Mostrando postagens com marcador cuscuz. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cuscuz. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Cadeira Azul

                                    Resultado de imagem para cadeira azul com livro  no jardim



Estou tão cansada hoje.
Passei longas e agradáveis horas sentada lá fora cuidando das plantas, uma das coisas que mais adoro, mas a coluna e os joelhos reclamam. E como!
Não dormi bem, pra variar, acordei sobressaltada, agitada e a cabeça pulsando: pressão alta.
Nível de stress subindo desde logo cedo, graças a Deus, mas que à tarde começou a baixar: apenas 98%.
Sinto falta do tempo em que tinha tanta energia, era tão ativa e podia bater os quatro cantos do mundo, como dizia mamãe.
Que doença mais besta, meu Deus do céu!
Jardim com uma cadeira azul em meio às plantas. Sentar, apreciar, ler um bom livro e tomar uma boa xícara de café.
Vontades também... maçã verde, melão, melancia, caqui, mamão, cuscuz com leite...
É isso.


                                    Resultado de imagem para maça verde

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Réstia De Sol

                                


Fim de tarde.
Observo uma luz que passeia pelos meus livros na estante e muda lenta e gradativamente de lugar até sumir por completo. É uma réstia de Sol.
Sorri e viajei de volta ao passado. 
Fim de tarde no meu Sertão pernambucano; minha avó atarefada com os afazeres da casa, meu avô Paipreto sentado no alpendre nos observando brincar, chão de terra, cheiro de chuva, tarde bonita.
Mãevelha nos manda entrar, é hora de tomar banho e se aquietar em casa, pois sair no sereno da noite pode ofender (fazer mal) e nos deixar constipados.
Exageros de vó.
Banho tomado. Olhamos pela janela o por do Sol e esperamos por mamãe que ainda não chegara do trabalho.
O Sol entra pelas frestas da casa simples e percorre um caminho dourado até desaparecer; a noite chega com os grilos cantando. 
Mamãe chega, que alegria!
Jantar pronto, nos sentamos à mesa e saboreamos cuscuz, sardinha seca assada na brasa, jerimum cozido, café.
É tudo tão simples, tão bom e tão delicioso.
Aos poucos o movimento da rua vai diminuindo e ouve-se só os ruídos da noite.
Mais um dia que se vai, mais um dia que vem e no fim da tarde a réstia de Sol passeará pelas paredes da nossa casa simples.
É isso.


                                  

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Tia Dolores

Macaxeira com carne de sol, feijão de corda e coentro
                                               

Tia Dolores é irmã de mamãe e de tia Antônia.
Tia Dolores é animada, engraçada, brincalhona, comilona e está sempre alegre, ao contrário de tia Antônia que é mais quietona e reclamona.
Tia Dolores não gosta de comer de manhã, e eu sou assim também, mas quando a fome bate, lá pelas dez da manhã, ela devora tudo o que estiver pela frente.
Ela foi à casa da tia Antônia e esta ofereceu-lhe uma besteirinha. É assim como chamamos um pequeno lanchinho, de besteirinha.
Tia Dolores tinha acabado de comer e fora visitar a irmã; agradeceu a oferta e disse que já estava com o bucho cheio: "Quero não, minha irmã. Munto obrigada, acabei de comer nesse instante"
Tia Antônia insistiu e tia Dolores disse: "Já que tu insiste, vou pegar logo é dois pão, oxe!". Ela me contou e eu ri muito.
Outro dia liguei para a tia Dolores e ela disse que estava nauseada, perguntei o que  aconteceu e ela disse: "A gente vai ficando véio e não pode mais comer o que quer, não é minha filha? Neide me deu umas broncas e agora eu só como coisa light".
Neide é minha prima, filha de tia Dolores.
Perguntei-lhe que comida light era essa que ela comia e a resposta foi: "Cuscuz com leite, banana cozida, carne guizada, macaxeira, jerimum, batata doce, feijão de corda com charque..."
Se isso é light imagino o que não é!
Fubá contou que quando foi visitar as tias levou tia Dolores ao supermercado e enquanto faziam as compras ela pegava os produtos/alimentos e dizia: "Olhe, meu filho, essa bolacha aqui é muito boa, visse? Nunca comi não, mas é muito boa".
Fubá riu e achou engraçado a tia dizer que a bolacha era boa se ela nunca tinha comido.
E claro que ele comprou a bolacha e outras guloseimas para nossa tinha nem tão light assim.
Em uma de nossas conversas por telefone a tia me convida para ir visitá-la e eu disse que tenho muita vontade de voltar ao meu Pernambuco querido, mas tenho receio de minha aparência acromegálica causar os espantos e comentários que causa aqui. Ela disse: "Oxe, deixe disso, minha filha! Esses f.d.p pagam suas contas? Venha e se alguém lhe disser algo, mande tudinho para a p.q.p!"
Adorei o conselho.
É isso.


