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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Coisas do Meu Sertão

                         

De repente me bate uma saudade danada de grande do meu Sertão.
Casinha simples de taipa, pau a pique; água na moringa de barro, ou quartinha, como dizemos.
Café torrado e moído em fogão a lenha.
Luz de candeeiro ou lampião de gás. 
Luz da lua em céu coalhado de estrelas iluminando o caminho e o deixando com um aspecto onírico.
Chupar cana, comer jaca, pinha, pitomba, umbu... Tudo no quintal de casa ou pelas ruas da vizinhança. Algum "cumpadi" ou "cumadi" sempre tinha o pé de alguma fruta em seu quintal.
Farinha de milho torrada e adoçada; uma delícia.
Rapadura, mel de engenho e doce de leite cortadinho e quentinho. Bom demais.
Tapioca, coco ralado na hora, queijo coalho assado na brasa. 
Charque, batata doce, jerimum, macaxeira, milho, feijão de corda, farinha.
Cuscuz com coco, café no "xicrão", mel de engenho com farinha, bolacha "cremi cráqui" molhada no café.
Cuscuz com peixe seco assado na brasa.
Papa (mingau) de farinha, mugunzá, canjica, curau, milho cozido, milho assado.
Leite com batata doce, com jerimum, com macaxeira, com arroz, com pão, com farinha.
Bolo de macaxeira, bolo de rolo, bolo Souza Leão, bolo de milho, bolo de araruta.
Bolacha mata fome ou tareco, bolacha sete capas, bolacha de coco. 
O mandacaru "fulorando" e anunciando a chuva no Sertão.
Pescar guaru nos açudes.
Cuidar da criação.
E lá vem a seca e acaba com tudo e o jeito é "isimbóra pra Sum Paulo".
A seca forte, impiedosa e implacável nos tira de nosso Sertão mas não tira o Sertão de nós.
Quarenta anos em São Paulo, meu Santo São Paulo.
Quarenta anos de "sôdade" do meu Sertão.
Ando meio nostálgica e saudosista; deve ser a idade.
É a saudade que acocha por demais o coração da gente.

                          
                             

                               
                                



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mamíferos carnívoros, herbívoros e onívoros

                                        

Não estou falando sobre animais carnívoros, herbívoros e onívoros, estou falando sobre minha família. Explico.
Minha irmã Rosi me conta que preparava o almoço e perguntou à Beatriz o que ela queria, bife ou carne seca e ela responde: "Os dois".
Rosi tenta manter uma dieta balanceada e meio natureba e prepara carnes brancas como peixe e frango, mas Beatriz sempre pede uma carninha, um bifinho.
Beatriz gosta de dizer: "Eu sou carnívora que nem meu pai".
Eu gosto de um churrasquinho, mas raramente preparo carnes, cozinho legumes e faço saladinhas verdes temperadas com azeite de oliva e vinagre balsâmico. Às vezes me dá vontade de comer carne cozida com legumes e ligo para minha irmã Rosi ou meu cunhado Pepê e pergunto: "Que carne é boa para fazer carne de panela?", e recebo uma aula sobre carnes e cortes. Não entendo desses nomes dados, só sei que é carne e pronto.
Adoro carne seca com cuscuz nordestino.
Uma vez estava cansada de leguminhos e arroz integral e suquinho com soja e fiz uma comida danada de boa, meio mineirinha, sabe? Fiz uma farofa com linguiça e bacon e adicionei feijão e couve; ficou "bão dimais da conta, sô!"
Já falei aqui e repito, mineiros e baianos têm a culinária mais deliciosa do Brasil, acho eu, mas gosto dos bolos Souza Leão, bolo de macaxeira, tapioca com queijo coalho lá do meu Pernambuco e aprendi a apreciar um delicioso churrasco com os gaúchos trilegais.
E falando sobre carnes e outros alimentos, estava me lembrando e rindo sozinha das "inguinóranças" de papai, claro. Em décadas passadas a inflamação era galopante e os preços subiam sem controle, comprar carne era difícil e mamãe improvisava com peixes, frango, linguiça, o tal do Spam e quando a situação financeira estava complicada, mamãe fazia omeletes, ovo frito, cozido...
Papai vinha almoçar em casa e encontrava a mesa posta com arroz, feijão, farinha e ovo. Vixe! Papai ficava doido: "Mas eu trabalho que nem um fio duma égua e não tenho direito que comer um taco (pedaço) de carne?! Num vô cumê não!"
Mamãe ouvia pacientemente e depois dizia: "Oxe Dedé, e tu qué eu me vire em carne ou que vá roubar pra botar carne dentro de casa é? Tu qué que eu faça o que, homi? Quer comer coma, senão, lasque-se!".
Nossa Senhora! E o sermão prosseguia...
Outro alimento muito apreciado por nossa família é o leite. Meus irmãos caçulas Fubá e Renata adoram um leitinho com achocolatados, tomam litros. Rosi também gosta de leite, mas é mais moderada. Por outro lado, há outros de nós que não gostam de leite: eu, Beatriz e Vinícius. Compro leite de soja pra mim e fica muito bom batido com frutas.
Eu compro leite para meus gatos que adoram tomar um leitinho antes de irem para a cama. Ébano Nêgo Lindo se esfrega em minhas pernas e mia olhando para a geladeira, ele sabe que o leite está  lá.
E por falar em meu neguinho lindo, ele está bem melhor, graças a Deus. Comeu a ração que eu fui comprar, pois ninguém queria a que tinha aqui, tomou seu leitinho e agora dorme. 
Eu saí para comprar a ração favorita da gataiada e deixei Ébano deitadinho em um canto fofo que preparei para ele; saí preocupada e pedi a Deus e ao Povo lá de cima que cuidassem do meu gato, que trouxessem saúde para ele. Voltei para casa e o encontrei de pé, andando pelo jardim e cavando minhas plantas; olhei para o céu e agradeci.
Acho que Deus e o Povo lá de cima agiram rapidinho porque não querem ser pentelhados por mim a pedir pela bicharada. Mas eu só peço coisas boas, para mim, para minha família e para as pessoas que gosto. Coisas boas como saúde, solução de problemas que nos aporrinham, paz, alegrias...
Não peço riqueza nem boniteza, mas eu queria ganhar na Mega Sena para ajudar a bicharada carente. 
Amém.