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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Vida Simples

                                  



Feliz 2015 a todos.
Mais um ano que chega e, a cada ano que passa, ficamos mais velhos. Sábios? Talvez.
Coisas boas e outras nem tanto. Parece que Deus, a Vida ou nós mesmos gostamos de nos sacanear.
Sempre quis ter coisas simples que eram e são tão caras para mim; liberdade é uma delas. 
Achava que viveria e seria saudável como sempre fui durante a infância até os trinta anos, quando tudo começou a degringolar.
Pensei que viveria a vida simples que sempre quis: ter saúde, trabalhar no que gosto, voltar para casa, cuidar da gataiada, das plantas, ler e cuidar dos meus preciosos livros tomando café e ouvindo Rock 'n' Roll. Era só isso.
Não queria boniteza nem riqueza, só queria andar com minhas próprias pernas.
Só queria ir à escola, dar minhas aulas, "implicar" com a molecada que fala e escreve de forma descuidada, falar com eles sobre livros, filmes, política e outros assuntos que surgissem durante a aula.
Sairia da escola após mais um dia de trabalho e faria as obrigações rotineiras: ir ao banco, ao supermercado, padaria, casa de ração, essas coisas simples e bobas que todo mundo faz e nem se dá conta.
Ir à casa da minha irmã para brincar com minha sobrinha, irmos ao Shopping, de vez em quando.
Dirigir sem limitações, sem problemas, sem perigo.
Ter ânimo para fazer os afazeres domésticos e manter a casa em ordem, obviamente tomando café e ouvindo Rock 'n' Roll. Sentar um pouquinho com Rosinha no colo enquanto a máquina de lavar termina o ciclo de lavagem. 
Estender a roupa no varal, regar as plantas, olhar para os céus, ouvir os ventos que anunciam a chuva e tirar as roupas do varal.
Era só isso.
Essa minha solidão acompanhada por gatos, livros, plantas, café, casa de irmãos, sobrinhos... Coisas simples que gosto tanto e que me fazem bem.
Vem a Acromegalia, que quase me mata, e junto com ela vem tantas outras mazelas que me fazem tão mal, me roubam o ânimo, a energia, a vida.
Osteoartrite - artrose - que endurece, enrijece a perna direita. Joelho fofo, inchado, quente e dolorido.
Fraqueza, desânimo imenso.
Mas eu vou ficar boa para poder viver minha vida simples. Tenho fé e acredito.
É isso.


                                  

                                    


                             



terça-feira, 20 de maio de 2014

Universo

                                



Dores, como sempre.
Em maior ou menor intensidade, mas sempre dores.
Osteoartrite na coluna, joelhos, pés, ombros, punhos, mãos. Se tem junta (articulações), tem dor. 
Acromegalia.
Meus punhos estão doloridos e sinto pontadas de dor nos dedos das mãos.
A coluna dói e sinto uma pontada "elétrica"; é como se fosse um choque junto com dor. Estranho, mas dói e incomoda.
Daria um doce para ter e ver a cura da Acromegalia e de todos os males, sejam eles do corpo e da alma.
Acho que já falei sobre isso aqui, mas, segundo os místicos, quando desejamos muito algo o Universo conspira a nosso favor. Então, querido Universo, comece a conspirar a meu favor! Obrigada.
Acabei de fazer mingau de amaranto e trouxe-me lembranças de minha avó Mãevelha com seus mingaus docinhos feitos com de leite de coco com farinha de mandioca; ficava tão bom. 
Mãevelha fazia tudo bonitinho e separadinho para mim e meu avô Paipreto; era tudo tão simples, mas para mim era um banquete dos deuses.
Fiz meu café forte também e comi (tomei?) o mingau com Clara Blue. Bellatrix adora mamão papaya e meu negão lindo adora ovo frito e presunto. Compro uns cem gramas só para ele.
Alice afofou seu cobertor favorito mas deitou-se ao meu lado, bem encostadinha em mim. Sente-se mais aquecida, creio eu.
Vou fazer uma das coisas que mais gosto: arrumar alguns dos livros derrubados por Aldebarã, meu fofinho, peludinho e bonitinho da mamãe.
As dores amenizaram, só estou entrevada, como se arrastasse bolas e correntes de ferro presas à minhas pernas.
Mas tudo vai ficar bem. Acredito.
"Não será Deus impussivi", diria papai.
É isso.



