em nossa casa. Ele era nordestino também e apreciava comida nordestina.
Mamãe organiza tudo e nos pede: "Olhem, pelo amor de Deus se comportem bem e finjam que são civilizados. Não me matem-me de vergonha!".
"Tá booooooooom, mãe".
E papai, claro, também deu seu sermãozinho básico: "Olhe, e deem um jeito nesses gatos sem educação de vocês. Não deixem esse gatos pular nas coisas e no rapaz. Não me matem-me de vergonha".
"Tá booooooooom, pai".
Chega o grande dia e estamos todos tomados banhos e vestidos com nossas melhores roupas. E sobrou até para Mãevelha, que deixou sua cama e veio até a sala para recepcionar o rapaz.
Como ele não conhecia bem o nosso bairro, mamãe pede a um motorista de táxi conhecido nosso que busque meu pretendente. Rogério e Naldão foram junto.
Dali a pouco eles chegam e mamãe vai ao portão para recepcioná-lo. Naldão e Rogério descem rapidamente do carro, correm ao meu encontro e educadamente dizem: "Oxe, cara feio da p...! O cara tem orelha de Spock e é véio. Você não vai casar com ele não, né?".
Eu fingi que falava amenidades com meus adoráveis irmãos e sorri para o nem tão jovem mancebo que vinha todo alegre e sorridente em minha direção.
Entramos e nos acomodamos; o almoço já seria servido.
Tinha muita fartura de comida e vários tipos de carne. 
Pra falar a verdade, éramos meio boçais e não gostávamos de usar garfo e faca para cortar a carne, a segurávamos com as duas mãos e cortávamos com os próprios dentes. 
Mas hoje já conseguimos usar talheres. A quem interessar possa.
Bom...
Mãevelha não sabia usar garfo e faca e comia com colher. Mamãe faz o prato de nossa avó e pergunta se ela quer que corte a carne em pedaços pequenos, mas Mãevelha diz que não carece não. 
Mãevelha começa a comer e segura o bife com as duas mãos e dá uma mordida, mas ela fez de um jeito que a carne escapou de suas mãos e voou longe. Os gatos estavam perto dela e correram como quem aposta corrida para ver quem chega primeiro; parecia vídeo cassetada do Faustão. 
Que vergonha!
Mamãe disfarçou, sorriu amarelo e ofereceu mais comida ao rapaz. 
Papai, milagrosamente e num esforço sobre humano, segurou seu sermão.
Termina o almoço em família, graças a Deus. O rapaz agradece pela calorosa recepção e troca palavras gentis e educadas com papai e mamãe que o convidam para mais visitas à nossa nobre e distinta família em nossa humilde residência.
A rasgação de seda termina e meu pretendente volta para casa. Ufa!
E papai começa seu sermão. Reclama de Mãevelha que deixou a carne "voar", dos gatos que "voaram" atrás da carne, disso, daquilo...
E para quem estiver curioso; não, não me casei com o simpático rapaz nem com ninguém.
Mas continuo gostando de gatos.