Mostrando postagens com marcador varal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador varal. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Dias de Sol

                                


Dois dias seguidos de sol. Lindo.
Aproveitei para lavar roupa, principalmente cobertores, edredons e lençóis. O problema são os gatos que mordem os varais até arrebentá-los, aí a roupa cai no chão e eles se deitam sobre elas. Tenho que lavar tudo de novo e ficar de olhos nos meus terríveis felinos.
O vizinho veio me dizer que uma das gatas da irmã deu cria e teve quatro gatinhos lindos. É a vizinhança da gataiada. Ainda bem.
Ele disse também que meus gatos são lindos, grandes, têm pelo macio e sedoso e perguntou também que ração eles comem. Reclamou do pequeno tamanho dos seus gatos e dos da irmã.
Acho que o problema está na ração, se houver um. Talvez seja a própria raça dos bichanos. Sei lá.
Mas eu falava sobre lavar roupas...
Mamãe adorava lavar roupas e eu gosto também. É uma terapia, às vezes.
Separar roupas de cor, brancas, delicadas, pesadas...
Transpiro muito durante a noite e geralmente preciso me levantar para trocar toda a cama e o pijama; até tomo outro banho de madrugada.
Já reparei que essa sudorese excessiva acontece quando acordo com fome de madrugada, quando janto muito cedo ou como muito leve. Acho que é preciso comer comida com "sustança", como diria papai. Deve ser isso.
Tenho tido muitos episódios de hipoglicemia (falta de açúcar no sangue) e não sei se isso é mais ou menos perigoso que a hiperglicemia (excesso de açúcar/glicose no sangue).
Não sei também se é isso que está causando toda essa transpiração noturna. Acordo com frio, fome, com o corpo molhado e os lençóis encharcados.
Jantei bem e espero que possa dormir sem ter que acordar no meio da noite sentindo fome. Comi arroz, feijão, batata, cenoura, tomate e filé de peixe. Estou com vontade de comer uma coisinha doce.
Amanhã terei um longo dia e tomara que o trânsito esteja bom como estava hoje à tarde; de manhã estava um caos.
A gataiada está deitada ao meu lado e estão todos encolhidinhos. Tão lindos.
Amanhã terminarei de lavar as roupas e precisarei concertar alguns varais.
É isso.


                                      

sábado, 15 de junho de 2013

Santa Catarina

                                


Dia frio e cinzento hoje, bem ao modo paulistano. Dias assim deixam São Paulo mais São Paulo ainda. Adoro. 
Venho lá do Sertão quente, seco, esquecido por Deus e pelos homens, principalmente, mas tenho uma queda pelo frio, pelos ventos frios, pelo cinza. Acho que sou assim meio cinza, não sou colorida, não sou de chamar a atenção.
Isso explica o gosto pelo frio, pelo cinza, pela chuva.
Sonhei hoje caminhando por uma cidade praiana muito bonita. Era uma cidade deserta, fantasma; não tinha moradores, mas tinha muita gente olhando o mar. As casas estavam abandonadas, havia algumas já bem destruídas, outras ainda intactas. Roupas no varal sacudiam fortemente ao sabor dos ventos. Ventava muito.
Mas eu percebia em minhas caminhadas por essa cidade que em uma determinada casa os ventos eram mornos e mais delicados e não entendia porque as roupas foram estendidas no varal do lado de fora, onde ventava bem mais forte e fazia muito frio.
As pessoas por ali nada falavam, apenas observavam o mar. Era como se um dia tivessem morado ali e foram apenas para visitar ou se despedir.
Era uma baía azul, com casa brancas de janelas azuis.
Os ventos me fizeram lembrar de Ilha Comprida (SP) e das praias de Santa Catarina.
A partir do litoral sul de São Paulo as águas são frias e o vento é mais forte. Estive em Santa Catarina durante o verão e lá os ventos são fortes e por isso atraem os surfistas. Durante a noite esfria bem e mesmo em dias ensolarados as temperaturas são amenas, bem opostas às esturricantes temperaturas do Norte e Nordeste.
Quero conhecer as praias do Rio Grande do Sul e quanto mais desertas e frias, melhor.
As pessoas vão à praia, principalmente no eixo Rio-São Paulo, para exibir seus belos corpos, seus biquínis e acessórios de marca; raros vão apenas para ver e apreciar o mar.
Eu aprecio e adoro o mar.
Vontade de pegar uma estrada para ir de encontro ao mar.
Quero conhecer a Praia da Joaquina, em Santa Catarina. Reza a lenda que Joaquina era uma rendeira que adorava o mar. Subia as dunas para fazer suas rendas enquanto olhava o mar e um belo dia uma onda veio e a levou. 
Bonita lenda.
Sei lá, dias frios e cinzentos me deixam mais cinza ainda.
Preciso ver o mar azul, verde, cinza...

