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sábado, 8 de novembro de 2014

Gourmet

                                


Falava com minha irmã sobre tapioca, polvilho, massa de mandioca e todas essas coisas boas que sempre fizeram e fazem parte de nossas vidas simples de nordestinos e seus descendentes, com muito orgulho.
Falamos sobre os altos preços cobrados por um mero quilinho de massa de tapioca: dez reais!
Arrrmaria!
Minha irmã lembrou bem o porquê desses preços altos: gourmet.
Hoje em dia tudo é gourmet e o que outrora era coisa de pobre hoje é de rico gourmet.
Tapioca virou moda e gourmet também, claro.
Pão com ovo gourmet; tubaína gourmet, mortadela gourmet, arroz e feijão gourmet...É uma "gumerzada" só.
Estou com vontade de comer pastel com calda de cana, gourmet ou não.
É isso.



                                       







quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Pastel de Belém

                                 


Adoro doces e tenho queda especial pelos doces portugueses.
Vi uma matéria na TV falando sobre o tema e foi mostrado como são feitos os pasteis de Belém, que em Portugal são chamados pasteis de nata.
De nata ou de Belém, o que sei é que são deliciosos e calóricos.
Os pasteis são na verdade tortinhas recheadas com creme à base de ovo e não têm nada a ver com nosso pastel brasileiro.
Um conhecido meu questionou o porquê de um doce ser chamado de pastel e lembrei que bolo também é chamado de pastel nos países hispano americanos.
Já falei aqui sobre a engraçada confusão entre papai e uma boliviana; ela queria pastel (bolo) e papai ofereceu-lhes os mais variados tipos de bolachas; demorou um pouco até a confusão linguística ser resolvida.
Brasil e Portugal falam a mesma língua, mas a nossa língua portuguesa é brasileira e carrega influências indígenas, africanas e de outras línguas, povos e culturas.
É isso.


                                      



domingo, 15 de setembro de 2013

Olha a hora

                              



Ansiedade.
Está se aproximando a hora da consulta com a médica especialista em Acromegalia.
É tarde.
Cadê o sono?
Lembro do rádio de pilha da minha avó Mãevelha, sempre ligado na mesma estação e com o Zé Bétio dizendo a cada dez segundos: "Olha a hora, olha a hora".
Não sei a que horas vou para a cama.
Ir para a cama para deitar, virar pra lá e pra cá e sofrer com as dores?
Aí lá pelas cinco ou seis da manhã o corpo cansado não aguenta mais e se entrega ao sono.
Sono agoniado, entremeado por sonhos simbólicos, significativos, assustadores às vezes.
Hoje um milagre aconteceu, graças a Deus. Os vizinhos barulhentos não fizeram tanto barulho e não tocaram suas músicas horrendas e sempre iguais. Louvado seja Deus Nosso Senhor Jesus Cristo!
Sentei-me no sofá e assisti ao Rock in Rio; assisti ao show das bandas de Rock mesmo e não essas coisas chatas que somos obrigados a ouvir porque não somos surdos.
Bom, nem sempre ouço. Se está na TV eu abaixo o volume, como faço diariamente durante a abertura da novela das nove. Ouvir Daniel se esgoelando e tremendo a voz não dá!
Achei estupenda a abertura do Rock in Rio com a maravilhosa mistura de Rock e Música Clássica além da belíssima homenagem a Cazuza.
Assisti a abertura com minha sobrinha Beatriz e disse a ela que aqueles quarentões, cinquentões e até mais, são todos representantes legítimos e talentosos do Rock Nacional e da nossa MPB.
Hoje assisti ao show do The Offspring, banda californiana que toca um Punk Rock do jeito que gosto. Mettalica, Alice in Chain... Muito $#@!
Agora me colocam Beyoncé berrando, rebolando e se debatendo como se estivesse recebendo uma Pomba Gira...Não dá.
Ivete Sangallo ensinando passinhos básicos de músicas cujas letras se repetem eternamente: "Tira o pé do chão, bate palma de mão".
Na boa, posso soar ignorante, mas o nome da bagaça é Rock in Rio!
Bom...
Estou inquieta, ansiosa, preocupada.
É só uma consulta, mas sinto como se estivesse indo para fazer algo mais grave e demorado.
Estou preocupada com meus gatos, meu Deus.
Mas não dá para adiar mais. Se continuar assim, em um ou dois meses estarei em uma cadeira de rodas. 
Está cada dia mais difícil. Estou cada vez mais entrevada e dolorida e o simples ato de levantar da cama e caminhar até o banheiro tem-se transformado em uma batalha covarde e cruel.
Minha irmã esteve aqui hoje com minha sobrinha e meu cunhado e demorei um longo tempo até conseguir levantar para abrir o portão. Me desculpei pela bagunça, me senti incapaz, fraca, inútil.
Eu que adorava fazer as coisas pela casa e agora mal consigo lavar a louça.
Ela foi para a casa do nosso irmão e voltou depois com pasteis para mim; só faltou o caldo de cana, brinquei.
Combinamos de almoçar na casa dela e de eu dormir lá de domingo para segunda para sairmos cedo até o HC. 
Foram embora.
Chorei sozinha.
Chorei pela minha fraqueza, pela minha saúde que é devorada vorazmente pela doença, pela minha incapacidade de manter a casa arrumada, pelo meu cansaço constante, por querer ser e fazer as coisas como antes e não poder mais.
Chorei.
Não sou mais como era antigamente.
Chorei pelos meus gatos e pedi a Deus e ao Povo lá de Cima que protejam meus bichanos de gente ruim, que os mantenham longe da rua e do perigo.
Amem.
Duas horas da manhã de domingo.
Vou para cama tentar cochilar até de manhã e aproveitar ao máximo a companhia dos meus gatos.
Vou ficar boa.
Olha a hora, olha a hora.


