terça-feira, 8 de maio de 2012

Zóião

                                              


Fomos convidados para um churrasco.
O anfitrião morava em um quintal com duas casas; a sua ficava na frente e nos fundos morava um casal de velhinhos ranzinza.
O casa dos idosos era isolada por uma simpática cerca de madeira e o banheiro deles ficava do lado de fora, supostamente protegido pelo portãozinho e pela cerca.
Depois de muito refrigerante, sucos e outros líquidos, sentimos vontade de usar o banheiro, mas a fila era enorme.
Mamãe percebeu que o banheiro do velhinho rabugento ficava do lado de fora e sem cerimônia nenhuma, ela abre o portãozinho e usa o banheiro do idoso invocadinho.
O velhinho ao ouvir o barulho de vozes, passos e descarga em seu pequeno quintal, abre a porta e nos escorraça: "Quem deu permissão a vocês para usar meu banheiro? Por que não voltam pra festa de vocês e não usam o banheiro de lá?"
Nos desculpamos e deixamos seu quintal.
Ficamos à espreita; esperamos o velhinho fechar a porta e apagar as luzes para logo em seguida invadirmos o seu quintal. O seu banheiro, mais precisamente.
Mas o idoso nos olhava pelo buraco da fechadura, nos surpreendeu no seu quintal e nos expulsou novamente. Agora ele tranca o portão com cadeado, não dá para invadir mais o seu quintal.
Nesse ínterim, mamãe com o olho maior que a barriga entope-se de churrasco mal passado; a carne e a linguiça nem esquentavam direito na brasa e mamãe já atacava.
Alguns minutos depois mamãe começa a se sentir mal e tem ânsia de vômito; vai ao banheiro do anfitrião mas este está ocupado.
Mamãe tenha entrar no quintal do velhinho mas está trancado com cadeado. Ela chama e pede para usar seu banheiro, mas ele nega. E agora?
Há dois tanques de lavar roupas um ao lado do outro no quintal da casa do anfitrião e mamãe pergunta ao rapaz: "Meu filho, de quem é esse tanque aqui?"
"Esse é meu, Dona Marlene"
"E esse outro?"
"É do velhinho da casa dos fundos. Por quê?"
"Por nada não, meu filho; eu só queria lavar as mãos"
Mentira!
Mamãe debruça-se sobre o tanque do velhinho ranzinza e vomita todo o churrasco mal passado e as bebidas que havia tomado durante o churrasco. Eca!
"Tudo bem, Dona Marlene?"
"Tudo bem, meu filho. Acho que foi a linguiça que me ofendeu (fez mal)"
"Dona Marlene, posso falar uma coisa?"
"Pode sim, meu filho"
"Com todo o respeito, mas o que lhe fez mal foi o zóiao da senhora"
Caímos todos na gargalhada.
Uma parenta nossa que nos acompanhava nessa aventura gastronômica observa tudo quietinha para depois perguntar a mamãe: "Oh Marlene, e tu fosse vomitar bem no tanque do véio chato, foi? Oxe, tu tá doida, é?"
"Eu pedi a ele pra usar o banheiro e ele não deixou..."


                                                 

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