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domingo, 12 de agosto de 2012

Mãos

                                           

Adoro mãos de bebês e crianças. Os pezinhos também.
Ontem vi minha sobrinha Rafaela e a pequena está crescida, sabida e muito linda.
Beijei suas mãos e seus cabelos negros e macios; cantei "Prenda Minha", sua canção favorita.
Sonhei esta noite com pessoas conhecidas, pessoas por quem tenho muito carinho, apesar de não vê-las sempre. 
Minhas mãos tocavam as mãos dessas pessoas, pediam ajuda.
Acordei meio triste e pedi a Deus que proteja essas pessoas.
Lembrei das mãos fofinhas, gorduchas e pintadas de mamãe e de Mãevelha. 
Mamãe dizia que à medida que envelhecemos mais pintas vão aparecendo pelo corpo e pelas mãos. Mamãe dizia também que quem tem muita pinta é sinal de que vai ficar rico um dia.
Estou esperançosa e confiante!
Vou para a cama, os gatos me esperam.
Não sei o que faço acordada a essa hora, acho que estou adivinhando chuva, como dizia Mãevelha.
É isso.

Rafaela, a corinthiana mais linda que há
                                       

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Artrite

                                     


Voltei ao ortopedista conforme o combinado: tomar o remédio durante três meses e voltar para acompanhamento, para novos exames e para ver se houve alguma mudança.
Minha primeira visita ao médico foi para tratar uma inflamação no tarso, depois artrose no joelho e na coluna e agora artrite nas mãos.
O radiologista sabe meu nome e quando chego à clínica ortopédica sou cumprimentada por ele da seguinte forma: "E aí, Rejane, o comichão continua subindo?".
Perguntei ao médico a diferença entre artrose, artrite e osteoartrite e ele me explicou:
Artrose é uma doença degenerativa; é o desgaste da articulação (junta).
Artrite é a inflamação das articulações.
Osteoartrite é uma doença das articulações caracterizada por degeneração das cartilagens acompanhada de alterações das estruturas ósseas vizinhas.
Bom...
Estou sendo afetada/atacada por cada uma dessas "oses" e "ites" (joelho, coluna, mãos) e sinto-me muitas vezes entrevada, como dizia mamãe. 
No frio piora, dói muito mais e no calor as dores são amenas.
Prefiro o frio, é mais confortável para dormir e minha sudorese noturna diminui, mas piora as dores articulares. Alivia uma coisa e piora outra.
É a vida e é bonita, é bonita...
O médico disse também que minha doença, a Acromegalia, e a minha idade, quarenta e cinco anos, são fatores agravantes para a artrite, artrose e osteoartrite. 
Devo retornar em novembro para mais exames e provavelmente tomarei mais injeções no joelho.
Saí do consultório com o famigerado laudo médico para a perícia e o exame e o próprio doutor disse que só se os médicos peritos do DPME forem loucos em não me concederem o benefício.
Vai saber...
Ele também me aconselhou a usar luvas, me agasalhar bem e evitar mexer com água nos dias mais frios.
Eu não fiquei assustada com o resultado dos exames; eu meio que esperava por isso. Estou preparada para o que der e vier e para o que a Acromegalia me trouxer. Será uma briga até o fim: eu ataco e cerco a doença por todos os lados possíveis e ela encontra uma brecha para contra atacar.
E assim seguirei meu caminho sendo olhada, observada e admirada como uma celebridade às avessas.
Não vou me entregar, não vou bancar a vítima; tem gente em situação pior que a minha.
Vou trabalhar, vou cuidar dos meus gatos, das minhas plantas, vou ler meus livros, vou viver minha vida.
Como dizia mamãe: "Eu já comi toucinho com mais cabelo e Deus dá a cruz que cada um pode carregar".
Não estou alegre nem triste...

Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
CECÍLIA MEIRELES

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vestido de Bailarina

Numa tarde bonita uma vizinha chama mamãe para mostrar um vestido de bailarina.
Era um vestido com corpete de veludo cor de vinho e a saia de filó cor de rosa.
Adorei aquele vestido. Me imaginei naquele vestido. Me imaginei uma bailarina.
Mamãe não podia comprar o vestido de bailarina para mim.
Nossa vida era difícil e nossa sobrevivência dependia dos poucos trabalhos que mamãe conseguia, da ajuda de Tio José do Recife e do dinheiro que papai mandava mensalmente de São Paulo.
Não sobrava para luxos e extravagâncias; por menores que fossem, como o vestido de bailarina.
Eu olhava o vestido, passava as mãos pelo veludo macio e brincava com a saia de filó.
Olhei para mamãe e pedi: "Compra, mãe".
"Não posso filha. Mas um dia, se Deus quiser, vou poder comprar um vestido desse pra você".
"E por que não compra hoje?"
"Não posso, filha".
Chorei.
Mamãe agradece a vizinha, segura minha mão e caminhamos juntas para casa.
Antes de sair, como a minha mão na mão de mamãe, olhei para trás para me despedir do vestido de bailarina.



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Melancia

Comer melancia e cuspir os caroços.
Lançamento de caroços de melancia à distância. Era nosso esporte favorito.
Mãevelha com cuidados para guardar os caroços que, segundo ela, era excelente remédio contra a febre.
Quando terminávamos de comer a fruta, Paipreto pegava as cascas e fazia bonecos.
Cortava cuidadosamente a casca da melancia; as mãos hábeis do meu avô sabiam manipular o objeto cortante. Em poucos minutos tínhamos um boneco novo.
Bonecos feitos com cascas de melancia.
Bonecos feitos pelas habilidosas mãos de Paipreto.



Pés de Feijão



Pés de feijão com as folhas úmidas pelo orvalho da madrugada.
Caminhava com mamãe por entre os úmidos pés de feijão.
Mamãe segurava minha mão.
Eu olhava em volta.
Parei para olhar um pé de feijão mais de perto.
Atraíram-me as gotas de orvalho nas folhas dos pés de feijão.
Gotas de orvalho que pareciam pedrinha de brilhante.
Minha mão na mão de mamãe.
Andando pelo caminho e segurando a mão de mamãe.
Parando no caminho e segurando a mão de mamãe.
Os pés de feijão. Minhas mãos. As mãos de mamãe.



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Faces Acromegálicas

Um dos sintomas da doença é o crescimento da face e das extremidades (pés e mãos).
Observem a transformação nos rostos dessas pessoas.
Eu demorei a entender porque as pessoas me olhavam tanto, até descobrir que sou acromegálica.
Abaixo, imagens de Maurice Tillet, o verdadeiro Shrek. 
Maurice Tillet era inteligentíssimo, falava vários idiomas e gostava de poesia, tudo oposto à sua aparência acromegálica.
Acromegálicos não são monstros ou ogros, são humanos.
Somos humanos, demasiado humanos.

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