                                   
Aldebarã, minha estrela maior

domingo, 26 de janeiro de 2014

Caçar

                                       



Mais um fim de semana quente e ensolarado. 
Mais um fim de semana em casa.
Eu gosto disso.
Não tenho paciência para Shoppings lotados, preços abusivos etc... Adorava encher o tanque do carro e sair por aí sem rumo. Adorava pegar uma estrada sem destino certo e parar aonde desse vontade. Já fiz muito isso, mas agora dirijo menos e entrevo demais.
Estou bem melhor, graças a Deus, mas dirigir por muito tempo ainda tem seus efeitos em mim, principalmente na minha coluna e joelhos endurecidos pela osteoartrite. Só dirijo o necessário e adoraria encontrar pessoas que se dispusessem a dar uns "rolês" por aí, mas que revezassem na direção, dividissem as despesas e não ficassem só na nossa aba.
Bom...
Fiquei em casa e fiz pequenas grandes coisas que me fazem bem. Tirei pó de livros, vi fotografias, cuidei das plantas, ouvi música e finalmente lavei a garagem! 
E mesmo assim ainda falta muita coisa a fazer.
Lavei a gaiolinha dos gatos, aquela de levá-los ao veterinário. Reguei as plantas, podei outras, plantei algumas.
Estou elaborando um plano e um meio de executá-lo com relação à minha linda orquídea e a minha linda Clara Blue, minha Clarinha.
Clarinha cismou com as cascas de coco que vieram com a orquídea; sobe, pega uma casca com a boca, brinca com a casca, corre pra lá e pra cá e dali a pouco faz tudo de novo. Todas as manhãs levanto e vejo o piso branco da cozinha cheio de pontos marrons espalhados por todos os cantos.
Antes se usava xaxim, mas agora é proibido por lei e a casca de coco foi o melhor substituto encontrado. Clarinha adorou essa substituição.
Agora vou "caçar" um meio de resolver esse problema ambiental e animal.
E por falar em caçar, lembrei de papai e de quando nos mandava "caçar o que fazer" quando não tinha nada de interessante para se fazer em uma época sem a parafernália eletrônica/digital que existe hoje.
Cacei, encontrei e me fez bem.
Papai certamente diria: "Se a pessoa caçar o que fazer, ela encronta".
É isso.



                                             



                                                 


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Trabalho Infantil - Coluna

                                



