Mostrando postagens com marcador quintal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador quintal. Mostrar todas as postagens

domingo, 3 de março de 2013

Visita de Rafaela

Rafaela
                                  

Meu irmão Fubá veio aqui em casa essa semana e trouxe Rafaela, minha linda, inteligente e fofa sobrinha.
Rafaela quer tomar a iniciativa sozinha, decide o que quer fazer e para onde quer ir, adora os gatos e ficou encantada com os peixes e as flores do meu jardim.
Andou pela casa, pediu água, me mandou sentar, me chamava quando precisava de ajuda para ultrapassar um grande obstáculo para suas pequenas pernas.
Olhava para os gatos e dizia "Oi" e não parou um minuto. 
Os pequenos têm uma energia que não acaba, enquanto nós adultos nos cansamos rapidamente.
Mas será que nos cansamos ou somos impacientes?
Será que a energia dos pequenos é bem maior que a nossa que só está voltada aos problemas do dia a dia?
Não estamos tão velhos assim, estamos impacientes. Perdemos o encantamento, o deslumbrar-se ao descobrir algo novo, por mais simples que seja.
Estamos mais frios, endurecidos e sempre sem tempo.
Vejo mães e pais dizendo aos filhos para não perturbar, não fazer tanta pergunta; dizendo para ficar quietinho, pois a novela já vai começar.
Pais e mães que não leem para os filhos porque não têm tempo ou que não ajudam os filhos com as tarefas escolares porque não sabem de nada.
Mas esses mesmos pais e mães têm tempo para a TV, para bater perna, para passar longas horas no cabeleireiro, com os amigos etc...
Mas eu falava sobre minha sobrinha Rafaela.
A pequena andou e explorou todos os cantos possíveis da casa e não queria ir embora quando a mãe chegou para buscá-la com pai.
Rafaela colocou a mochila nas costas, entrou e fechou o portão atrás de si, jogou beijos aos pais e os deixou do lado de fora.
A mãe a chamou para ir embora e a pequena dizia "não".
Depois de um tempo, Rafaela abre o portão, segura na minha mão e me leva até o carro do pai; queria eu entrasse e fosse junto com ela.
Acho que ela gostou da minha casa e da casa da minha irmã Rosi porque têm mais espaço. Rafaela mora em uma casa pequena e não tem quintal para brincar e correr.
Rafaela foi embora com os pais e eu pedi a Deus que os proteja a todos assim como toda a minha enorme família.
Que o amor de Rafaela pelos bichos e pelas flores continue a crescer com ela.
Que Rafaela torne-se uma pessoa boa e amante da Natureza.
Tomara que quando ela crescer e escolher uma profissão, escolha Veterinária, só para pagar a língua do seu pai.
Deus permita e os anjos digam amém.
Assim seja.

Flores do meu jardim
Rafaela jogando beijos aos pais
Rafaela fechando o portão depois de se despedir dos pais
  

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Prédios e Apartamentos

                                              


Há um grande boom imobiliário no setor de prédios de apartamentos e até bairros esquecidos como o meu se transformaram e valorizaram no mercado. 
Os preços dos apartamentos aumentaram, praticamente dobraram nos últimos dois anos.
De repente descobriram que meu bairro, além de caminhões e transportadoras, tem fácil acesso à Marginal Tietê, Via Dutra, Fernão Dias, Ayrton Senna...
Bairros como Tatuapé, principalmente o Jardim Anália Franco que é o Morumbi da ZL, valorizaram demais e só os novos ricos da ZL podem comprar.
Um dia, na hora da saída, um coleguinha me chamou, apontou para um prédio do outro lado da Marginal Tietê e disse: "Sabia que a professora mora naquele prédio?"
"É mesmo? Nossa! Então ela deve ser rica, né? Porque só ricos podem morar em apartamentos".
Assistia as novelas e achava chique, bonito e até meio triste morar em apartamento. Lembro de uma cena de uma novela onde a filha rebelde deixa a casa dos pais e vai morar sozinha em um apartamento; achei aquilo tão estranho, tão triste e tão diferente da minha realidade. Morar longe de casa, dos pais, dos irmãos, da família?! Eu julgava essas pessoas, mesmo que personagens de novela, frias, insensíveis e até más.
Hoje eu entendo melhor.
Não sou muito fã de apartamento, prefiro casa com quintal e jardim onde possa cultivar minhas adoradas plantas e onde meus amados bichos tenham espaço para correr pra lá e pra cá.
Mas a tendência atual é a verticalização dos bairros e das cidades.
A segurança é melhor, penso eu, em apartamento, principalmente para quem mora só. 
Mas me preocupa também o grande número de pessoas utilizando mais água, luz, gás; mais trânsito, mais poluição no mesmo espaço onde antes moravam famílias em casas simples com quintal e jardim.
É isso.