domingo, 21 de abril de 2013

Varais

                                            



"Lava roupa todo dia, que agonia
Na quebrada da soleira, que chovia..."

Tirei o dia para lavar roupas, aliás, desde ontem que lavo toalhas, lençóis  edredons, cobertores...
Choveu todo o fim da semana passada e como trabalho, só posso me entregar às prazerosas atividades domésticas aos fins de semana.
Lembro de mamãe, que tinha muito cuidado e capricho para com as roupas.
Papai implicava e dizia que ela ficava o dia todinho no tanque e mamãe retrucava dizendo que ela gosta de fazer as coisas bem feitas.
Já consertei varais velhos e puídos, cortei, emendei e pendurei as roupas.
Os gatos puxam os cobertores e lençóis do varal e deitam-se em cima, tenho que lavá-los novamente.
Não posso pendurá-los no varal e sair, os lençóis, claro; preciso ficar de olho, essa minha gataiada é terrível.
É isso.


                                 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Lembranças Musicais: Guilherme Arantes

                                      


Ouvi muito rádio quando criança.
Paipreto, Mãevelha, mamãe e papai sempre com seus fiéis radinhos de pilha a tocar boa música brasileira e algumas estrangeiras também.
Ouvíamos muito Zé Ramalho, Fagner, Elis Regina, Caymmi, Chico Buarque, Caetano, Gil, Bethania, Djavan, Alceu Valença, Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Alcione, Beth Carvalho, Luiz Melodia...
Ouvíamos também Roberto Carlos, quando fazia música romântica bonita de dor de corno, antes de ficar brega-neurótico. Na boa.
Gostava e ainda gosto de Guilherme Arantes e adorava ouvir Êxtase, Meu mundo e nada mais, Um dia um adeus, Cheia de charme. 
Eu gostava da melodia meio estranha, melancólica e espacial (sic) da música Êxtase. Tinha-se a impressão que a música vinha de longe, muito longe; de alguma galáxia distante e à medida que se aproximava da Terra ia aumentando, crescendo. Mamãe lavando roupas no tanque e Mãevelha estendendo no varal, o rádio tocando Êxtase, eu olhando para o céu e imaginando a viagem austral da música.
Depois de mais velha vim a entender a letra e gostei ainda mais; dessa e das outras músicas de Guilherme Arantes.
É isso.
PS: Acho que há vida fora da Terra e os ETs tentaram alguma forma de contato, mas desistiram após desconfiarem que todos os terráqueos são meio maluquetes, ou tentaram encontrar algum terráqueo normal. Difícil.


Aurora Austral
                                          

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Vatapá, Acarajé, Mungunzá, Caruru...

                                        


