quarta-feira, 18 de julho de 2012

Artrite

                                     


Voltei ao ortopedista conforme o combinado: tomar o remédio durante três meses e voltar para acompanhamento, para novos exames e para ver se houve alguma mudança.
Minha primeira visita ao médico foi para tratar uma inflamação no tarso, depois artrose no joelho e na coluna e agora artrite nas mãos.
O radiologista sabe meu nome e quando chego à clínica ortopédica sou cumprimentada por ele da seguinte forma: "E aí, Rejane, o comichão continua subindo?".
Perguntei ao médico a diferença entre artrose, artrite e osteoartrite e ele me explicou:
Artrose é uma doença degenerativa; é o desgaste da articulação (junta).
Artrite é a inflamação das articulações.
Osteoartrite é uma doença das articulações caracterizada por degeneração das cartilagens acompanhada de alterações das estruturas ósseas vizinhas.
Bom...
Estou sendo afetada/atacada por cada uma dessas "oses" e "ites" (joelho, coluna, mãos) e sinto-me muitas vezes entrevada, como dizia mamãe. 
No frio piora, dói muito mais e no calor as dores são amenas.
Prefiro o frio, é mais confortável para dormir e minha sudorese noturna diminui, mas piora as dores articulares. Alivia uma coisa e piora outra.
É a vida e é bonita, é bonita...
O médico disse também que minha doença, a Acromegalia, e a minha idade, quarenta e cinco anos, são fatores agravantes para a artrite, artrose e osteoartrite. 
Devo retornar em novembro para mais exames e provavelmente tomarei mais injeções no joelho.
Saí do consultório com o famigerado laudo médico para a perícia e o exame e o próprio doutor disse que só se os médicos peritos do DPME forem loucos em não me concederem o benefício.
Vai saber...
Ele também me aconselhou a usar luvas, me agasalhar bem e evitar mexer com água nos dias mais frios.
Eu não fiquei assustada com o resultado dos exames; eu meio que esperava por isso. Estou preparada para o que der e vier e para o que a Acromegalia me trouxer. Será uma briga até o fim: eu ataco e cerco a doença por todos os lados possíveis e ela encontra uma brecha para contra atacar.
E assim seguirei meu caminho sendo olhada, observada e admirada como uma celebridade às avessas.
Não vou me entregar, não vou bancar a vítima; tem gente em situação pior que a minha.
Vou trabalhar, vou cuidar dos meus gatos, das minhas plantas, vou ler meus livros, vou viver minha vida.
Como dizia mamãe: "Eu já comi toucinho com mais cabelo e Deus dá a cruz que cada um pode carregar".
Não estou alegre nem triste...

Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
CECÍLIA MEIRELES

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