Bolo de rolo
                                  

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Tatuapé

O meu é aquele amarelo ali
                                 

Fui ao consultório do otorrinolaringologista que fica no Tatuapé, bairro dos novos ricos e endinheirados da região. 
Aliás, segundo informações do guia médico, o endereço fica na Vila Formosa, Altos do Tatuapé ou Jardim Anália Franco. É tudo a mesma coisa, tudo lugar bonito e rico cheio de gente fina, elegante e sincera.
A região está cada vez mais tomada pela construção de prédios que pipocam por todos os lados; as casonas grandes, bonitas, com jardins e janela grandes  estão rareando, ou são derrubadas para a construção dos prédios ou se transformam em lojas chiques, consultórios chiques, escolas de línguas chique, academia fitness chique e tudo chique. É uma "chiqueza" só.
Achar vaga na rua para estacionar está cada vez mais difícil e olha que quando comecei ir aos médicos que ficam na mesmíssima rua vaga era o que não faltava e ali não passava apenas de um bairro da ZL. Mas como diz o tio Francisco do Paraná: "Diferençô muito".
O trânsito é caótico e o que se vê é o vai e vem contínuo e constante de carrões com playboys ouvindo música em som altíssimo e/ou dondocas loiras, com óculos fashion e enormes.
Será que essas pessoas são felizes? Será que agem assim para preencher o vazio interior? Gastar, ostentar, exibir as fazem mais felizes? Sei não.
Lojas e mais lojas de carrões caros e importados; não se vê concessionárias básicas com carrinhos populares.
As lojas de roupas exibem roupinhas caras e que poderiam ser compradas por um preço bem menor na Rua José Paulino e no Brás.
Subi a Serra de Japi e viro à esquerda da Emilia Marengo e vejo lojas de decoração, moda, carros, bancos nobres. Reparo em um lojinha tímida que vende miudezas, iguais a essas lojinhas simples de bairro; pensei comigo: "Duvido que o povo rico daqui entre numa lojinha simples dessa, loja de pobre igual as que íamos em nosso bairro para comprar material escolar, papelaria etc".
Olho à volta, observo, comparo, viajo na imaginação.
Aguardo o farol abrir na Itapura para pegar a Radial e dois rapazes em um carrão me olham com ares de estranhamento. Claro, óbvio, público e notório que não se admiravam com minha estonteante beleza nem com meu possante popular, mas sim com meu carão acromegálico.
Voltei para casa e volto cansada dessa via crucix de médicos, exames, laboratórios, laudos etc...
Fiz um cuscuz de coco e vou comer com leite. Estava com uma vontade arretada de comer cuscuz de coco, num sabi?
Sei não... Às fico pensando comigo mesma e pergunto onde foi que falhamos. Nosso sonho, meu sonho, era morar em uma casona grandona e bonita, com piso, azulejo, campainha e um enorme jardim. Mas não deu. Moramos em nossos cafofos nada chique, mas estamos bem.
Acho que ser rico dá muito trabalho e eu não sei se conseguiria manter a estafante rotina de esticação de cabelo, maquiagem, caras e bocas. Isso sem contar que rico é mais contido, ri pouco, nunca dá boas gargalhadas e é cheio de não me toques.
Eu não queria ser rica abestada, queria ter dinheiro para ter uma vida digna, sem preocupações com as contas que se acumulam, sem contar os trocados para de vez em quando comprar um pizza de provolone, minha favorita. 
Queria ter uma casona grandona para poder cuidar da minha bicharada e daqueles que fossem jogados em meu quintal.
Queria que cada irmão e irmã ficasse bem e todos seríamos felizes para sempre.
Já fiz minha escolha e escolhi viver entre os meus entes queridos, meus bichos.
A solidão é minha maior companheira. Meus bichos também.
É isso.