Além da criatividade, do drama e do exagero, outra característica marcante da minha família é a coragem.
Papai sempre dizia: "Duas coisas que eu não conheço é medo e preguiça". 
Deus tá vendo.
Bom...
Houve uma época em que Rogério saia com os amigos e voltava muito tarde da noite e nessa mesma época mamãe e a vizinhança começaram a sentir falta de peças de roupas deixadas no varal.
Ouvia-se muitos comentários e histórias sobre uma gangue liderada por uma senhora de meia idade que saía à noite para praticar pequenos delitos. 
Numa madrugada de sábado para domingo Rogério chega em casa e vai direto para ao banheiro tomar banho. Estranhamos, pois nosso irmão costumava chegar e ir direto para a cama.
Na manhã seguinte, uma tia nossa vai ao tanque de lavar de roupas e vê uma calça comprida coberta com água e estranha a cor amarelada da água e pequenos objetos não identificados a boiar em sua superfície. O cheiro também chama a atenção de nossa tia que pega a calça com as pontas dos dedos e diz: "Oxe! Isso é m...!"
A tia relata o fato ocorrido e são iniciadas investigações para identificar o misterioso cagão.
Lembramos que na noite anterior nosso irmão Rogério chegou em casa e foi direto para o banheiro tomar banho. Bingo! 
Rogério apresenta sua defesa: fora à casa de um amigo e a distinta mãe do tal amigo, que era baiana, lhe oferecera iguarias típicas da culinária regional e não habituado ao forte tempero da terra do Senhor do Bonfim, sofre um revertério estomacal. Não deu tempo para chegar ao banheiro. 
Isso nós já percebemos.
Perguntamos que comida baiana ele havia comido e não sabendo responder, enrolava dizendo: "Vatapá, acarajé, caruru, mungunzá..."
O amigo de Rogério vai à nossa casa e não deixamos escapar a oportunidade de lhe perguntar que comida baiana sua mãe dera ao nosso irmão e ele disse que não tinha comida baiana nenhuma e que comeram pizza.
Nossas investigações continuam.
Uma vizinha fofoqueira vai á nossa casa e conta à mamãe que na noite anterior a gangue da senhora contraventora fazia suas excursões pelos quintais da vizinhança quando dão de cara com um rapaz alto, magro e branquicelo. Param todos: o rapaz e a gangue.
O rapaz paralisa-se de medo e a gangue paralisada pelo elemento surpresa.
A gangue retirou-se.
O rapaz cagou-se.


                                       

quinta-feira, 15 de março de 2012

Bobbie

                                          


Mamãe trabalhava em dois empregos, em uma firma e numa casa de família.
Mamãe saía muito cedo de casa e só chegava tarde da noite.
Tentávamos não ceder ao sono para poder esperá-la.
Às vezes ela só trabalhava na firma e voltava para casa mais cedo e isso nos deixava felizes.
Papai e mamãe saíam para o trabalho e ficávamos sós em casa mas na companhia de Bobbie, um belo cão da raça Setter Irlandês com pelos longos e avermelhados.
Rosi e os meninos iam para a escola na parte da manhã e eu ia de tarde.
Éramos pequenos mas tínhamos responsabilidades grandes. Chegávamos da escola, trocávamos de roupa, fazíamos nossas lições e depois cuidaríamos das nossas obrigações para com a arrumação da casa.
A cada um era incumbida uma tarefa: um varria o chão, o outro lavaria os pratos, eu lavaria a roupa, faria comida e cuidaria de todos eles. Eu era a mais velha.
Terminadas as tarefas, sentaríamos no chão e assistiríamos a desenhos animados na velha TV preto e branco. Mas antes dos desenhos animados havia uma programa de culinária com a Etty Fraser e eu anotava as receitas e preparava para meus irmãos.
Era muito legal sentar no chão e assistir aos nossos desenhos comendo bolos e biscoitos feitos por mim.
Como eu ia para a escola na parte da tarde, deixava tudo pronto para quando mamãe chegasse: os irmãos alimentados e tomados banho, a roupa lavada e estendida no varal e um bilhete para mamãe contando tudo o que fizemos durante o dia.
Muitas vezes a vizinha queria entrar em nosso quintal para ajudar a tirar a roupa do varal mas Bobbie não deixava. O belo cão nos guardava com toda a sua fidelidade e acho que entendia o fato de sermos crianças sozinhas em uma casa e se julgava na obrigação de nos proteger.
Mamãe chegava e encontrava a vizinha na calçada: "Dona Marlene, sua menina saiu e deixou a roupa no varal e eu quis entrar para pegar mas o cachorro não deixou. Eu chamei seus meninos mas acho que eles estavam dormindo e mesmo chamando do outro lado do muro, o cachorro rosnava e mostrava os dentes para mim".
Mamãe abre o portão e Bobbie vem ao seu encontro abanando a cauda peluda.
Bobbie segue mamãe, para em frente à porta e late. Mamãe abre a porta e encontra a TV ligada, as luzes apagadas e os filhos dormindo.
Mamãe chama: "Rogério, Reginaldo, Rosi, Ronaldo, a mãe chegou"
Todos acordam e dizem: "Obaaaaaaaaa, mamãe chegou!"
Levantam-se e vão ao encontro de mamãe, sempre acompanhada de Bobbie, nosso fiel guardião.