Assisti a uma reportagem sobre a mão de obra de infantil, principalmente nas regiões mais carentes do país.
Crianças trabalhando em fornos de carvão vegetal, crianças entrando em rios, mares e mangues de madrugada à cata/pesca de mariscos, caranguejos e esses bichos estranhos.
São pescados pelos adultos e pelos irmãos ou parentes mais velhos e a criançada, cuja idade varia entre sete e doze anos, ajuda com a limpeza, a separar a carne da concha etc, a embalar etc...
Depois de tudo pronto, essas embalagens com um ou dois quilos de marisco, são vendidas aos restaurantes chiques por menos de dois reais o pacote!
Os restaurantes chiques preparam pratos chiques, como nomes em francês e cobram valores bem mais elevados aos turistas endinheirados e encantados com as belezas naturais do local.
Outro dado levantado por médicos e pesquisadores foi a saúde dessas crianças que passam horas trabalhando sentadas em um posição desconfortável, ou carregando peso e forçando suas frágeis colunas.
Foi perguntado às mães se elas concordam com esse tipo de vida que os filhos levam e elas responderam que é melhor assim a deixar que fiquem perambulando pelas ruas e sendo mais uma vítima fácil de pedofilia e drogas.
E vão para escola?
Sim, mas voltam logo porque faltam professores.
Algumas vezes não têm merenda também.
Fiquei pensando nisso enquanto procurava motivos, razões que explicassem porque tenho uma coluna podre, dolorida, fraca...
Fui ao consultório de uma ortopedista "seca", grosseira, impaciente, curta e grossa. Ela mal passou os olhos pelos exames e disse: "Você pratica ou praticou esporte durante muito tempo? Sua coluna é de uma pessoa assim e não há o que fazer".
Puxa, legal ouvir isso de uma médica!
Estou habituada a carregar peso desde muito pequena. Já aos cinco ou seis anos eu ajudava a cuidar dos meus irmãos menores, ajudava mamãe a lavar roupas, carregava meu irmão caçula nos braços e o levava para pesar, medir, tomar vacina e pegar as sagradas seis latas de leite em pó que o posto distribuía mensalmente para os bebês e crianças.
Eu era uma criança magérrima de onze anos e carregava meu irmão grandão que nascera com quase cinco quilos! Isso somados à sacola com fraldas, mamadeiras e as latas de leite. Sem contar que aguardava em pé o busão por mais de trinta, quarenta minutos.
Lembro que tinha muitas dores de cabeça e aos doze anos comecei a ter dores na coluna. 
Não era para menos. Lavar roupas, carregar compras do mercado e da feira, carregar o irmão nos braços... Realmente não há coluna que resista.
Aos trinta anos descubro-me hipertensa e com as dores na coluna cada vez mais fortes. Comecei a tomar anti-hipertensivos (não sei se é com ou sem hífen; detesto esse novo acordo ortográfico) e remédios para controlar as dores lombares.
Aos quarenta anos descubro-me acromegálica. Que raio de doença é essa? Quais sintomas, tratamento, o que ela causa, tem cura?
Passaram milhões de perguntas por minha cabeça.
Chegou o momento de fazer a cirurgia da coluna; não dava mais para enganar as dores com remédios e a disfarçar o entrevamento e a dificuldade para caminhar.
Fiz a cirurgia em maio de 2009 e fiquei até que boa, mas dois anos depois os mesmos velhos sintomas, dores e entrevamentos voltaram.
Mas por que em tão pouco tempo? Conversei com outros pacientes que fizeram cirurgias similares à minha e estão muito bem, obrigado, com seus parafusos no lugar e sem dores ou qualquer outro problema por mais dez, quinze e até vinte anos.
Por que eu não?
Doença degenerativa da coluna associada à Acromegalia.
E os pesos pesados que carreguei durante a infância e adolescência, contam também?
Sim. 
"Si" ferrei!
Osteoartrite (artrose e artrite) pelos joelhos inchados e gorduchos e até nos pés, mãos, ombros, quadris, coluna.
Claro, a doença viria. Já estava lá, se manifestando, mas teve uma "mãozinha" de todo o trabalho pesado que tive durante a infância e adolescência.
É o que a gente ganha por achar que pode carregar o mundo nas costas. Literalmente.
Outra coisa: Criança não é adulto! Criança pode ajudar com pequenos afazeres domésticos como arrumar o próprio quarto, guardar os brinquedos e coisas leves assim. 
Criança não foi feita para carregar peso, para cuidar de casa, de irmão pequeno. Isso é obrigação dos pais.
Mateo que o pariu, Mateo que balance!
Nunca pari nenhum, mas balancei muitos.
É isso.



                                     







segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Afastamento

                             