                               

                                     


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mamíferos carnívoros, herbívoros e onívoros

                                        

Não estou falando sobre animais carnívoros, herbívoros e onívoros, estou falando sobre minha família. Explico.
Minha irmã Rosi me conta que preparava o almoço e perguntou à Beatriz o que ela queria, bife ou carne seca e ela responde: "Os dois".
Rosi tenta manter uma dieta balanceada e meio natureba e prepara carnes brancas como peixe e frango, mas Beatriz sempre pede uma carninha, um bifinho.
Beatriz gosta de dizer: "Eu sou carnívora que nem meu pai".
Eu gosto de um churrasquinho, mas raramente preparo carnes, cozinho legumes e faço saladinhas verdes temperadas com azeite de oliva e vinagre balsâmico. Às vezes me dá vontade de comer carne cozida com legumes e ligo para minha irmã Rosi ou meu cunhado Pepê e pergunto: "Que carne é boa para fazer carne de panela?", e recebo uma aula sobre carnes e cortes. Não entendo desses nomes dados, só sei que é carne e pronto.
Adoro carne seca com cuscuz nordestino.
Uma vez estava cansada de leguminhos e arroz integral e suquinho com soja e fiz uma comida danada de boa, meio mineirinha, sabe? Fiz uma farofa com linguiça e bacon e adicionei feijão e couve; ficou "bão dimais da conta, sô!"
Já falei aqui e repito, mineiros e baianos têm a culinária mais deliciosa do Brasil, acho eu, mas gosto dos bolos Souza Leão, bolo de macaxeira, tapioca com queijo coalho lá do meu Pernambuco e aprendi a apreciar um delicioso churrasco com os gaúchos trilegais.
E falando sobre carnes e outros alimentos, estava me lembrando e rindo sozinha das "inguinóranças" de papai, claro. Em décadas passadas a inflamação era galopante e os preços subiam sem controle, comprar carne era difícil e mamãe improvisava com peixes, frango, linguiça, o tal do Spam e quando a situação financeira estava complicada, mamãe fazia omeletes, ovo frito, cozido...
Papai vinha almoçar em casa e encontrava a mesa posta com arroz, feijão, farinha e ovo. Vixe! Papai ficava doido: "Mas eu trabalho que nem um fio duma égua e não tenho direito que comer um taco (pedaço) de carne?! Num vô cumê não!"
Mamãe ouvia pacientemente e depois dizia: "Oxe Dedé, e tu qué eu me vire em carne ou que vá roubar pra botar carne dentro de casa é? Tu qué que eu faça o que, homi? Quer comer coma, senão, lasque-se!".
Nossa Senhora! E o sermão prosseguia...
Outro alimento muito apreciado por nossa família é o leite. Meus irmãos caçulas Fubá e Renata adoram um leitinho com achocolatados, tomam litros. Rosi também gosta de leite, mas é mais moderada. Por outro lado, há outros de nós que não gostam de leite: eu, Beatriz e Vinícius. Compro leite de soja pra mim e fica muito bom batido com frutas.
Eu compro leite para meus gatos que adoram tomar um leitinho antes de irem para a cama. Ébano Nêgo Lindo se esfrega em minhas pernas e mia olhando para a geladeira, ele sabe que o leite está  lá.
E por falar em meu neguinho lindo, ele está bem melhor, graças a Deus. Comeu a ração que eu fui comprar, pois ninguém queria a que tinha aqui, tomou seu leitinho e agora dorme. 
Eu saí para comprar a ração favorita da gataiada e deixei Ébano deitadinho em um canto fofo que preparei para ele; saí preocupada e pedi a Deus e ao Povo lá de cima que cuidassem do meu gato, que trouxessem saúde para ele. Voltei para casa e o encontrei de pé, andando pelo jardim e cavando minhas plantas; olhei para o céu e agradeci.
Acho que Deus e o Povo lá de cima agiram rapidinho porque não querem ser pentelhados por mim a pedir pela bicharada. Mas eu só peço coisas boas, para mim, para minha família e para as pessoas que gosto. Coisas boas como saúde, solução de problemas que nos aporrinham, paz, alegrias...
Não peço riqueza nem boniteza, mas eu queria ganhar na Mega Sena para ajudar a bicharada carente. 
Amém.

                                          

terça-feira, 10 de abril de 2012

Fígado

                                       