                                       


                                            

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Tarde

                                            


Hoje fez uma bela tarde.
Aproveitei o dia de sol para lavar roupas e estendê-las no varal. Deveria ter feito isso ontem, mas não quis atrapalhar o soninho de Aurora e Branca.
Depois arrumei gavetas e separei roupas que não uso mais; algumas eu nunca usei.
Lembro da apresentadora (talk show host) americana Oprah Winfrey dizer que, se você não usa uma peça de roupa a mais de um ano, então doe para alguém. Guardar para quê?
Ao arrumar as gavetas não estamos apenas arrumando as gavetas, estamos nos arrumando também; por dentro.
Os gatos me chamaram e mostraram seus potes de ração vazios. Coloquei a comidinha deles e decidi pegar uma cadeira e me sentar no quintal. Mamãe fazia isso.
Sentei-me e admirei a bela tarde, meus gatos espalhados pelo quintal, deitados com suas barrigas cheias e gorduchas. As plantas e flores coloridas contrastando com o branco caiado do muro. Tudo simples.
Gosto assim.
Tomara Deus que hoje eu tenha uma boa noite de sono.
Amém.
                                     

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Fim de tarde e a chuva no Corinthians



Uma amiga e colega de faculdade falou sobre a mãe, que faleceu há dez anos.
Mamãe também faleceu há dez anos.
Saudades, alguma lágrimas e boas lembranças.
Mamãe adorava lavar roupa; tinha um cuidado e um capricho tremendos. Mamãe separava roupas de cor, roupas brancas, toalhas de banho, de cozinha...Ela ficava o dia inteiro entregue à essa atividade.
Eu ajudava mamãe a estender as roupas no varal; ela era muito baixinha, apesar de dizer que em sua "idientidade" marcava a altura de 1.65cm. Aonde isso, mãe?! Só se for de largura!
Mamãe ria.
O longo quintal de terra formava um corredor cercado por veredas de plantas das mais variadas espécies.  Dálias, capim santo que alguns chamam de capim limão, crótons cuja mudinha fora roubada de tia Anália, a pequena horta de mamãe de onde ela tirava os temperos naturais para temperar o feijão e as carnes. Mamãe temperava e preparava carnes como ninguém; e os pés de cana ( a planta mesmo e não uns tios nossos que moravam conosco).
Havia também os varais e os "paus de varal". Era para levantar bem alto os varais e assim secar as roupas e mantê-las longe do chão e do alcance da criançada que adorava andar entre os varais e deslizar as mãos pelas roupas estendidas.
Era fim de tarde e mamãe olhava para o céu azul e as nuvens brancas e fofas e dizia:
"Vamos tirar as roupas do varal que lá vem chuva".
"Oxe! Chuva, mãe! Com esse sol forte nessa tarde tão bonita?"
"Chuva sim, meus filhos. E ela já está no Corinthians"
Morávamos atrás do Corinthians e de nossa rua podíamos ver o clube e os carros a passar na Marginal Tietê. O Corinthians também era referência meteorológica para mamãe. Olhando para o clube ela fazia a previsão do tempo. 
Ajudávamos mamãe a tirar a roupa do varal e dali a pouco sentíamos a forte presença dos ventos que vinham anunciar a mudança do tempo e trazer as chuvas previstas por mamãe.
A vizinha chamava as filhas para ajudá-la também com suas roupas no varal; "Corre meninas que a chuva está chegando. Dona Marlene estava certa".
Mas estava uma tarde tão bonita, um céu tão azul, de onde vem essa chuva assim tão de repente? Perguntávamos nós e a vizinha.
"De repente não! A chuva já estava ali no Corinthians faz é tempo; só estava esperando a gente tirar a roupa do varal para ela vim pra cá".