                                   

terça-feira, 8 de maio de 2012

Zóião

                                              


Fomos convidados para um churrasco.
O anfitrião morava em um quintal com duas casas; a sua ficava na frente e nos fundos morava um casal de velhinhos ranzinza.
O casa dos idosos era isolada por uma simpática cerca de madeira e o banheiro deles ficava do lado de fora, supostamente protegido pelo portãozinho e pela cerca.
Depois de muito refrigerante, sucos e outros líquidos, sentimos vontade de usar o banheiro, mas a fila era enorme.
Mamãe percebeu que o banheiro do velhinho rabugento ficava do lado de fora e sem cerimônia nenhuma, ela abre o portãozinho e usa o banheiro do idoso invocadinho.
O velhinho ao ouvir o barulho de vozes, passos e descarga em seu pequeno quintal, abre a porta e nos escorraça: "Quem deu permissão a vocês para usar meu banheiro? Por que não voltam pra festa de vocês e não usam o banheiro de lá?"
Nos desculpamos e deixamos seu quintal.
Ficamos à espreita; esperamos o velhinho fechar a porta e apagar as luzes para logo em seguida invadirmos o seu quintal. O seu banheiro, mais precisamente.
Mas o idoso nos olhava pelo buraco da fechadura, nos surpreendeu no seu quintal e nos expulsou novamente. Agora ele tranca o portão com cadeado, não dá para invadir mais o seu quintal.
Nesse ínterim, mamãe com o olho maior que a barriga entope-se de churrasco mal passado; a carne e a linguiça nem esquentavam direito na brasa e mamãe já atacava.
Alguns minutos depois mamãe começa a se sentir mal e tem ânsia de vômito; vai ao banheiro do anfitrião mas este está ocupado.
Mamãe tenha entrar no quintal do velhinho mas está trancado com cadeado. Ela chama e pede para usar seu banheiro, mas ele nega. E agora?
Há dois tanques de lavar roupas um ao lado do outro no quintal da casa do anfitrião e mamãe pergunta ao rapaz: "Meu filho, de quem é esse tanque aqui?"
"Esse é meu, Dona Marlene"
"E esse outro?"
"É do velhinho da casa dos fundos. Por quê?"
"Por nada não, meu filho; eu só queria lavar as mãos"
Mentira!
Mamãe debruça-se sobre o tanque do velhinho ranzinza e vomita todo o churrasco mal passado e as bebidas que havia tomado durante o churrasco. Eca!
"Tudo bem, Dona Marlene?"
"Tudo bem, meu filho. Acho que foi a linguiça que me ofendeu (fez mal)"
"Dona Marlene, posso falar uma coisa?"
"Pode sim, meu filho"
"Com todo o respeito, mas o que lhe fez mal foi o zóiao da senhora"
Caímos todos na gargalhada.
Uma parenta nossa que nos acompanhava nessa aventura gastronômica observa tudo quietinha para depois perguntar a mamãe: "Oh Marlene, e tu fosse vomitar bem no tanque do véio chato, foi? Oxe, tu tá doida, é?"
"Eu pedi a ele pra usar o banheiro e ele não deixou..."


                                                 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Imaginação



                                                 


Minha prima trabalhava no enorme e bem decorado apartamento enquanto eu brincava no quarto dela.
Eu gostava de andar pelos amplos cômodos, namorar a imensa estante repleta de livros e de olhar pela janela. Adorava olhar as casas grandes e bonitas da vizinhança.
Eram casas com jardins bem cuidados, era tudo bonito demais.
A prima me dizia para tomar cuidado com a janela, para eu não cair.
Eu ouvia suas advertências sempre com os olhos e a imaginação voltados para aquelas belas casas. Imaginava que todas elas eram minhas; eu ficaria com uma para mim e daria as outras para meus parentes que chegavam a São Paulo em busca de uma vida melhor.
Em meu devaneio infantil, eu dizia: "Aquela casa ali vai ser minha; aquela dali vou dar para o tio Manoel; aquela outra vou dar para tia Anália, aquela ali vou dar para Madrinha Quixaba"
E eu imaginava toda a minha família morando naquelas casas grandes, bonitas e com jardins bem cuidados. As casas que tivessem os jardins mais bonitos ficariam para mim, tia Anália e Mãevelha; nós gostávamos de plantas.
Minha casa precisava ter um quintal muito grande que era para mamãe estender as roupas e meus irmãos brincarem livremente.
E eu viajava na minha imaginação...Possuindo casas e dando casas a quem precisasse de casa.


