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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Cântaro

                               Resultado de imagem para cântaros pintados




Muito calor.
Há uma semana as temperaturas estavam congelantes, mas agora estão sufocantes.
Tive um dia chato ontem; foi um dia pesado, arrastado, difícil.
Estou ansiosa, aguardo autorização para realizar mais um exame e terei que pagar por outro. É o jeito.
Liguei para o laboratório hoje e o jeito é aguardar. É um exercício de paciência e uma pequena grande sacanagem da Vida para comigo.
Uma angústia somou-se à ansiedade, medo, revolta, fúria.
Por que tudo isso de novo?
Sonhei em uma enorme casa de madeira e parecia abandonada. Alguém havia morado ali, mas isso foi há muito tempo. Muita poeira, teias de aranha e outras marcas do tempo.
Móveis e objetos antigos. Um cântaro dentro de uma bacia igualmente bela sobre um móvel antigo. A pessoa que viveu ali era idosa; um senhor idoso.
Eu pegava uma vassoura e não sabia por onde começar a limpeza; olhava pela janela e fazia um dia cinzento e triste.
Mamãe se aproximava, segurava uma vassoura e eu dizia: "Mãe, a casa é muito grande, está muito empoeirada e eu não sei se vou conseguir limpar tudo isso sozinha. É muita coisa pra mim".
"Eu te ajudo, filha".
Acordei.
Não acreditei no silêncio que fazia. Que bom! Que alívio!
Levantei, fiz café, liguei a TV e comecei a fazer as coisas pela casa no meu passo de tartaruga manca. Muito calor, as pernas pesam, os pés incham e ardem; parei.
Fiz outro café.
Amanhã tem mais.
É isso.


                                Resultado de imagem para flores azuis



                                  

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Querer

                                Resultado de imagem para pintura de caminhos



Meio da semana.
Dias lentos, tristes e cinzentos.
Tudo está chato e nada é ou está interessante.
Programas de TV que só falam de celebridades e outras bobagens. Não dá.
Ando sem ânimo para fazer até mesmo as coisas que mais gosto. 
Queria que tudo fosse como era antes: trabalhar, voltar para casa, passar em algum lugar antes, chegar em casa, fazer as coisas que gosto...
Cuidar das plantas, dos livros, fazer bolos e outros quitutes.
Trovões e relâmpagos; já choveu granizo.
Mais uma tarde triste.
Vou fazer chá de capim santo; o café está me dando uma azia danada.
Dor chata por dentro do rosto, atrás dos olhos e do nariz. Sinusite, rinite e outras "ites".
Queria ir para algum lugar distante. Uma casa simples, cercada por jardins, água, céu azul e a bicharada. Espaço para meus livros, minha paz.
Caminhos de terra, chão.
Queria andar com minhas próprias pernas, sem ajuda de bengala ou andador.
Quero coisas simples.
É isso.


                                        Resultado de imagem para pintura de casa no campo

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cristais e Águas

                                  