                                       


                                       



                                        

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Vontades








Ando com muitas vontades. Acho que falei sobre isso aqui, mas o tempo passou e as vontades continuaram e aumentaram.
Vontade de tomar guaraná, vontade de comer pastel da feira ou o pastel de bacalhau do Mercadão, vontade de tomar caldo de cana, de comer pudim de padaria, de mousse de limão e mousse de maracujá, de bolo de araruta...
Muitas vontades.
Às vezes acordo de madrugada com uma vontade desesperada de comer doce, mas resisto à tentação e tomo água.
Não sei de onde vêm essas vontades, mas não saem da minha cabeça.
Se eu fosse uma pessoa "normal", não acromegálica, jovem e envolvida em um relacionamento amoroso, diria que as vontades teriam um motivo ou origem, mas como não tenho ninguém, eu levo essa vida assim tão só...
Só tenho o amor dos meus gatos e às vezes me sinto tão carente que se fosse à uma churrascaria e o garçom perguntasse: "Coração?", eu diria: "O que foi, amor".
Não, não. É apenas vontade mesmo, ou "bicha", como se dizia antigamente.
Amanhã, depois do sol baixar e antes da chuva despencar, difícil, pretendo procurar uma Casa do Norte no bairro da Vila Sabrina. Disse minha irmã Rosi que lá deve ter araruta; sinto o gosto do bolo na boca só de pensar na dita cuja.
Espero que nessa Casa do Norte eu seja melhor tratada e que as pessoas não se encolham em um canto como se esperando pelo ataque de um animal feroz que acaba de adentrar ao recinto. Sou humana e acromegálica, que culpa tenho eu?
Oxe, vão se lascar bando de ignorantes preconceituosos! Com todo respeito, claro.
E amanhã também preciso comprar o saco grande de ração para os gatos, comprar de quilinho, como dizia mamãe, não rende nada e acaba logo, que o diga meus oito felinos famintos e lindos.
É isso.






terça-feira, 17 de julho de 2012

Sabores

                                           