                                          
                                           

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Tarde

                                            


Hoje fez uma bela tarde.
Aproveitei o dia de sol para lavar roupas e estendê-las no varal. Deveria ter feito isso ontem, mas não quis atrapalhar o soninho de Aurora e Branca.
Depois arrumei gavetas e separei roupas que não uso mais; algumas eu nunca usei.
Lembro da apresentadora (talk show host) americana Oprah Winfrey dizer que, se você não usa uma peça de roupa a mais de um ano, então doe para alguém. Guardar para quê?
Ao arrumar as gavetas não estamos apenas arrumando as gavetas, estamos nos arrumando também; por dentro.
Os gatos me chamaram e mostraram seus potes de ração vazios. Coloquei a comidinha deles e decidi pegar uma cadeira e me sentar no quintal. Mamãe fazia isso.
Sentei-me e admirei a bela tarde, meus gatos espalhados pelo quintal, deitados com suas barrigas cheias e gorduchas. As plantas e flores coloridas contrastando com o branco caiado do muro. Tudo simples.
Gosto assim.
Tomara Deus que hoje eu tenha uma boa noite de sono.
Amém.
                                     

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Juventina

                                          


Morávamos em um quintal com três casas. Cortiço mesmo.
Na casa da frente morava a dona do imóvel; na parte de trás do quintal havia duas casas, a nossa e a do irmão da dona.
A dona do imóvel tinha um sobrinho casado e que morava com os pais. A esposa desse rapaz atendia pelo simpático nome de Evanilda, mas papai insistia em chamá-la de Juventina.
Certa vez, papai tinha pedido emprestado uma ferramenta do marido de Evanilda e ao vê-la chegando em casa chama minha irmã Renata e diz: "Leva isso aqui para a Juventina".
Renata sem saber de quem papai estava falando, pergunta: "Mas quem é Juventina, pai?"
Papai fica nervoso e diz: "Tu tá se fazendo de besta, é? Não sabe que Juventina é a vizinha?!".
Renata entendendo a troca de nomes, diz: "Não é Juventina, pai. É Evanilda!"
"Oxe. E não foi o que eu disse?".


                                             

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Tia Nifa

                                         


Tia Nifa era irmã de avô José e tia de papai.
Tia Nifa foi uma mulher à frente de sua época. 
Morava sozinha, trabalhava para o seu próprio sustento, não gostava de depender de ninguém, nunca se casou, não teve filhos e falava com os bichos, principalmente suas galinhas. Começo a ver uma pequena semelhança linguística em mim e tia Nifa.
Tia Nifa morava em uma casa simples, porém limpa e organizada. Varria, arrumava e limpava a casa e o terreiro (quintal) todos os dias.
Tia Nifa namorou algumas vezes e para dizer que nunca se casou, teve um curtíssimo relacionamento com um cabra folgado, mandão e machista. O relacionamento-casório não durou um mês!
Tia Nifa estava habituada à sua vida livre e independente e não admitia que ninguém lhe desse ordens ou botasse "bistaque" (defeito) em suas coisas, suas atitudes e nela mesma.
O dito cujo marido de Tia Nifa já chegou chegando e queria cantar de galo na área. 
Vixe Maria! Pra quê?!
Tia Nifa botou o camarada para correr e ainda disse-lhe umas poucas e boas:
"Oxe. Mas tem graça! O cabra vem morar na minha casa, vem comer e beber do que é meu, não bate um prego numa estopa e ainda quer mandar? Mas num tô dizendo, homi? Desapareça!".
O camarada foi e tentou voltar alguns dias depois. Tia Nifa o botou para correr debaixo de bala.
Eu gostava de ir à casa de Tia Nifa com mamãe. Assim como minha bisavó Gina, tia Nifa também fazia uma salgadíssima e deliciosíssima farofa de ovo com farinha de mandioca, naturalmente acompanhada por um belo xicrão de café. 
Depois de feita essa leve refeição, tia Nifa nos chamava para mostrar suas criações (animais de sítio ou fazenda).
Tia Nifa falava comigo e parava alguns instantes para conversar com suas galinhas, patos, perus, marrecos, guinés (galinhas d'Angola)...
Tia Nifa está agora a conversar com bichos em sítios celestes.


Galinha de Angola ou Guiné (PE)