Reguei as plantas. Estavam murchinhas devido ao forte calor de ontem e hoje.
Sentei-me na cadeira com Rosinha no colo e depois vieram Ébano Nêgo Lindo, Branca Maria e Boreal. É muito gato para pouco colo.
Observei e apreciei o belíssimo fim de tarde e as gotículas de água sobre as folhas das plantas. Pareciam cristais, pedrinhas de brilhante... Tão bonitinhos.
Viajei no tempo e no espaço.
Meio maluco, mas possível. Basta soltar-se das amarras da normalidade e despir-se de vergonhas e preconceitos.
Cristais e pedrinhas de brilhante sobre o pinheirinho de Natal remeteram-me a algum lugar distante onde vivi, onde estive algum dia.
Lembro de quando fomos conhecer a nova casa de um parente nosso em uma cidade da Grande São Paulo. Naquela época começavam a venda de lotes e a formação de novos bairros em localidades mais distantes da capital. Hoje está tudo moderno e civilizado.
Caminhamos por ruas de terra, apreciávamos aquela imensidão vazia e silenciosa. 
No quintal dos fundos da casa havia um pequeno córrego. Um regato, arroio, nascente...
A água era clara, límpida, fresca e tinha um gosto de água de coco. A nascente borbulhava e eu achava aquilo um espetáculo fascinante. Parecia que a água estava fervendo.
Coloquei as mãos sobre o borbulhar, queria pegar a água e senti-la. Nosso parente brincou e disse que as águas me puxariam para dentro de seu mundo encantado. Fiquei com medo, mas curiosa.
Voltamos para casa, logo iria escurecer.
Amanheceu o dia e eu fui sozinha até a nascente para brincar com as águas. Havia um quê de melódico no ar e até podia sentir uma música mágica a tocar. Era uma melodia tranquila, calmante e aconchegante.
Voltamos para casa em São Paulo e comentei com minha vizinha e colega de escola. Pra quê?
A abestada contou para os outros coleguinhas e todo mundo começou a me achar mais estranha ainda. 
Eles não tinham sensibilidade.
Eu tinha e tenho até demais.
Ver e sentir coisas que nem todo mundo consegue ver. Ser taxada de estranha ou maluca só por ver além da visão, (meio Thundercats, sei).
Cristais e pedras preciosas nas plantas, águas melodiosas...Sei lá.
As pessoas são tão práticas, tão secas, tão frias. Não prestam atenção à sua volta, estão sempre na pressa e na correria, sempre preocupadas com o ter, o possuir, o conseguir.
Acho que sou meio maluca beleza.
É isso.




                                      


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

De volta para casa

                                     



Estou de volta pro meu aconchego...
Foram só alguns poucos dias, graças a Deus.
Voltei hoje e devo retornar segunda-feira próxima para consulta e para saber o resultado dos exames que fiz durante a internação.
Não havia necessidade de eu ficar internada por mais tempo e, além do mais, eu tiraria a vaga de quem precisaria mais do que eu.
Tudo pelo social.
Fiquei em um quarto com uma jovem senhora bastante simpática, apesar de seu gosto duvidoso por programas de TV.
Andei pelo corredor frio e sombrio, encontrei outros pacientes, vi suas famílias, ouvi suas histórias.
Estranhei um grande quarto com seis leitos e pensei comigo mesma: "Será que dá certo tanta gente junto? E na hora de assistir TV?"
Assistir TV é o grande problema quando se divide um mesmo quarto com outro paciente. Cada um tem seu próprio gosto e é aí que está o problema; ou não.
Bom...
Fiquei feliz em voltar para casa, para minhas coisas, meus gatos, meus amores.
Amanhã vou arrumar as coisas por aqui, cozinhar meu arroz e feijão e temperá-los bem. Comida sem sal, sem tempero, sem gosto; comida de hospital é de lascar. Até o pão é sem sal. Dá não.
Reclamamos do excesso de leite e a funcionária da cozinha veio virada no Jiraya. Temos o direito de não gostarmos de leite e perguntarmos se há outras opções.
Era leite com uma gota de café de manhã, leite à tarde, à noite... Tudo exageradamente doce.
Nem leite, nem doce demais, nem sal de menos.
Os problemas continuam e agora partiremos para novas soluções.
Espero que haja cura ou ao menos um bom tratamento para a Acromegalia e seus malefícios que invadem, se espalham e prejudicam meu corpinho acromegálico.
Mas eu vou ficar bem.
Tudo vai ficar bem.
É isso.
Boa noite a todos.



                                        

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Hoje

                                



Frio.
Não acordei muito bem hoje. A cabeça lateja, os joelhos doem.
Vou ficar por aqui.
Feriado para os servidores públicos; não haverá aulas ou qualquer expediente.
Por enquanto é só.