Não gosto de fígado, apesar de suas vitaminas, sais minerais, benefícios à saúde etc e tal.
Tenho nojo daquela coisa molenga e desmanchante.
Mas o fígado me faz rir, é mais um causo da minha família maluquetes.
Mamãe havia viajado a Pernambuco e ficamos em casa com papai, Mãevelha e o resto da família.
Eu e uma parenta que morava conosco sempre preparávamos o almoço e a janta mas papai sempre se metia em tudo, inclusive na cozinha.
Papai sai do trabalho, vai direto ao açougue e volta com um pacote nas mãos: era fígado.
Papai decide cozinhar. Nossa Senhora!
Papai quase desmonta a cozinha para encontrar panelas e outros utensílios domésticos que serão usados em sua arte culinária. Arte mesmo. Papai xinga, reclama que não encontra as coisas, que não sabe como achamos as panelas, os temperos... 
Mãevelha observa a tudo caladinha e fazendo seu crochê com os gatos aos seus pés.
Depois de muito sermão e muita reclamação o chef Dedé diz que a janta está pronta e a primeira vítima é Mãevelha, que sempre jantava cedo.
Papai coloca o cuscuz em um prato e o fígado cozido em molho em outro; Mãevelha olha para aquele caldo estranho, faz uma cara de nojo (juro por Deus que posso ver a expressão de minha avó ao olhar para o fígado ensopado) e diz a papai: "Quero isso não".
Papai se enfeza e tome sermão: "Oxe! E não quer por que, Bastião? Tu tá com o bucho cheio e fica botando bistaqui na comida! E o que é que tem demais a minha comida? Cozinhei o figo (fígado) com todos os temperos, tudo direitinho nos conformes.Tá tudo limpinho e bem feitinho, deixe de luxo, visse?" Papai chamava Mãevelha de Bastião.
Mãevelha olha mais uma vez para o prato e diz: "Oxe. Quero não. Deus me defenda! O cabra tem que mergulhar pra encontrar um taquinho (pedaço) de figo (fígado). Quero isso não. Vôte!"
Papai ficou ainda mais furioso quando o resto de nós se uniu a Mãevelha e ninguém quis comer o fígado preparado por ele em uma vã tentativa de ser chef de cozinha.
Como cozinheiro, papai era um bom metalúrgico.


                                          

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sustança

                                              


Consegui dormir bem ontem. 
O cansaço e a sonolência causados pelo remédio permitiram-me uma boa noite de sono.
Acho que foi para compensar o que viria depois: dor de cabeça e mal estar.
Acordei bem, mas alguns minutos depois a cabeça começou a doer e me incomodou o dia todo. 
Mas o incômodo maior estava por vir e ainda continua: vizinho celebrando aniversário com churrasco e música alta, claro. O detalhe sórdido fica pelo fato de a festa acontecer no meio da rua, literalmente. O simpático e barulhento vizinho colocou o som na garagem, a churrasqueira na calçada e os convidados circulam livremente enquanto se servem. Legal, né?
Pessoas sentadas na minha calçada, crianças tentando pegar meus gatos pelas grades do portão, a fumaça do churrasco adentrando minha humilde residência e a horrenda música a tocar. Agora a pouco cantaram parabéns para o infame; será que significa que a festa está perto do fim?!
Não, não acredito. Esse povo é barulhento e exagerado e a festa vai noite adentro. Veremos...
O rega bofe começou às 14hs e continua firme e forte até agora, 20h30.
Bom...
Tentei descansar, dormir um pouco, mas não foi possível.
Meu irmão Fubá, Preta e a bela adormecida Rafaela passaram por aqui.
Como não consegui descansar, decidi cuidar das minhas plantas. Troquei algumas de vasos, podei outras e reguei a todas.
Fiquei com fominha e cozinhei jerimum (abóbora), fiz cuscuz nordestino (fubá, farinha, água e sal e cozinha no vapor) e fiz leite em pó.  Depois de pronto, comi. 
Coisa boa. Dá a maior sustança (substância).
O camarada come um bom cuscuz com jerimum, ou macaxeira, ou batata doce e com um bom xicrão de café e terá sustança para aguentar o dia todinho. Graças a Deus.
Se tiver um queijo coalho assado na brasa e uma tapioca feitinha na hora, aí é que a coisa fica muito mais melhor de boa. Ave Maria.
Sinto que vou precisar de muita sustança para aguentar o barulho que pelo jeito vai longe.


                                              

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Cuscuz

                                          


Quando papai era solteiro morava com seu pai, meu avô José e com seus irmãos Genaro, Manoel e Severino.
Avô José era viúvo e papai e seus irmãos eram solteiros e não havia mulheres na casa. Tio Manoel era o cozinheiro oficial da residência que mais parecia o Clube do Bolinha.
Tio Manoel preparava o jantar e decide fazer um cuscuz e procura uma toalha de prato.
O cuscuz nordestino é diferente do cuscuz paulista. É feito com farinha de mandioca, fubá, sal e água. Umedece a mistura e a coloca em um prato e depois a envolve com um pano úmido e leva para cozinhar no vapor.
Tio Manoel havia preparado o cuscuz, só faltava encontrar um pano de prato. Não encontrou.
Tio Manoel pensou e teve uma ideia: pegou um de seus cuecões samba canção, umedeceu, envolveu o cuscuz e o colocou no vapor. O cuecão, segundo ele, estava limpo e era do tamanho perfeito para envolver o cuscuz.
E a quem interessar possa, não houve alteração na cor, cheiro, forma ou sabor do cuscuz que foi comido normalmente.