Fui à escola para levar o laudo médico pedindo meu afastamento. 
Cumprimentei uma colega que me viu entrar, mas fingiu o contrário. A cumprimentei e ela respondeu secamente.
Assim como alguns, ela deve ter pensado que fui à escola só para levar mais um laudo, só para ficar sem trabalhar apenas por não querer trabalhar. Como se eu fosse uma preguiçosa. Não sou. 
Senti-me meio mal, chateada, triste.
Essa colega vê e sabe de minha condição. Até cego vê, como diria papai, que ando com dificuldade, que tenho dores, que não estou bem.
A Acromegalia está me devorando, me entrevando, me roubando a saúde, a liberdade, a vida.
Às vezes me pergunto: Por que Deus e/ou a Vida estão me sacaneando?
Faz tempo que não consigo dormir direito e daria um doce se conseguisse dormir tranquilamente, sem dores.
Queria me deitar, dormir e me levantar sem dores e sem entrevamento.
Sem ser acordada de madrugada por um "soco" na nuca e ter que tomar, de novo, os remédios anti-hipertensivos.
Por que eu?!
Sou boa pessoa, não desejo mal a quase ninguém, batalhei tanto pela minha formação e adoro o que faço, mas fiz por tão pouco tempo.
Será que não estou preparada para ser feliz?
Quando éramos crianças e ríamos muito com nossas artes e brincadeiras ouvíamos sempre de nossos pais e das pessoas mais velhas: "Esse riso todo vai acabar em choro!".
Papai não gostava quando ríamos muito e nos perguntava criticando: "Pra que tanta risadage (gargalhar, rir)?"
Tem até um maldito de um ditado popular besta demais que diz que muito riso, ou muita alegria, é sinal de choro ou tristeza.
Então é proibido sorrir, gargalhar, ter momentos de alegria e até de felicidade?!
Esses mitos tolos têm origem e influência católicas e ouvia muito nas missas que ia com minha avó que só alcançarão os reinos dos céus aqueles que sofrem e choram. Que é preciso sofrer muito nessa vida para ser feliz na outra e absurdos desse tipo.
Mas quem disse que não se pode ser feliz nessa vida? Quem garante que vou entrar no reino dos céus? Alguém me perguntou se quero outra vida?!
Não pretendo desrespeitar nada nem ninguém, mas estou num momento delicado e não aceito ou admito que é preciso sofrer para ser feliz.
Já não basta tudo o que já passei até aqui?!
Quero ser feliz, quero ter saúde e quando chegar lá na outra vida, quero ser feliz e ter saúde também!
Sem Acromegalia. Sem dores e entrevamento. Sem gente preconceituosa e ignorante.
Assim seja.
"... Não dá pra ser feliz... Não dá pra ser feliz..."




                                       

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Artrite

                                     


Voltei ao ortopedista conforme o combinado: tomar o remédio durante três meses e voltar para acompanhamento, para novos exames e para ver se houve alguma mudança.
Minha primeira visita ao médico foi para tratar uma inflamação no tarso, depois artrose no joelho e na coluna e agora artrite nas mãos.
O radiologista sabe meu nome e quando chego à clínica ortopédica sou cumprimentada por ele da seguinte forma: "E aí, Rejane, o comichão continua subindo?".
Perguntei ao médico a diferença entre artrose, artrite e osteoartrite e ele me explicou:
Artrose é uma doença degenerativa; é o desgaste da articulação (junta).
Artrite é a inflamação das articulações.
Osteoartrite é uma doença das articulações caracterizada por degeneração das cartilagens acompanhada de alterações das estruturas ósseas vizinhas.
Bom...
Estou sendo afetada/atacada por cada uma dessas "oses" e "ites" (joelho, coluna, mãos) e sinto-me muitas vezes entrevada, como dizia mamãe. 
No frio piora, dói muito mais e no calor as dores são amenas.
Prefiro o frio, é mais confortável para dormir e minha sudorese noturna diminui, mas piora as dores articulares. Alivia uma coisa e piora outra.
É a vida e é bonita, é bonita...
O médico disse também que minha doença, a Acromegalia, e a minha idade, quarenta e cinco anos, são fatores agravantes para a artrite, artrose e osteoartrite. 
Devo retornar em novembro para mais exames e provavelmente tomarei mais injeções no joelho.
Saí do consultório com o famigerado laudo médico para a perícia e o exame e o próprio doutor disse que só se os médicos peritos do DPME forem loucos em não me concederem o benefício.
Vai saber...
Ele também me aconselhou a usar luvas, me agasalhar bem e evitar mexer com água nos dias mais frios.
Eu não fiquei assustada com o resultado dos exames; eu meio que esperava por isso. Estou preparada para o que der e vier e para o que a Acromegalia me trouxer. Será uma briga até o fim: eu ataco e cerco a doença por todos os lados possíveis e ela encontra uma brecha para contra atacar.
E assim seguirei meu caminho sendo olhada, observada e admirada como uma celebridade às avessas.
Não vou me entregar, não vou bancar a vítima; tem gente em situação pior que a minha.
Vou trabalhar, vou cuidar dos meus gatos, das minhas plantas, vou ler meus livros, vou viver minha vida.
Como dizia mamãe: "Eu já comi toucinho com mais cabelo e Deus dá a cruz que cada um pode carregar".
Não estou alegre nem triste...

Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
CECÍLIA MEIRELES