                                      


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Abandono

                               


Muito frio. 
Noite passada foi a noite mais fria do ano em uma década; congelante.
Segundo a meteorologia, as temperaturas continuarão a cair ainda mais nos próximos dias; "Ave Maria! Vai congelar todo mundo!", diria mamãe.
Sonhei com mamãe.
Primeiro, íamos ver uma casa que estava para alugar e era uma casa simples, nos altos, cômodos iluminados, cozinha pequena e uma pequena área de serviço com pia e churrasqueira!. Muito legal.
O que me chamou a atenção foi a cor das paredes da cozinha; uma tinta a óleo num tom verde bandeira nada discreto, bem ao estilo de pintura de papai.
A pia e a churrasqueira lembravam uma época antiga. A casa ficava nos altos e adorávamos ver a cidade iluminada. É o segundo sonho que tenho indo para uma casa com papai, mamãe e meus irmãos.
Acordo com Rosinha defendo seu espaço debaixo dos cobertores e Aurora querendo se enfiar debaixo deles. Foi uma noite muita fria.
Volto a dormir e sonho de novo com mamãe que dessa vez está muito brava comigo. Estamos eu e minha irmã Renata sentadas em um banco de madeira enquanto aguardamos mamãe entrar por uma porta e vir diretamente em minha direção. Penso que ela vai me abraçar forte, como sempre faz, mas não, ela me dá broncas: "O que você está pensando da vida? Por que você abandonou o tratamento? Você não percebeu que está emagrecendo rápido demais? Você não está levando a sério um problema que é sério demais! Vamos, se aprece que ainda dá tempo!"
Acordei confusa e olhando em volta, pois tive a impressão de que alguém acabara de sair do quarto. 
Volto a dormir e tenho outros sonhos estranhos, com criaturas estranhas, com pessoas fazendo coisas estranhas. Me vejo em um laboratório maluco com cientistas malucos fazendo experiências estranhas com criaturas estranhas.
Ave Maria!
Ligo para minha irmã Rosi e falo para ela sobre o sonho.
Ligo para minha amiga Cleusa e falo para ela sobre o sonho.
Ambas têm a mesma opinião: eu dei uma abandonada no tratamento, meio que larguei de mão os médicos, exames, laboratórios e afins.
Bom, não larguei de tudo, apenas parcialmente.
Cansa, é chato, é triste, é desgastante ir sozinha e voltar sozinha de consultas e exames. É doloroso física e emocionalmente ter agulhas enfiadas pelo corpo á procura de veias e para aplicação de medicamentos.
Mas...
Como diziam mamãe e meu povo antigo: "Não cai uma folha de mato sem que Deus não queira", "Deus nunca desampara os filhos Dele", "Não tem nada como um dia após o outro e uma noite no meio".
Amanhã agendarei os exames pedidos e consultas.
Tenho que estar bem para ver meus sobrinhos formados e ver Beatriz tocando muito Rock do bom.
Verei. Se Deus quiser.
É isso.


                                      
                                        

sábado, 18 de maio de 2013

Éramos

                                 


Mamãe tem estado muito presente recentemente. Devem ser as preocupações com os filhos que sempre a preocuparam tanto.
Não estamos tão bem; uns de saúde, outros devido a problemas financeiros, outros com problemas que envolvem tudo isso e algo mais.
Sonho muito com mamãe e, como era de se esperar, ela está sempre trabalhando, sempre ocupada, sempre envolvida com algo.
Estávamos em uma casa simples, antiga, limpa e precisando de algumas reformas. Janelas meio quebradas, portas e gavetas tortas e precisando de novos puxadores e maçanetas, guarda roupas e cômodas velhinhos e muito usados. Tudo muito simples, mas muito limpinho.
Eu chegava de algum lugar e encontrava mamãe arrumando as roupas; mamãe adorava cuidar das roupas. 
Roupas branquinhas, muito bem lavadas e passadas por mamãe. Mas no meio da roupa branca eu encontrava meus dois aventais, um rosa e um azul, e dizia para mamãe que eles estavam sujos de pó de giz e não deveriam estar juntos com a roupa branca. Pensei comigo: "Acho que mamãe se confundiu".
Vou até a sala e tento abrir uma janela, mas metade dela está meio caída e tenho receio de abri-la, quebrar o vidro e papai vir com as broncas e sermões dele.
Começa a cair uns pingos de chuva e decido tirar uns travesseiros e almofadas que estavam no quintal para tomar sol. Penso comigo que papai não teria tempo de cuidar dos travesseiros e almofadas e ficará feliz por eu ter lembrado de fazê-lo.
Estamos eu e mamãe e depois chegam papai e meus irmãos, um a um. Foi uma sensação tão boa, meu Deus.
Estávamos todos na mesma casa, ao lado de papai e mamãe. Éramos apenas filhos de papai e mamãe. Éramos todos livres de problemas, de doenças, de achaques e dores físicas e emocionais. Apenas éramos.
Éramos livres. Não tinha o peso da vida e do tempo a nos pesar e a machucar os ombros.
Éramos uma família e chegávamos à casa simples um a um. Era um reencontro tão bonito, tão cheio de amor, paz, união, alegria.
Éramos apenas filhos de papai e mamãe.
Não tínhamos doenças, problemas, mágoas, dores, revoltas... nada disso. Éramos livres de tudo o que nos prende e nos faz sofrer nesse mundo "véio" de meu Deus. Apenas éramos.
Havia tanta leveza, tanto bem querer, tanto dengo, lundu, amor...
Tanta paz e serenidade.
Éramos apenas os seis filhos de papai e mamãe.



