sexta-feira, 7 de março de 2014

Sapo

                                 


Fui à perícia médica na Avenida Olavo Fontoura, Casa Verde, em frente ao Sambódromo.
Fui de táxi, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) fechou o acesso a algumas ruas em volta devido ao Carnaval.
Vi alguns dos carros alegóricos e são muito mais bonitos de perto do que pela TV.
Cheguei cedo, como é solicitado na via de marcação de perícia e levei exames que nunca são olhados pelos médicos peritos. Por que pedem então?
Fui logo atendida e a primeira pergunta do médico foi: "Mas você não pode trabalhar?!"
"Eu estou trabalhando! Só não fui hoje porque, obviamente, estou aqui na perícia. Esse laudo refere-se ao mês de novembro/2013, quando fui internada para exames investigativos. As aulas iniciaram em 27 de janeiro desse ano e desde então eu tenho trabalhado"
Se o doutor lesse o laudo antes de me julgar, criticar e fazer perguntas tolas, tudo ficaria mais fácil, tanto para mim quanto para os outros periciados. Pensei comigo. A gente tem que engolir muito sapo e fazer cara de paisagem para não ser prejudicada mais ainda. É a vida em Sociedade.
Acho que esses peritos têm preguiça de ler o laudo do colega, ligam o "achomêtro" no automático e nos julgam a partir daí. Errado isso.
O doutor então acessou meus dados no computador e de lá viu todo meu histórico médico. Aleluia!
Fez perguntas mais cabíveis e até demonstrou certa simpatia.
Mediu minhas pernas, que têm circunferências diferentes; olhou meus joelhos fofos, gorduchos e inchados; mediu minha pressão, que está sempre alta e mesmo com as mudanças de remédios que a cardiologista fez. Só Jesus na causa.
Depois de tudo isso o doutor perguntou se eu ainda não solicitara a aposentadoria e eu disse que vou trabalhar até onde o corpinho acromegálico me permitir. Quero ir até os cinquenta, faltam só três anos, e se me sentir bem, vou ainda mais longe. Irei.
Claro que tenho dores, que o joelho entreva e dobra e já caí várias vezes aqui em casa, que a coluna incomoda, que estou sempre com a pressão nas alturas mas isso é o que me faz mais forte e me dá mais gana para viver e trabalhar.
Ficar se lamuriando e bancando a vítima não vai trazer a cura e, além do mais, não dá para viver de brisa e luz.
Algumas pessoas acham que eu deveria me aposentar, mas eu me sinto jovem para isso.
No caminho de volta para casa fiquei analisando as duas perguntas contraditórias do perito: primeiro ele me julga sem conhecer meu histórico médico e, depois de o conhecer, muda de opinião e sugere uma aposentadoria.
Como dizem os velhos ditados: "Não julgue um livro pela capa... As aparências enganam".
É isso.


                                         




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