Adoro caldo de cana e pastel. E apreciados na feira mesmo, ao fim das compras e com uma mão revesando entre o copo de caldo de cana e o pastel e a outra segurando o carrinho de feira.
Um deliciosos malabarismo.
O sábado era o dia mais esperado da semana; era dia de feira. Íamos com mamãe para ajudá-la a carregar as pesadas sacolas e a puxar o pesado carrinho; mamãe era exagerada.
Mas íamos também com segundas intenções: pastel e caldo de cana.
Mamãe sempre deixava um trocado para satisfazer nossa gula, mas às vezes não dava.
Lembro de uma vez que mamãe não se preparou para ir à feira, não pegou as sacolas e o carrinho; estranhamos. 
Mamãe tinha o olhar triste e preocupado. Nós também.
Mas mamãe conseguiu um dinheiro emprestado com alguma vizinha e me mandou à feira. Era pouco dinheiro, por isso fui só e com uma sacola. Comprei o básico de sempre quando a situação era difícil: batata inglesa, laranja, banana e tomate; se sobrasse, comprava aqueles pacotinhos de legumes que são vendidos por um preço menor.
Eu fui, mas fui acompanhada de uma tristeza tão absurda.
Bom...
Mas eu falava sobre sabores.
Parece que o sabor do caldo de cana e do pastel não é o mesmo de outrora. Parece que antes tudo era mais gostoso. Agora inventaram de adicionar suco de outras frutas ao caldo e isso o descaracteriza, penso eu. E eu quero tomar é caldo de cana e não suco de frutas! Sou meio "inguinórante" às vezes.
A maria mole também não tem o mesmo sabor forte de coco que tinha quando mamãe comprava aqueles pedações enormes e comíamos com café.
Os danones (iogurtes) de morango eram mais azedinhos e saborosos, as goiabadas em lata, os doces e até os bolos de aniversário eram mais gostosos.
Comentei sobre isso com algumas pessoas e elas concordaram comigo. 
Deve ser o excesso de conservante, acidulante, corante e outros "antes" que roubam o sabor original das coisas.
Estou meio nostálgica hoje e com vontade de comer um docinho.
E por falar em docinho, lembrei de um causo: Era a festinha de aniversário de Beatriz e os convites eram entregues. Comentei com minhas irmãs Rosi e Renata que dois conhecidos nossos, belos representantes da ala masculina, disseram que iriam à festa para comer um docinho e uma coisinha. Beleza.
Renata diz: "Então vou colocar uma faixa com os dizeres 'docinho' e você coloca uma com 'coisinha".
É isso.


                                      

domingo, 29 de abril de 2012

Faustão

Beatriz tem cinco anos e ainda não entende a relação entre tempo, dias da semana, meses...
Ela sabe que é quinta-feira porque é dia de balé e sexta-feira porque é dia de levar brinquedo na escola.
Sábado é dia feijoada, de lavar roupas, de feira e pastel com caldo de cana.
Domingo é dia de Faustão.
A mãe fala que vai lavar seu uniforme e ela pergunta: "Quando eu vou pra escola, mãe?"
"Segunda-feira".
"Segunda-feira é depois do Faustão?"


                                             

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Maçãs

                                          


Todos os sábados íamos à feira.
Mamãe sempre levava um de nós para ajudá-la com as sacolas.
Às vezes mamãe comprava só o necessário para a semana e outras vezes, quando o dinheiro sobrava, comprava frutas que para nós era coisa de luxo, só rico podia comprar.
Nossa feira seguia uma rotina: primeiro era comprado o mais pesado, como batatas, cebolas e laranjas, e depois o mais leve, como tomates e verduras.
Começávamos pelas batatas que eram compradas de uma senhora portuguesa que sempre chamava mamãe de patrícia.
Mamãe tinha uma inegável cara de portuguesa, com certeza.
Depois das batatas comprávamos as laranjas, bananas, tomates e verduras. Quando sobrava, éramos presenteados com pastel e caldo de cana. 
Naquela época era tão saborosa essa cominação: pastel + caldo de cana. Hoje parece que perdeu um pouco do sabor.
Gostava de passar pelas barracas de frutas e admirar aquela variedade de cores, cheiros e sabores. Uvas, abacaxis, peras, goiabas, mamões, maçãs. Ah... as maçãs. Eram um luxo.
Laranja e bananas...Eram o que podíamos comprar.
Perguntava a mamãe: "Mãe, sobrou algum dinheiro?"
"Sobrou não, filha. Por quê? O que você queria comprar?"
"Maçãs, mãe".
"Tem nada não, filha. Mas tenho fé em Deus que um dia vou poder comprar todas as frutas que meus filhos pedirem".
Olhava mais uma vez para a barraca de frutas e me encantavam aquelas maçãs vermelhas, cheirosas.
Eu pensava comigo: "Um dia, quando crescer, vou trabalhar e vou ter dinheiro para comprar muitas maçãs e vou ajudar mamãe".