                                           


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Hospital

                                 


Estou bem moída, com dores no corpo, juntas (articulações) duras e doloridas.   Pensei que estivesse livre da gripe que me derrubou legal semana retrasada, mas ela voltou e está me derrubando mais forte dessa vez.
Faço o mínimo pela casa e já é um grande esforço para mim; me canso muito rápido.
Estou preocupada com esse meu entrevamento, está cada vez mais difícil me levantar, andar, me locomover. Sinto como se fosse uma múmia, toda dura.
Não fui trabalhar hoje e amanhã provavelmente não. Vou ao hospital e temo ficar por lá uma temporada.
Minha preocupação é com os gatos, a casa, a correspondência e outras coisas.
A mais recente temporada que passei no hospital foi quando fiz a cirurgia para correção de fístula liquórica e isso foi em fevereiro de 2012.  Já passei quinze, vinte dias e até mais internada e isso me preocupa.
Não tenho muita proteção natural, já tive meningite e alguns edemas cerebrais que foram controlados durante as temporadas de internação.
Muito medicamento que detonava as veias e tornava difícil o trabalho das enfermeiras. 
É difícil ficar longe de casa, longe das coisas que gostamos, longe da nossa liberdade. Mas se necessário for, irei e ficarei.
Temo pelos meus gatos e minhas plantas. Nem todo mundo gosta ou tem paciência para cuidar deles.
Como já disse antes, desconfio de pessoas muito práticas, frias e "secas" que não gostam de plantas, animais ou das coisas da Natureza.
Ainda é cedo e acho que nem vou secar os bambis; vou para a cama e amanhã será melhor.
Amém.


                                 

domingo, 3 de março de 2013

Visita de Rafaela

Rafaela
                                  

Meu irmão Fubá veio aqui em casa essa semana e trouxe Rafaela, minha linda, inteligente e fofa sobrinha.
Rafaela quer tomar a iniciativa sozinha, decide o que quer fazer e para onde quer ir, adora os gatos e ficou encantada com os peixes e as flores do meu jardim.
Andou pela casa, pediu água, me mandou sentar, me chamava quando precisava de ajuda para ultrapassar um grande obstáculo para suas pequenas pernas.
Olhava para os gatos e dizia "Oi" e não parou um minuto. 
Os pequenos têm uma energia que não acaba, enquanto nós adultos nos cansamos rapidamente.
Mas será que nos cansamos ou somos impacientes?
Será que a energia dos pequenos é bem maior que a nossa que só está voltada aos problemas do dia a dia?
Não estamos tão velhos assim, estamos impacientes. Perdemos o encantamento, o deslumbrar-se ao descobrir algo novo, por mais simples que seja.
Estamos mais frios, endurecidos e sempre sem tempo.
Vejo mães e pais dizendo aos filhos para não perturbar, não fazer tanta pergunta; dizendo para ficar quietinho, pois a novela já vai começar.
Pais e mães que não leem para os filhos porque não têm tempo ou que não ajudam os filhos com as tarefas escolares porque não sabem de nada.
Mas esses mesmos pais e mães têm tempo para a TV, para bater perna, para passar longas horas no cabeleireiro, com os amigos etc...
Mas eu falava sobre minha sobrinha Rafaela.
A pequena andou e explorou todos os cantos possíveis da casa e não queria ir embora quando a mãe chegou para buscá-la com pai.
Rafaela colocou a mochila nas costas, entrou e fechou o portão atrás de si, jogou beijos aos pais e os deixou do lado de fora.
A mãe a chamou para ir embora e a pequena dizia "não".
Depois de um tempo, Rafaela abre o portão, segura na minha mão e me leva até o carro do pai; queria eu entrasse e fosse junto com ela.
Acho que ela gostou da minha casa e da casa da minha irmã Rosi porque têm mais espaço. Rafaela mora em uma casa pequena e não tem quintal para brincar e correr.
Rafaela foi embora com os pais e eu pedi a Deus que os proteja a todos assim como toda a minha enorme família.
Que o amor de Rafaela pelos bichos e pelas flores continue a crescer com ela.
Que Rafaela torne-se uma pessoa boa e amante da Natureza.
Tomara que quando ela crescer e escolher uma profissão, escolha Veterinária, só para pagar a língua do seu pai.
Deus permita e os anjos digam amém.
Assim seja.

