terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vestido de Bailarina

Numa tarde bonita uma vizinha chama mamãe para mostrar um vestido de bailarina.
Era um vestido com corpete de veludo cor de vinho e a saia de filó cor de rosa.
Adorei aquele vestido. Me imaginei naquele vestido. Me imaginei uma bailarina.
Mamãe não podia comprar o vestido de bailarina para mim.
Nossa vida era difícil e nossa sobrevivência dependia dos poucos trabalhos que mamãe conseguia, da ajuda de Tio José do Recife e do dinheiro que papai mandava mensalmente de São Paulo.
Não sobrava para luxos e extravagâncias; por menores que fossem, como o vestido de bailarina.
Eu olhava o vestido, passava as mãos pelo veludo macio e brincava com a saia de filó.
Olhei para mamãe e pedi: "Compra, mãe".
"Não posso filha. Mas um dia, se Deus quiser, vou poder comprar um vestido desse pra você".
"E por que não compra hoje?"
"Não posso, filha".
Chorei.
Mamãe agradece a vizinha, segura minha mão e caminhamos juntas para casa.
Antes de sair, como a minha mão na mão de mamãe, olhei para trás para me despedir do vestido de bailarina.



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