Flores do meu jardim
Rafaela jogando beijos aos pais
Rafaela fechando o portão depois de se despedir dos pais
  

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um dia daqueles

                                



Mamãe era hipertensa, fumante e teimosa. Era também muito viva, esperta, inteligente e inquieta.
Mas quando mamãe ficava nervosa sua pressão subia a níveis estratosféricos e ela ficava bem doente por uns dias.
Estou igual a mamãe e não é por opção minha, é por um pouco de tudo. Problemas, gente ruim, saúde mais pra lá do que pra cá, preocupações, incertezas, saudades, receios, cismas, sentimentos...
Como diria meu amado avô Paipreto: "É munta coisa, minha filha".
É muita mesmo, meu Deus.
Sinto que a cada dia meus ossos endurecem e entrevam mais e as dores aumentam.
Fui ao banco na Vila Maria para pagar contas e deixei o carro em um estacionamento meio longe; tive que andar uns cento e cinquenta metros. Fui com minha bengala e foi difícil, lento e doloroso.
Chego ao banco e a maioria dos caixas eletrônicos estava em manutenção, aguardo. Coloco o cartão e a máquina mostra uma mensagem: "Erro de leitura do cartão". Que legal!
Finalmente tudo se normaliza e pago as contas uma a uma, exceto as contas de água e luz cuja leitura óptica nunca é feita pelos caixas eletrônicos do banco. É um saco!
Chamei o rapazinho para me ajudar a digitar o imenso código de barras e ele diz que logo vem. Veio nada. O jeito foi ir ao balcão, sacar de meus poderosos óculos e caneta, separar os números e contar os zeros. Pronto, paguei as benditas contas.
Havia ido à Loteca que fica no Carrefour da Vila Maria/Vila Guilherme e lá chegando a estupidamente grossa moça do caixa disse: "Aqui não recebe mais conta não! Tá cheio de aviso por ai, ó!".
Nossa! Assim você me mata... de vergonha.
Eu disse à distinta que estou habituada a pagar algumas contas na Loteca e que não sabia sobre a mudança. 
Outra coisa que está me atormentando é a dona da casa e sua furiosa fome por dinheiro. O aluguel vence todo dia dez e todo inquilino tem até cinco dias para pagá-lo sem multa ou juros. Domingo foi dia dez e encontro no meu celular uma ligação perdida da dona da casa.
O que ela quer agora, minha Nossa Senhora?
Queria saber se eu havia pago o aluguel!
Feriado de Carnaval e os bancos só abriram hoje, quarta feira de cinzas, após o meio dia. Pelo amor de Deus!
Paguei o bendito aluguel e liguei para a imobiliária para reclamar. É realmente necessário a dona da casa ligar sempre para cobrar o aluguel sabendo que pago sempre entre os dias dez e quinze? E sabendo que dia dez caiu em um domingo e estávamos em uma semana de feriado?!
Será que ela está passando fome? Acho que vou comprar uma cesta básica pra ela, @!#$%!!!
Indo e voltando ao banco sou observada pelas pessoas que me lançam olhares de dúvida, estranhamento e até de certa raiva. Usei meu vestido longo de verão, adoro vestidos, e mesmo assim me confundiram com um homem. Só se fosse um travesti, como todo respeito.
Caminho lentamente e dolorosamente até o estacionamento e parece que quando não estamos bem tudo contribui para piorar.
Minhas pernas pesavam como se tivessem correntes presas a elas. Uma moça bonita caminha à minha frente e observo seu bonito vestido curto e sua sandália de saltos altíssimos. Mesmo assim ela era pequena, se comparando a mim.
Sentia-me um Shrek ou o Hulk de vestido.
Adorei seu look e lembrei que um dia já usei saltos altos. Eu nunca fui bonita, mas tinha o rosto normal. Pelo menos isso.
Sei lá.
É tanta coisa junta. Tanta pressão, cobrança, preocupação, cisma... Medo não, sou nordestina cabra da peste e para nós não é medo, é cisma.
Cheguei em casa e me deitei no sofá, deveria ser apenas alguns minutinhos de descanso, mas dormi pesadamente. Estava tão cansada e não sei se foi da longa caminhada de cento e cinquenta metros até o banco, ou as preocupações ou tudo junto.
Estou aqui a escrever com Boreal em meu colo a dormir tranquilamente. Boreal está grande, forte, lindo e saudável, bem diferente daquele gatinho fraco, magro, pele e osso e que mais parecia uma rato.
Boreal procura por mim, me chama e pede colo. Tudo isso depois de tomar seu leitinho.
Todos dormem e eu cá estou a escrever e a "secar" os Bambis jogando contra o Atlético Mineiro. 
Em bom curinthianês: Os cara seca nóis, então por que nóis num pode secar eles?!
Como todo respeito.
Albert Einstein disse: " A questão que às vezes me deixa loucoLouco sou eu ou são os outros?"

                   
                                                

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Três Gatinhos

                              


Fui ao Pet Shop do bairro para comprar ração dos gatos; eu pretendia ir ao Pet Center da Marginal, mas desisti. 
Evito ir ao Pet Center aos fins de semana e feriados; está sempre cheio e o estacionamento mal feito é outro detalhe que desanima minha ida nesses dias.
Sempre que vou ao Pet Shop do bairro sou recebida pela simpática cachorrinha que abana a cauda para mim e abaixa a cabeça para eu afagá-la.
Vejo os anúncios de venda e doações de animais e foi nessa mesma loja que peguei Branca e Alice há quase dois anos. Estão grandes e lindas.
Vi a foto de três gatos lindíssimos em um anúncio que pedia para que alguém os adotasse. Os gatos estão em uma casa abandonada e ao lado mora uma moça de bom coração que os alimenta. Graças a Deus que tem gente boa nesse mundo.
Não resisti, claro, comprei ração a mais e levei para eles. São lindíssimos!
Amanhã voltarei com mais ração e água e só não os trouxe comigo porque já tenho oito gatos e cinco meses para encontrar uma casa cujo aluguel eu possa pagar e uma casa que me caiba com meus amados felinos.
É isso.

                                

                              

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Insônia e Saudades

                                


Consigo pegar no sono quando o dia está para amanhecer. Ouço os sons da noite, os caminhões que chegam para trabalhar, as pessoas que passam na rua a caminho do trabalho, o motoboy que joga o jornal, a cachorrada que late, a passarinhada a cantar...
Lá pelas cinco horas da manhã consigo adormecer e me levanto à oito. Às vezes durmo e acordo, cochilo, desperto e sigo nesse vai e vem insone e infame.
Tenho tido sonhos intensos e visitas boas nessas poucas horas de sono.
Hoje sonhei com minha prima Sônia, que já faleceu há dezoito anos, e ela conversava comigo animadamente.
Chovia, terra molhada e objetos espalhados pelo grande quintal. Uma enxada largada, uma cuscuzeira suja de tinta branca e outros objetos espalhados numa grande bagunça.
Papai tinha feito a bagunça e eu ficava brava e começava a arrumar tudo. Fiquei brava porque papai usara a cuscuzeira para misturar a tinta; papai fazia isso mesmo e deixava mamãe doida. Papai ia pintar a casa e mais se pintava do que às paredes. Era engraçado. Era uma bagunça danada, tinta por todos os lados, mamãe reclamando e nós correndo pra lá e pra cá para atender aos pedidos de café e cigarro de papai. Isso sem falar no colorido berrante que ficava a casa. Acho que papai era um desconhecido e moderno artista avant garde para sua época e hoje em dia seria um destacado artista plástico ou pichador fashion.
Eu pegava a enxada, carpia, juntava o lixo e tentava colocar fogo, mas estava tudo úmido por causa da chuva.
Depois saía dali e andava com meu irmão Fubá pelas ruas do bairro e notava que nossos pés estavam sujos de lama. Entrávamos em uma casa bem simples e observei uma gaveta cheia de sabonetes. De uma pequena escada desce uma pessoa que pega dois copos e despeja um líquido escuro e nos oferece; não sei se era café ou Coca Cola.
Eu me sentia envergonhada por estar com os pés descalços e sujo de lama.
Depois outra pessoa vinha e me dizia algumas coisas que nunca lembro na hora, só depois de alguns dias.
Sei lá, preciso dormir direito pois isso está afetando minha saúde e me deixando mais cansada ainda.
Gosto das visitas e adoro sentir o abraço e o bem querer de papai, mamãe e do meu povo antigo.
Saudades arretadas de grandes, Nossa Senhora.
É isso.


                                        

                                                                     


domingo, 13 de maio de 2012

Setembro

                                                                  


Além de maio, setembro é outro mês marcante para mim.
Alguns eventos tristes, fortes e marcantes aconteceram em setembro.
Lembro exatamente da bela tarde de Primavera de vinte e oito de setembro de 1989. Céu azul, nuvens brancas, tarde dourada e uma forte, tensa e intensa escuridão dentro de mim.
Já travei batalhas solitárias para segurar a dor que me devorava e para parecer normal aos olhos das pessoas... Dor, angústia, medo, dúvida.
Ouvia no rádio de pilha de mamãe canções da nossa MPB (música popular brasileira) e me intrigavam as canções Paralelas e Manhãs de Setembro da cantora Vanusa.
Pétalas, Meu Bem Querer, Faltando Um Pedaço de Djavan; músicas de Lulu Santos, Zé Ramalho, Fagner...A boa e velha MPB e não os "tche re re, eu quero tchu tcha" de hoje. Na boa.
Eu doía, sofria, chorava... tudo por dentro.
Não sei.
Tenho sonhado diariamente com mamãe e tenho essa agonia dentro de mim.
Tenho tido flashes de imagens do meu coma e me assustam.
Tenho medo das coisas que vi e peço a Deus que quando chegar minha hora, que eu vá em paz, que eu feche os olhos para esse mundo e os abra já na companhia de papai, mamãe, meu Paipreto, avô José, Mãevelha e o meu povo antigo na casa verde e azul. Na santa paz de Deus. Amém.
Não vou mais acordar chorando.
Metade de agosto e setembro inteiro em coma; era 2009.
Mas tem coisa boa também, graça a Deus, eu "vi" uma delas durante um flash, durante um apagão rápido de segundos no qual viajo até o arquivo do coma e lá revejo e relembro as coisas que vi e/ou me foram mostradas.
Esses flashes dessas viagens rápidas me assustam.
Em alguns meses será o aniversário de três anos dessa agonia, da dor, sofrimento, medo, solidão, culpa, injustiça, frio, fome, sede e uma vontade enorme de me libertar daquela tormenta, meu Deus.
Sei lá, música, coma, flashes, medo, desconforto...Vou parar por aqui.
Os dias ruins já se foram...
Dias Melhores Virão.
Estão a caminho.
Por favor, Deus, eu já doí demais.


Mar, meu doce mar